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SENHOR DIRETOR DO DEPARTAMENTO DE ESTRADAS E

RODAGEM DO ESTADO DE MINAS GERAIS – DER / MG

Referente ao AIT: AT00784214

FÁBIO HENRIQUE DE PAULA, brasileiro ,inscrito no CPF sob o nº


962.171.466-49, RG nº M8753624, CNH nº 00877065407, residente
e domiciliado na Rua Duque de Caxias 78 – Fabriciano - Minas
Gerais - MG- CEP: 35170-009, no ato representando por seu
procurador, que a esta subscreve, com, endereço eletrônico:
contato@orionsolucao.com.br , vem mui respeitosamente pelo
presente, em conformidade com os arts. 280, 281 e 285 do CTB,
Resoluções 299/08 e 404/12 do CONTRAN, da Lei Federal
9.784/99, e CRFB/88, interpor DEFESA PRÉVIA à Notificação de
Autuação por Infração de Trânsito anexa, buscando a plena
observância dos princípios do contraditório e da ampla defesa, no
que passa a expor:

TEMPESTIVIDADE

Considerando que o recorrente recebeu o Termo de Instauração e


Notificação de suspensão do direito de dirigir nº .../2017 na data de
10 de setembro de 2017, interpõe-se o presente recurso
administrativo dentro do prazo recursal que é de 45 dias contados a
partir do recebimento da notificação, e portanto, deve ser
considerado tempestivo.
I - DOS FATOS

No dia 14/01/2024 o autor foi abordado pelos agentes de trânsito


do órgão autuador DER, e naquela oportunidade, o autor foi
convidado a se submeter ao teste do etilômetro (bafômetro).

Ponderou por menos de 1 minuto com o agente fiscalizador que


havia ingerido bebida alcoólica no período da tarde e em pouca
quantidade.

Sem sequer tentar entender os argumentos do condutor, o agente


sacou de pronto o etilômetro e já efetuou o teste.

Naquele momento, o resultado do teste foi positivo (verificar se foi


teste manual ou automático) (em verdade um falso positivo).

Sem entender muito o que estava acontecendo e


extremamente nervoso

No dia 19/04/2024, recebeu em sua residência a notificação de


autuação, vindo então formalmente a saber (e entender) que
naquele dia havia sido autuado na forma do art. 165 do CTB.

Art. 165. Dirigir sob a influência de álcool ou de qualquer outra


substância psicoativa que determine dependência:

Infração - gravíssima;

Penalidade - multa (dez vezes) e suspensão do direito de dirigir por 12


(doze) meses.

Medida administrativa - recolhimento do documento de habilitação e


retenção do veículo, observado o disposto no § 4 o do art. 270 da Lei no
9.503, de 23 de setembro de 1997 - do Código de Trânsito Brasileiro.
Doravante, iremos demonstrar os VÁRIOS motivos pelos quais o
auto de infração deve ser arquivado, juntamente com o presente
feito

II - DO TESTE DO ETILÔMETRO (BAFÔMETRO)

Inicialmente cumpre salientar que os testes (como o etilômetro),


utilizados para certificar a influência de álcool no condutor, tem
previsão expressa no art. 277 do CTB.

Vejamos:

Art. 277. O condutor de veículo automotor envolvido em


acidente de trânsito ou que for alvo de fiscalização de trânsito
poderá ser submetido a teste, exame clínico, perícia ou outro
procedimento que, por meios técnicos ou científicos, na forma
disciplinada pelo Contran, permita certificar influência de álcool
ou outra substância psicoativa que determine dependência.

Ressalto ainda que de forma específica, o CONTRAN


regulamentou, dentre outros temas, o uso do etilômetro através da
resolução nº 432/13, mormente em seu artigo 4º.

Desta forma, é incontestável que o etilômetro é um importante


e fundamental instrumento de defesa da segurança pública.

Ocorre que o manuseio de tal equipamento pode tanto preservar a


comunidade, quanto, de forma injusta, ser a mola propulsora de
punições ILEGAIS E ARBITRÁRIAS.

No caso dos autos, o que ocorreu, infelizmente, foi a segunda


hipótese.

III - DO PROCEDIMENTO LEGAL PARA O PRIMEIRO TESTE

Algumas perguntas devem ser respondidas logo de início:


Quais são os procedimentos preparatórios para a efetiva submissão
do condutor ao teste do bafômetro?

Isto é: Basta o agente de trânsito determinar a realização do teste e


o mesmo deve ser feito de imediato?

Sem qualquer cuidado de higiene?

SEM UM PERÍODO MÍNIMO DE


ESPERA????

De modo a simplificar as respostas esperadas para as questões


acima, verifiquemos de maneira muito simples o que DETERMINA
a Portaria nº 369/21 do INMETRO que aprova o Regulamento
Técnico Metrológico consolidado para etilômetros destinados a
medir a concentração de álcool no ar expirado, correspondente a
massa de álcool por litro de ar pulmonar profundo.

Veja abaixo:

2.6.1.1 Fatores de influência nos parâmetros que caracterizam os


gases usados nos ensaios:

b) com relação a presença de álcool no trato respiratório superior,


um período de jejum de, pelo menos, 15 min deve ser
observado antes da primeira medição no condutor.

Ou seja: Antes de submeter o condutor ao teste do etilômetro, deve


o agente de trânsito aguardar o período de 15 minutos de modo a
não possibilitar um falso negativo.

Dentre outros, destaco também o Manual de fiscalização do


Batalhão de trânsito do ES:
MANUAL DE FISCALIZAÇÃO DO BATALHÃO DE TRÂNSITO DO ES

18.2 DOS LIMITES DE ALCOOLEMIA CONSTATADOS COM O USO


DO ETILÔMETRO
Sempre que o condutor aceitar a submissão ao teste do etilômetro, o
policial deverá informá-lo das consequências desse ato e indagar-lhe
se ingeriu ou utilizou álcool nos últimos 15 (quinze) minutos ou se
fumou no mesmo período de tempo. Em caso de resposta negativa,
deverá iniciar o teste, caso contrário, aguardar quinze minutos para
a realização do teste.
Link: https://pm.es.gov.br/Media/PMES/BPTran/MANUAL%20DE
%20POLICIAMENTO%20DE%20TR%C3%82NSITO
%202021%20BPTRAN.pdf

E NÃO É APENAS ISSO.

Veja a recomendação constante no manual do etilômetro baf 300,


um dos mais usados nas fiscalizações:

"É recomendado que a pessoa sob teste efetue a lavagem da


boca e garganta com água, antes de soprar."
http://www.elec.com.br/download/manuais/
elec_manual_baf300i.pdf p.11

Em resumo:

1 O condutor convidado a se submeter ao teste do etilômetro, deve


aguardar pelo período de 15 minutos antes de efetuar o sopro.

2 Antes de efetuar o sopro, é recomendado que o condutor lave a


boca e a garganta com água de modo a não possibilitar falso
positivo.

Ocorre que, como se vê pelo auto de infração em análise, o agente


de trânsito fiscalizador não tomou nenhuma das atitudes narradas
acima.
A OMISSÃO FLAGRADA GERA NULIDADE ABSOLUTA.

Mas não é só.

O agente de trânsito também esqueceu de


repetir o teste.

IV - DA NECESSIDADE DO SEGUNDO TESTE (QUANDO O


PRIMEIRO É FEITO DE FORMA CORRETA) E SEU
PROCEDIMENTO

Conforme visto acima, o agente fiscalizador VIOLOU OS TERMOS


definidos pelo INMETRO para realizar o teste do etilômetro no
condutor.

Todavia, as ilegalidades não pararam por aí.

De forma introdutória, analisemos o que diz mais uma vez o manual


do fabricante sobre a necessidade de novo teste:

Caso o resultado constate a presença de


álcool, é recomendado que o teste seja refeito,
de modo a obter a certificação do resultado.
Solicite que a pessoa aguarde por mais 15
minutos, se possível lave a boca com água, e
refaça o teste.

Este cuidado é importante, uma vez que todo


equipamento apresenta tolerâncias, permitidas
por lei, nas suas medidas, e neste caso é
imprescindível que o teste seja refeito a fim de
comprovar o valor obtido.
Note que a indicação de repetição do teste positivo é feita,
OBVIAMENTE, considerando que o primeiro teste foi feito depois do
período de 15 minutos de jejum e também após a lavagem da boca
e garganta com água.

MAS.. CONFORME JÁ DEMONSTRADO, TAIS DIREITOS FORAM


NEGADOS AO CONDUTOR.

V - A NULIDADE ABSOLUTA DO AIT Nº EM VIRTUDE DO ERRO


NO PROCEDIMENTO DE FISCALIZAÇÃO

Conforme visto acima, estamos diante de VÁRIAS NULIDADES


ABSOLUTAS referentes à forma de atuação do agente de trânsito.

Neste sentido:

ADMINISTRATIVO. AGRAVO DE INSTRUMENTO. TESTE DO


BAFÔMETRO. ETILÔMETRO INTOXIMETERS ALCO-
SENSOR IV. TEMPO DE SOPRO. VOLUME DE AR
EXPELIDO. OPERAÇÃO DO APARELHO NO MODO
MANUAL. De acordo com informações coletadas junto ao
INMETRO, há a possibilidade de o aparelho acusar falso-
positivo quando utilizado na modalidade manual,
apontando álcool que não está no sangue, mas sim, nas
vias aéreas superiores. Ausentes outros sinais que
indicassem a alteração da capacidade psicomotora, não
havendo informações sobre o aguardo do tempo de 15
minutos indicado pelo órgão técnico e existindo restrições
sobre a CNH do agravante, a concessão da tutela é medida
que se impõe.
(TRF-4 - AI: 50040226120234040000, Relator: VIVIAN
JOSETE PANTALEÃO CAMINHA, Data de Julgamento:
15/03/2023, QUARTA TURMA)
Importante salientar que o agravo acima provido, foi
posteriormente (e recentemente) RATIFICADO pelo juízo de
piso, que havia indeferido a liminar.

Por oportuno, segue parte integrante da sentença:

Após a mencionada decisão, não vieram aos autos outros


elementos de prova capazes de alterar o julgamento preliminar
proferido pelo Tribunal Regional Federal da 4ª

Região no julgamento do agravo de instrumento nº


50040226120234040000.

Desse modo, procedente o pedido formulado para


declarar a nulidade do AIT nº T130343501 e as
consequências dele advindas.

III - DISPOSITIVO

Ante o exposto, julgo procedente o pedido para


declarar nulidade do AIT nº T130343501 e, por
consequência, condenar a parte ré a arquivar o
referido AIT e tornar sem efeito as
consequências advindas da autuação
mencionada, com o cancelamento da anotação
de pontos em seu prontuário.

VI - DA PROVA DO ERRO NA FISCALIZAÇÃO

Embora já esteja devidamente comprovado o conjunto de


nulidades, de modo a não restar dúvidas, trago à colação, mais uma
vez, o auto de infração para competente análise.

Ao analisar o print abaixo, fica claro qual foi o modus operandi do


agente de trânsito.
Tal conduta foi feita nos seguintes passos:

1º Abordagem;
2º Convite ao teste (manual);
3º Registro do auto de infração (art. 165);
4º Recolhimento da CNH;
5º Retenção do veículo até a chegada de outro condutor.
(liberação do veículo para o condutor sem submissão ao teste)

Agora de modo ilustrativo, veja o auto de infração abaixo.

A CONCLUSÃO é óbvia:

O agente de trânsito, mesmo advertido de que o condutor (ou


bebeu pouco ou tomou remédios), não esperou os já citados 15
minutos e muito menos possibilitou que o autor lavasse sua boca e
garganta.

E mais:

Após o falso positivo, NÃO FEZ O SEGUNDO TESTE e SEQUER


INFORMOU O CONDUTOR ACERCA DA NECESSIDADE DESTE
PROCEDIMENTO.

Veja.. mais do que um direito do condutor, o segundo teste faz parte


do PROCEDIMENTO!! e foi ignorado.

Trata-se de uma cadeia de absurdos e ilegalidades que não pode


ser admitida e validada.

VII - DOS PEDIDOS


1 Declaração de nulidade do AIT
2 Declaração de nulidade do processo de multa de trânsito.
3 - (eventualmente) - processo de suspensão / concomitante.
Pede deferimento.

São Paulo 22 de Abril de 2024

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Emerson Zanetti(Procurador)

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