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I BLICAS Professor
ADUTTOS I 3" TRTMESTRE 2A24

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CONFERENCIAS

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O Esptrito Sonto copocitondo o lgrejo
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8 PLENARIAS - 28 SEMINARIOS . 14 WORKSHOPS

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IBLICAS
t5- Professor I 3o Trimestre de zoz4
Comentarista: Silas Queiroz

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'ü _/',r,, O Deus que Governa o Mundo e Cuida da Família
qieü-.{'+4 Os Ensinamentos Divinos nos Livros de Rute e Ester
t--;i B para a nossa Geração

§.-§ Lição r- Duas lmportantes Mulheres na História de um Povo 3


l'3r r. ir
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t-, h ,1 Liçãoz-OLivrodeRute 70

Lição 3 - Rute e Noemi: Entrelaçadas pelo Amor 17

Lição + - O Encontro de Rute com Boaz 24

Lição S - O Casamento de Rute e Boaz: ARemição da Família 3L

Lição6-OLivrodeEster l8
Lição Z - A Deposição da Raínha Vasti e a Ascensão de Ester 45

Lição 8 - AResístêncía de Mardoqueu 52

Lição g - A Conspiração de Hamã contra os ludeus 6o

Lição to - O Plano de Livramento e o Papel de Ester 68

Lição tt - AHumilhação de Hamã ea Honra de Mardoqueu T5

Lição t2 - O Banquete de Ester: Denúncia e Livramento 8t

Lição B -Ester, a Portadora das Boos-Novas 9o


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CPID
Presidente da Convenção Geral
IÇOES
das Assembleias de Deus no Brasil
Iosé Wellington Costa Iunior
Presidente do Conselho Administrativo
IBLICAS
Iosé Wellington Bezerra da Costa
Diretor Executivo Prezado(a) professor(a),
Ronaldo Rodrigues de Souza
Neste trimestre, temos o privilégio de
Gerente de Publicações
Alexandre Claudino Coelho estudar dois livros históricos do Antigo
Consultor Doutrinário e Teológico Testamento cujas personagens centrais
Elienai Cabral são duas mulheres: Rute e Ester. A partir
Gerente Financeiro desses dois livros, aprenderemos lições
Iosafá Franklin Santos Bomfim que servem de ensinamento e edificação
Gerente de Produção espiritual para a Igreja de Cristo.
farbas Ramires Silva
Rute e Ester mostram o processo da ação
Gerente Comercial
de Deus para executar seu propósito. Em
Cícero da Silva
Rute, o propósito era um; em Ester, era
Gerente da Rede de Lojas
outro; mas em ambos estamos diante de
Ioão Batista Guilherme da Silva
uma ação divina na vida de duas mulheres
Gerente de TI
Rodrigo Sobral Fernandes que abençoaram o povo de Israel.

Gerente de Comunicação Algumas lições são preciosas: a soberania


Leandro Souza da Silva
de Deus na vida humanâ, o amor entre
Chefe do Setor de Educação Cristã nora e sogra, a coragem de uma judia
Marcelo Oliveira
diante de uma ameaça, a maneira de se
Chefe do Setor de Arte & Design comportar diante de uma perseguição
Wagner de Almeida
etc. São instruções graciosas que servirão
Editor de sabedoria de Deus para o seu povo.
Marcelo Oliveira
Revisora
Verônica Araujo
Um bom trimestre!
Proieto Gráfico
Leonardo Engel I Marlon Soares
Diagramação e Capa
Iosé Wellington Bezerra da Costa
Leonardo Engel
Presidente do Conselho
Administrativo
Ronaldo Rodrigues de Souza
Av. Brasil,34.trot - Bangu Diretor Executivo
Rio de Janeiro - RI - Cep 2r852-ooz
Tel.: (zr) zt*o6-7373
wrryw.cpad.com.br

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LIÇÃo 1
7 de lulho de 2o2L

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DUAS IMPORTANTES
MULHERES NA HISTÓNIA
DE UM POVO

TExro Áunno vERDADE pnÁrrcA


"Então, as mulheres disseram a Conhecidas ou anônimas,
Noemi: Bendito seja o Senhor,
muitas mulheres foram
que não deixou, hoje, de te
fundamentais no plano divino
dar remídor, e seja o seu nome
de redenção da humanidade.
afamado em lsrael." (Rt 4.t4)

LEITURA DIÁRIA
Segunda - Mt t.5 -r7; Lc a3z Quinta - Et z.t6rt7
Rute: uma ascendente direta de Ester se torna rainha: um ato da
Davi providência divina
Terça - Rt 4.r3-r5 Sexta - Rt 1.11-13
Rute gera um filho de Boaz, seu Mulheres sábias compreendem o
remidor seu papel no Reino de Deus
Quarta - Et z.S-lrr5 Sábado - Et 2.15-17
Ester foi criada pelo primo, Mulheres que se portam de
Mardoqueu maneira hurnilde

IULHO . AGOSTO . SETEMBRO zoz4 uçõEs eÍslrcls . PRoFESSoR 3


LEITURA gÍgLICA EM CLASSE

Rute 4.13-22; Ester 7.1-7


Rute 4 Ester 7
t3 - Assim, tomou Boaz o Ru te, e ela t - Vindo, poÍs, o rei com Hamã, para
lhe foí por mulher; e ele entrou a ela, beber com a rainha Ester,
e o Senhor lhe deu conceição, e ela z - disse também o rei aEster,no segundo
teve um filho. dia,nobanquete dovinho: Qual é atuapeti-
t4 - Então, as mulheres disseram aNoemi: Ção, rainha Ester? E se te daró. E qual é o teu
Bendito seja o Senhor, que não deixou, requerimento? Até metade do reino se fará.
hoje, de te dar remidor, e seja o seu nome i - Então, respondeu a rainha Ester e disse:
afamado em lsrael. Se, ó rei, achei graça aos teus olhos, e se
15 - Ele te será recriador da alma e con- bem parecer ao rei, dê-se-me a minha
servará a tua velhice, pois tua nora, que vida como minha petição e o meu povo
te ama, o teve, e ela te é melhor do que como meu requerímento.
sete filhos. l* - Porque estamos vendídos, eu e o meu
t6 - E Noemi tomou o filho, e o pôs no povo, para nos destruírem, matarem e
seu regaÇo, e foi sua ama. lançarem a perder; se ainda por servos e
rZ - E as vizinhas lhe deram um nome, por servas nos vendessem, calar-me-ia,
dizendo: A Noe mi nasceu um Íúho. E ainda que o opressor não recompensaria
chamaram o seu nome Obede. Este é o a perda do rei.
pai de Jessé, pai de Davi. 5 - Então, falou o reí Assuero e disse à
18 - Estas são, pois, as gerações de Perez: rainha Ester: Quem é esse? E onde está esse
Perez gerou a Esrom, cujo coração o instígou a fazer assím?
tg - e Esrom gerou a Arão, e Arão gerou 6 - E disse Ester: O homeffi, o opressor e o
a Aminadabe, inimigo é este mau Hamã. Então,Hamã
20 - e Aminadabe gerou o Noos som, e se perturbou perante o rei e a rainha.
Naossom gerou a Salmoffi, Z - E o rei, no seu furor, se levantou do
zt - e Salmom gerou a Boaz, € Boaz banquete do vinho para o jardim do pa-
gerou a Obede, lácio; e Hamã se pôs em pé, para rogar
22 - e Obede gerou a Jessé, e lessé gerou à rainha Ester pela suo vida; porque viu
a Davi. que ja o mal lhe era determinado pelo rei.

IS Hinos Sugeridos: rt5, zg8,

PLANO DEAULA
515 da Harpa Cristã

1. II{IRODUçÃO foram muito importantes para pre-


Neste trimestre estudaremos os parar todo o contexto necessário para
livros históricos de Rute e Ester. Ne- o advento do Senhor |esus, o nosso
les, veremos como Deus usou duas Salvador. Apresente o comentarista
mulheres na história da salvação. Elas deste trimestre, pastor Silas Queiroz,

4 rrçõrs sÍslrcas . PRoFEssoR IULHO . AGOSTO . SETEMBRO 2021,


membro do Conselho de Comunica- res hoje que amam a lesus, sua igreja
ção e Imprensa da CGADB. |ornalis- local e sua família. Por isso, introdu-
tâ, Bacharel em Teologia e Direito, za esta lição fazendo a contextuahza-
Procurador-Geral do município de ção entre a mulher cristã de hoje com
Ii-Paraná, RO. Atua como pastor nas a mulher da Bíblia em Rute e Ester.
congregações de li-Paraná, cidade na
qual reside. 3. CoNCLUSÃO DA rrçÃO
A) Apticação: Deus chama mulhe-
2. APRESET{TAçÃO DA LrçÃO res e as capacita para fazet uma gran-
A) Objetivos da Lição: I) Apre- de obra em seu reino, para serem seu
sentar o perfil de Rute, a moabita; instrumento no século atual, de modo
II) Traçar o perfil de Ester, a judia que o seu nome seia glorificado. Que
que ascendeu ao posto de rainha; III) o Espírito Santo continue a capacitar
Refletir a respeito da mulher cristã mulheres para a sua obra no mundo!
como protagonista no Reino de Deus.
B) Motivação: Rute e Ester nos 4. suBsÍpto Ao PR0FESSoR
apresentam perfis de mulheres de
A) Revista Ensinador Cristão.
Vale a pena conhecer essa revista
Deus que podem nos inspirar em
que ttaz reportagens, artigos, en-
nosso relacionamento com Deus, no
trevistas e subsídios de apoio à rí-
compromisso mútuo com o próú-
mo. Não há dúvida de que os exem- ções Bíblicas Adultos. Na edição 98,
p36, você encontrará um subsídio
plos dessas duas grandes mulheres
especial para esta lição.
ressoam ainda hoje e influenciam as
B) Auxílios Especiais: Ao final
mulheres do século )O(I.
do tópico, você encontrará auxílios
C) Sugestão de Método: Muito se
que darão suporte na preparação de
discute a respeito do papel da mulher
sua aula: 1) O texto t'Quando alguém
no mundo atual. A Bíblia revela mu-
dí2", localizado depois do primeiro
lheres fortes, moralmente corajosas
tópico, ressalta a pessoa de Rute;2)
e, ao mesmo tempo, dedicadas à sua ((Ester",
O texto âo final do segun-
família e aos negócios da cidade. Essa
do tópico, aprofunda a introdução a
mulher bíblica que se revela em Rute
respeito de Ester.
e Ester, s€ revela em muitas mulhe-

COMENTARIO
rr{TRoDUçÃO de BT5 a 1o5o a.C. A segunda,
Rute e Ester são os dois na Pérsia, depois do cativeiro
livros da Bíblia que levam o babitônico, entre 48 e t+73
nome de mulheres. Regis- Palavra-Chave a.C. Rute e Ester viveram
tram duas das mais belas, em épocas, circunstâncias e
extraordinárias e dramáticas
Mulheres contextos muito diferentes,
histórias sagradas. A pri- mas expressaram as mesmas
meira, ocorrida em Moabe e virtudes espirituais e morais:
Belém, Do período dos juízes, fé, convicção, humildade, co-
que durou, aproximadamente, ragem, obediência, simplicidade,

IULHO . AGOSTO . SETEMBRO zoz4 uçÕEs nÍglrcas . PRoFESSoR 5


pureza, abnegação, temor a Deus e dis- Malom, o mais velho deles (Rt 4.ro). Ao
posição de servir. Essas duas mulheres final de quase 10 anos, também Malom
foram fundamentais para a preservação e seu irmão Quiliom morreram. Viúva e
do povo judeu, a descendência piedosa sem filhos, Noemi decide voltar a Belém,
de Abraão. Suas vidas continuam sendo motivada pela notícia de que a fome havia
fontes de profunda inspiração para todos cessado em sua terra. Embora pudesse
que desejam agradar a Deus e viver para permanecer em Moabe - como decidiu
a sua glória (Sl 147.11; 1 Co 1o.3r; Hb u.6). Orfa, viúva de Quiliom -, Rute escolhe
ir com sua sogra Noemi, declarando sua
fé no Deus de Israel (Rt 1.4,6,L6).
I RUTE: UMAMULHER IM- 3. Matrimônio e maternidade. Esta
PORTAI{TE PARA A LINHAGEM síntese biográfica tem seu ápice em Belém,
DE DAVI com dois eventos que foram fundamentais
1. Uma moabita. Descendentes de para que o propósito de Deus se cumprisse
Moabe, filho da relação incestuosa de na vida dessa moabita. Apegada à sua
Ló, o sobrinho de Abraão, com sua filha sogra e sempre disposta a obedecê-la e
mais velha (Gn Lg.3o 37), os moabitas servi-la, Rute alcança o favor do Deus de
eram um povo pagão, hostil a Israel Israel, ttsob cujas asas te vieste abrigar"
desde os dias do rei Balaque (Nm z2.t-6; (Rt z.rz). O casamento com Boaz, parente
Dt 23.3,4; lz tt.t7). Habitavam a leste do de Elimeleque, e o nascimento de seu
mar Morto (atual lordânia) e eram dados filho Obede (heb. "servo") fazem de Rute
à idolatria e à imoralidade sexual (Nm uma ascendente direta de Davi (de quem
25.1,2; Ap z.t4). Pertencendo a este povo, foi bisavó) e integrante da genealogia de
era de todo improvável que Rute fizesse Iesus (Rt 4.r-zz; Mt 1.5-tT;Lca}z). Honrar
parte da linhagem de Davi, família da o casamento e a geração de filhos traz
qual viria o Messias, o Salvador do a bênção de Deus para muitas gerações
mundo (Gn 49.8-to; Is 11.1,10; Mq 5.2; (Hb 13.4; Sl rz7.3-5).
Ap S.5). Mas os caminhos de Deus são
mais altos que os nossos; estão muito
acima de nossa compreensão (Is 55.8,9;
Rm 11.33). Ele é soberano (Ió 42.2).Faz SINOPSE I
do improvável, provável e do impossível,
possível quando cremos nEle, o tememos
Rute era uma mulher moabita,
e obedecemos sem impor-lhe qualquer
de família belemita, que esco-
condição (Gn t8.t4-t6; Hb u.8-u). lheu viver com sua sogra após
2. Afamília belemita. A história de a morte de seu esposo.
Rute muda a partir de seu ingresso em
uma piedosa famíIia de Belém de ludá,
que peregrinava nos campos de Moabe
por causa da fome que assolava a terra
AUXÍLIO VIDA CRISTÃ
de Israel (Rt 1.1). Eram Elimeleque, sua
mulher, Noemi, e os filhos Malom e 3íQUAMO ALGUÉJVI DIZ:'Dei-
Quiliom. Depois de algum tempo na xe-me contar sobre a minha sogra',
terra dos moabitas, Elimeleque morre,
esperamos algum tipo de declara-
ficando Noemi na companhia de seus
dois filhos (Rt 1.2,3). Rute se casou com ção negativa ou anedota humorísti-

6 lrçôrs gÍstrcas . PRoFESSoR IULHO . AGOSTO . SETEMBRO 2C24


ca, pois muitas delas têm sido alvo
45.1,4,5,L3i Ir a1.LI-LD. No entanto,
a maioria dos judeus permaneceu na
de ridicularização ou comédia. [...]
Babilônia, sob domínio persa.
Não é dito muito sobre Noemi
2. De órfã a rainha. Susã era capital
a não ser que amava e cuidava das
do novo império (Et t.t,z). Lá viviam Ester
noras. Obviamente, a vida dela foi
eMardoqueu, dentre milhares de outros
um poderoso testemunho para a judeus. Dotada de rara beleza, Ester
realidade do Senhor. Rute foi atra-
integrou o grupo de moças virgens que
ída para ela e para o Deus dela.
se candidataram para suceder a rainha
Nos meses que se sucederam, o To-
Vasti, deposta pelo rei Assuero por sua
do-poderoso levou esta jovem viú-
desobediência, como escreve o historiador
va moabita a um homem chamado judeu Flávio |osefo. Vasti se recusou a
Boaz, com quem posteriormente se
comparecer a um banquete oferecido
casou. Como resultado, ela se tor-
pelo rei nos jardins de seu palácio (Et
nou bisavó de Davi e ancestral do
1.5-8,ro -\2,21,22). Em um inequívoco ato
Messias. Que profundo impacto
da providência divina, Ester se tornou
teve a vida de Noemi!" (Bíblia de
rainha em seu lugar (Et z.r6,t7).Cinco
Estudo Aplicação Pessoal. Rio de
anos depois, essa jovem judia, agindo com
|aneiro: CPAD, zoo4, p.354.). sabedoria e muita coragem, obteve de
Assuero um decreto que livrou da morte
o povo judeu de todo o império (Et 8 e 9).
Como diz Matthew Henry, t'ainda que o
II ESTER: AMULHER QUE nome de Deus não se encontre [no livro
AGIU PARA A SOBREVTÍUENCTA
de Esterl, o mesmo não se pode dizer
DOS IUDEUS
de sua mão, guiando minuciosamente
1. De Belém para Susã. Cerca de
os fatos que culminaram na libertação
cinco séculos depois de Rute, a Bíblia
de seu povo".
nos apresenta outra mulher notável,
Ester, também usada providencialmente 3. No campo ou no palácio. Assim
como Rute, Ester é um exemplo inspirativo
por Deus para a preservação do povo
do quanto valem a fidelidade e a confiança
de Israel. Filha de Abiail, tio de Mar-
em Deus, seja qual for o contexto em
doqueu, Ester era judia. Órfã de pai e
que vivamos. Os princípios divinos são
mãe, foi criada pelo primo Mardoqueu
(Et 2.5-7,15). Seu nome hebraico era absolutos e imutáveis; suficientes para
orientar nossa conduta em qualquer tempo
Hadassa, que significa ttmurta", uma
e lugar (SI r9.7-g; ttg.89-91).
das plantas favoritas do mundo antigo,
de folhas perfumadas e flores brancas
ou rosadas, usadas para perfumar am-
bientes e fazer grinaldas para os nobres
nos banquetes. lá o nome persa Ester SINOPSE II
(stara) significa ttestrela". Ester f.azia Ester é a mulher judia de Belém;
parte da geração de judeus nascidos no era órfã, mas foi para Susã, a
cativeiro. Conforme Isaías e feremias capital do império, para se tor-
haviam profetizado, o fim do cativeiro nar rainha.
babilônico foi decretado por Ciro, rei
da Pérsia, no ano fi8 a.C. (Is 44.26,28;

IULHO . AGOSTO . SETEMBRO zoz4 rrçÕEs sÍsrrcas . PRoFESSoR 7


história. Isso não implica, todavia, na
AUXÍLIO VIDA CRISTÃ
necessidade de confundir ou inverter
(.ESTER os papéis entre homem e mulher. Os
exemplos de Rute e Ester são eloquentes
A beleza e o caráter de Ester
neste sentido. Não foi a altivez, mas a
conquistaram o coração de Assue-
humildade, a submissão e a obediência
ro (ou Xerxes), e assim o rei fez de
que tornaram, tão relevante, a vida
Ester sua rainha. Mesmo em sua
dessas mulheres.
posição tão favorecida, ela arriscou
2. Cumprindo os papéis. Noemi
a própria vida, entrando à presença
dá testemunho de que Rute cumpriu
do rei sem ser chamada. Não ha-
bem a função de esposa (Rt 1.8). Seu
via sequer a garantia de que o rei
extraordinário relacionamento com
a receberia. Embora fosse a rainha,
a sogra não nos permite outra con-
não estava completamente segura.
clusão. Ambas eram mulheres sábias,
Mas, com cautela e corag€ffi, Ester
que conheciam bem os seus papéis (Rt
decidiu arriscar sua vida, abordan-
1.11-13), o que é fundamental para uma
do o rei a favor de seu povo.
boa convivência em família, inclusive
[...] Neste ínterim, Deus estava entre nora e sogra (Pv l4.l).
trabalhando tnos bastidores'. O Se-
nhor fez com que o rei lesse os re- 3. Educação familiar. Não foi ape-
nas a beleza de Ester que lhe fez ser
gistros históricos do reino, à noite,
escolhida rainha, mas também sua
e descobrisse que Mardoqueu certa
humildade e seu bom comportamento
vez salvou a sua vida. Assuero não
no palácio (Et z.r5-t7). Apesar de órfã,
perdeu tempo para honrar Mardo-
Ester havia recebido uma boa educação
queu por tal ato. Durante o segun-
de Mardoqueu, â quem devotava obe-
do banquete, Ester revelou ao rei
diência e profundo respeito (Et z.roi
a conspiração de Hamã contra os
judeus, e este foi sentenciado. [...J 4.t-4). E no lar que somos forjados
para os grandes desafios da vida (Pv
O risco que Ester correu confirmou
29.L5,L7; 3O.t7).
que Deus era a fonte de sua segu-
rança" (Bíblia de Estudo Aplica-
ção Pessoal. Rio de Ianeiro: CPAD,
2OO4, p.692).
SINOPSE III
A Bíblia apresenta mulheres
como protagonistas da histó-
ria, cumprindo devidamente o
III - MULHERES DE DEUS papel estabelecido por Deus.
COMO PROTAGONISTAS DA
HISTORIA
t. protagonismo feminino. A
O
liderança masculina, instituída por
Deus (Gn t.26; cf. Ef 5.22,23), não anula CONCLUSÃO
o propósito divino com a mulher, nem Deus continua usando mulheres para
the retira a possibilidade de, em muitas cumprir seus propósitos. Algumas se
circunstâncias, ser protagonista da tornam conhecidas e tem seus nomes

8 rrçÕrs sÍsrtcAs . PRoFEssoR IULHO .AGOSTO . SETEMBRO 2024


registrados na história, como Rute e ao seu lado enquanto cumpria a missão
Ester. Outras, como a mulher de Noé, divina que recebera? No Reino de Deus,
vivem a vida toda no anonimato (Gn seja homem, seja mulher, o que importa
6.10,18;7.T,t3,;8.15,16), mas nem por isso não é o quanto a pessoa aparece, pois o
deixam de ser importantes. O que seria Senhor olha para o coração (t Sm 16.7;
do patriarca sem uma companheira fiel 1 Co 3.12-L5).

REVISAT{DO O CONTEUDO

1. A quais períodos históricos estão ligados os livros de Rute e Ester?


O Livro de Rute, ocorrida em Moabe e Belém, ro período dos juízes, que
durou, aproximadamente, de 1375 a to5o a.C. O Livro de Ester, na Pérsia,
depois do cativeiro babilônico, entre 4U e 473 a.C.
2. Quem eram os moabitas?
Os moabitas eram um povo pagão, hostil a Israel desde os dias do rei Ba-
laque (Nm z2.t-6; Dt 23.3,4; lz tt.t7).
3. Que eventos representam o ápice da história de Rute quanto aos propó-
sitos de Deus em sua vida?
Esta síntese biográfica tem seu ápice em Belém, com dois eventos que
foram fundamentais para que o propósito de Deus se cumprisse na vida
dessa moabita: apego a sua sogra e o casamento com Boaz.
{. Como a providência divina se manifesta no livro de Ester?
Em um inequívoco ato da providência divina, Ester se tornou rainha em
seu lugar (Et 2.!6,17). Cinco anos depois, essa jovem judia, agindo com
sabedoria e muita coragern, obteve de Assuero um decreto que livrou da
morte o povo judeu de todo o império (Et 8 e 9).
5.Para ser protagonista da história a mulher precisa desempenhar papel
masculino?
Não. Os exemplos de Rute e Ester são eloquentes neste sentido. Não foi
a altivez, mas a humildade, a submissão e a obediência que fizeram tão
relevante a vida dessas mulheres.

VOCABULÁRIO
Incestuoso: Relativo ao incesto; relação sexual entre parentes dentro
dos graus em que a }ei, a moral ou a religião proíbe e condena.
Ascendente: Diz-se de pessoa de quem se descende.

IULHO . AGOSTO . SETEMBRO zozt, uçÕes sÍst,rcas - PRoFESSoR 9


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LIÇAO 2
t{ de Ju}ho deueoz4

-3

w I
O LIVRO DE RUTE

TExro Áunuo
VERDADE PRÁTICA
"E sucedeu eu€, nos dias em
que os juízes julgavam, houve Servir a Deus não nos isenta
uma fome na terra; pelo que um de crises. Em qualquer
homem de Belém de ludá saiu a circunstância, o segredo é
peregrinar nos campos de Moabe, p ermanecer fiel, confiando

ele, e sua mulher, e seus doÍs na providência dívína.


filhos." (Rt Li

LEITURA DIARIA
Segunda - Rt t.t; 4.zrr2z Quinta- Sl to3.81 ll z.t31Rm 2.4
O contexto do Livro de Rute Longanimidade e misericórdia
remete aos Iuízes de Deus
Terça - lz 1.7-rg Sexta - Gn 49.to
Um contexto de anarquia e O cetro não se afastará da
infidelidade do povo hebreu tribo de Iudá
Quarta - lz 2.7-13; 3.5-7 Sábado - cf. EÍ z.tt-t6
Israel atraído à idolatria dos Boaz e Rute: o prenúncio da
cananeus derrubada da parede de separação

10 t rçôEs gÍgllcas . PRoFESSoR IULHO . AGOSTO . SETEMBRO 2oz4


LEITURA gÍgLICA EM CLASSE

Rute 1.1- 5
t - E sucedeu que, nos dias em que os 3 - E morreu Elimeleque, marido de
juízes julgavaffi, houve uma fome na NoemÍ; e ficou ela com os seus dois filhos,
terra; pelo que um homem de Belém de 4 - os quais tomaram para si mulheres
]udá soíu a peregrinar nos campos de moabitas; e era o nome de uma Orfa,
Moabe, ele, e sua mulher, e seus dois filhos. e o nome da outra, Rute; e ficaram ali
z - E era o nome deste homem ElimeleQU€, quase dez anos.
e o nome de sua mulher,Noemi, e os no- 5 - E morreram também ambos, Malom
mes de seus dois filhos,Malom e Quiliom, e Quiliom,ficando assim esta mulher de-
efrateus, de Belém de ludá; e vieram aos samparada dos seus dois filhos e de seu
campos de Moabe e ficaram ali. marido.

IS Hinos Sugeridos: 33, 459, 5tL da Harpa Cristã

PLANO DEAULA

1. II{IRODUçÃO análise da organização do Liwo de


O Liwo de Rute conta uma histó- Rute; II) Remontar o contexto his-
ria muito bonita entre nora e sogra. tórico do Livro de Rute; III) Apre-
Rute, a nora, amou singelamente a sentar o propósito e a mensagem do
sua sogra, Noemi. Após o falecimen- Livro de Rute.
to do esposo de Rute, filho de Noeffii, B) Motivação: A Bíblia de Estudo
esta orientou a sua nora a retornar Aplicação Pessoal traz um relato que
à terra nativa, Moabe. Rute, a moa- serve de motivação para a aula des-
bita, não concordou em deixar a sua ta semana: ttQuando conhecemos
sogra, de modo que a seguinte de- Rute, ela é uma viúva sem pers-
claração mostra a profundidade do pectiva de vida. Acompanhamos
compromisso dela com a mãe de seu sua união com o povo de Deus, a
saudoso esposo: ttO teu povo é o meu colheita no campo e o risco de sua
povo, o teu Deus é o meu Deust' (Rt honra na eira de Boaz. Finalmente
1.16). Nesse contexto, contempla- a vemos tornar-se esposa dele. Um
mos a maneira que Deus preserua a retrato de como chegamos a Cristo.
história de pessoas que permanecem Começamos sem esperança e somos
fiéis apesar das circunstâncias. Por estrangeiros rebeldes sem parte no
isso, nesta lição, temos o objetivo de reino de Deus. Então [...J Deus nos
apresentar um panorama do Livro de salva, perdoa, reconstrói nossa vida.
Rute e seus principais temas. [...J A redenção de Rute através de
Boaz é um retrato da nossa remissão
2. APRESENTAçÃO DA rrçÃO
através de Cristo".
A) Obietivos da Lição: I) Fazer a

IULHO . AGOSTO . SETEMBRO zozt, uçÕrs nÍslrces . PRoFESSoR 11


C) Sugestão de Método: Para in- de uma situação desoladora. Com o
troduzir esta aula, apresente o esboço livro aprendemos que não impor-
do Liwo de Rute. Explique que o liwo ta quão devastadora ou desafiadora
está estruturado nos seguintes pon- possa ser a nossas circunstâncias,
tos: 1) A Adversidade de Noemi (t.t- pois a nossa esperança está centra-
il; z) Noemi e Rute (t.6-22);3) Rute da em Deus que tem os recursos in-
conhece Boaz no campo (z.t-23); 4) finitos para nos disponibilizar.
Rute vai até Boaz na eira (3.r-r8); 5)
Boaz se casa com Rute (4.t-B); 6) A
4. suBsÍpto Ao PRoFESS()R
bênção e realização de Noemi (4.t4-
A) Revista Ensinador Cristão.
Vale a pena conhecer essa revista
ril; il Ahistória da famíIia - de Perez que traz reportagens, artigos, êtr-
a Daü (4.r8). Você pode reproduzir
trevistas e subsídios de apoio à fi-
esse esboço no datashow, râ lousa ou
ções Bíblicas Adultos. Na edição 98,
até mesmo em Cartolina. Pode tam-
p.37, você encontrará um subsídio
bém, por meio das Bíb1ias de Estudo,
especial para esta lição.
Pentecostal ou AplÍcação Pessoal, apro-
B) Auxílios Especiais: Ao final
fundar a sua pesquisa e apresentar
do tópico, você encontrará auxílios
um quadro mais completo do liwo aos
que ajudarão aprofundar a reflexão
alunos. O ponto aqui é que você esteja ((Rute",
sobre o tema. 1) O texto lo-
consciente da necessidade de apre-
calizado depois do primeiro tópico,
sentar a estrutura do liwo por meio
destaca o significado do seu nome
de esboço com o objetivo de sua classe
compreender melhor o desenvolvi-
e o propósito espiritual da obra;
mento da história sagrada de Rute.
z) O texto ttCompromisso com a
Aliança", ao final do terceiro tópi-
3. coNCrusÃo DA rrçÃo co, demonstra como os conceitos de
A) Aplicação: O Livro de Rute aliança, concerto e fidelidade estão
nos apresenta um quadro grandioso presentes no livro de Rute.
de superação de uma mulher diante

COMENTÁRIO

INTRODUçÃO meio às crises para cumprir seus desíg-


livro de Rute se destaca não
O nios eternos. Ele transforma tristeza
apenas por sua beleza literá- em alegria, perdas em ganhos,
ria mas, principalmente, pela derrotas em vitórias. Rute
profundidade espiritual de nos apresenta leová-|ireh,
Palavra-Chave
sua mensagem. Fonte de o Deus que provê (Gn 22.L4).
inspiração para judeus e cris- Providência
tãos ao longo dos séculos,
o livro narra uma história r - A oRGAr{rzAçÃo
de amizade, amor e redenção. DO LITYRO
Uma extraordinária demonstração 1. Na Bíblia Hebraica. O
de como o Todo-poderoso trabalha em Livro de Rute pertence à terceira

t2 t tçÕrs gÍglrcas . PRoFESSoR IULHO . AGOSTO . SETEMBRO zozr,,


divisão ou seção da Tanakh, a Bíblia do início do período da monarquia de
Hebraica, que é composta apenas dos Israel. Sendo assim, o livro teria sido
livros do Antigo Testamento da Bíblia escrito no século X a.C.
Cristã. Essa terceira seção é chamada
Ketuvim ou Hagiógrafos (Escritos). A
primeira seção é a Torá (Pentateuco)
e a segunda é a Ne viim (Profetas) (Lc
24.4à. Dentre os Escritos, que são SINOPSE I
onze livros, estão os Megillot (cinco Rute está categorizado como
rolos), livros curtos lidos publicamente um livro histórico por causa do
nas festas judaicas anuais: Cântico dos seu evidente gênero narrativo.
Cânticos, Rute, Lamentações, Eclesias-
tes e Ester. Em função de narrar fatos
ocorridos durante a colheita, a leitura
litúrgica de Rute era tradicionalmente
feita durante o Shovu'ot (Pentecoste), a
festa da colheita. AUXÍLIO
z. Na Bíblia Cristã. Enquanto a BIBLIOLOGICO
Bíblia Hebraica está dividida em três
seções (Pentateuco, Profetas e Escritos), ((RIIIE
o Antigo Testamento da Bíblia Cristã é O livro de Rute traz o nome de
composto de quatro: Pentateuco, Poé- uma das principais personagens
ticos, Históricos e Proféticos. Rute está do livro. Rute era viúva de Malom,
categorizado como um livro histórico, nora de Noemi e, por fim, esposa
por seu evidente gênero narrativo. de Boaz. A etimologia de seu nome
Mas é identificado também por sua não é clara, embora alguns tentem
extraordinária bele za poética. Empre- ligar o nome a t(amizade" (heb.
gando estilo e linguagem próprios do re'ut) ou a ttassociando-se com ou
hebraico clássico, o autor expõe aspectos vendo" (heb. ra'ah). Apesar de Rute
subjetivos da vida dos personagens ser mencionada (com frequência
(Rt t.tz-zL; z.L1 ,2oi 3.r; 4.16). A obra especificamente como tta moabi-
está organi zada em quatro capítulos, ta") várias vezes nas páginas desse
somando 85 versículos. livro e mais uma vez na genealogia
3. Autoria e data. Há uma diversidade do Messias (Mt 1.5), é surpreen-
de opiniões entre os eruditos acerca da dente que esse livro notável traga
autoria e data do Livro de Rute. Samuel é seu nome no título. Rute não era
o autor mais provável. O Talmude, obra israelita; como moabita, era de uma
milenar de regulamentos e tradições nação que odiava Israel.
judaicas, atribui a ele a autoria. A forma Alguns não consideram Rute a
como o autor se refere a Iessé e Davi, personagem principal do liwo; con-
parece indicar contemporaneidade e
tudo, os eventos do liwo focam de-
familiaridade com os personagens, o que finitivamente na redenção ilustrada
também aponta para Samuel (Rt 4.r7). primeiro em sua rejeição dos deuses
pagãos de Moabe a fim de se com-
Além disso, as características gerais da
obra indicam uma atmosfera própria

IULHO . AGOSTO . SETEMBRO 2oz4 uçÕes sÍsucns . PRoFESSoR 13


demais líderes de seu tempo, levan-
prometer com Iavé, o Deus de Israel.
A história continua através da união
tou-se uma geração que não tinha
uma profunda comunhão com Deus e
com Boaz, o parente remidor, pon-
não conhecia o que Ele havia feito ao
do-a na genealogia do rei Davi o
maior rei de Israel. Ela, por inter-
- povo hebreu. Israel cedeu ao estilo de
médio de Davi, passou a fazer parte
vida pecaminoso dos cananeus e foi
da linhagem de Iesus Cristo, o futuro atraído à adoração dos seus deuses (Iz
ttFilho de Daü" guê, por fim, redi- 2.7 -13; 3.5-7). Secularismo e hedonis-

miria seu povo. A graciosa redenção mo sempre levam a grandes tragédias


de Deus foi desvelada, e sua fiel pro- morais e espirituais. O pervertido culto
vidência e libertação foram revela- a Baal (o deus da chuva) e a Astarote
das na história de Rute. O livro traz (a deusa do sexo e da guerra) passou
seu nome ao longo das gerações, e a set praticado pela nação hebreia, em
sua história resolve sem sombra de um degradante nível de imoralidade
dúvida a preocupação amorosa de e idolatria. A falta de uma liderança
Deus com as mulheres e seu com- espiritualmente madura e temente
promisso absoluto de santificar o a Deus causa prejuízos incalculáveis
casamento e a proeminência da fa- ao povo. No Reino de Deus, não basta
mília" (Patterson, D. K, KELLEY, R. ter carisma para liderar; é preciso ter
H. Comentário Bíblico da Mulher caráter aprovado (r Tm 3.2-13; 2 Tm
- Antigo Testamento. Vol. I. Rio de 2.L5i Tt 2.7,8).
Ianeiro: CPAD, 2ozz, p.469). 3. Opressão, clamor e livramento.
A apostasia tornou Israel presa fácil de
seus inimigos, que atacavam e saquea-
vam suas cidades e terras, € mantinham
II O CONTEXTO HISTORICO o povo sob domínio opressor por longos
1. No tempo dos juízes. Não há uma períodos (Iz 3.7-g;12-14; L.r-3; 6.t-6).
data precisa para os fatos narrados em Afligidâ, â nação clamava a Deus, e o
Rute. O que sabemos é que ocorreram Senhor levantava juízes para libertar o
três gerações antes de Davi, nos dias seu povo. Esses juízes (heb. shophetim)
dos juízes (Rt r.r; 4.2t,22). Esse período não eram magistrados civis, como os
(dos juízes) durou mais três séculos. que conhecemos hoje, que julgam em
Começou depois da morte de Iosué (por fóruns e tribunais. Eram libertadores
volta de BT5 a.C.) e se estendeu até o geralmente líderes militares, como
início da monarquia de Israel, com a Otniel, Baraque e Gideão (Iz 3.9-Lt;
ascensão de Saul ao trono (ro5o a.C.). 4.to-L5i T.t6-2il , poderosamente
Foi marcado por uma grande anarquia usados por Deus para ttjulgar" a causa
e uma profunda apostasia e infidelidade de Israel, livrando-o de seus opressores.
do povo hebreu (lz t.l-rg). Uma frase que Apesar dos repetidos ciclos de infide-
identifica bem aquela época sombria é: lidade da nação, Deus ouvia o gemido
"cada qual f.azia o que parecia direito do seu povo em seus momentos de dor
aos seus olhos" (lzt7.6). Sem uma sábia e aflição (Iz 2.18). O Senhor é longâni-
direção, o povo perece (Pv 11.14). mo e cheio de misericórdia (Sl ro3.8;
2. Secularismo, hedonismo e ido- ll z.t3; Rm 2.4; Lm 3.22). Ele ouve os
latria. Depois da morte de Iosué e dos que a Ele clamam (lr zg.t2,r3,i Is 55.6).

L4 rrçÕEs eÍsrrcas . PRoFESSoR IULHO . AGOSTO . SETEMBRO zozt,


tipológico. Boaz é o parente remidor
que preservou a descendência de EIi-
SINOPSE II
meleque, mas é, também, um tipo de
Os fatos narrados em Rute têm Cristo, nosso Redentor (Is 59.20; Lc r.68;
como contexto maior os dias Ef t.7; Tt z.t4).
dos juízes, caracterizados pela 3. Fidelidade e altruísmo. O livro de
frase: ((cada um Íazia o que Rute abre uma janela que nos permite
bem queriat'. ver que nem tudo eram trevas nos dias
dos juízes. Havia um remanescente fiel,
que temia a Deus e foi usado por Ele
para cumprir seus propósitos (ló 4z.z).
Em um mundo de crescente iniquida-
de, o justo vive pela fé (Hc 2.4; cf. Mt
III PROPÓSTTO E MENSAGEM
24.12,13). Outra eloquente mensagem
ludá. Vários propósi-
1. O cetro de
do livro é o valor do altruísmo em
tos são atribuídos ao Livro de Rute. O
que predominava o egoísmo. Nos dias
principal e mais evidente deles é apre-
dos juízes, a maioria vivia segundo os
sentar Davi como descendente de fudá,
seus próprios padrões e interesses (Iz
a tribo real da qual viria o Messias, tto
2t.25). Noemi e Rute destoaram dessa
Leão da tribo de Iudá, a Raiz de Davi"
máxima individualista. Sogra e nora
(Ap 5.5; cf . Rt 4.18 -22).Gênesis 49.ro
não pensavam em si mesmas. O amor
diz:((O cetro não se arredará de |udá,
não é egoísta (r Co t3.5).
nem o legislador dentre seus pés, até
que venha Siló; e a ele se congregarão
os povos". Embora Rúben fosse o pri-
mogênito de lacô, seu ato de desonra
ao leito do pai, deitando-se com sua SINOPSE III
concubina , fez com que perdesse a O Cetro de fudá, o Amor, a re-
primogenitura - a posição de liderança
denção, â fidelidade e o altruís-
(Gn 35.22; 49.4). A promessa feita a
mo são temas que se destacam
Abraão seguia, agora, pela descendên-
ao longo do livro.
cia de Iudá. Sendo Samuel o autor do
livro de Rute, o propósito de registrar
a genealogia de Davi ganha ainda mais
sentido, já que naquele tempo o rei de
Israel era Saul, uffi benjamita (t Sm
9.1,2; 25.r).A ancestralidade de Davi
o legitimava para o trono.
AUXÍLIO BIBLIOLÓGICO
2. Amor e redenção. A mensagem ((COMPROMISSO
principal de Rute é o amor de Deus e COM
seu plano de redenção da humanida- A AHANçI\
de. Como representantes de judeus e Deus demonstrou sua lealdade
gentios, respectivamente, Boaz e Rute à aliança ao derramar sua bene-
prenunciam a derrubada da parede de volência (heb. chesed, uma pala-
separação (Ef 2.rr-16). A redenção é vra que engloba amor, gentileza,
vista, ro livro, nos sentidos literal e

IULHO . AGOSTO . SETEMBRO zoz4 rrçÕEs eÍslrcas . PRoFESSoR 15


benevolência, misericórdia, graça, sas feitas a Israel" (Patterson, D. K,
lealdade e fidelidade; veja 1.8; 2.zo; KELLEY, R. H. Comentário Bíblico
3.1o) não só para com Noemi de Be- da Mulher Antigo Testamento.
lém, mas também para com Rute, a Vol. I. Rio de laneiro: CPAD, 2022,
rnoabita. Boaz também demonstrou p.472).
lealdade à aliança em sua disposição
de ser o parente remidor de Rute e
Noemi. O tconcerto', ou aliança,
embora não seja mencionado no li-
vro, está subjacente a tudo, come- CONCLUSÃO
çando com o compromisso de Rute O livro de Rute nos ensina gu€, a
com o Deus de Noemi (r.t6,17). A despeito da incredulidade e dos pecados
lealdade amorosa, o senriço fiel e o do hom€ffi, Deus sempre trabalha para
espírito obediente de Rute são fun- cumprir os seus desígnios. Sem violar
damentais para o compromisso. o princípio do livre-arbítrio humano, o
Todavia, ainda mais importante é o Todo-poderoso conduz ahistória e exe-
fato de que Iavé Deus, sempre cuta seu plano eterno de redenção. O livro
fiel, jamais se esquece das promes- também nos mostra como a fidelidade de
Deus se aplica às circunstâncias comuns
da vida. Em tudo Ele é fiel (Is 6{./*).

REVISA}-IDO O CONTEÚDO

1. Como o liwo de Rute é classificado na Bíblia Hebraica?


O Livro de Rute pertence à terceira divisão ou seção da Tanakh, a Bíblia
Hebraica: Ketuvim ou Hagiógrafos (Escritos).
2. Como e por que o livro é categorizado na Bíblia Cristã?
Rute está categorizado como um livro histórico, por seu evidente gênero
narrativo.
3. Que evidências apontam para a autoria de Samuel?
O Talmude, obra rnilenar de regulamentos e tradições judaicas, atribui a
ele a autoria. A forrna coÍno o autor se refere a Iessé e Davi parece indicar
contemporaneidade e familiaridade com os personagens, o que tarnbém
aponta para Samuel (Rt 4.r7).
4. Qual o contexto histórico de Rute?
O tempo dos iuízes.
5. Qual a principal mensagem do livro?
Vários propósitos são atribuídos ao Livro de Rute. O principal e rnais evi-
dente deles é apresentar Davi como descendente de Iudá, a tribo real da
qual viria o Messias, 'ío Leão da tribo de ludá, ã Raiz de Davi" (Ap 5.5; cf.
Rt 4.18 -22).

16 uçÕrs sÍst,rcns . PRoFEssoR IULHO . AGOSTO . SETEMBRO zozt*


^,
LIÇAO 3
zt de Julho Ce zo24

ffiâ..
RUTE E NOEMI:
ENTRELAçADAS PELO AIVTOR
TExro Áunno
VERDADE PRÁTICA
"Disse,porém,Rute: Nâo me instes
para que te deixe e me afaste de ti; Amar uns aos outros sem nada
porque, aonde quer que tu fores, exigir em troca evidencia que
ireí eu e, onde quer que pousares Deus está em nós e nos une
à noite, alí pousarei eu; o teu povo em relacionamentos fortes e
é o meu povo, o teu Deus é o meu duradouros.
Deus." (Rttú)

LEITURA DIÁRIA
Segunda - Hb rt.3z-34 Quinta - Mt 6.t9-21; t Tm 6.tT-
Tirando força da fraqueza, rg; Tg 5.r-6
batalhando e se esforçando A situação do rico diante do
Terça - Pv za.tt princípio da Palavra de Deus
Quando a manipulação sutil se Sexta - Tt zA-5
manifesta desde a infância O papel das rnulheres mais velhas
Quarta - Pv tT.rZ na orientação das mais novas
Quando um amigo é mais &ibado - tc zç.t-ro; ro zo.u-18
chegado que urn irmão As mulheres como testemunhas
no rninistério de Iesus

IULHO . AGOSTO . SETEMBRO 2024 t tçÕu,s gÍmtcAs - PRoFESSoR U


LEITURA EÍSLICA EM CLASSE

Rute !.6-8; r{-19


6 - Então, se levantou ela com os suos volta tu também após a tua cunhada.
noras e voltou dos campos de Moabe, t6 - Disse,porém,Rute: Nôo me instes
porquanto, na terra de Moabe, ouviu para que te deixe e me afaste de ti;porque,
que o Senhor tinha visitado o seu povo, aonde quer que tu fores, irei eu e, onde quer
dando-lhe pão. que pousares à noite, ali pousarei eu; o teu
7 - Pelo que saÍu do lugar onde estivera, povo é o meupovo,o teuDeus é o meuDeus.
e as suos duas noras, com ela. E, indo lZ - Onde quer que morreres, morrerei
elas caminhando, para voltarem para a eu e ali serei sepultada; me faça assim
terra de ludá, o Senhor e outro tanto, se outra coísa que
8- dis se NoemÍ às sua s duas noras: lde, não seja a morte me separar de ti.
voltai cada uma à casa de sua mãe; e 18 - Vendo ela, pois, que de todo estava
o Senhor use convosco de benevolência, resolvida para ir com ela, deixou de lhe
como vós usastes com os falecÍdos e comigo. falar nisso.
t4 - Então,levantaram a sua voz e tor- t9 - AssÍm, pois, foram-se ambas, até
naram a chorar; e Orfa beijou a sua sogra; que chegaram a Belém; e sucedeu eu€,
porém Rute se apegou a ela. entrando elas em Belém, toda a cidade se
t5 - Pelo que dísse: Eis que voltou tua comoveu por causa delas, e dizíam: Não
cunhada ao seu povo e aos seus deuses; é esta Noemi?

rs Hinos Sugeridos: 198, 2oo,344 da Harpa Cristã

PLANODEAULA
r. INTRODUçÃO de de Noemi e Rute não diz respeito
A presente lição tem o propósito apenas a Davi, mas também ao apa-
de, como ponto de partida da relação recimento do Rei lesus.
de amizade entre Noemi e Rute, nos
2. APRESENTAçÃO DA LIçÃO
ensinar o valor de uma amizade em
A) Objetivos da Lição: I) Apre-
Deus mediante a maturidade da vida
sentar a proposta de Noemi; II)
cristã. A história de Rute e Noemi se
Abordar a convicção amorosa de
contextualiza a partir de uma crise
Rute em relação a sua sogra; III)
familiar. Desta, desabrocha uma lin-
Refletir a respeito da convicção de
da amizade que terá como resultado
Rute: tto teu Deus é o meu Deus".
o aparecimento do rei do Davi, bem
B) Motivação: A lição desta se-
como a linhagem do Senhor fesus no
mana traz um ponto muito im-
Novo Testamento. Esse entrelaça-
portante no primeiro tópico: "sem
mento de amor tem tudo a ver com o
manipulação emocional". Noemi
advento do nosso Salvador. A amiza-
apresentou toda a sua amargura e

18 rrçÕEs sÍgucns . PRoFESSoR IULHO . AGOSTO . SETEMBRO 2024


tristeza diante da circunstância que 3. C0NCLUSÃO DA LrçÃO
se abateu sobre ela. Entretanto, isso A) Aplicação: Convicção de fé e
não foi capaz de fazer com que ela prática do amor são duas lições que
aprisionasse emocionalmente suas podem ser aplicadas de maneira con-
duas noras. A escolha de Rute em fi- creta na vida do aluno. No mundo de
car com a sogra foi de livre e espon- incertezas, convicções de fé median-
tânea vontade, jamais por pressão te a Palawa de Deus trazem consolo;
de Noemi. Essa maturidade emo- num contexto de apatia coletiva, o
cional de Noemi é uma imagem po- amor prático nos desperta para a vida.
derosa do Antigo Testamento a res-
peito do equilíbrio e maturidade que 4. suBsÍoto Ao PRoFEssoR
podemos desenvolver por meio do
A) Revista Ensinador Cristão.
Vale a pena conhecer essa revista
Fruto do Espírito Santo (Gl 5 .22,23).
que traz reportagens, artigos, €tr-
C) Sugestão de Método: Após a
trevistas e subsídios de apoio à fí-
exposição da lição, retome os pontos
da Convicção de Fé da Mulher e do ções Bíblicas Adultos. Na edição 98,
p.37, você encontrará um subsídio
Amor Prático relatados ao longo da
especial para esta lição.
lição. Faça uma revisão e aplicação
B) Auxílios Especiais: Ao final
desses dois assuntos. Para finalizar
do tópico, você encontrará auxílios
a aula, sugerimos que você desafie a
que darão suporte na preparação e
classe para euê, na semana subse-
desenvolvimento de sua aula: t) O
quente, cada aluno(a) faça uma ação
texto ttPerfil da Personagem", lo-
que revele o amor prático, alinhado
calizado depois do primeiro tópico,
com o ensino da Palavra de Deus,
apresenta um panorama da vida
em relação a uma pessoa do relacio-
de Noemi; 2) O texto "A devoção
namento dele(a). Na próxima aula,
de Rute", ao final do últirno tópi-
colha o relato dessa experiência, de
co, destaca que a decisão de Rute foi
modo que toda a classe seja edifica-
orientada por sua fé em Deus.
da com essa atividade.

COMENTARIO

rr{TRoDUçÃO intensa mutualidade. O caráter


Iâ fizemos uma visão pa- voluntário da doação pessoal de
norâmica do livro de Rute. sogra e nora é um extraordi-
Agora, vamos caminhar por Palavra-Chave nário exemplo de abnegação
e amizade sincera.
seus capítulos e versícu-
los, focados nos principais
Amor
personagens da obra: Rute, I A PROPOSTA DE
Noemi e Boaz. Nesta lição, NOEMI
estudaremos o relacionamento 1. Uma crise em família.
entre Noemi e Rute, duas mulheres É importante considerar as cir-
unidas por um amor profundo e uma cunstâncias da vida de Noemi para

IULHO . AGOSTO . SETEMBRO zoz4 uçÕes sÍslrcAs . PRoFEssoR 19


entender o valor e o significado de diu liberá-las, para que voltassem à
seus atos. Principal provedor da casa, casa dos pais (Rt t.7,8; 2.11). Mesmo
seu marido Elimeleque (no hebraico, de avançada idade, Noemi pensou
"Meu Deus é Rei") havia morrido. primeiro em suas noras e no futuro
Seus filhos Malom ("doença") e Qui- delas. De volta às suas origens, Rute
liom (ttdefinhamento") casaram-se e e Orfa poderiam casar novamente e
tiveram morte prematura, deixando constituírem família (Rt 1.8-13). Noemi
viúvas as moabitas Rute (ttamizade") assumiu sua condição pessoal, sem
e Orfa (ttpescoço"). Considerando a apelar aos sentimentos das noras. Esse
expressão que os nomes tinham na tipo de conduta é fundamental para a
Antiguidade, é bastante provável que construção de relacionamentos saudá-
Malom e Quiliom não tivessem boas veis. A manipulação emocional é sutil e
condições de saúde desde o nascimento. costuma se manifestar desde a infância
A vida de Noemi ("agradável") tornou-se (Pv zo.rr). O pecado não escolhe idade.
amarga, como ela mesma diria tempos Pessoas emocional e espiritualmente
depois, preferindo ser chamada de Mara sadias não são manipuladoras.
(ttamargosa") (Rt t.zo).
2. Tirando força da fraqueza. Todas
as pessoas, inclusive as cristãs, estão
sujeitas a dias maus (Ec 7.t4). A dife-
SINOPSE I
rença é como cada uma se comporta
em meio às tempestades da vida (Ef A crise familiar de Noemi traz
6.L3; Mt 7.24-zT).Noemi não escon- lições a respeito da perseve-
deu seus sentimentos, mas também rança e do bem-estar emocio-
não os explorou, com autopiedade ou nal.
autocomiseração. Quando soube que
Deus havia abençoado o seu povo, ttse
Ievantou" com suas noras para voltar
a Belém (Rt 1.6,7). Ela teve uma atitude
de liderança, mesmo em meio à tristeza AUXÍLIO VIDA CRISTÃ
e dor que sentia pela perda do marido e
dos filhos. A distância entre os campos (íPERFIL
DA PERSONAGEM
de Moabe e Belém era superior a t2o
quilômetros. Idosa, Noemi soube tirar Histórico
força da fraqueza subindo e descendo . A esposa de Elimeleque.
das montanhas, em tempos tão remo- . A mãe de Malom e Quiliom.
tos (Hb tt.34). Se tivesse se entregado História
aos seus sentimentos, jamais teria . Sua família, pot causa da fome,
tomado uma decisão tão desafiadora. mudou-se para Moabe (t.t).
Os problemas da vida não podem nos . Seu marido e filhos, enquanto es-
paralisar (Pv 2lr.Lo). tavam em Moabe, morreram (r.3,5).
3. Sem manipulação emocional. . Rute recolheu espigas nos campos de
Rute e Orfa decidiram prontamente Boaz, um parente distante, para pro-
acompanhar a sogra. Mas tão logo ver sustento para ela e Noemi (z.t-z).
começaram a viagem, Noemi deci-

20 t tÇÕEs nÍeucns . PRoFESSoR IULHO . AGOSTO . SETEMBRO zoz4


2. Amizade na adversidade. A con-
. Noemi buscou segurança para vicção amorosa de Rute é mesmo sur-
Rute, encorajando-a a se aproxi- preendente. Salomão escreveu que tto
mar de Boaz, o parente-remidor amigo ama em todos os momentos; é
dessas mulheres (tto remidor" da um irmão na adversidade" (Pv L7.17).
família,3.!-5). Rute estava disposta a enfrentar toda
. Ela cuidou de seu neto, o filho de
e qualquer dificuldade ao lado da sogra
Rute com Boaz e avô do rei Davi viúva e idosa. As expressões ttonde quer
(4.tj-L7). que pousares à noite, ali pousarei eu"
Lições de Vida
e ttonde quer que morreres, morrerei
. Noemi, apesar de seus amargos
eu" (Rt r.16,17) demonstravam o grau de
desapontamentos, perseverou em
companheirismo e comprometimento da
sua fé. jovem moabita. E isso não ficou somente
. A jornada de fé traz recompensas,
em palavras; transformou-se em atitudes
quer na terra quer na eternidade"
concretas por toda a vida. Nesses dias
(Bíblia de Estudo da Mulher Cristã.
de tanto individualismo, qual tem sido
Rio de faneiro: CPAD, zot8, pp.448).
o nível de nossos relacionamentos?
3. Um amor prático. Chegando a
Belém, Rute não ficou parada, envolta
em expectativas fantasiosas. Encaran-
rr - A cor{\rucÇÃo ArvroRosA do a realidade, prontificou-se a um
DE RUTE trabalho humilde e penoso, que era
1. Uma amizade provada e aprova- feito por pessoas pobres e necessita-
da. Orfa amava Noemi, mas seu sen- das: ir às plantações e catar espigas
timento e força moral não eram tão que caíam e ficavam no chão durante
fortes quanto os de Rute. Quando a a colheita, como instituído nos dias
sogra disse pela segund a vez que vol- de Moisés (Rt 2.2; Lv t9.9 ,ro; z3.zz; Dt
tassem para a casa dos pais, Orfa se 24.19).Na Palavra de Deus, o princípio
convenceu de que isso era o melhor básico é: os ricos não podem reter para
para ela. Chorando, abraçou Noemi e si toda a riqu eza, devendo inclusive
voltou para seu povo. Rute, porém, s€ auxiliar os necessitados (Mt 6.19-21;
apegou a Noemi (Rt t.r4).A firmeza e r Tm 6.r7-t9; Tg 5.1-6); mas também
o altruísmo de Noemi novamente se não são obrigados a alimentar o ócio
revelam. Ela insiste para que Rute faça dos pobres, gu€ devem ir ao campo
o mesmo que sua cunhada (Rt t.t5). A e trabalhar duro para garantir o seu
atitude de Noemi extraiu o que havia sustento, pois, exceto nos casos de
no mais íntimo de Rute: uma convic- incapacidade física ou mental, o mes-
ção amorosa por sua sogra, além de mo princípio vige até hoje (Gn 3.tgi 2
uma declaração de fé no Deus de Is- Ts 3.ro-r3). Rute trabalhou - e muito
rael: tt[...] aonde quer que tu fores, irei nos campos de Boaz. Seu esforço
eu e, onde quer que pousares à noite, impressionou o chefe dos trabalha-
ali pousarei eu; o teu povo é o meu dores. No firn do dia, recolhia tudo e
povo, o teu Deus é o meu Deus" (Rt levava para a sogra (Rt 2.7,17,18). Rute
1.16). As verdadeiras amizades resis- não apenas dizia amar, ela praticava
tem às mais intensas provas, o amor (1 lo 1.18).

IULHO . AGOSTO . SETEMBRO zozt, t tçÕEs gÍgltcas . PRoFESSoR 2l


cial feminino é reconhecido e floresce
sob uma liderança séria, que orienta o
SINOPSE II
trabalho da mulher, evitando que ela seja
A convicção amorosa de Rute explorada em sua fé (Fp 4.3; Rrn t6.t2;
nos ensina a respeito do amor Mc 12.38-40; z Tm 3.6,il.
prático.

SINOPSE III
rrr - ACoNvrcçÃo DA A convicção de Rute nos apre-
MTILHER: íúO TEU DEUS senta uma Íé fervorosa e que
É o MEU DEUS" inspira.
t. Uma fé fervorosa. Rute é um exemplo
de fé fervorosa. Sua declaração convicta
perante Noemi - ((o teu Deus é o meu
Deus" demonstra sua profunda de-
voção ao Deus de Israel, sob cujas asas
decidiu se abrigar (Rt z.t2).Seu fervor ATJXÍLIO BIBLIOLÓGICO
é demonstrado em suas atitudes. Rute
(.A
renunciou ao modelo de vida frívolo dos DEVOçÃO DE RLrrE
moabitas, e não seguiu caminhos fáceis Noemi pediu rnais uma vez
entre os belemitas (Rt 3.1o). Manteve para que Rute voltasse, mas a io-
uma vida austera e disciplinada e, assim, vem permaneceu firme. Sua res-
alcançou uma excelente reputação: ttToda posta é uma das mais memorá-
a cidade do meu povo sabe que és mulher veis promessas de devoção e amor
virtuosa" (Rt 3.11). encontradas em toda a literatura:
2. Uma fé que inspira. A fé de Rute Não me instes para que te deixe e
foi inspirada na vida e crença de sua me afaste de ti; porguê, aonde quer
sogra. Ao referir-se ao Deus de Noemi, que tu fores, irei eu e, onde quer
dava testemunho de sua fé. Em todos que pousares à noite, ali pousarei
os tempos, âs mulheres mais velhas eu; o teu povo é o meu povo, o teu
têm a missão de resistir aos ventos Deus é o meu Deus. Onde quer que
da superficialidade espiritual, sendo morreres, morrerei eu e ali serei
piedosas, dedicadas a Deus e à família, sepultada; me faça assim o Senhor
a despeito das pressões da sociedade e outro tanto, se outra coisa que
mundana. Somente assim poderão ins- não seja a morte me separar de ti
pirar e ensinar as mais novas (Tt z3-5). (t6,t7). Esta terna amizade huma-
3. Sensibilidade sob liderança. As na é similar à de Davi e fônatas
Escrituras evidenciam a profunda sensi- (t Sm 20.17 ,4L) e à de Cristo e os
bilidade espiritual da mulher. Um exemplo apóstolos (Io tS.9,15). Além disso,
disso é o fato de terem sido as primeiras é o reflexo de uma firme decisão
a testemunhar e crer na ressurreição de religiosa. Rute estava determina-
Iesus (Lc ztr.l-lo; lo zo.tt-18). É ae grande da a abandonar os deuses de Mo-
valor quando esse extraordinário poten- abe e tornar-se seguidora do Deus

22 uçÕrs sÍsrrcAs . PRoFEssoR IULHO . AGOSTO . SETEMBRO 2024,


CONCLUSÃO
de Israel juntamente com Noemi.
Orelacionamento de Noemi e Rute nos
Ela viu alguma coisa nas vidas e na
ensina quão precioso para Deus é o amor
fé daqueles israelitas que f.ez com
que ela se aproximasse não apenas
altruísta. Ao pensarem uma na outra e
se dedicarem ao cuidado mútuo, ambas
deles, mas também do Senhor |eo-
foram alcançadas pelo favor divino (Rt
vá" (Comentário Bíblico Beacon.
Vol. II. Rio de laneiro: CPAD,2oo5, 4.13-LT). Em um mundo tão narcisista, o
Senhor espera que nos doemos mais uns
p.163).
aos outros. A família é o primeiro am-
biente no qual o amor deve ser praticado
(t Tm 5.8). O segundo, nossa igreja local.

REVISANIDO O CONTEÚDO

1. Que atitudes de Noemi revelam seu altruísmo?


Noemi decidiu liberá-las, para que voltassem à casa dos pais (Rt t.7,8iz.tt).
Mesmo de avançada idade, Noemi pensou primeiro em suas noras e no fu-
turo delas
2. O que a insistência de Noemi extraiu de Rute?
A atitude de Noemi extraiu o que havia no mais íntimo de Rute: uma con-
vicção amorosa por sua sogra, além de uma declaração de fé no Deus de
Israel.
3. Como se revelou o amor prático de Rute?
Rute trabalhou - e muito - nos campos de Boaz. Seu esforço impressionou
o chefe dos trabalhadores. No fim do dia, recolhia tudo e levava para a sogra
(Rt 2.7,!7,18). Rute não apenas dizia amar, ela praticava o amor (1 lo 3.18).
4. Qual a missão das mulheres mais velhas em relação às mais novas?
As mulheres mais velhas têm a missão de resistir aos ventos da superficiali-
dade espiritual, sendo piedosas, dedicadas a Deus e à família, a despeito das
pressões da sociedade mundana. Somente assim poderão inspirar e ensinar
as mais novas (Tt 23-5).
5. Qual a importância da liderança em relação à sensibilidade espiritual da
mulher?
E de grande valor quando esse extraordinário potencial feminino é reconhe-
cido e floresce sob uma liderança séria, que orienta o trabalho da mulher,
evitando que ela seja explorada em sua fé (Fp 4.3i Rm 16.12; Mc 12.18- 4c;
2 Tm 3.6,7).

VOCABULARIO
Ócio: falta de ocupação, cessação de trabalho.
Frívolo: que é ou tem pouca importância; inconsistente, inútil, superficial

IULHO . AGOSTO . SETEMBRO 2o2/,, rrçÕns sÍslrcas . PRoFESSoR 23


^/
LIÇAO 4
23 de ]ulho ü. 2,-, )L

O ENCONTRO DE
RUTE COM BOAZ

TExro Áunso VERDADE PRÁTICA


"O Senhor galardoe o teu feito, € O verdadeiro e puro modelo
seja cumprido o teu galardão do de bondade é servir uns aos
Senhor, Deus de lsrael, sob cujas outros de coraÇão, confiando na
asas te vieste abrigar." (Rt z.tz) fidelidade e justiça de Deus.

LEITURA DTARIA
1-
Segunda - Gn 38.6-u; Dt 25.5-to Quinta - IuIt 11.19
O costume do casamento Humildade e mansidão como
conforme a Lei virtudes cristãs essenciais
Terça - Mt 5.t3-t6 Sexta - 2 Co 9.6; Gl 6.7
A importância do testemunho A inflexível lei da semeadura na
pessoal em todas as áreas da vida
vida Sábado - lô t4.T-g
Quarta - Mc 2.15-t7i Io 4"r-z7 Quando a esperança brota em
lesus, o homern puro que meio às tormentas da vida
interagia com todos

24 r,tçÕrs gÍgI,rcAs - PRoFESSoR JULHO . AGOSTO . SETEMBRO 2o2/.,t


LEITURA gÍgLICA EM CLASSE
Rute z.t-4i ttrtzrtfi
r - E tinhaNoemi umparente de seumarido, u - E respondeu Boaz e disse-lhe: Bem se
homemvalente e poderoso, da geração de me contou quanto fizeste à tua sogra, depois
Elimeleque; e era o seu nome Boaz. da morte de teu marido, e deixaste a teu pai,
z - E Rute, a moabita, dísse a Noemi: Dei- e a tua mãe, e a terra onde nasceste, e víeste
xa-me ir ao campo, e apanharei espigas para um povo que, dantes, não conheceste.
atrás daquele em cujos olhos eu achar t2 - O Senhor galardoe o teu feito, e seja
graça. E ela lhe disse: Vai, minha filha. cumprido o teu galardão do Senhor,Deus
3 - Foí, pois, e chegou, e apanhava espi- de lsrael, sob cujas asos te vieste abrigar.
gas no campo após os segadores; e caiu-lhe 14 - E, sendo já hora de comer, disse-lhe
em sorte uma parte do campo de Boaz, Boaz: Achega-te aqui, e come do pão, e
que era da geração de Elimeleque. molha o teu bocado no vinagre.E ela se
4t - E eis que Boaz veío de Belém e disse assentou ao lado dos segadores, e ele lhe
aos segadores: 0 Senh or seja convosco. E deu do trigo tostado, e comeu e se fartou,
disseram-lhe eles: O Senhor te abençoe. e ainda lhe sobejou.

IS Hinos Sugeridos: rT8, 4ro, 473 da Harpa Cristã

PLANODEAULA
1. II{IRODUçÃO B) Motivação: O encontro de
A presente lição tem como tema Boaz com Rute revela a preciosa so-
o encontro de Boaz com Rute. Boaz berania de Deus conduzindo a his-
aparece no capítulo dois do liwo como tória de uma mulher. Muitas vezes
um homem próspero e respeitado por não compreendemos os caminhos
todos. Ele tratou Rute como muito que encontramos na vida. Entretan-
respeito. Nesse encontro, percebe- to, sabemos que tudo contribui para
mos como Deus estava agindo para o bem dos que amam a Deus. A von-
solucionar um problema familiar e, tade de Deus é perfeita e agradável.
ao mesmo, configurar todo um pla- C) Sugestão de Método: No se-
no de salvação que seria plenamen- gundo tópico, temos um contraste
te revelado em ]esus Cristo, o nosso muito interessante. Uma postura
Salvador. verdadeira de homem, acompa-
2. APRESET{TAçÃO DA LrçÃO nhada por ternura e respeito. Nes-
tta
A) Objetivos da Lição: I) Apre- se sentido, enfatize o subtópico
sentar a proposta de Noemi; II) pureza não exclui a ternura". Mos-
Abordar a convicção amorosa de tre, principalmente, aos homens da
Rute em relação a sua sogra; III) Re- classe a Bíblia ensina que o homem
fletir a respeito da lei da semeadura deve exercer liderança e, ao mesmo
na colheita de Rute. tempo, transmitir carinho à esposa

IULHO . AGOSTO . SETEMBRO 2021, r4õrs sÍsrrcAs - PRoFESSoR 25


e aos filhos, de maneira gentil Vale a pena conhecer essa revista
e ge-
nerosa. Numa família, é importante que traz reportagens, artigos, €tr-
corrigir e, igualmente, demonstrar trevistas e subsídios de apoio à fi-
afeto ao cônjuge e aos filhos. Isso ções Bíblicas Adultos. Na edição 98,
traz segurança e equilíbrio a todos. p.38, você encontrará um subsídio
especial para esta lição.
3. CoNCLUSÃO DA LIçÃO
B) Auxílios Especiais: Ao final do
A) Aplicação: A lição desta se-
tópico, você encontrará auxílios que
mana nos ensina a depender de
darão suporte na preparação de sua
Deus, a confiar nos seus desígnios.
aula: t) O texto "Boaz" , localizado
Com respeito e sensibilidade espi-
após o primeiro tópico, destaca o
ritual, devemos üver a nossa vida
perfil e o caráter desse personagem;
cristã honrando a Deus e esperando
z) O texto t'O Contexto Histórico do
que o seu propósito e desígnios se
Trabalho de Rute", localizado após
revelem em nossas vidas.
o último tópico, apresenta detalhes
4. suBsÍplo Ao PRoFESSoR sobre o labor na colheita.
A) Revista Ensinador Cristão.

COMENTÁRIO

INTRODUçÃO 2. ((Goel" e ((Levir". A expressão


ttda geração de Elimeleque" não nos
Na lição anterior, o assunto central
foi a amizade entre Noemi e Rute' permite saber o grau de parentesco
sogra e nora. Nesta, uffi novo entre Boaz e o marido de Noemi.
personagem entra em cena: Segundo uma tradição rabíni-
Boaz, o pârente remidor. ca, era sobrinho. Como pa-
Veremos como o Deus da Palavra-Chave rente próximo, poderia ser o
providência recompensa
os que se doam a bons re-
Encontro "goel", ou seja I o resgatador
da terra que o falecido ha-
lacionamentos. via vendido (Rt 43), como
também poderia cumprir o
I BOAZ, O REMIDOR costume antigo do casamento
(Gn 38.6-11). Eram duas prescrições
1.Um homem próspero. O capítulo z
de Rute nos apresentaBoaz, uffi tthomem distintas contidas na Lei de Moisés.
valente e poderoso, da geração de Eli- A do resgatador previa que quando
meleque" (Rt z.t). Os termos ttvalente" e um israelita ficasse pobre e precisasse
ttpoderoso" referem-se ao caráter íntegro vender suas terras, seu parente mais
e à influência de Boaz, além de seu poder
próximo tinha o dever de comprá-las
econômico. Um grande produtor rural, de volta e restituir-lhe. E se o hebreu
Boaz tinha plantações de cevada e trigo, fosse comprado como escravo por um
e muitos trabalhadores a seu serviço (Rt estrangeiro, um parente tinha o dever
2.5,6,23). Reunia qualificações e condições de resgatá-lo (Lv 25.25-28; 4T-5».É
para cumprir o papel de remidor. a lei do levirato previa que o irmão do

26 lrÇÕss sÍslrcas . PRoFESSoR IULHO . AGOSTO . SETEMBRO zozl,,


cunhad o ("levir") se casasse com a viúva
e suscitasse descendência ao falecido podern reconhecer seus atos como
(Dt 25.5-10; Mt 22.24-48). Tudo indica heróicos. Eles simplesmente fazem
que essa prática foi ampliada, seguindo a coisa certa no momento certo,
uma ordem de parentesco mais abran- quer percebam ou não o impac-
gente, semelhante à do resgatador (Lv to causado por sua ação. Talvez a
25.48,49). No caso de Boaz, havia um qualidade que compartilham seja
remidor ttmais chegado" que ele (Rt uma tendência a pensar nas outras
3.L2). pessoas antes de si mesmos. Boaz
J. Temor e respeito. A saudação de era um herói.
Boaz a seus empregados demonstra que Ao lidar com as pessoas, era
ele temia a Deus. A invocação a Ieová sempre sensível às suas neces-
(tto Senhor seja convosco"), dirigida a sidades. Suas palavras para com
todos os segadores, indica, também, seu seus empregados, parentes e ou-
respeito aos que com ele trabalhavam. tros eram generosas. Ele oferecia
Os empregados lhe retribuem com uma ajuda abertamente, não de má
saudação também amistosa e piedosa: vontade. Quando descobriu quem
t'O Senhor te abençoe" (Rt z
./*). Patrões era Rute, tomou várias atitudes
e empregados devem se tratar com para ajudá-la porque ela fora útil
mútua consideração, reconhecendo à sua sogra Noemi. Quando Noemi
a posição e o papel próprios de cada aconselhou Rute a pedir sua pro-
um na relação de trabalho (Ef 6.5-g; teção, ele estava pronto a casar-se
Cl 3.zz - tr.t). com ela, caso as implicações le-
gais pudessem ser solucionadas"
(Bíblia de Estudo Aplicação Pes-
soal. Rio de laneiro: CPAD, zoo4,
p.358).
SINOPSE I
Boaz era um homem próspero
e respeitado por todos que o
cercavam. U O CARINHO DE BOAZ PARA
COM RTITE
1. A pureza não exclui a ternura.
Logo que chegou ao campo, Boaz no-
tou a presença de uma moça diferente
entre os que respigavam (Rt 2.5). In-
formado de que era Rute, dirigiu-se a
AUXÍLIO VIDA CRISTÃ ela de forma carinhosa. Chamando-a
(.BOA'- de filha, deu liberdade para continuar
catando espigas em sua plantação e lhe
Os heróis são mais fáceis de se
assegurou de que seria tratada com o
admirar do que de definir. Eles ra-
devido respeito: ttnão dei ordern aos
ramente percebem seus instantes
moços, gu€ te não toquern?" (Rt 2.9).
de heroísmo, e outras pessoas não
Boaz se preocupou com a segurança
de Rute. Assédio moral e sexual são

IULHO . AGOSTO . SETEMBRO zozt, rrçÕus sÍslrcas . PRoFESSoR 27


atitudes pecaminosas e perturbadoras
no ambiente laboral e em qualquer TT
área da vida. Boa z eÍa um cavalheiro,
muito educado com todos. Um viver Assédio moral e sexual
santo não exige que sejamos rudes e são atitudes pecaminosas
descorteses (z Rs 4.8,9). |esus, o mais e perturbadoras no
puro dos homens, convivia com todos
ambiente laboral e em
(Mc 2.15-rT; Io 4.3-27).
2. Deus estava agindo. A atitu- qualquer área da vida.
de de Boaz surpreendeu Rute. Como f ...J Um viver santo não
estrangeira e pobre, certamente ela exige que sejamos rudes
tinha receio de como seria tratada. e descorteses. "
Agia com educação e muita discrição
(Rt 2.7). Impressionada com o gesto de
Boaz, inclinou-se ao chão e, de forma
humilde, reconheceu ser indigna do
tratamento que recebeu (Rt 2.to). Havia
uma motivação especial na conduta de
Boaz: ele já conhecia a bela história de III - A COLHEITA DE RUTE E A
Rute (Rt z.tr). Um bom testemunho nos SUA SOBREVIVÊNCTA
abre muitas portas. 1.A lei da semeadura. Uma cosmovisão
J. Sensível e espiritual. Boaz con- secular produz a ilusão de que vivemos
ciliava firmeza moral e sensibilidade; em um mundo ttdos homens", apartados
ternura e espiritualidade. O versículo- de Deus e não afetados por Ele. Isso é
-chave do livro é uma declaração feita fruto de uma incredulidade crescente
por ele a Rute (Rt z.rz). Boaz tinha uma (Lc r8.r-8; r Tm 4.1).Essa visão dualista
profunda compreensão espiritual. Ele em nada condiz com as Escrituras e com
reconhecia que o Deus dos hebreus a realidade dos que confiam no Senhor
não estava limitado a fronteiras ter- da providência. Rute decidiu servir ao
ritoriais ou barreiras étnicas. E como Deus de Israel, em vez de Quemós, o deus
servo de Yahweh, estava sendo usado dos moabitas, cuja adoração incluía o
para abençoar uma piedosa moabita. sacrifício de crianças (Nm 2L.29; r Rs
Suas palavras tocaram profundamente L1.7; z Rs 3.26,27). Agora, ela começa-
o coração de Rute e lhe deram grande va a experimentar a mão invisível de
conforto (Rt z.r3). Ieová-|ireh agindo graciosamente em
seu favor. A lei da semeadura funciona
integralmente (z Co 9.6; Gl 6.7).
(tacasos"
2. Os de Deus. O primeiro
sinal da ação de Deus foi a escolha apa-
rentemente aleatória que Rute fez, indo
SINOPSE II
apanhar espigas no campo de Boaz (Rt
Boaz tratou Rute com ternura, 2.3). Para ela, era apenas uma casualidade,
respeito e sensibilidade espiri- quando, râ verdade, era um inequívoco
tual. ato da providência divina. Deus tem o
controle de tudo e age em favor dos que o
amam (Rm 8.28). Quando Rute retornou

28 uçÕEs sÍslrcas . PRoFESSoR IULHO . AGOSTO . SETEMBRO zozr,,


IT AUXÍLIO VIDACRISTÃ
Para ela, era apenas uma í(O COI{TE}(TO HISTÓRICO DO
casualidade, quando, na TRABATHO DE RIITE
verdade, era um inequívoco Quando o trigo e a cevada esta-
vam prontos para serem colhidos,
ato da providência divina. os ceifeiros eram contratados para
Deus tem o controle de cortar os talos e juntá-los em fei-
tudo e age em favor dos xes. A lei israelita mandava que as
que o amam." laterais dos campos fossem deixa-
das de lado. Além disso, os grãos
que caíam ficavam no chão para as
pessoas pobres, que os apanhavam
(ato de respigar) e usavam como
alimento (Lv \9.9;2).22; Dt z4.tg).
O propósito desta lei era alimen-
para casa e contou onde havia trabalhado,
tar o pobre e impedir que os donos
Noemi não escondeu sua exultação (Rt
os armazenassem. Esta legislação
2.2o). Uma esperança brotou no coração
fazia parte do programa de bem-
da pobre viúva (ló t4.T-g).
-estar em Israel. Por ser uma vi-
3. O resultado da colheita. Alguns úva sem meios de sustentar a si
frutos de nossas ações são colhidos de própria, Rute foi ao campo de Boaz
imediato. Outros levam tempo para
apanhar estes grãos.
aparecer. Pela forma graciosa como
Rute foi para uma terra estra-
era tratada, Rute colhia cereais em
nha. Ao invés de depender de No-
abundância diariamente nos campos de
emi ou esperar que algo de bom
Boaz (Rt z.t7,2r). A colheita garantia sua
acontecesse, tomou a iniciativa
sobrevivência e de sua sogra. O trabalho
e foi trabalhar. Não titubeou em
árduo durou toda a estação: entre março
admitir sua necessidade e buscou
e abril colheu cevada; e de abril a junho,
meios para supri-la. Quando saiu
trigo. Concluído o trabalho, ficou com
ao campo, Deus proveu-lhe to-
a sogra (Rt 2.23). Uma ttcolheita" ain-
das as coisas. Se você espera pela
da maior seria feita por ela em tempo
provisão do Senhor, considere isto.
oportuno (Ec 3.1). Nosso Deus trabalha
Provavelmente Ele aguarda o seu
por aqueles que nEle esperam (Is 64.4).
primeiro passo, o qual demonstrará
a importância de sua necessidade.
O trabalho de Rute, embora ser-
vil, cansativo e talvez degradante, foi
SINOPSE III feito fielmente. Qual é a sua atitude
A história de Rute com Boaz quando sua tarefa não corresponde
revela a validação da lei da se- com o seu verdadeiro potencial?"
meadura e o bom plano de Deus (Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal.
em sua vida e no mundo. Rio de ]aneiro: CPAD, 2oo4, p.358).

IULHO . AGOSTO . SETEMBRO 2o2lt rrçôEs sÍerrcRs . PRoFESSoR 29


CONCLUSÃO nealogia do Redentor da humanidade. O
A atitude de fé de Rute estava sendo Deus de Rute é o nosso Deus. Ele continua
recompensada. Sua prontidão em cuidar agindo por aqueles que decidem se abrigar
da sogra levou-a a encontrar conforto e debaixo de suas asas. Confiar nEle e viver
proteção naquele que seria o resgatador fazendo o que lhe agrada é o meio infalí-
de toda a família e que a incluiria na ge- vel de alcançar sua misericórdia e favor.

REVISAT{DO O CONTEUDO

1. Quem era Boaz?


Um (thomem valente e poderoso, da geração de Elimeleque" (Rt z.t). Um
grande produtor rural, Boaz tinha plantações de cevada e trigo, e muitos
trabalhadores a seu senriço (Rt 2.5,6,23).
2. Qual o significado de ttgoel" e ttlevir"?
"Goel", ou seia, o resgatador da terra que o falecido havia vendido (Rt 4.3).
(tlevirtt, o irmão
do cunhado.
3. Qual o versículo-chave do liwo de Rute?
O versículo-chave do livro é urna declaração feita por ele a Rute: ('O Senhor
galardoe o teu feito, e seja cumprido o teu galardão do Senhor, Deus de
Israel, sob cujas asas te vieste abrigar" (z.rr).
4. O que motivou Boaz a tratar Rute com tanta generosidade?
Boaz tinha uma profunda compreensão espiritual. Ele reconhecia que o
Deus dos hebreus não estava limitado a fronteiras territoriais ou barreiras
étnicas.
5. Qual a reação de Noemi quando Rute lhe informou sobre Boaz?
Quando Rute retornou para casa e contou onde havia trabalhado, Noemi
(tBendito
não escondeu sua exultação: seja do Senhor, gü€ ainda não tem
deixado a sua beneficência nem para com os vivos nem para com os mortos
[...J: Este homem é nosso parente chegado e um dentre os nossos remido-
res" (Rt z.2o).

VOCABUTÁRIO
Respigavam: apanhavam no carnpo as espigas que ali ficavam; colhiam
Laboral: Relativo ao trabalho.
Cosmovisão: Visão de mundo; forma de viver.

30 r,rçÕns sÍglrcAs . PRoFESSoR IULHO . AGOSTO . SETEMBRO 2024


^rJ

LIÇAO

I
5
/* de Agos{

il
l
I
O CASAIVTENTO DE RUTE E
BOAZ:A REMIçÃO DA EAMÍT,IA

TExro ÁunEo TYERDADE PRÁTICA


"Agora, pois, minha filha, não
Uma mulher virtuosa tem um
temas; tudo quanto disseste
valor incalculável, por seu
te farei, pois toda a cidade do
caráter e sua disposição de
meu povo sabe que és mulher
servir aDeus e àfamília.
virtuosa." (Rt ln)

LEITURA DIARIA
Segunda - Gn 2.18; Ec 4.9-12; Hb Quinta - Sl t28.6
13.4 Netos como recompensas aos
O casamento como instituição avós é sinônirno de renovação
divina fundamental de vida
Terça -
Sl 27.14; Pv 20..21 Sexta - Ez 16.8
Esperando o tempo certo e o O compromisso de Deus com o
desfecho do devido processo povo de Israel
Quarta - Gn 2.24i EÍ 5.25-28; tPe ?.7 Sábado - Io 3.16; r Pe 1.18,19
A liderança masculina na famÍlia Iesus Cristo, nosso Senhor,
pressupõe atitude, amor e honra como Redentor eterno

IULHO . AGOSTO . SETEMBRO zozt, rrçõrs gÍgt,rcas . PRoFEssoR 3l


LEITURA gÍnLICA EM CLASSE
Rute 3.8-10; 4.rt
Rute 3 pois após nenhuns jovens foste, quer
8- E sucedeu que, pela meia-noite, o pobres quer ricos.
homem estremeceu e se voltou; e eis Rute {
que uma mulher jazia a seus pés. tl - E todo o povo que estava na porta e
f
g - E disse ele: Quem és tu? ela dis- os anciãos dísseram: Somos testemunhas;
se: Sou Rute, tua serva; estende, pois, fita o Senhor faça a esta mulher, que entra na
aba sobre atua serua,porque tu és o remidor. tua casa, como a Raquel e como a Leia,
10 - E disse ele: Bendíta sejas tu do Se- que ambas edificaram a casa de lsrael;
nhor, minha fílha; melhor fizeste esta tua e hó-te já valorosamente em Efrata e
última beneficência do que a primeíra, faze-te nome afamado em Belém.

IS Hinos Sugeridos: 227, 5o5, 5rg da Harpa Cristã


-t
PLANODEAULA I

r. INTRODUçÃO sem importância, brota uma bên-


O tema da presente lição é o ca- ção que a abrange toda a humani-
samento de Boaz com Rute. Esse dade. Deus usou uma crise de uma
casamento, ao longo da história família para f.azer a manutenção de
da Igreja, é visto como um tipo de um plano definido desde a funda-
Cristo e a Igreja. No relacionamen- ção do mundo.
to de Boaz com Rute temos um tipo C) Sugestão de Método: Inicie
de relacionamento do Senhor Iesus a aula de hoje perguntando o que
Cristo com a sua Noiva. A história é mais difícil quando aguardamos
de Boaz e Rute também é a história uma promessa? Crer em meio ao
de salvação de Deus para a huma- contexto completamente contrá-
nidade. rio ao que foi prometido? Ou es-
perar o tempo necessário, dias,
2. APRESET{TAçÃO DA trçÃO
meses, anos ou décadas, para ver
A) Obietivos da tição: I) Explicar
se concretizar o que foi prometi-
o compromisso de Boaz com Rute;
do? Explique que o assunto de hoje
III) Esclarecer o casamento de Boaz
traz lições preciosas a respeito da
com Rute; III) Relacionar a remição
promessa de salvação e, também,
da linhagem de Davi com a história
acerca de como devemos nos corn-
de Rute.
portar diante da espera de uma
B) Motivação: O que o casa- promessa.
Aguardar as promessas
mento de uma moabita com um
de Deus se cumprirem pode ser tão
remidor da família de Noemi tem
desafiador quanto o crer diante do
a ver com o plano de salvação? Das
improvável. Por isso, desenvolva
coisas simples, aparentemente

32 t tçõEs gÍnLtcAs . PRoFESSoR JULHO . AGOSTO . SETEMBRO 2o2lt


esta aula de modo que a fé de seus ções Bíblicas Adultos. Na edição 98,
alunos seja estimulada a enfrentar p.38, você encontrará um subsídio
os obstáculos da espera. especial para esta lição.
B) Auxílios Especiais: Ao final
3. coNctusÃo DA LrçÃo
do tópico, você encontrará auxílios
A) Aplicação: O casamento entre
que darão suporte na preparação
Boaz e Rute nos ensina que Deus usa
de sua aula: 1) O texto ttO Contexto
as coisas simples para Íazer cumprir
Histórico do Casamento entre Boaz
um plano muito maior. Também
e Rute", localizado após o segun-
temos a lição de que é necessário
do tópico, explica os desafios e as
aprendermos a esperar o tempo e
condições legais que foram cum-
aguardar o processo devido para al-
pridos para a união entre Boaz e
cançar a promessa.
Rute i z) O texto "O Legado da Obe-
4. suBsÍoto Ao PRoFESSoR diência", localizado após o terceiro
A)Revista Ensinador Cristão. tópico, destaca o tema da redenção
Vale a pena conhecer essa revista salvífica presente no livro.
que traz reportagens, artigos, €tr-
trevistas e subsídios de apoio à rí-

COMENTÁRIO

INTRODUçÃO fora de casa, mas não se aventurou por


O livro de Rute começa com fome e parte alguma, como se fosse autônoma
mortes, mas termina com duas grandes e independente (Rt 3.1o). Não buscou
celebrações: o casamento de Boaz e falsas liberdades, como as que são
Rute e o nascimento de Obede, pregadas hoje pela ideologia
o avô de Davi. Nosso Deus é feminista. Sua lealdade e
poderoso para reverter tra- sujeição fortaleceram o
Palavra-Chave
gédias em bênçãos. Além desejo de Noemi de vê-la
de um redentor humano, Remição casada novamente. Ter um
a história nos apresenta novo lar era fundamental
parte da genealogia de Ie- para a felicidade e segurança
sus Cristo, nosso Redentor de Rute. O casamento é uma
divino-humano. instituição divina fundamental
para a solidez da família, da igreja e
I O COMPROMISSO DE BOAZ de toda a sociedade (Gn 2.18; Ec 4.9-
COM RUTE t2; Hb 13.4).A bênção de Rute estava
1. No lugar da bênção. A colheita chegando e ela permanecia no lugar
da cevada e do trigo havia terminado e certo.
Rute permanecia servindo a Noemi e 2. Ainiciativa de Noemi. Os cereais
lhe obedecendo em tudo (Rt z.z3). Seu colhidos eram levados para a eira, um
lema era: ttTudo quando me disseres terreno plano preparado para a debulha
farei" (Rt 3.5). Rute teve oportunidades das espigas. Noemi soube que naquela

IULHO . AGOSTO . SETEMBRO 2oz4 lrçÕrs sÍslrcas . PRoFESSoR 33


noite Boaz faria aquele trabalho. Era
uma grande oportunidade para Rute
se aproximar dele e demonstrar seu
SINOPSE I
interesse em ser remida. Sem que fosse O compromisso de Boaz com
notada, Rute deveria esperar que Boaz se Rute nos ensina a esperar o tem-
deitasse, the descobrir os pés e deitar- po certo e aguardar o devido pro-
se discretamente. Boaz saberia o que cesso para alcançar uma bênção.
fazer quando notasse sua presença (Rt
3.4-7), o que demonstra tratar-se de um
costume conhecido na época. Estender
a capa era sinal de compromisso de ca- II O CASAIVTENTO ENTRE
samento (Rt 3.9).Em Ezequiel 16.8 essa BOAZ E RUTE
prática é mencionada como metáfora, 1. Concluindo o negócio. Rute teve a
representando o compromisso de Deus iniciativa de sugerir aBoaz que exercesse
com Israel. o papel de remidor, conforme o costume
3. Respeitando o processo. Para da época. Mas era fundamental que
encontrar-se com Boaz, Rute deveria ele superasse o obstáculo que havia: a
banhar-se, s€ perfumar e vestir sua preferência do parente mais próximo.
melhor roupa (Rt 3à. Assim como Boaz agiu rapidamente, como Noemi
não exclui a ternura, a santidade não havia dito: "Sossega, minha filha, [...]
despÍeza a beleza, desde que com aquele homem não descansará até que
simplicidade, €ffi pureza e modera- conclua hoje este negócio" (Rt f .18).
ção (Gn 24.16; Is 39.2; r Tm z.g,to). Todo homem deve ser preparado para
Por volta da meia noite, Boaz acorda, tomar iniciativas na vida, principal-
assustado, com uma mulher deitada a mente quando o assunto for casamento
seus pés, e pergunta: ttQuem és tu?" e vida conjugal. A liderança masculina
(Rt f .g). Orientada por Noemi, Rute se pressupõe atitude, amor responsável e
identifica, lembra-lhe a condição de honra à mulher como vaso mais fraco
remidor e pede que estenda sobre ela (Gn 2.24; Ef 5.25-28; r Pe 3.7).
a sua capa. Como Noemi dissera , Boaz 2. Resgate e lei do levirato. Boaz foi
realmente entendeu! Ele era, de fato, para a porta da cidade e logo viu o remi-
um parente remidor, mas havia outro dor, que ia passando (Rt 4.r). Não seria
mais chegado, que tinha prioridade este mais um ato da providência divina?
na remição. Era preciso aguardar, Boaz o convidou para tratar do assunto
respeitando o processo: tt[...] se te não que the inquietava, e chamou 10 homens
quiser redimir, vive o Senhor, que eu importantes da cidade para testemu-
te redimirei". O caráter santo de Boaz nharem o ato. Em princípio, o remidor
e Rute novamente se manifestam. Sem aceitou adquirir as terras que haviam
qualquer contato íntimo, ela passou o sido de Elimeleque, mas desistiu quando
restante da noite deitada aos pés dele e Boaz o informou que o resgate incluía o
saiu bem cedo, para não ser percebida dever de se casar com Rute, a moabita,
(Rt 3.9 -rà. Mesmo estando perto, uma para t'suscitar o nome do falecido sobre
bênção pode ser perdida se não souber- a sua herdade" (Rt 4.5). A aplicação das
mos esperar o tempo certo e respeitar duas leis nesse caso - a do resgatador e a
o devido processo (Sl z7.r 4; Pv zo.zt). do casamento por levirato - certamente

34 r"rçÕEs slsrtces . PRoFESSoR IULHO . AGOSTO . SETEMBRO zozl,,


se deu porque apenas a aquisição das
terras não faria que ficassem na família próximo. Ele possivelmente dese-
de Elimeleque. Assim, o resgate deveria jou casar-se com Rute porque sua
ser acompanhado do casamento sob a lei resposta demonstra que pensava
do levirato. O remidor alegou motivos algo sobre isto. Com certeza, não
econômicos para a sua desistência: ele intentou desposar Noemi porque
não aplicaria recursos em terras que não era muito velha para gerar filhos
seriam de sua própria família, e sim dos (t.u,t2). Outro membro da família
sucessores de Elimeleque (Rt 4.6,1o). era o parente mais próximo; por-
3. O registro público. Seguindo mais tanto, tinha o direito de tomar Rute
um dos costumes da época, a transferên- como sua esposa. Caso sua respos-
cia do direito de resgate foi selada com ta fosse negativa, Boaz estaria livre
o remidor descalçando o sapato e entre- para casar-se com ela (3.13).
gando-o a Boaz (Rt 4.7,8). O testemunho Boaz marcou o encontro com
público para a remição e o casamento seu parente no portão da cidade.
com Rute foi invocado por Boaz e recebeu Este era o centro das atividades lo-
uma confirmação uníssona: ttE todo o cais. Ninguém podia entrar ou sair
povo que estava na porta e os anciãos, daquela localidade sem passar por
disseram: Somos testernunhas; o Senhor lá. Os ambulantes instalavam seus
faça a esta mulher, gu€ entra na tua casa, negócios naquele local, que tam-
como a Raquel e como a Leia, que ambas bém senria como câmara munici-
edificaram a casa de Israel [...]" (Rt z*.9- pal. Oficiais da cidade juntavam-
t1). Rute foi acolhida na comunidade de - se para realizar suas transações
Israel com as mais elevadas honras. comerciais. Por existirem tantas
atividades, este era um bom lugar
para o encontro das testemunhas
(4.2) e um local apropriado para
Boaz fazer sua proposta.
SINOPSE II Boaz habilmente apresentou seu
O casamento de Boaz com Rute caso ao primo. Primeiro, transmi-
ressalta que a liderança mas- tiu novas informações ainda não
culina pressupõe atitude, amor mencionadas na história
- Elime-
responsável e honra à mulher leque, o falecido marido de Noeffii,
como vaso mais frágil. ainda possuía uma propriedade que
estava à venda. Como parente mais
próximo, este tinha a priorida-
de para comprar a terra, o que ele
concordou (Lv 25.25). Entretanto,
Boaz disse gü€, de acordo com a
AUXÍLIO VIDA CRISTÃ lei, se ele adquirisse a proprieda-
((O
de também teria que casar-se com
COI{TEKIIO HISIÚRICO DO CA- a viúva [...J" (Bíblia de Estudo
SAMENT1O ENTRE WOAZ E RI'TE, Aplicação Pessoal. Rio de )aneiro:
Noemi provavelmente pen- CPAD, 2oo4, p.360).
sou que Boaz era seu parente mais

IULHO . AGOSTO . SETEMBRO zoztr lrçÕns sÍslrces . PRoFESSoR 35


rrr - A REMrçao , DA AUXÍLIO BIBLIOLÓGICO
LINHAGEM DE DAVI ATRAIúES
DE RUTE EBOAZ 3ÍO
LEGADO DA OBEDIÊT.ICIA
1. O nascimento de Obede. Consu-
As genealogias no livro de Rute
mado o casamento, Boaz podia tomar a são apresentadas fornecendo dez
Rute por mulher: tt[...] e o Senhor the deu gerações, explicando as omissões e,
conceição, e ela teve um filho" (Rt 4.r3). portanto, as diferenças com outros
Foi grande a celebração das mulheres de
registros. As genealogias do Novo
Belém, pois entendiam como Deus esta- Testamento (Mt LJ-6; Lc 3.32J3)
va agindo em favor de Noemi (Rt 4.L4). são construídas sobre a preci-
Antes amargurada e acreditando estar são registrada no livro de Rute (Rt
sob castigo divino (Rt r.r3 ,20,21), a viúva
4.L7 -22), o que também é a ligação
de Elimeleque recebeu uma t'renovação mais vital na linhagem traçada de
da vida" (Rt 4.r5 - NAA), e teria, agora, Abraão até Cristo. Contudo, o nome
alguém que cuidaria dela em sua velhice. de Rute não aparece de fato nesses
Era mesmo o começo de uma nova fase na
versículos (w. t7 -22), talvez por
vida de Noemi. Os netos enchem os avós sua história ser o cerne do livro de
de orgulho e alegria (Pv tT.6).Neles, os Rute. Mateus incluiu o nome dela.
idosos projetam o prolongamento da vida,
Rute era pura e deu testemunho
recebem novo ânimo e encorajamento. É das qualidades do mais alto caráter
uma recompensa por terem tido filhos e em contraste com outras mulheres
se dedicado a eles (Sl 128.6).
mencionadas, o que pode ter sido a
2. Boaz, um tipo de Cristo. Se Noe- ruzão de ele a ter mencionado pelo
ffii, Rute ou Orfa não se casassem com nome. Ainda assim, ela também
alguém da família de Elimeleque, a precisava de um go'ê1, um remidor.
linhagem ancestral de Davi teria sido E exatamente como Rute, não per-
profundamente alterada. Noemi já não tencente ao povo de Deus, proibida
tinha idade para gerar filhos (Rt r.rz). de entrar na congregação do Senhor
Orfa voltou para os moabitas (Rt r.r4). O (Dt z3J) e sem esperança alie-
Deus de Israel encontrou Rute, cuja vida nada de Deus se humilhou aos
foi guiada por um caminho de renúncia, pés do parente remidor, Boaz, pe-
amor, pureza e muita submissão. Ela, dindo sua aceitação e ajuda, todas
como um tipo da Igreja, encontrou-se as mulheres têm de se humilhar
com Boaz, uffi tipo de Cristo, nosso aos pés do Senhor |esus e buscar
Redentor eterno (Io l.t6; r Pe t.r8,r9). sua redenção salvífica. Ao fazer
isso, assim como Rute encontrou a
segurança terrena, você encontrará
o descanso celestial" (Patterson, D.
SINOPSE III K, KELLEY, R. H. Comentário Bí-
O casamento de Boaz e Rute blico da Mulher Antigo Testa-
tornou-se um tipo do relacio- mento. Vol. I. Rio de |aneiro: CPAD,
namento espiritual de Cristo 2022, pp.486-82).
com a Igreja.

36 lrçÕEs sÍslrcas . PRoFESSoR IULHO . AGOSTO . SETEMBRO zozr,,


CONCLUSÃO Rute proclama a graça de Deus, que se
A história de Rute é uma história de manifesta a todos, judeus e gentios
redenção. Uma moabita foi não somente (Tt z.rr). Que proclamemos com poder
remida, mas entrou para a genealogia a vida e a obra de nosso Redentor di-
do Redentor da humanidade, |esus, o vino-humano, |esus Cristo, o Salvador
filho de Davi. Ao lado de Tamar e Raabe, dos homens (1 Tm 4.Lo; At 4.L2).

REVISAI{DO O CONTEUDO
t. Qual era o lema de Rute e como isso foi importante em sua vida?
Seu lema era: ttTudo quando me disseres farei" (Rt 3.5). Rute teve oportu-
nidades fora de casa, mas não se aventurou por parte alguma, como se fosse
autônoma e independente (Rt 3.to).
z. Qud foi a iniciativa de Noemi que levou ao compromisso de Boaz com
Rute?
Os cereais colhidos eram levados para a eira, um terreno plano prepara-
do para a debulha das espigas. Noemi soube que naquela noite Boaz faria
aquele trabalho. Era uma grande oportunidade para Rute se aproximar dele
e demonstrar seu interesse em ser remida.
3. Que processo deveria ser aguardado por Rute e Boaz?
Ele era, de fato, um parente remidor, mas havia outro mais chegado, que
tinha prioridade na remição. Era preciso aguardar, respeitando o processo:
tt[...] se te não quiser redimir, vive o Senhor, que eu te redimirei".
{. Por que howe a necessidade da aplicação das leis do resgate e do casa-
mento por levirato?
A aplicação das duas leis nesse caso - a do resgatador e a do casamento por
levirato - certamente se deu porque apenas a aquisição das terras não faria
que ficassem na família de Elimeleque. Assim, o resgate deveria ser acom-
panhado do casamento sob a lei do levirato.
5. O que o nascimento de Obede representa no plano de redenção?
O Deus de Israel encontrou Rute, cuja vida dirigiu por um caminho de re-
núncia, amor, pureza e muita submissão. Ela, como um tipo da lgreja, en-
controu-se com Boaz, um tipo de Cristo, nosso Redentor eterno ()o 3.16; r
Pe 1.18,19).

VOCABULARIO
Remição: Ato ou efeito de remir; resgatar, quitar, liberar da pena ou dívida.

IULHO . AGOSTO . SETEMBRO zoz4 rrçÕEs sÍsucas . PRoFESSoR 37


LrÇÃo 6
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LryRO DE ESTER

TExro Áunno
"Porque, se de todo te calares VERDADE PRÁTICA
neste tempo, socorro e
A perfeita vontade de Deus é
livramento doutra parte virá
nos guiar por caminhos que
para os judeus, mas tu e a casa
levem ao cumprimento de seus
de teu pai perecereis; e quem
eternos propósÍfos.
sabe para tal tempo como este
chegaste a este reino?" (Et 4.14)

LEITURA DIARIA
Segunda - zTm 3.t6rt7 Quinta-rTmz.r-4
O Livro de Ester é a revelação Instruções para os cristãos se
divina escrita, completa e perfeita relacionarem com governos terrenos
Terça - lr z5.rt;2g.to-14 Sexta - Et 3.1-13
O contexto do Livro de Ester Tudo parecia bem até que surgiu
remonta ao Cativeiro Babilônico uma ordem contra os judeus
Quarta - Ed 1.1-3 Sábado - Et g.zo-28
O contexto do Livro de Ester A instituição da Festa de Purim,
remonta ao decreto de Ciro o livramento dos judeus

l8 uçÕrs sÍsucls . PRoFESSoR IULHO . AGOSTO . SETEMBRO 2024


LEITURA gÍgLICA EM CLASSE
Ester t.t-g
I E su cedeu, nos dias de Ass uero 6 - As tapeçarias eram de pano branco,
(este é aquele Assuero que reinou, desde verde e azul celeste,pendentes de cordões
a Índia até à Etiópia, sobre cento e vinte de linho fino e púrpura, e argolas de prata,
e sete províncías); e colunas de mármore; os leitos eram de
z naqueles dias, assentando-se o ouro e de prata, sobre um pavímento de
reí Assuero sobre o trono do seu reino, pórfiro, e de mdrmore, e de alabastro, e
que estd na fortaleza de Susã, de pedras precíosos.
3 - no terceiro ano de seu reinado, fez um 7 - E dava-se de beber em vasos de
convite a todos os seus príncipes e seus servos ouro, e os vosos eram díferentes uns dos
(o poderdaPérsia e Média e os maiores se- outroq e havía muito vinho real, segundo
nhores das províncias estavam perante ele), o estado do rei.
4 - para mostrar as riquezas da glória do 8- E o beber era, por lei, feito sem gue
seu reino e o esplendor da sua excelente ninguém forçasse a outro; porque assÍm
grandeza, por muitos dias, a saber, cento o tinha ordenado o rei expressamente a
e oitenta dias. todos os grandes da sua casa que fizessem
5 - E, acabados aqueles dias,fez o rei um con- conforme a vontade de cada um.
vite a todo o povo que se achou na fortaleza 9 - Também a rainhaVasti fez um ban-
de Susã, desde o maior até ao menor, por quete para as mulheres da casa real do
sete dias,no pátio do jardim do palácio real. rei Assuero.

IS Hinos Sugeridos: TT , 467 , 526 da Harpa Cristã

PLANO DEAULA

r. II{IRODUçÃO não mencionada, porém, constatada


A partir desta lição, estudaremos ao longo do liwo sagrado.
o Liwo de Ester. Veremos como o li- 2. APRESENTAçÃO DA LIçÃO
vro está organizado, a categoria a que A) Objetivos da Lição: I) Apre-
pertence, características literárias, sentar a organização do Livro de Es-
autoria e data. Procuraremos também ter; II) Explorar o contexto histórico
situar o contexto histórico em que o do Livro de Ester; III) Expor o propó-
livro foi produzido. Veremos que o sito e a mensagem do Livro de Ester.
exílio de Israel é uma informação es- B) Motivação: Deus sempre es-
sencial para remontar o contexto his- teve no controle da história. O Livro
tórico do Liwo de Ester. Finalmente, de Ester apresenta o fato de que, a
perceberemos que a providência divi- despeito de experimentarmos perí-
na apresentada no livro é um assun- odos de ameaças e sofrimento, ele
to que formula o propósito de Ester. provê o livramento na história. A
Trata-se de uma providência diüna

IULHO . AGOSTO . SETEMBRO zoz4 t tçÕEs gÍglrcls . PRoFESSoR 39


dor e o sofrimento, por mais difícil lembra da ação proüdencial de Deus.
de explicar que seja, não anulam a Ele nos revela que há um Deus que por
ação da providência divina. meio de sua divina proüdência diri-
C) Sugestão de Método: A partir ge a história. Nada que aconteça neste
desta lição, estudaremos o Livro de mundo anula a divina providência.
Ester. Nesse sentido, sugerimos eue,
ao introduzi-la, você apresente o es- 4. suBsÍoIo Ao PRoFESSOR
boço do livro: I) Deus levanta uma
A) Revista Ensinador Cristão.
Vale a pena conhecer essa revista
nova rainha na hora certa (t.t-2.t8);
que traz reportagens, artigos, €tr-
II) Deus usa o primo da rainha para
trevistas e subsídios de apoio à tí-
denunciar um trama (2.t9-4.t7);
III) Deus usa a corajosa rainha para ções Bíblicas Adultos. Na edição 98,
p.39, você encontrará um subsídio
resgatar o seu povo (5.r-gA2); IV)
especial para esta lição.
Deus promove Mardoqueu por sua
B) Auxílios Especiais: Ao final
fidelidade (to.t-3). Para ter acesso
do tópico, você encontrará auxílios
ao esboço mais detalhado, você pode
que darão suporte na preparação de
consultar a Bíblia de Estudo Pentecos-
sua aula: t) O texto ttNome e Pa-
tal edição global na página 832. Esse
norama Geral", localizado depois
esboço dará a classe a oportunidade
do primeiro tópico, apresenta os
de ver o panorama de todo o Livro de
marcos cronológicos da história de
Ester, o que pedagogicamente indis-
Ester; z) O texto '(A Instituição da
pensável para o processo de ensino-
Festa de Purim", âo final do tercei-
-aprendizagem de um livro bíblico.
ro tópico, explica os detalhes dessa
3. CoNCLUSÃO DA rrçÃO importante celebração.
A) Aplica$o: O Liwo de Ester nos

COMENTÁRIO

INTRODUçÃO I- A ORGAI{IZAçÃO DO LITTRO


Concluímos o estudo de Rute. Nesta t. A categorização de Ester. Da
lição iniciamos o estudo do livro de Ester. mesrna forma que Rute, Ester pertence
Rute é cheio de referências expressas aos Escritos, os onze livros que
ao nome de Deus. Ester, por sua compõem a terceira seção da
vez, tem como característica Bíblia Hebraica. E nesta se-
singular, e sempre destaca-
Palavra-Chave ção também ao lado de
da, a completa ausência do Rute -, integra os Megillot,
nome de Deus. Nem por isso Ester os cinco livros curtos [i-
o agir divino deixa de estar dos anualmente nas festas
patente no livro. Ester não judaicas. As categorizações
contém alusões diretas ao Deus de Rute e Ester também são
da providência, mas nos apresenta semelhantes na Bíblia Cristã, na
uma história cujo roteiro é, por inteiro, qual figuram entre os livros históricos.
uma manifestação da providência de Deus. Por sua reconhecida canonicidade,

40 r,rçÕEs sÍslrces . PRoFESSoR IULHO . AGOSTO . SETEMBRO 2024


Ester compõe o conjunto da revelação
divina escrita, completa e perfeita (z AUXÍLIO BIBLIOLÓGICO
Tm 3.L6,t7). í(NOME E PANORAMAGERAL
2. Características literárias. O Livro
de Ester tem ro capítulos. Dentre suas liwo de Ester leva o nome de
O
características literárias destaca-se sua sua personagem principal, uma iu-
objetiva historicidade, vista na expressa dia chamada Hadassa ('murtâ'),
referência ao rei persa Assuero (Et r.r) mas que foi renomeada Ester (tuma
e em vários outros detalhes factuais, estrela'). Um nome provavelmente
além de seu caráter de fonte primária escolhido como um reconhecimento
para a Festa de Purim, anualmente de sua beleza, após tornar-se rai-
celebrada pelos judeus (Et 9.2032).O nha. A história pertence cronologi-
estilo narrativo é menos dialógico que camente ao período entre o retorno
o de Rute. O texto é mais do narrador de Zorobabel e Esdras, ou seja, entre
que dos personagens. o sexto e o sétimo capítulo de Es-
dras. Os estudiosos chegaram à con-
3. Autoria e data. O autor de Ester é
desconhecido. Muitos estudiosos con- clusão de que o rei Assuero a que se
sideram que o livro foi escrito por um refere, é identificado como Xerxes.
judeu que viveu na Pérsia, pelo fato de o Assuero ou Akhashverosh equivale
autor demonstrar amplo conhecimento no hebraico ao persa Khshayarshâ, €
da cidade de Susã e de sua estrutura, e de é denominado Xerxes em grego.
importantes documentos do Império Per- O escritor foi meticuloso ao datar
sa. Considerando essa possível autoria e seus acontecimentos. O banquete de
algumas evidências internas, acredita-se casamento em que Ester tomou pos-
que o livro seja datado ainda do século V se como rainha, ocorreu no sétimo
a.C. (por volta de 46o a.C.), logo após a ano do reinado de Assuero (479 â.C.),
morte de Assuero, ocorrida em 465 a.C. quatro anos depois da celebração que
Outro fator levado em conta para essa resultou no divórcio de Vasti. "Acre-
datação é de ordem linguística: o autor ditava-se que entre estes aconteci-
empregou algumas palavras persas em mentos, Assuero (Xerxes) tenha feito
meio ao hebraico, mas não fez uso algum sua malsucedida expedição à Grécia.
de expressões originárias do grego, o que Assim, ele retornou da sua derrota
revela um estilo anterior à ascensão da vergonhosa em Salamina (48o a.C.)
Grécia sobre a Pérsia, que se deu com e encontrou consolo nos braços de
Alexandre, o grande, em 3io a.C. Ester". Os acontecimentos indicados
no liwo variam do terceiro ao décimo
segundo ano do reinado de Xemes,
ou de 483 a 474 a.C." (Comentário
Bíblico Beacon. Vol. II. Rio de Ianei-
SINOPSE I ro: CPAD,2oo5, p. 543).
O Livro de Ester tem 10 capí-
tulos e está classificado na ca-
tegoria de livros históricos da II O CONTEXTO HISTÓRICO
Bíblia Cristã. 1. O povo hebreu no exílio. Para
uma melhor compreensão do contexto
histórico do Livro de Ester é importante

IULHO . AGOSTO . SETEMBR0 2o2t+ lrçÕrs sÍslrcRs . PRoFESSoR 4L


TI pecados da nação de Israel (Dn 9.1-19). O
ensino bíblico a respeito de nosso rela-
cionamento com as estruturas de poder
A soberania de Deus não terreno é sempre confiar na soberania
encontra limites. Ele age em divina, buscando, com humildade, a
qualquer época ou lugar para intervenção de Deus em nosso favor (z
Cr 7.t4). Agindo assim, poderemos ter
cumprir seus propósitos. " ttuma vida quieta e sossegada, em toda
a piedade e honestidade", e contribuir
para o cumprimento do maior propósito
de Deus, que é a salvação de todos os
homens, inclusive dos que não governam
mencionar o final do período da mo- segundo os valores divinos (t Tm z.r-4).
narquia do povo hebreu. Em 722 a.C. 3. O pós-exílio. Ester registra fatos
houve a queda do Reino do Norte sob os ocorridos na capital do Império Persa,
assírios (2 Rs 17.6). Pouco mais de roo Susã, entre o primeiro e o segundo retorno
anos depois, )udá, o Reino do Sul, foi dos judeus para ferusalém. Estima-se
levado para o Cativeiro Babilônico em que mais de r milhão de judeus viviam
três levas: 6o5, 597 e 586 a.C. Conforme na região da Babilônia. Mesmo com o
feremias havia profetizado, o exíIio na decreto de Ciro, gu€ permitia a volta para
Babilônia duraria 7o anos (lr z5.tt; 2g.Lo- ferusalém, a maioria absoluta dos judeus
r4).Foi um período em que Deus tratou decidiu pelo que lhes parecia mais cômo-
com fudá, principalmente para extirpar do: permanecer nas cidades que ocupavam
a idolatria que havia contaminado a na Babilônia. Somente cerca de 5o mil
nação (Ez 16.t6-2il. Deus abomina todo voltaram para ferusalém no primeiro
o pensamento, sentimento e compor- grupo, liderados por Zorobabel (Ed r.5;
tamento idolátricos (Rm r.r8 -2il.Por 2.64,65), no segundo ano do reinado de
isso, nada em nossa vida pode ocupar Ciro (SfS a.C.). Esse período da história é
o lugar que pertence a Ele (t Io z.t5-t7). narrado do capítulo r ao capítulo ó do livro
z. O fim do exílio. Ao mesmo tempo de Esdras. Entre o capítulo 6 e o capítulo
em que julgava Iudá por sua idolatria, 7 há um intervalo de aproximadamente
o Deus Eterno, fuiz de toda a terra, 60 anos. É na segunda metade desse
exercia seu justo juízo sobre a Babi- período que se passam os fatos do livro
lônia, por sua iniquidade (Ir z5.tz). de Ester (483- t+73 a.C.).
Antes, já havia julgado a Assíria, como
profetizado por Naum: Deus não tem o
culpado por inocente (Na t.z1).Em fi9
a.C. Ciro venceu os babilônios e anexou
seu território ao Império Persa. Logo no SINOPSE II
primeiro ano de reinado, ttdespertou o Os fatos registrados no Livro
Senhor o espírito de Ciro, rei da Pérsia" de Ester se passam na capital
e o fez decretar o retorno do povo judeu do Império Persa, Susã, entre
para ferusalém (Ed 1.1-3). Daniel havia o primeiro e o segundo retorno
se humilhado diante de Deus, jejuando dos iudeus para ferusalém.
e orando fervorosamente para a res-
tauração de |erusalém, confessando os

42 rtçÕEs sÍnlrcas . PRoFESSoR IULHO . AGOSTO . SETEMBRO 2ozlt


III PROPOSITO E MENSAGEM morte dos judeus. A festa comemora a
A providência divina. O principal
1. frustração desse nefasto plano diante da
propósito do livro de Ester é registrar o providencial ação divina para a libertação
cuidado providencial de Deus com o seu de seu povo. A soberania de Deus não en-
povo, a despeito de suas escolhas fora de contra limites. Ele age em qualquer época
seu propósito. Ao decidirem permanecer ou lugar para cumprir seus propósitos.
na Babilônia, sob os domínios do Império
Persa, os judeus olharam para a estabi-
lidade que imaginavam ter conquistado,
não apenas no aspecto econômico, mas
também cultural, social e religioso. Os
SINOPSE III
persas tinham fama de benevolência com O propósito do livro é registrar
os povos que dominavâffi, principalmente a providência de Deus com seu
quanto à liberdade religiosa. O retorno a povo; sua mensagem é a res-
)erusalém exigia renúncia e disposição peito do perigo de se confiar
para uma viagem penosa e para a dura nas falsas estabilidades.
reconstrução de uma cidade totalmente
destruída. Para muitos, pareceu melhor
ficar na Babilônia: "Há caminho que ao
homem parece direito, mas o fim dele
são os caminhos da morte" (Pv L4.12). AUXÍLIO BIBLIOLÓGICO
2. Uma falsa estabilidade. Ester nos
í(A INSTITUIçÃO DA FESTA
transmite como mensagern o perigo de
confiar nas falsas estabilidades que as DE PURIM
estruturas do mundo nos oferecem, e Um dia de banquetes e alegria
costumam parecer mais vantajosas. inaugurou a celebração de Purim
Estava tudo indo muito bem em Susã, (9.tT,26). 'Dia de banquetes e de ale-
até surgir a ordem de extermínio total gna' é uma hendíadis, uma figura de
dos judeus (Et 3.7-13). A falsa segurança linguagem que expressa uma ideia por
foi embora. O povo de Iudá dependia meio de duas palawas independen-
novamente da intervenção divina para tes cada uma delas amplificando
sua sobrevivência. Ester nos mostra a outra de modo que no final a ideia
Deus agindo mais uma vez, movendo as é maior que as duas palawas isola-
das €ffi vez de uma palawa com
estruturas humanas; agora, tro grande -,
um modificador (cp. 9.17 -19,24,28).
e poderoso Império Persa. Seja qual for
a circunstância, é melhor confiar no
O liwo tem muitos aspectos poeti-
cos, incluindo aliteração, paralelismo,
Senhor do que no homem (Sl 118.8,9).
hiperbole, ironia e também constru-
3. A Festa de Purim. O livro de Ester
tem como propósito, também, registrar ções quiasmáticas. O nome da fes-
ta (Purim ou Festa das Sortes), uma
a instituição da Festa de Purim, orde-
das duas festas não estabelecidas
nada por Mardoqueu depois do grande
no Pentateuco (cp. D( )9.18-27; Lv
livramento que os judeus receberam (Et
23.r- lú; 25.L-tT), mas consideradas
g.2o-28). Purim é o plural da palavra
pelos judeus tão obrigatórias quanto
pur (ttlançar sorte"). Conforme Ester 3.7,
as celebrações, salienta a importân-
Hamã lançou sorte para fixar o dia da

IULHO . AGOSTO . SETEMBRO 2ez4 lrçÕrs sÍslrcas . PRoFESSoR 43


cia do lançar sortes como um indício as práticas do jejum e do seu clamor
do cuidado providencial do povo de (v. 3r)" (Patterson, D. K, KELLEY, R.
Deus e do controle de seus inimigos H. Comentário Bíblico da Mulher
(Et 9.24-26). Foram designados dois Antigo Testamento. Vol. I. Rio de Ia-
dias para as celebrações: os judeus neiro: CPAD, 2022, pp. 897-98).
em Susã tiveram dois dias para matar
seus inimigos (v. t8) e descansaram
no dia 15 de adar (final de fevereiro ou
início de março) e, por conseguinte, CONCLUSÃO
a celebração deles foi designada para O Livro de Ester nos lembra de que
esse dia. Os judeus nas proüncias re- vivemos neste mundo, mas não devemos
motas tiveram apenas o dia r3 de adar confiar em suas estruturas. Todos os
para responder a seus inimigos, e eles reinos deste mundo passarão (Dn 237-
celebraram no dia 14 de adar (9.t9). O 4il.Por isso, a Palavra de Deus diz que
dia t3 de adar tamtÉm é celebrado por tta nossa cidade está nos céus, donde
alguns judeus como a Festa de Ester, também esperamos o Salvador, o Senhor
por causa da menÉo de comemorar Iesus Cristo" (Fp 3.zo).

REVISAhIDO O CONTEÚDO
t. Qual a característica mais destacada do Livro de Ester?
Ester, por sua vez, tem como característica singular, e sempre destacada, a
completa ausência do nome de Deus.
2. Quais as evidências da historicidade do Liwo de Ester?
Muitos estudiosos consideram que o livro foi escrito por um judeu que viveu
na Pérsia, pelo fato de o autor demonstrar amplo conhecimento da cidade
de Susã e de sua estrutura, e de importantes documentos do Império Persa.
3. Qual o contexto histórico de Ester em relação ao período pos-exílico?
Ester registra fatos ocorridos na capital do Império Persa, Susã, entre o pri-
meiro e o segundo retorno dos judeus para lerusalém.
4. Qual o principal propósito do liwo de Ester?
O principal propósito do livro de Ester é registrar o cuidado providencial
de Deus com o seu povo, a despeito de suas escolhas fora de seu propósito.
5. Que mensagem principal podemos extrair de Ester?
Ester nos transmite como mensagem o perigo de confiar nas falsas esta-
bilidades que as estruturas do mundo nos oferecem, e costumam parecer
mais vantajosas.

VOCABULÁRIO
Canonicidade: característica ou qualidade do que é canônico; legitimi-
dade, veracidade, sacralidade.

44 uçÕEs sÍslrcas . PRoFESSoR IULHO . AGOSTO . SETEMBRO zoz4


LIÇÃo 7
18 de Agosto de zoz4

A DEPOSI çÃo DA RAINHAVASTI


EA DE ESTER

TExro ÁunEo VERDADE PRÁTICA


"Antes, dá maior graça. Devemos nos conservar
Portanto diz: Deus resiste aos humildes, confiando na justiça
soberbos, mas dá graça aos de Deus, poÍs Ele governa a
humildes." (Tg 4.6) todos, abatendo ou exaltando.

LEITURA DIARIA
Segunda - Et 1.5-8 Quinta - Et 1.13-15 r zo-22
Assuero f.az um convite de um O rei se aconselha com sábios e
banquete público ao povo da destitui a rainha
fortaleza de Susã Sexta - Et 2.r-4
Terça - Et t.9 O rei Assuero decide escolher uma
A rainha Vasti também oferece nova rainha
um banquete, porém, restrito às Sábado - Et z.t6rt7
mulheres A rainha escolhida foi a judia
Quarta - Et l.to -rz Ester
A rainha Vasti resiste a ordem do rei

IULHO . AGOSTO . SETEMBRO zozú, uçÕEs gÍglrcas . PRoFESSoR 45


LEITURA gÍgLICA EM CLASSE

Ester 1.1o -tzrtôrr7 rrgi 2.r2-r7


Ester t Ester z
10 - ao sétímo dia, estando já o coração
E, t2 - E, chegando já avez de cada moça,para
do rei alegre do vinho, mandou a Meumã, vir ao reiAssuero,depois que forafeíto a cada
Bizta, Harbona, Bigtá, Abagta, Zetar e a uma segundo alei das mulheres,por doze
Carcas, os sete eunucos que serviam na meses (porque assím se cumpriam os dias
presença do rei Assuero, das suas purificações,seís meses com óleo
11 - que introduzíssem na presença do de mirra e seis meses comespeciarias e com
rei a rainhaVasti, com a coroa real, para as coisas para apurificação das mulheres),
mostrar aos povos e aos príncipes a sua 13 - desta maneira, pois, entrava a moça ao

formosura, porque era formosa à vísto. rei;tudo quanto ela desejava se lhe dava,
12 - Porém a rainhaVasti recusouvír con- para ir da casa das mulheres à casa do rei;
forme a palavra do rei, pela mão dos 14 - à tarde, entrava e, pela manhã,
eunucos;pelo que o rei muito se enfureceu, tornava à segunda casa das mulheres,
e ardeu nele a sua ira. debaixo da mão de Saasgaz, eunuco do
t6 - Então, disse Memucã na presença do rei, guarda das concubinas; não tornava
rei e dos príncipes: Ndo somente pecou mais ao rei, salvo se o rei a desejasse e
contra o rei a rainhaVasti, mas também fosse chamada por nome.
contra todos os príncipes e contra todos t5 Chegando, pois, a vez de Ester, fílha
os povos que há em todas as províncías de Abiail, tio de Mardoqueu (que a to-
do reí Assuero. mara por suo Íilha), para ír ao reí, coisa
tT - Porque a notícia deste feito da rainha nenhuma pediu, senão o que disse Hegai,
sairá a todas as mulheres, de modo que eunuco do reí, guarda das mulheres; e
desprezarão a seus maridos oos seus olhos, alcançava Ester graça aos olhos de todos
quando se disser: Mandou o rei Assuero guantos a viam.
que introduzissem à sua presença a rainha t6 - Assim, foi levada Ester ao rei Asxtero,
Vastí, porém ela não veio. à casa real, no décimo mês, que é o mês
tg - Se bem parecer ao rei, saia da sua de tebete, no sétímo ano do seu reínado.
parte um edito real, e escreva-se nas leís U - E o rei amou a Ester mais do que a
dos persas e dos medos, e não se revogue todas as mulheres, e ela alcançou perante
queVasti não entre mais na presença do ele graça e benevolência mais do que
rei Assuero, e o rei dê o reino dela à suo todas as virgens; e pôs a coroa real na sua
companheira que seja melhor do que ela. cabeça e a fez rainha em lugar de Vasti.

IS
a
Hinos Sugeridos: 457

PLANO DEAULA
, 49r, 525 da Harpa Cristã

r.INIRODUçÃO entre duas mulheres, Vasti e Ester.


Esta lição apresenta o contraste Vasür, a rainha que foi deposta por

46 rrçÕEs sÍglrcls . PRoFEssoR IULHO . AGOSTO . SETEMBRO 2024


se recusar a obedecer ao rei. Ester, ter resultou na sua elevação de rainha.
a judia que se tornou rainha e teve Esse posto, mais tarde, se mostrará
como marca obedecer às orientações cmcial para o liwamento que o Senhor
de seu primo Mardoqueu. Para apro- nosso Deus Íaráem favor de seu povo.
fundar nesses contrastes estudare- Neste liwo, embora não esteja grafa-
mos o banquete de Assuero e recu- da, percebemos a providência divina
sa de Vasti; a deposição de Vasti; a atuando do início ao fim.
ascensão da jovem judia Ester. Nesta
3. C0NCLUSÃO DA rrçÃO
lição, também perceberemos a atri-
buto incomunicável de Deus deno-
A) Aplicação: Há um tempo
oportuno que Deus faz chegar para
minado de presciência. Ele conhece
que sejamos instrumentos usados
de antemão todas as ações humanas.
em suas mãos. Assim como Deus
2. APRESENTAçÃO DA LIçÃO fez na vida de Ester, que aguar-
A) Obietivos da tição: I) Explicar dou o tempo oportuno para chegar
o banquete de Assuero e a recusa da ao posto de rainha, Ele requer que
rainha Vasti; II) Refletir a respeito confiemos em seu favor para que o
da resistência e da deposição da rai- tempo oportuno também chegue em
nha Vasti; III) Mostrar a ascensão de nossa vida para fazer a sua vontade.
Ester ao posto de rainha.
B) Motivação: Obediência é um 4. suBsÍoto Ao PRoFESS0R
atributo bíblico muito importan-
A) Revista Ensinador Cristão.
Vale a pena conhecer essa revista
te para desenvolver a humildade
que traz reportagens, artigos, etr-
cristã. O contrário da obediência é a
desobediência que pode levar ao or-
trevistas e subsídios de apoio à fi-
gulho e a arrogância. Estas trazem ções Bíblicas Adultos. Na edição 98,
p.39, você encontrará um subsídio
consequências inevitáveis. A Palavra
especial para esta lição.
de Deus nos mostra que obedecer é
B) Auxílios Especiais: Ao final do
melhor que o sacrificar (t Sm 15.22).
tópico, você encontrará auxflios que
C) Sugestão de Método: Para con-
darão suporte na preparação de sua
cluir a lição, estabeleça um contraste
aula: t) O texto ttA recusa da rainha
a respeito dos comportamentos de
Vasti", localizado apos o primeiro tó-
Vastir e Ester: a) Vastir: recusa-se a ir
pico, explica o contexto histórico-cul-
festa do rei; b) Ester: a jovem judia que
tural do episodio; z) O texto "Ester",
obedeceu aos conselhos de seu primo,
ao final do terceiro tópico, destaca um
Mardoqueu. Em seguida, mostre que
resumo biográfico da personagem.
tal comportamento obediente de Es-

COMENTARIO

INTRODUçÃO ou lugar. Nesta lição, veremos o claro


Deus estabeleceu princípios imu- contraste entre as condutas de Vasti e
táveis, pelos quais governa a todos os de Ester, a obediente moça judia que
povos, independente de cultura, época ascendeu ao trono de rainha de um dos

IULHO . AGOSTO . SETEMBRO zo2/.,, rrçÕEs sÍslrcls . PRoFEssoR l+7


maiores impérios de todos os real, para mostrar aos povos e
tempos, o Império Persa. aos príncipes a sua formosura,
Palavra-Chave porque era formosa à vista"
(Et r.rr). A rainha simples-
I O BAIYQUETE DE Obediêncio mente recusou acompanhar
ASSUERO E A RECU- os sete eunucos que o rei
SA DE VASTI enviou para conduzi-la à sua
1. O rei Assuero. Filho presença (Et L.t2).
de Dario, Assuero governou
o Império Persa por 20 anos (486-
ttdesde a Índia até
465 a.C.), reinando
à Etiópia, sobre cento e vinte e sete
províncias" (Et r.r). Seu nome grego é
SINOPSE I
Xerxes. No terceiro ano de seu reinado, O rei ordena a rainha Vasti para
Assuero convidou a nobreza imperial e o acompanhar a fim de que sua
os senhores de todas as províncias para formosura fosse mostrada aos
mostrar-lhes a grandiosidade do reino e convivas. A rainha não aceita.
as suas riquezas. A recepção durou r8o
dias. Acredita-se que foi nessa ocasião
que Assuero tratou, com seus generais
e conselheiros, da expedição militar
que faria contra a Grécia, batalha que AUXÍLIO
se transformou em um grande fracasso, VIDA CRISTÃ
conforme narra, em detalhes, o histo-
((A
riador grego Heródoto (484-425 a.C.). RECUSA DA RAINHA VASTI
2. Um banquete público, outro A rainha Vasti se recusou a des-
exclusivo. Passados os r8o dias, As- filar diante dos amigos do rei, pos-
suero ofereceu um banquete para todo sivelmente por ser contra o costume
o povo de Susã, ro pátio do jardim persa uma mulher apresentar-se
de seu palácio. Havia muito luxo e diante de uma reunião pública de
ostentação, além de bebida à vontade, homens. Este conflito entre o costu-
em uma festa programada para durar me persa e a ordem do rei colocou-a
sete dias (Et t.S-8). Assuero tinha como em uma difícil situaÇão, e ela esco-
mulher a rainha Vasti, que alguns lheu não obedecer à ordem de seu
estudiosos acreditam ser a mesma marido embriagado, na esperança
Améstris, citada por Heródoto em seu de que ele, mais tarde, recobrasse
livro Históric. Ela também ofereceu um o juízo. Alguns sugerem que Vasti
banquete, porém restrito às mulheres estava grávida de Artaxerxes, que
nasceu em 483 a.C., e não queria ser
do palácio (Et t.9).
vista em público naquele estado.
3. O convite à rainha. No sétimo dia
de seu banquete, depois de ter bebido Qualquer que tenha sido o mo-
tivo, sua atitude foi uma quebra de
bastante, Assuero estava em euforia: tto
protocolo que também colocou As-
coração do rei [estava] alegre do vinho"
suero em situação difícil. Se uma
(Et r.ro). Foi quando ordenou que lhe
ordem era expedida por um rei
trouxessem a rainha Vasti, ttcom a coroa

48 uçÕEs sÍelrcas . PRoFESSoR IULHO . AGOSTO . SETEMBRO zoz4


fúria, o rei suportou o constrangimento
persa, ele nunca poderia revertê-la
público de receber de volta os eunucos,
(leia nota sobre 1.19). Enquanto se
sem a rainha. Em seguida, submeteu o
preparava para invadir a Grécia, As-
caso ao exame dos sábios de seu reino,
suero havia convidado muitos im-
entendidos nas leis e no direito dos medos
portantes oficiais de todo o império
e persas (Et L.t3,t4). A pergunta do rei
para ver o seu poder, riqueza e au-
demonstrava prudência: tto que, segundo
toridade. Caso sua autoridade sobre
a lei, se deviafazer da rainha Vasti, por
a própria esposa fosse colocada em
não haver cumprido [o seu mandadoJ"?
dúvida, sua credibilidade militar
-
o maior critério de sucesso para um
(Et r.r5). Assuero estava em uma difícil
situação. Como poderia exercer o governo
rei da antiguidade
- seria prejudi-
cada. Além disso, o rei Assuero es-
do império se não tinha autoridade sobre
sua própria esposa?
tava acostumado a ter o que queria"
(Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal. 3. A sentença de Vasti. Examinado o
caso, Memucã, um dos sábios, aconselhou
Rio de Ianeiro: CPAD, 2oo4, p. 687).
ao rei que depusesse Vasti. Liderança
pressupõe muita responsabilidade. Pela
grande repercussão, a conduta da rainha
seria um péssimo exemplo para todas as
II - VASTI RESISTE A ORDEM
mulheres do reino: ttPorque a notícia deste
DOREIEEDEPOSTA feito da rainha sairá a todas as mulheres,
1. A recusa da rainha. São diversas
de modo que desprezarão a seus maridos
as opiniões a respeito das condutas
aos seus olhos" (Et r.r7). Isso provocaria
do rei e da rainha nesse episódio. desrespeito e discórdia nos lares (Et r.r8).
Fontes extrabíblicas tentam justificar
O conselho de Memucã agradou a Assuero
a desobediência de Vasti, com versões
e seus nobres, e ele decretou a deposição
que pintam como absurda a pretensão
de Vasti. Além disso, enviou cartas a todas
do rei em apresentá-la em seu banquete.
as províncias, estabelecendo ttque cada
O uso de fontes não bíblicas é saudável
homem fosse senhor em sua casa" (Et
quando servem para aclarar o sentido
t.2z). Uma das qualificações exigidas do
do texto escriturístico. Contudo, podem
líder cristão é exatamente esta: exercer
levar à prática da eisegese quando dão
o governo da própria casa. O princípio
à Escritura um sentido alheio ao que
bíblico é: o homem que não lidera em
foi revelado. A narrativa bíblica é: uma
casa não é apto para cuidar da Igreja de
festa pública acontecia e a rainha recu-
Deus (t Tm 3.4,5).
sou atender ao rei. O texto para por aí.
Fica difícil sustentar algum recato da
rainha, principalmente se ela for, como
alguns imaginâffi, a mesma Améstris
citada por Heródoto, uma mulher astuta
e sanguinária.
SINOPSE II
2. Aaplicação da lei. Assuero estava, A recusa de Vasti a leva a per-
de fato, sob influência do vinho quando der o posto de rainha no reino
ordenou a vinda de Vasti, mas sua decisão de Assuero.
de depô-la do cargo não se deu de forma
intempestiva ou autoritária. Apesar da

IULHO . AGOSTO . SETEMBRO zoz4 uçÕEs sÍsrrcas . PRoFESSoR 49


III ESTER: ATUDTA SE TORNA cesso de escolha da nova rainha. Mesmo
RAINHA EM TERRA ESTRANHA sem entender o motivo da proibição, Ester
t. Quatro anos depois. Há certo con- obedeceu, à risca, a ordem de Mardoqueu
senso entre os estudiosos de que a escolha (Et z.ro). Ela não exigia explicação para
da substituta de Vasti ocorreu após a obedecer. Mardoqueu demonstrava pro-
frustrada campanha militar que Assuero funda preocupação com o bem-estar de
lançou contra os gregos. A destruição Ester, passando diariamente diante do
quase total das forças navais persas pátio da casa das mulheres para saber
na Batalha de Salamina, ano 48o â.C., como ela estava (z.tt). Havia respeito e
forçou seu retorno para Susã. Passada a cuidado mútuo entre eles. Cumpridos os
ira, o rei se lembrou de Vasti, do que ela 12 meses de preparação, chegou a vez de

havia feito e do que ele havia decretado Ester ser levada à presença de Assuero:
ttE
(Et z.r). Assim, [o l+Tg â.C., aconselhado o rei amou a Ester mais do que a todas
por seus servos mais próximos, Assuero as mulheres, e ela alcançou perante ele
decide escolher a nova rainha (Et z.z). graça e benevolência mais do que todas as
2. O universo da escolha. Apesar de virgens; e pôs a coroa real na sua cabeça
governar um império originário de lon- e afez rainha em lugar de Vasti" (Et z.t7).
gas sucessões entre famílias da Média
e da Pérsia, Assuero decidiu escolher a
nova rainha dentre moças de todas as
províncias do reino. Não havia restrição
SINOPSE III
quanto à origem étnica ou racial. A única
exigência é que fossem virgens e formosas
A jovem judia Ester é elevada
(Et z.z-4). Quando Deus dirige o proces- ao posto de rainha numa terra
so, nenhum detalhe fica esquecido. Ele estranha.
cuida de tudo. O concurso foi divulgado e
muitas moças levadas à Susã. Mardoqueu
morava próximo ao palácio e, com ele, a
prima Ester, criada como filha. Levada à
casa do rei, Ester ficou sob os cuidados de
AUXÍLIO BIBLIOGRÁFICO
Hegai, guarda das mulheres, de quem logo í(ESTER
conquistou a simpatia (Et 2.7-9). Havia
uma graça especial em Ester. Além de Uma exilada judia que viveu na
Pérsia durante o reinado de Assuero
se apressar em dar-lhe os seus enfeites
(Xerxes, {86 -465 a.C.). O nome Es-
e alimentos, e sete moças para the as-
ter únha do persa stara, ttestrela",
sistirem, Hegai "afez passar ao melhor
ou de Ishtar, uma deusa babilônia.
lugar da casa das mulheres" (Et 2.9).
Seu nome heb. era Hadassa, que
Embora o texto não diga, não há outra
significa ttmurta". Ester era órfã e
explicação: o Deus que estava com |osé,
foi criada por seu primo Mardoqueu.
estava também com Ester (Gn 39.2,21,23).
Sua beleza foi o motivo de ter sido
3. A obediência de Ester. Mardoqueu
contada entre as virgens trazidas a
ordenou a Ester que não declarasse qual
Assuero para a seleção de uma rai-
era o seu povo e sua parentela. Qual a
nha para reinar no lugar de Vasti.
razão dessa ordem? Não sabemos ao certo,
Foi escolhida, tornou-se rainha, e
já que não havia restrição étnica no pro-

50 r,rçÕEs eÍglrcas . PRoFESSoR IULHO . AGOSTO . SETEMBRO zoz4


CONCLUSÃO
viveu no palácio em Susã (q.v.).
Ester havia chegado ao posto em que,
Ester também é notada por sua
no tempo oportuno, seria um instru-
brarrura e lealdade ao seu povo. Ar-
mento para cumprir os propósitos di-
riscando a própria vida, ao rwelar,
vinos. Um dos atributos incomunicáveis
pela primeira vez, que era judia,
de Deus é a sua presciência. Somente Ele
fez uma súplica ao rei para assi-
conhece, de antemão, todos os aconte-
nar um novo decreto, desfazendo
cimentos futuros (Is 46.9,1o). Podemos
o decreto de Hamã contra os ju-
confiar nossa vida inteiramente à sua
deus" (Dicioniirio Bíblico Wycliffe.
( direção, pois Ele sabe o que é melhor
Rio de laneiro: CPAD, 2o1o, p.696).
para nós (Ir zg.tt).

D
REVISAI{DO O CONTEÚDO

1. Qual a diferença entre o banquete de Assuero e o de Vasti?


Assuero ofereceu um banquete para todo o povo de Susã, no pátio do jardim
de seu palácio. Vasti também ofereceu um banquete, porém, restrito para
as mulheres do palácio (Et 1.9).
2. Qual o procedimento adotado por Assuero para decidir o futuro da rai-
nha?
Ele submeteu o caso ao exame dos sábios de seu reino, entendidos nas leis
e no direito dos medos e persas (Et t,t3,t;).
3. Que resolução foi acompanhada do seu decreto de deposição de Vasti?
Ele decretou a deposição de Vasti. Além disso, enviou cartas a todas as
províncias, estabelecendo ttque cada homem fosse senhor em sua casa"
(Et r. zz).
4. Quais os critérios para a escolha da nova rainha?
Não havia restrição quanto à origem étnica ou racial. A única exigência é
que fossem virgens e formosas (Et z.z-4).
5. O que se destaca na obediência de Ester?
Mardoqueu ordenou a Ester que não declarasse seu povo e sua parentela.
Qual arazão dessa ordem? Não sabemos ao certo, já que não havia restrição
étnica no processo de escolha da nova rainha. Mesmo sem entender o mo-
tivo da proibição, Ester obedeceu à risca a ordem de Mardoqueu (Et z.to).
Ela não exigia explicação para obedecer,

vocABUrÁnro
Eisegese: Interpretação de um texto atribuindo-lhe ideias do próprio
leitor.

IULHO . AGOSTO . SETEMBRO zo2t+ urçÕns nÍslrcas . PRoFESSoR 5I


^/
LIÇAO B
25 de Agosto de zoz4

filil

A RESISTÊNCIA
DE IVIARDOQUEU

TElmo Áunno IYERDADE PRÁTICA


"Então, os servos do rei, Como cristãos, somo s sujeitos a
que estavam à porta do rei,
conflitos ético-morais e devemos
disseram a Mardoqueu: Por
decidir sempre de acordo com a
que traspassos o mandado do
vontade e a orientação de Deus.
rei?" (Et l.l)

LEITURA DIARIA
Segunda - Éx zr.T; Pv 17.15 Quinta-rSmt5.2r833
A conveniência de se comprovar O termottagagita" costumeiramente
a acusação para não cometer é atribuído ao rei Agague
injustiças Sexta - Gn 34.r-3r
Terça - Sl t3g.r6; Hb 4.t3; Ap zo.tz Episódios bíblicos relatam
As nossas obras estão escritas vingança de família
diante de Deus Sábado - Mt 5.9; Rm !2.t8-21; Hb
Quarta - Êx 17.8-13 L2.14
Hamã provavelmente era um Aos cristãos não pertence a
amalequita, urn povo inimigo de vingança, mas o perdão e a paz
Israel

52 lrçÕEs aÍsucls . PRoFESSoR IULHO . AGOSTO . SETEMBRO 2024


LEITURA gÍgLICA EM CLASSE
Ester z.zt-231 3.t-6
Ester z perante Hamã; porque assím tinha orde-
zt - Naqueles dias, assentando-se Mar- nado o rei acerca dele; porém Mardoqueu
doqueu à porta do rei, dois eunucos do não se inclinava nem se prostrava.
rei, dos guardas da porta, Bigtã e Teres, 3 - Então,
os servos do rei, que estavam à
grandemente se indignaram e procuraram porta do rei, disseram a Mardoqueu: Por
pôr as mãos sobre o rei Assuero. que traspasscs o mandado do rei?
zz - Eveio ísso ao conhecimento de Mar- 4 - Sucedeu, poís, g ue, dizendo-lhe
doqueu, e ele o fez saber à rainha Ester, e eles isso, de día em dia, e nã,o lhes dando
Esterodísse aorei,emnomedeMardoqueu. ele ouvidos, o fizeram saber a Haffiã,
23 - E inquiriu-se o negócio, e se desco- paraverem se os palavras de Mardoqueu
briu; e ambos foram enforcados numa se sustentariam, porque ele lhes tinha
forca.Isso foi escrito no livro das crônicas declarado que era judeu.
perante o rei. 5 - Vendo, pois, Hamã que Mardoqueu
não se inclínava nem se prostrava diante
Ester 3 dele, Hamã se encheu de furor.
t- Depois dessos coisos, o rei Assuero 6 - Porém,emseus olhos,teveempoucoo
engrandeceu aHamã,fílho de Hamedata, pôr as mãos só sobre Mardogueu (porque
agagita,€ o exaltou;e pôs o seulugar acima lhe haviam declarado o povo de Mardo-
de todos os príncipes que estavam com ele. queu);Hamã,pois,procurou destruir todos
z - E todos os servos do rei, que estavam à os judeus que havia em todo o reino de
porta do rei, se ínclinavam e se prostravam Assuero, ao povo de Mardoqueu.

IS Hinos Sugeridos: 225, 3o4, 3a5 da Harpa Cristã

PLANODEAULA
r. INfRODUçÃO doqueu experimentou isso. IVIas ele
A lição desta semanafraz um con- resistiu. Da mesma forma sornos ins-
tefio de conspiração, inveja e tramas tados pela Bíblia a resistir diante de
dentro da corte persa. Nele, as figuras todo contexto inóspito, pois a nossa
de Mardoqueu e Hamã se destacam. luta não é contra carne e ffingue (Ef
Mardoqu€u descobre uma conspira- 6.tt-t6; Rm t3.tz).
ção e a faz chegar ao conhecimento 2. APRESEhTTAçÃO DA LrçÃO
do rei, poupando-lhe a vida. Inexpli-
A) Obietivos da Lição: I) Tratar a
cavelmente, Hamã aparece elevado
respeito da descoberta de Mardoqueu
ao cargo acima de todos os príncipes
acerca de uma conspiração contra o
do reino. Diante desse conteXto, esse
rei; II) Abordar a exaltação de Hamã
capítulo tem muito a nos ensinar.
pelo rei; III) Relacionar a resistência
Vivenciaremos contextos dominados
de Mardoqueu com o ódio de Hamã.
pelas mais dramáticas tramas. lVlar-

IULHO . AGOSTO . SETEMBRO zoz4 lrçÕes sÍeuces . PRoFESSoR 53


B) Motivação: Mardoqueu é um 3. CoNCLUSÃO DA rrçÃO
personagem que revela determina- A) Aplicação: Mardoqueu não se
Ção, resiliência e coragem. Tudo isso curTüou diante de Hamã que exigia
vinha de sua fé em Deus. Era aque- poder, prestígio e posição. Da mes-
le que fazia o certo independente ma forffiâ, devemos prestar adora-
das opiniões alheias. Em nossa vida ção somente a Deus, e jamais nos
cristã somos desafiados a ser de- cun/ar a qualquer ideia, pensamento
terminados, resilientes e corajosos ou ideologia que se rebele contra o
para perseverar em nossa fé. Deus dos céus.
C) Sugestão de Método: Para in-
troduzir o primeiro tópico, sugerimos 4. suBsÍpto Ao PRoFEssoR
que você trace o perfil de Ivlardoqueu.
A) Revista Ensinador Cristão.
Vale a pena conhecer essa revista
Por exemplo, a Bíblia de Estudo Apli-
que traz reportagens, artigos, €tr-
cação Pessoal üaz os pontos fortes de
trevistas e subsídios de apoio à Lí-
IVlardoqueu: r) Denunciou uma cons-
piração de assassinato contra o rei; ções Bíblicas Adultos. Na edição 98,
p.4o, você encontrará um subsídio
z) Atenção suficiente para adotar sua
especial para esta lição.
prima; 3) Recusa de curvar-se diante
B) Auxflios Especiais: Ao final
de qualquer pessoa, orceto Deus; 4)
do tópico, você encontrará auxílios
Ocupou o lugar de Hamã como se- que darão suporte na preparação de
gunda pessoa no comando do reino de
sua aula: t) O texto ttMardoqueu",
Assuero. Explique que esse perfil nos
localizado depois do primeiro tó-
estimula a aproveitar as oportunida-
pico, aprofunda mais o estudo so-
des de Deus para fuet o que é correto,
bre Mardoqueu; 2) O texto "Por que
confiar que Ele está tecendo os acon-
Hamã queria destruir todos os ju-
tecimentos de nossa vida, gu€ vale a
deus se apenas um homem o tinha
pena perseverar nas atitudes corretas.
desafiado?", âo final do terceiro tó-
A üda de IVlardoqueu é um exemplo pico, aprofunda a reflexão a respeito
para a nossa perseverança em Cristo.
do ódio de Hamã sobre os judeus.

COMENTARIO

TNTRODUçÃO muito o que acontecer na corte.


A ascensão de Ester ao tro- Conspiração, inveja e tramas.
no foi celebrada com grande A história continua.
Palavra-Chave
festa. Assuero decretou feria-
do e se mostrou muito gene-
ResÍstência I- MARDOQUEU
DESCOBRE UMA
roso, distribuindo presentes
aos seus súditos. Mesmo na
coNsPrRAçÃo
CONTRA O REI
condição de rainha, Ester perma-
1. Os bastidores do poder.
neceu obedecendo a Mardoqueu: não
Ambientes de poder costumam ser
revelou a ninguém que era judia. Havia

54 lrçôEs sÍslrcls . PRoFESSoR IULHO . AGOSTO . SETEMBRO 2ozt+


cercados de sentimentos facciosos. É correta, mas também revestida de
da natureza humana caída alimentar prudência. Embora possivelmente ela
discórdias, intrigas e ressentimentos, não imaginasse, houve uma investiga-
os quais, quando não dissipados, le- ção prévia para apurar a informação,
vam a terríveis tragédias. Nem o meio descobrindo-se que, de fato, havia um
evangélico fica isento. Isso é de origem plano homicida em andamento. Bigtã
maligna e deve ser rejeitado pelo ver- e Teres foram enforcados (Et 2.23).
dadeiro cristão (Tg 3.14-18). Nos dias Mardoqueu certamente buscou certi-
de Assuero, dois de seus guardas, Bigtã ficar-se da conversa que ouviu, antes
e Teres, ficaram muito indignados de transmiti-la a Ester. O rei, mesmo
contra o rei e tramaram assassiná-lo. ouvindo da rainha, teve o cuidado de
Mardoqueu trabalhava junto à porta apurar a informação. É uma questão de
do palácio e ficou sabendo do plano. justiça. Nesse ponto, Assuero agiu como
Fiel ao rei, contou a Ester para que um líder sensato e não exerceu o poder
o avisasse, o que ela f.ez em nome de de forma precipitada. Mesmo sendo
Mardoqueu (Et z.zt,zz). O fato de ter confiáveis as fontes, como no caso de
sido promovida a uma posição elevada, Mardoqueu e Ester, é conveniente que
não envaideceu Ester: ela não se en- se busque comprovar toda acusação,
vergonhou do primo e nem aproveitou para não cometer injustiça (Êx 23.7; Pv
da informação para projetar ainda mais 17.t5). Agir com base apenas no ttouvi
o próprio nome. Além de permanecer dizer" estimula fofocas e torna o líder
obedecendo a Mardoqueu, transmitiu suscetível a manipulações.
ao rei a informação dando-lhe o devido 3. O registro dos fatos. Desde a
crédito (Et z.zo,22b). Antiguidade, era costume registrar os
2. A investigação. A atitude de Es- fatos ocorridos no cotidiano das cortes.
ter se revelou não apenas eticamente As crônicas do rei ficavam arquivadas

AIVTPLIANDO O CONHECIMENTO

t'Hamã, o primeiro ministro da Pérsia,


é a primeira figura política na Bíblia a
idealizar um plano sinistro para, effi
a
-
a- sua esfera de influência e autoridade,
exterminar os judeus. Este plano de
-^ã.
genocídio (isto é, um esforço sistemá-
§ a;
,fr, tico de matar todas as pessoas de um
grupo étnico, nacional ou religioso)
contra a raça dos judeus se compara ao
plano de Antíoco Epifânio, no século tI
I a.C. (veja Dn 11.28, nota), aos perversos
planos de Adolf Hitler [...J." Amplie mais
o seu conhecimento, lendo a A Bíblia
de Estudo Pentecostal: Edição Global,
editada pela CPAD, pp.838 -39.

IULHO . AGOSTO . SETEMBRO zoz4 uçôrs sÍsrrcas . PRoFESSoR 55


II provavelmente nasceu em Susã, ci-
dade que se tornou uma das capi-
tais do Império Persa após Ciro ter
Que Deus guarde o nosso
conquistado a Babilônia. Também
coração de toda inimizade
herdou uma posição oficial entre os
e porfia. A vingança não judeus cativos, euê o manteve no
nos perterrce. Como filhos palácio mesmo após a expulsão dos
de Deus, devemos perdoar babilônios. Certa feita, ficou saben-
e buscar a paz." do de uma conspiração para assas-
sinar o rei Assuero, contou a trama
a Ester e salvou a vida do monarca.
A vida de Mardoqueu foi repleta
de desafios, os quais ele transfor-
mou em oportunidades. Quando
para serem consultadas (Et 6.1). O ato de os pais de Ester morreram, ela foi
fidelidade de Mardoqueu e a importância adotada por seu primo Mardo-
que teve para o rei e seu reino ficaram queu. Os próprios pais dele pro-
registrados. Com ou sem registro hu- vavelmente haviam sido mortos e
mano, devemos sempre f.azer a vontade ele sentiu-se responsável por ela.
de Deus, sabendo que diante dEle todas Mais tarde, quando foi recrutada
as nossas obras estão escritas (Sl t39.t6;
para o harém de Assuero e esco-
Hb 4.r3; Ap 20.12). lhida rainha, Mardoqueu conti-
nuou a aconselhá-la. Logo depois
disso, ele se pôs em conflito com o
segundo no comando do império,
Hamã. Embora disposto a servir o
SINOPSE I rei, Mardoqueu se recusou a cur-
var-se e reverenciar o represen-
Mardoqueu demonstrou um tante do rei. Hamã ficou furioso.
ato de fidelidade ao rei ao des- Por isso, ele planejou matar Mar-
cobrir uma conspiração contra doqueu e todos os judeus. Seu pla-
a coroa. no se tornou lei para os medos e
os persas, e parecia que os judeus
estavam irremediavelmente con-
denados. [...] A grande honraria
que o rei proporcionou a Mardo-
queu arruinou o plano de Hamã de
AUXÍLIO VIDA CRISTÃ pendurá-lo na forca. Deus havia
preparado uma eficiente estraté-
(.MARDOQUEU
gia contra a qual o plano de Hamã
Após o último levante de Ieru- não poderia prevalecer" (Bíblia de
salém contra o domínio de Nabu- Estudo Aplicação Pessoal. Rio de
codonosor, a família de Mardoqueu Ianeiro: CPAD, 2oo4, p.688).
foi deportada para a Babilônia. Ele

56 rrçÕEs sÍst,rces . PRoFESSoR IULHO . AGOSTO . SETEMBRO zoz4


II HAIvIA É urar,TADo coisas altas (Hb r3.5; Rm Lz.t6). Con-
PELO REI siderar merecer mais do que tem, gera
1. Um novo personagem. Hamã era constante insatisfação e não contribui
muito rico (Et f .g). lá entra em cena em nada para o nosso progresso.
sendo elevado por Assuero acima de
todos os príncipes do reino (Et 3.t).
Identificado como agagita, Flávio Iosefo
afirma que Hamã era amalequita, um
povo historicamente inimigo de Israel SINOPSE II
(Êx t7.8-t3; Nm z4.T). O termo agagita Enquanto Mardoqueu foi apa-
costuma ser associado a Agague, o rei rentemente esquecido, o rei
amalequita mencionado em I Samuel honrou Hamã, elevando-o ao
15.2,8,33. Versões bíblicas como a NVI e posto mais alto da corte.
a NTLH apresentam Hamã diretamente
como ttdescendente de Agague".
2. Um herói (aparentemente)
esquecido. O texto não nos informa
o motivo da exaltação de Hamã. En- III-ARESISTÊNCIADE
quanto isso, nada mudou para Mar- MARDOQUEUEOODTODE
doqueu, apesar de seu ato heróico. I{AMÃ
Tornou-se um herói (aparentemente) 1.Reverenciado por todos. Assuero
esquecido. É preciso ter sabedoria e ordenou que todos os seus servos se
prudência para viver momentos de curvassem e se prostrassem diante de
aparente injustiça. Ser guiado pela Hamã. Mardoqueu não se curvava e
própria vista pode nos levar a crises nem se prostrava (Et 3.2). Há distintas
emocionais e espirituais, principal- opiniões quanto aos motivos que o
mente quando os fatos nos parecem levaram a agir assim. De acordo com
desfavoráveis. Asafe quase se desviou a Bíblia de Estudo Pentecostal, Mardo-
olhando para a prosperidade dos ím- queu recusou-se a se inclinar diante
pios (Sl Zf .2-LT).O exemplo de Mar- de Hamã por lealdade a Deus: ttTudo
doqueu nos apresenta um cenário que indica que a homenagem prestada a
poderia ter tido o mesmo desfecho. Hamã pelos servos do rei e por outros,
3. Evitando frustrações. Quando ou era imerecida, ou conflitava com atos
nutrimos altas expectativas, nos tor- religiosos que os judeus reservavam
namos sujeitos a muitas frustrações. exclusivamente à adoração a Deus. Daí,
Mardoqueu era servo do rei, mas não Mardoqueu não concordar em curvar-se
tinha acesso direto ao palácio. Para ou prostrar-se diante de Hamã. Os três
alertar Assuero da conspiração, preci- companheiros de Daniel evidenciaram
sou de que Ester levasse a informação a mesma convicção (Dn 3.t-12)".
(Et z.zz). Mardoqueu não pertencia ao 2. Acondição de judeu. O texto bíbli-
primeiro escalão real e permaneceu co sugere que havia mesmo um motivo
exercendo a mesma função de antes, religioso para a conduta de Mardoqueu.
não se abalando emocionalmente. A Depois de os servos do rei lhe questiona-
Bíblia nos ensina a nos contentar com rem algumas vezes porque não cumpria
o que temos e não viver ambicionando a ordem de Assuero, sua única resposta

IULHO . AGOSTO . SETEMBRO 2024 rtçôrs sÍsrrcas . PRoFEssoR 57


foi que era judeu. A notícia chegou a
Hamã, que também ressaltou a origem
AUXÍLIO VIDA CRITÃ
judia. O agagita encheu-se de furor não Í(POR
apenas contra Mardoqueu, seu ódio foi QUE IIAMÃ QUERIA
DESTRUTR TODOS OS IUDEUS
extensivo a todos os judeus, os quais
SEAPENAS UM HOMEM O
planejou destruir por completo (Et 3.4-
TINHA DESAFTADO?
6). Hamã não seria o único a almejar o
extermínio de todo o povo judeu.
t) Hamã era agagita (3.r), uffi
descendente de Agague, rei dos
3. Inimizades intergeracionais. amalequitas (r Sm 15.20). Os ama-
Além de se sentir ferido em seu orgulho,
lequitas eram antigos inimigos dos
é possível que Hamã estivesse agindo
movido por uma inimizade intergera-
israelitas (leia Êx lít6; Dt 25.17-
19). O ódio de Hamã estava dire-
cional - Flávio Josefo diz isso -, o que
cionado não só a Mardoqueu como
confirmaria sua descendência de Agagu€,
também a todos os judeus. 2) Como
o rei amalequita morto por Samuel (t Sm
15.32,33). A Bíblia relata alguns episódios
segundo no comando do Impé-
rio Persa (3.r), Hamã adorava seu
de vingança entre famílias, como no
poder e autoridade e a reverência
caso dos filhos de Jacó que mataram os
a ele demonstrada. No entanto, os
siquemitas por causa do ultraje feito a judeus viam a Deus como sua auto-
Diná, filha de Leia (Gn j4.r-3r). Além
ridade máxima e não a um homem.
da Bíblia, a história secular apresenta
Hamã percebeu que a única forma
inúmeros exemplos desses conflitos
de satisfa zeÍ seus anseios egoístas
alimentados e repetidos ao longo de
era matar a todos os que negassem
muitas gerações. Não muito longe de
sua autoridade. Sua busca de poder
nós, em solo brasileiro, são conhecidas
pessoal e seu ódio pela raça judaica
as histórias de perpetuação de violência
o consumia.
por disputas econômicas (geralmente
Hamã adorava o poder e o pres-
por terras) ou ofensas morais. Que Deus
tígio da sua posição, e ficou en-
guarde nosso coração de toda inimizade
furecido quando Mardoqueu não
e porfia. A vingança não nos pertence.
respondeu com a reverência reque-
Como filhos de Deus, devemos perdoar
rida. A fúria de Hamã não era ape-
e buscar a paz (Mt 5.9; Rm tz.t8-zt;
nas contra Mardoqueu, mas contra
Hb rz.r4).
o que ele defendia a dedicação
dos judeus a Deus como única au-
toridade digna de reverência. A ati-
tude de Hamã foi preconceituosa:
Ele odiava um grupo de pessoas por
terem um credo ou cultura diferen-
SINOPSE III te. O preconceito é proveniente do
Enquanto Hamã era reveren- orgulho pessoal
- considerar-se
melhor do que as outras pessoas.
ciado por todos, Mardoqueu o
resistia. Ao final, Hamã foi punido por sua
atitude arrogante (7.9,1o). Deus
julgará duramente os preconceitu-

58 rrçÕrs eÍerrcas . PRoFESSoR IULHO . AGOSTO . SETEMBRO 2024


Ir tT.5). Embora não devamos viver
osos e aqueles cujo orgulho os leve
desconfiando de tudo e de todos, também
a menosprezar as pessoas" (Bíblia
não podemos deixar de ser prudentes
de Estudo Aplicação Pessoal. Rio de
e ignorar a malignidade do coração
|aneiro: CPAD | 2oo4, p.69o).
humano (Mt 10.16; 15.19). O Maligno
pode suscitar ódio contra nós de onde
menos esperamos. Mardoqueu experi-
mentou isso. Precisamos estar atentos e
CONCLUSÃO revestidos de toda a armadura de Deus
Uma das aplicações práticas da in- para que possamos resistir e vencer o
teligência espiritual é não nos deixar mal. Nossa luta não é contra carne e
iludir com a natureza humana (Cl t.g; sangue (Ef 6.rrt6; Rm t3.tz).

REVISAIVDO O CONTEUDO

1. Que virtude ética Ester revelou no episódio de informar ao rei acerca da


conspiração?
O fato de ter sido promovida a uma posição elevada não envaideceu Ester:
ela não se envergonhou do primo e nem aproveitou da informação para
projetar ainda mais o próprio nome.
2. O que aprendemos com Assuero a respeito de como tratar uma acusação?
O rei, mesmo ouvindo da rainha, teve o cuidado de apurar a informação. É
uma questão de justiça. Nesse ponto, Assuero agiu como um líder sensato.
Não exerceu o poder de forma precipitada.
3. Segundo a Bíblia de Estudo Pentecostal, por qual razão Mardoqueu não
se prostrava perante Hamã?
Tudo indica que a homenagem prestada a Hamã pelos seryos do rei e por
outros, oü era imerecida, ou conflitava com atos religiosos que os judeus
reservavam exclusivamente à adoração a Deus.
4. O que pode ter movido Hamã a desejar a morte de todos os judeus?
Além de sentir-se ferido em seu orgulho, é possível que Hamã estivesse
agindo movido por uma inimizade intergeracional - Flávio Iosefo diz isso
-, o que confirmaria sua descendência de AgaBUê, o rei amalequita morto
por Samuel (t Sm t5.3z33).
5. O que são inimizades intergeracionais?
São conflitos, alimentados e repetidos ao longo de muitas gerações.

IULHO . AGOSTO . SETEMBRO zoz4 ltçõrs sÍsrrcas . PRoFESSoR 59


^,.,

LIÇAO 9
t de Setembro de zozt,

t.í,^

ffii T__

ACONSPIRAçÃO DE HM
CONTRA OS IUDEUS

TE}CNO AUREO VERDADE PRÁTICA


"E odiados de todos sereÍs Quando nos tornamos
por causa do meu nome; mas agraddveis ao mundo é sinal
aquele que perseverar até ao de que nosso fidelidade a Deus
Íim será salvo." (Mt rc.zz) está em crise.

LEITURA DIARIA
Segunda - Ef 6.9; r Pe 5.zrl Quinta - Et 4.314
Devemos agir com serenidade em Luto, jejum, choro e lamentação
qualquer área de liderança diante da ameaça de Hamã
Terça - Et 3.6 Sexta - Dn 6.to1 Ef 6.181 r Ts 5.r7
Hamã planeja destruir os judeus A importância da oração para
de todo o reino de Assuero suportar as intempéries do mundo
Quarta - Gn 6.tt-t3; z Tm 3.1-4 Sábado - Zc 14.4-9; Rm tt.z6lAp r.z
A motivação de Hamã para )esus, o Messias, salvará Israel,
a violência remonta tempos quando de sua conversão nacional
longínquos

6O uçÕrs sÍslrcas - PRoFESsoR IULHO . AGOSTO . SETEMBRO zoz4


LEITURA BÍBLICA EM CLASSE

Ester 3.7-11; 4.1-4


Ester 3 Ester {
Z - No primeíro mês (que é o mês de nisã), t- Quando Mardoqueu soube tudo quanto
no ano duodécimo do rei Assuero, se lançou se havia passado, rasgou Mardoqueu
Pur, Ísto é, a sorte, perante Ham\ de dia os suos vestes, e vestiu-se de um pano
em dia e de mês em mês, até ao duodé- de saco com cinza, e saiu pelo meio da
cimo mês, que é o mês de adar. cidade, e clamou com grande e amargo
8 - E Hamã disse ao rei Assuero: Existe clamor;
espalhado e dividido entre os povos em z- e chegou até diante da porta do rei;
todas as províncias do teu reino um povo porque ninguém vestido de pano de saco
cujas leis são diferentes das leis de todos podia entrar pelas portas do rei.
os povos e que não cumpre as leis do rei; I - E em todos os províncias aonde a
pelo que não convém ao rei deixá-lo ficar. palavra do reí e a sua lei chegavam havía
9 - Se bem parecer ao rei, escreva-se que entre os judeus grande luto, com jejum,
os matem; e eu porei nas mãos dos que e choro, e lamentação; e muitos estavam
fizerem a obra dez mil talentos de prata, deitados em pano de saco e em cinza.
para que entrem nos tesouros do rei. 4 - Então, vieram as moças de Ester e
10 - Então,tirou o rei o anel da sua mão e os seus eunucos e fizeram-lhe saber,
o deu a Hamã, filho de Hamedata, agagita, com o que a rainha muito se doeu; e
adversário dos judeus. mandou vestes para vestir a Mardoqueu
11 - E disse o reí a Hamõ: Essa prata te é e tírar-lhe o seu cilício; porém ele não
dada, como também esse povo,para faze- as aceitou.
res dele o que bem parecer aos teus olhos.

IS Hinos Sugeridos: 77, 53L, 5TB da Harpa Cristã

PLANODEAULA
r. INIRODUçÃO 2. APRESET.ITAçÃO DA tIçÃO
A lição de hoje nos auxilia a re- A) Obietivos da Lição: I) Explicar
fletir a respeito de um tema muito o plano odioso de Hamã; II) Desta-
atual: o Antissemitismo. Nela, es- car a tristeza de Mardoqueu, dos ju-
tudaremos o plano odioso de Hamã deus e de Ester; III) Apontar o peri-
em exterminar todos os judeus do go e a crueldade do Antissemitismo
reino persa. A causa desse intento Moderno.
de Hamã se revela de caráter pesso- B) Motiva$o: Como reflexão a
al, mas que atinge toda uma nação. respeito do perigo do Antissemitis-
A história bíblica que estudaremos mo no meio cristão, leia atentamente
nos revela como é antiga a campa- o seguinte trecho: ttO Holocausto não
nha de ódio contra o povo judeu. começou com Hitler enfileirando os

IULHO . AGOSTO . SETEMBRO zoztr rrçÕEs sÍslrcas . PRoFESSoR 6t


judeus para a câmara de gás; ele co- ele reconheça |esus como o Messias.
meçou com líderes religiosos plantan- Isso não significa fechar os olhos para
do as sementes de ódio contra o povo seus erros. Contudo, nos impulsiona a
judeu em suas congregações. Hitler ci- repelir mentiras e narrativas constru-
tava a Bíblia, capítulo e versículo, para ídas a fim de reputar o Estado de Israel
justificar o seu ataque aosjudeus" (Em como algoz quando desde sempre é o
Defesa de lsrael, CPAD, p.4o). alvo do Terrorismo sistemático.
C) Sugestão de Método: Para
complementar a exposição do tercei- 4. suBsÍpto Ao PRoFEssoR
ro tópico, faça uma pesquisa em sites
A) Revista Ensinador Cristão.
Vale a pena conhecer essa revista
ou liwos especializados a respeito do
que traz reportagens, artigos, €tr-
Holocausto, dos pogroms (ataques
trevistas e subsídios de apoio à fi-
violentos contra judeus na Rússia e
Ucrânia). Busque imagens da época, ções Bíblicas Adultos. Na edição 98,
p.4o, você encontrará um subsídio
depoimentos de sobreviventes, por
especial para esta lição.
meio de entrevistas ou biografias, de
B) Auxílios Especiais: Ao final
modo que crie e desenvohn uma pers-
do tópico, você encontrará auxílios
pectiva clara da graüdade e das con-
que darão suporte na preparação de
sequências da tolerância de ataques
sua aula: 1) O texto ttProcurou des-
antissemitas ao povo judeu. Apresente
essas imagens ou depoimentos à me-
truir todos os judeus", localizado
depois do primeiro tópico, aprofun-
dida que você exponha o tópico.
da mais sobre o ódio de Hamã con-
3. coNcrusÃo DA rrçÃo tra os judeus; z) O texto "É possível
A) §lica$o: A história do ódio um cristão ser antissemih?", ao fi-
de Hamã contra os judeus deve ser- nal do terceiro tópico, aprofunda a
ür de alerta contra o Antissemitismo reflexão a respeito do antissemitis-
Moderno. Como evangélicos, ama- mo moderno no mundo, bem como
mos o povo judeu e oramos para que no meio cristão.

COMENTARIO

rr{TRoDUçÃO I- O PLANO ODIOSO DE


Na lição anterior, vimos que HAMÃ
Mardoqueu não se inclinava 1. Intrigas e patologias
nem se prostrava diante de do poder. A conduta de
Hamã. Nesta lição, estuda- Palavra-Chave Mardoqueu incomodou aos
remos a respeito do plano Conspiração demais servos do rei. Eles
de Hamã para exterminar o questionavam todos os
todos os judeus do reino da dias: ttPorque traspassas
Pérsia. Veremos, também, o mandado do rei?" (Et fi).
como o povo judeu tem sido Mardoqueu disse apenas que
perseguido ao longo de toda a história. era judeu. Incomodados, seus con-
Israel sobrevive pela providência divina. servos foram denunciá-lo a Hamã para

6Z lrçÕrs sÍnlrcas . PRoFEssoR IULHo ' AGOSTO . SETEMBRO zoz4


verem se Mardoqueu continuaria com que Assuero concordou com Hamã
a mesma postura. Pelo visto não era sem questionar de que povo tratava.
um zelo sincero pela palavra do rei. Simplesmente tirou seu anel e o deu
Pareceu mais uma tentativa de jogar a Hamã, â quem coube definir os ter-
lenha na Íogueira. Invejas e intrigas mos da carta a ser enviada a todas as
costumam reinar em todo o tipo de províncias, assinada em nome do rei
grupo social. Hamã ficou furioso e (Et l.to-12). Nesse episódio, Assuero
reagiu de maneira absolutamente des- mostrou-se facilmente manipulável.
proporcional. Revelando uma persona- Hamã soube apelar para o seu ego.
lidade doentia, planejou o extermínio Liderar requer prudência e sabedoria
de todos os judeus (Et 1.4-6).Quem para identificar desavenças pessoais
exerce autoridade, em qualquer área disfarçadas de motivações, aparente-
da vida, precisa agir com serenidade, mente, nobres.
sabendo que todos temos um Senhor
nos céus (Ef.6.9; r Pe 5.2J). Abuso de
poder leva à queda (Pv 16.18).
2. Aextensão do plano. O Império
Persa abrangia todo o Antigo Oriente SINOPSE I
Próximo, desde o rio Indo, trâ Índia O plano odioso de Hamã con-
(hoje no Paquistão) até o Mediterrâ- tra os judeus revela astúcia e
neo Oriental. tncluía parte do Norte oportunismo.
da Africa, até a Etiópia, e se estendia
para além do mar Egeu (até a Trácia,
na Europa; parte da atual Turquia,
Grécia e Bulgária). Em linha reta, de
um extremo a outro, eram mais de 4
mil quilômetros. Em todo esse ter- AUXÍIIO BIBLIOLÓGICO
ritório havia inúmeras comunidades
((PROCUROU
judaicas. Hamã planejou a destruição DESTRUIR
dos judeus de todo o reino de Assuero TODOS OS IUDEUS
(Et 1.6). Isso incluía até os que haviam Hamã, o primeiro-ministro da
retornado para ferusalém. Pérsia, é a primeira figura política
3. Astúcia e oportunismo. Hamã na Bíblia a idealizar um plano si-
convenceu Assuero escondendo sua nistro para, em sua esfera de in-
verdadeira motivaÇão, que era pessoal. fluência e autoridade, exterminar
Disse que havia um povo no reino que todos os judeus. Este plano de ge-
tinha leis diferentes e não cumpria nocídio (isto é, um esforço siste-
as leis do rei. Por isso, convinha que mático de matar todas as pessoas
fosse exterminado (Et 1.8). Se Assuero de um grupo étnico, nacional ou
decretasse a morte desse povo, Hamã religioso) contra a raça dos judeus
entregaria to mil talentos de pratas se compara ao plano de Antíoco
(cerca 35o toneladas) para o tesouro Epifânio, no século II a.C (veja Dn
real, o equivalente a dois terços da 11.28, nota), aos perversos planos
renda anual do Império Persa (Et 3.9). de Adolf Hitler, na Europa do sécu-
O texto bíblico nos permite entender

IULHO . AGOSTO . SETEMBRO 2o2t, rrçÕEs sÍnrrcas . PRoFESSoR 6l


no texto que preparou. Não há registro
lo )O(, e às intenções do anticristo, de levante algum dos judeus durante
que procurará destruir todos os ju- o Império Persa. Mesmo assim, todos
deus e cristãos no fim da história corriam o risco de serem vítimas da
[. .. J. perversidade de Hamã. Iniciada por
[...J Ao dar a sua lei a Israel, Caim, a violência apavora a humanidade
um dos propósitos de Deus foi tor- em todos os tempos, €, infelizmente,
nar o seu povo diferente de todos cresce a cada dia (Gn 6.tt-t3;2 Tm 3.r-4).
os outros. Hamã reconheceu algo z. Bebida, confusão e tristeza. O
singular nos judeus e os odiou por
Império Persa tinha um sistema de
isso. Sob o novo concerto (o plano
correios muito eficiente, principal-
de Deus de salvação espiritual por
mente em função da estrada real, que
meio da üda e do sacrifício de Iesus
ia de Susã a Sardes, na província da
Cristo), Deus ainda quer que o seu
povo seja separado e positivamente
Lídia (hoje território turco). Depois
das cartas enviadas a cada província,
distinto de toda a iniquidade e im-
piedade do mundo. Ele deseja que Assuero e Hamã puseram-se a beber.
Os moradores de Susã, contudo, ficaram
eles sejam um povo santo e puro,
que pertence a Ele (cf. rPe 2.9). confusos, certamente por não enten-
Como na época de Ester, o mundo derem a repentina e esdrúxula ordem
de hoje ainda odeia o povo de Deus do rei. Mardoqueu entrou em profunda
porque eles são diferentes (cf. Io tristeza. Rasgando suas vestes, vestiu-se
15.t8 -25). O seu caráter piedoso e o de pano de saco com cinza e saiu pela
seu comportamento estão em com- cidade ttclamando em alta voz e soltando
pleto contraste com o modo de vida gritos de amargura" (Et 4.r NAA).
e os costumes aceitos pela maioria Ester ficou muito aflita. À medida que
das pessoas do mundo" (Bíblia de as cartas chegavam às províncias, a
Estudo Pentecostal: Edição Glo- reação era a mesma. Havia um clima de
bal. Rio de |aneiro: CPAD, 2oo4, pp. luto, com jejum, choro e lamentação (Et
818 -4o). 43,4).Só Deus pode frear a impetuosa
maldade humana (Sl 22.28; Rm t.t8-2o;
Ap tg.rr-ró).
3. Crise e clamor. O decreto de
Assuero tirou a tranquilidade de todos
II-ATRISTEZADE os judeus e os levou a buscar o socorro
MARDOQUEU, DOS IUDEUS E divino (Et 43).Se, de um lado, havia
DE ESTER a Íé e a bravura dos 5o mil judeus que
1. O pavor da violência. No dia defi- foram a |erusalém para reedificá-la,
nido para a morte dos judeus, ninguém liderados por Zorobabel (Ed 2.1e,64-
deveria ser poupado. A ordem expressa 7o), de outro lado havia a aparente
era ttque destruíssem, matassem e tranquilidade dos que decidiram ficar
lançassem a perder a todos os judeus em suas próprias habitações, por todo
desde o moço até ao velho, crianças e o Império Persa. Mesmo dentre os que
mulheres, em um mesmo dia", e que foram a ferusalém, muitos se dedicaram
todos os seus bens fossem saqueados a construir casas luxuosas, dando pouco
(Et l.t3). Hamã destilou todo o seu ódio valor à reconstrução do Templo, como

64 uçÕrs sÍslrcas . PRoFEssoR IULHO . AGOSTO . SETEMBRO 2024


denunciam os profetas pós-exílicos
Ageu e Zacarias (AS t.gi Zc 8.9-t3).
II
Agora, todos corriam o risco de ser O que os inimigos de Israel
exterminados. Por güe, muitas vezes,
querem não é um acordo
precisamos experimentar crises para
buscar a Deus de todo o coração (Is 55.6)? que lhes garanta um lugar
O correto é fazer como Daniel, gu€ orava para viver. Sua verdadeira
em todo tempo (Dn 6.10). Somente com causaéoextermíniodo
uma vida de oração constante, €ffi casa
Estado de Israel. "
e no templo, podemos vencer o mal (Ef
6.t8; r Ts 5.r7).

SINOPSE II III (146 8-tS4g). O objetivo principal era


combater o que chamavam de tthere-
O plano odioso de Hamã trouxe
sia judaica". Milhões de judeus foram
tristeza e medo ao povo judeu.
espoliados, torturados, execrados e
mortos por não aderirem ao catolicismo
e por questões econômicas e políticas.
A primeira ordem de confinamento de
judeus em guetos não foi de Adolf Hitler,
UI OPERIGOEACRUEL- no século XX. Foi do papa Paulo IV, em
DADE I)o AT.ITISSEMITISMO 1555, e atingiu todos os Estados papais

MODERNO por mais de 3oo anos.


antissemitismo. De forma
1. Faces do
2. Antissemitismo nacionalista
prática, antissemitismo é hostilidade racial. O aspecto nacionalista pode
e
sistemática contra os judeus. É possível
ser visto no século XIX e no início
do século XX, na Ucrânia e na Rús-
verificar, ao longo da história, três fa-
sia, através dos chamados pogroms,
ces de expressão desse ódio obstinado:
violentos ataques físicos indiscri-
antissemitismo religioso, nacionalista
minados aos judeus. A prosperidade
e racial. No aspecto religioso, desta-
dos judeus causava ódio, alimentado
cam-se as perseguições, como a do por teorias de conspiração. O povo
século XIV, quando os judeus foram judeu era apontado como culpado
acusados de serem os responsáveis pela pelas crises econômicas de países do
peste negra, que assolou a Europa em Leste Europeu, levando-os a reagir
r349.Também durante a Idade Média, violentamente contra as comunidades
sofreram intensa perseguição pela judaicas. Durante a Segunda Guerra
Inquisição, principalmente a partir de Mundial (tgtg-1945), Adolf Hitler
LtrT9, na Espanha, por ordem do papa protagonizou o antissemitismo racial,
Sisto IV (141 4-1484), e partir de 1536, ao proclamar a superioridade da raça
em Portugal, pela instituição oficial do ariana. O Holocausto exterminou 6
Tribunal do Santo Ofício pelo papa Paulo milhões de judeus em toda a Europa.

IULHO . AGOSTO . SETEMBRO zoz4, lrçõrs sÍsI,rcas . PRoFESsoR 65


3. Antissemitismo hoje. A criação do
judaica, pois fizeram isso, então o
Estado de Israel, em 1948, não garantiu
paz aos judeus. O país vive em estado de
ódio se torna moderno, e o antis-
alerta em função de ataques terroristas
semitismo se torna uma virtude
internos e externos, feitos em nome de
cristã. Como eu disse anterior-
mente, uffi cristão antissemita é
uma causa palestina. O mais brutal da
história recente ocorreu em outubro um paradoxo. Um antissemita,
neste contexto, é um cristão mor-
de zoz3. Cinco grupos palestinos ar-
mados uniram-se ao Hamas, e, partir
to cujo ódio estrangulou a sua f.é.
Como um camaleão, o antisemi-
da Faixa de Gaza, atacaram Israel por
tismo pode mascarar-se, alterna-
âr, terra e mar, cometendo barbáries
damente, como "fazer a vontade
inimagináveis contra civis e deixando
de Deus", ou como uma ideologia
cerca de mil e duzentos mortos, além
política.
de levar cerca de mais de zoo pessoas
Se |esus puder ser separado de
reféns. Depois disso, os casos de an-
suas raízes judaicas, então os cris-
tissemitismo aumentaram em várias
partes do mundo. O que os inimigos tãos podem continuar a louvar os
judeus mortos do passado (Abraão,
de Israel querem não é um acordo que
Isaque e Iacó) enquanto desprezam
lhes garanta um lugar para viver. Sua
os Goldberg do outro lado da rua.
verdadeira causa é o extermínio do
Mas quando você encara correta-
Estado de Israel. Só lesus, o Messias,
mente o povo judeu como a família
salvará Israel, quando de sua conversão
do nosso Senhor, eles se tornam a
nacional (Is 11.10 -t6; Ez 37.t2-L4; Zc tz;
nossa família ampliada, a quem re-
13; L4.4-9; Rm 1t.26; Ap r.7).
cebemos a ordem de amar incondi-
cionalmente.
Adolf Hitler reconheceu que
precisava destruir as raízes judaicas
de )esus na mente do povo alemão.
SINOPSE III Da sua mente doentia veio a Regra
O Antissemitismo Moderno é Mischlinge, que definia legalmente
perigoso e cruel. um judeu como alguém que tives-
se o pai e a mãe judeus. Hitler f.ez
isso por dois motivos. Primeiro, ele
tinha que absolver )esus por ser ju-
deu, reconhecendo que Ele nascera
exclusivamente da Virgem Maria.
AUXÍLIO Os valentões nazistas jamais teriam
assassinado entusiasticamente seis
HISTÓNTCO{EOLOGICO milhões de parentes do nosso Se-
nhor. Segundo, Hitler temia ser
É PossÍvEr uM cRrsrÃo sER parcialmente judeu" (HAGEE, fohn.
AI{TISSEMITA?
ttÉ essencial para os antisse- Em Defesa de Israel. Rio de Ianeiro:
CPAD, 2oog, pp.1o9-1o).
mitas separar Iesus de sua origem

66 rrçÕrs eÍstrcas . PRoFESsoR IULHO . AGOSTO . SETEMBRO zo2/+


CONCTUSÃO atos de defesa israelenses, pintando o
O antissemitismo não se revela país como o vilão da história. A des-
apenas através de atos hostis, mas peito dos pecados dos judeus, Deus tem
também de apoio aberto ou posturas um plano com Israel e vai restaurá-lo
complacentes aos inimigos de Israel, quando, arrependido, aceitar o Messias
como os grupos terroristas, ou, ainda, (Rm tl.25i2)."lOremos] pela paz de
por meio de críticas sistemáticas aos |erusalém!" (Sl 122.6).

Anotações do Professor

REVISAIVDO O CONTEUDO

t. Qual era o plano de Hamã e sua extensão?


Hamã planejou a destruição dos judeus de todo o reino de Assuero (Et 3.6).
Isso incluía até os que haviam retornado para ]erusalém.
2. Como Hamã fez para obter a ordem do rei contra os judeus?
Hamã convenceu Assuero escondendo sua verdadeira motivação, guê era
pessoal. Disse que havia um povo no reino que tinha leis diferentes e não
cumpria as leis do rei. Por isso, convinha que fosse exterminado (Et f.8).
3. Qual a reação dos judeus diante da notícia de extermínio?
O decreto de Assuero tirou a tranquilidade de todos os judeus e os levou a
buscar o socorro divino (Et 4.3).
4. O que é o antissemitismo e quais são as suas faces?
De forma prática, antissemitismo é hostilidade sistemática contra os ju-
deus.
5. Cite três exemplos de práticas antissemitas.
É possível verificar, ao longo da história, três faces de expressão desse ódio
obstinado: antissemitismo religioso, nacionalista e racial.

IULHO . AGOSTO . SETEMBRO 2ozlt rtçÕrs nÍslrcas . PRoFEssoR 6Z


^,
LIÇAO 10
B de Seternbro de zoz4
Dia Nacional de Missões

Í.
F'

O PLAI§O DE LIVMENTO
E O PAPEL DE ESTER

TExro Áunno
IYERDADE PRÁTICA
"Porque desde a antíguidade
A
não se ouviu, nem com ouvidos E nos momentos dramáticos da
se percebeu, nem com os olhos vida que mais aprendemos a
se viu um Deus além de ti, que confiar em Deus e a depender
trabalhe para aquele que nele dEle realmente.
espera." (ls 64.4)

LEITURA DIARIA
Segunda - Et 1.1-5 Quinta - Et 4.r4
Ester envia Hataque para Se o livramento divino não
perguntar o que se passava com chegasse por intermédio de Ester,
Mardoqueu chegaria por outro meio
Terça - Nm tz.3-to; Êx z3.zz; Sl 5.tt Sexta - r Sm 25.t8-35; Pv tg.z
O favor de Deus em livrar seus A rainha Ester agiu com a sabedoria
servos dos infortúnios de outras mulheres na Bíblia
Quarta - Et 4.r3 Sábado - Et j.2r3
Se Ester não agisse nem ela O rei Assuero viu Ester e estendeu
mesma seria poupada o seu cetro, disposto a atender-lhe
\
68 lrçõEs sÍsrrcas . PRoFESSoR IULHO . AGOSTO . SETEMBRO 2o2l,t
LEITURA gÍgLICA EM CLASSE
Ester 4.5-17; 5.!-317 r8
Ester { vird para os judeus, mos tu e a casa de teu
5- Então, Ester chamou a Hataque (um pai perecereis; e quem sabe se para tal
dos eunucos do rei, que este tinha posto na tempo como este chegaste a este reíno?
presença dela) e deu-lhe mandado para t5 - Então, disse Ester que tornoss em a
Mardoqueu, para saber que era aquilo dizer a Mardoqueu:
e para quê. t6 - Vai, e ajunta todos os judeus que se
6 - E, saindo Hataque a Mardoqueu, à acharem em Sus ã, e jejuai por mim, e não
praça da cidade que estava diante da comais nem bebais por três dias, nem de
porta do rei, dia nem de noite, e eu e as minhas moças
7 - Mardoqueulhe fez saber tudo quanto também ossím jejuaremos; e assim irei
lhe tinha sucedido, como também a oferta ter com o rei, ainda que não é segundo a
da prata que Hamã dissera que daria para lei; e, perecendo, pereço.
os tesouros do rei pelos judeus, para os t7 - Então, Mardoqueu foi e fez conforme
lançar a perder. tudo quanto Ester lhe ordenou.
8 - Também lhe deu a cópia da lei escrita
que se publicara em Sus ã para os destruir, Ester 5
para a mostrar a Ester, e lha fazer saber, e r - Sucedeu, pois, euê, ao terceiro dia,
para lhe ordenar que fosse ter com o rei, e Ester se vestiu de suos vestes reais e se pôs
lhe pedisse, e suplicasse na sua presença no pátio interior da casa do rei, defronte
pelo seu povo. do aposento do rei; e o rei estava assen-
g - Veio,pois,Hataque e fez saber aâster tado sobre o seu trono real, na casa real,
as palavras de Mardoqueu. defronte da porta do aposento.
10 - Então, disse Ester a Hataque e man- z - E sucedeu que, vendo o rei a rainha
dou-lhe dizer a Mardoqueu: Ester, que estava no pátio, ela alcançou
tl - Todos os servos do rei e o povo das graça aos seus olhos; e o rei apontou para
províncias do rei bem sabem que para Ester com o cetro de ouro, euê tínha na
todo homem ou mulher que entrar ao reí, suo mão, e Ester chegou e tocou a ponta
no pátio interior, sem ser chamado, não do cetro.
há senão uma sentença, a de morte, salvo 3 - Então, o rei lhe disse: Que é o que tens,
se o rei estender para ele o cetro de ouro, rainha Ester, ou qual é a tua petição? Até
para que viva; e eu, nestes trinta dias, não metade do reino se te dará.
sou chamada para entrar ao rei. 7 - Então, respondeu Ester e disse: Minha
t2 - E fizeram saber a Mardoqueu as petição e requerimento é:
palavras de Ester. 8 - se achei graça aos olhos do rei, e se
13 - Então, dÍsse Mardoqueu que tor- bem parecer ao rei conceder-me a minha
nassem a dizer a Ester: Nôo imagínes, petição e outorgar-me o meu requerimen-
em teu ânimo, que escaparás na casa do to, venha o rei com Hamã ao banquete
rei, mais do que todos os outros judeus. gue lhes hei de preparar, e amanhã farei
t1 - Porque, se de todo te calares neste conforme o mandado do rei.
tempo, socorro e livramento doutra parte

IULHO . AGOSTO . SETEMBRO zoz4 r,lçõEs eÍglrcas . PRoFESSoR 6g


IS Hinos Sugeridos: 3Tz, 432, 4Tj da Harpa Cristã

PLANO DEAULA
I

1. IMfnoouçÃo e calcular o custo de uma decisão; z)


Deus concedeu um grande li- Estabelecer prioridades; l) Se prepa-
vramento ao povo judeu diante das rar para tomada de decisão; ü Em
artimanhas de Hamã. Esta lição consagração, determinar o curso da
apresenta todo o processo de pre- ação e prosseguir com confiança. Ati-
paração para o grande livramento, tudes Negativas: r) Agir por insünto;
desde o plano de Mardoqueu, o con- z) Abraçar todas as ideias mirabo-
vencimento de Ester, bem como seu lantes; 3) Tomar decisão de maneira
preparo para se colocar diante do despreparada i il Se mostrar instável
rei para rogar o livramento do povo. e sem confiança. Finaltze, mostrando
Esta lição mostra como Deus atuou que a rainha Ester nos ensina a tomar
por meio desses personagens para atitudes positivas diante de grandes
providenciar socorro ao seu povo. dilemas na vida na presença de Deus.
Assim, o plano de Hamã não pros-
peraria diante da providência divina. 3. CoNCLUSÃO DA tIçÃO
A) Aplicação: Diante dos contex-
2. APRESET{TAçÃO DA rrçÃO tos difíceis, devemos nos preparar em
A) Obietivos da Lição: I) Relatar Deus, confiar nEle e agir confiante-
o plano de Mardoqueu e o temor de mente de acordo com a direção que
Ester; II) Considerar o processo de Ele nos dá. O Espírito Santo é o nosso
convencimento de Ester por Mar- Ajudador e está pronto a nos auxiliar.
doqueu; III) Dernonstrar o plano de
Ester diante do rei Assuero. 4. suBsÍoto Ao PR0FESS0R
B) Motirnção: A atitude corajosa
A) Revista Ensinador Cristão.
Vale a pena conhecer essa revista
de Ester nos permite refletir como de-
que ttaz reportagens, artigos, €tr-
vemos aglr em situações difíceis e até
trevistas e subsídios de apoio à fi-
mesmo perigosa. O exemplo de Ester
Na edição 98,
ções Bíblicas Adultos.
nos convida em, no lugar de se apa-
p.4L, você encontrurá um subsídio
vorar, tomar uma atitude de confian-
especial para esta lição.
ça, buscando sempre a direção divina B) Auxflios Especiais: Ao final
para atravessar os grandes desafios.
do tópico, você encontrará auxílios
C) Sugestão de Método: Para con-
que darão suporte na preparação de
cluir a lição, sugerimos que você re-
sua aula: 1) O texto ttConfiando em
flita com a classe a respeito da seção
Deus para agir", localizado depois
MotivaÇão, logo acima. Mostre aos
do primeiro tópico, aprofunda mais
alunos quatro atitudes negativas e
a respeito da decisão de Mardoqueu
quatro positivas que podemos tomar
e Ester; z) O texto ttA decisão de
diante de um contexto difícil e, até
Ester", âo final do terceiro tópico,
mesmo, perigoso. Atitudes positi-
aprofunda a reflexão a respeito do
t) Em oração, conscientizar-se
vas:
preparo para se dirigir ao rei.

70 lrçÕEs sÍslrcas . PRoFEssoR IULHO . AGOSTO . SETEMBRO 2o2/,,


COMENTARIO

INTRODUçÃO Hamã, enviando-lhe, inclusive, uma


Nesta lição estudaremos as atitudes cópia do decreto de Assuero. Ele pediu
de Mardoqueu e Ester em favor de todo que ela fosse ao rei e suplicasse pelos
o povo judeu. O decreto do rei judeus. Mas havia um grande
estava assinado. A ordem de obstáculo. Ester respondeu a
extermínio havia chegado a Mardoqueu lembrando-lhe
todas as províncias. O dia Palavra-Chave da lei que não permitia que
da matança estava definido. Livromento qualquer pessoa, homem ou
Era preciso clamar a Deus e mulher, fosse ao interior do
agir sob sua direção. palácio sem ser chamada
pelo rei. A sentença era a
morte, salvo se o rei estendesse
I O PERIGOSO PLANO E o cetro de ouro. Acredita-se que
O TEMOR DE ESTER essa rigorosa norma existia porque os
1. Lamento, choro e compadeci- reis temiam ser vítimas de conspira-
mento. Mardoqueu não escondeu seu ções, como ocorreu com muitos deles,
abatimento. O quadro trágico produziu ao longo da história, mortos no trono.
nele um profundo lamento. Do pa- J. Autoritarismo e morte. O que
Iácio, Ester soube da crítica situação Assuero temia lhe sobreveio. Foi assas-
do primo e compadeceu-se, mas não sinado por um dos oficiais do palácio em
sabia os motivos. Sua atitude foi enviar 465 a.C., oito anos depois dos episódios
roupas para vestir Mardoqueu, que as narrados no livro de Ester. Dois de seus
recusou. Ester precisava saber o que guardas, aliás, já haviam tramado sua
estava acontecendo de tão grave. Então, morte anos antes (Et f .21). Decisões
enviou Hataque, um dos eunucos, para autoritárias produzem muitos inimigos.
perguntar a Mardoqueu porque agia É muito comum ditadores terem mortes
daquele jeito (Et 4.1-5). Mardoqueu trágicas, por vezes nas mãos de seus
não estava apenas querendo chamar ex-súditos, como aconteceu na história
a atenção de Ester. Seus sentimentos recente com o ditador líbio Muammar
eram sinceros, assim como de todos os Gaddafi (tg+z-zorl). A mansidão nos
judeus das províncias, diante da ordem livra de muitos infortúnios (Pv 15.1). E
de matança emitida pelo rei. Mas tam- quando atacados, Deus é a nossa defesa
bém era preciso que a rainha soubesse (Nm 12.3-to; Êx 23.22; Sl 5.1r).
de tudo que se passava. Compartilhar
nossos sentimentos, com as pessoas
certas, é necessário e nos faz bem (Rm
12.15). Em um momento de profunda
agonia, fesus abriu o coração e rogou SINOPSE I
aos seus discípulos que não o deixassem ir ao palácio
Não era simples e
só (lvtt z6J6-38).
interceder ao rei pelo povo judeu.
2. Um obstáculo real. Por intermédio
de Hataque, Mardoqueu deixou Ester
informada de todo o ardiloso plano de

IULHO . AGOSTO . SETEMBRO zozr,, uçÕrs sÍslrces . PRoFESSoR 7l


chamada por Assuero. Mardoqueu não se
AUXÍLIO VIDA CRISTÃ
contentou com a resposta de Ester. Pediu
que dissessem a ela que não confiasse
CONFTANDO EM DEUS
PARA AGIR
em sua posiÇão, por estar no palácio,
ttEmbora Ester fosse a rainha e pois a ordem real era o extermínio de
compartilhasse alguns dos pode- todos os judeus, sem exceção (Et 4.13).
Se Ester não se dispusesse a interceder
res do rei e suas riquezas, ela ainda
precisava da proteção de Deus e de
junto ao rei, Mardoqueu confiava que
sabedoria. Ninguém está seguro em a providência divina se manifestaria
suas próprias forças em qualquer de outra forma. A expressão ttsocorro
sistema político. É tolice acreditar e livramento doutra parte virá" revela
que riqueza ou posição pode nos que Mardoqueu confiava em Deus, acima
proteger contra o perigo. O livra- de tudo (Et 4.r4).Quando supervalori-
mento vem apenas de Deus. zamos pessoas, por mais importantes
Após ter sido expedido o decreto que sejam, nos esquecendo que nosso
para matar os judeus, Mardoqueu e socorro vem de Deus, fazemos delas
Ester poderiam ter se desesperado, nossos ídolos (SI rzr.\2). Deus abomina
decidindo salvar apenas a si pró- todo o tipo de idolatria (Ir tT.5).
prios, ou ter somente aguardado 2. Primeiro Deus, depois o homem.
uma intewenção de Deus. Ao con- Ester convenceu-se de que precisaria
trário, eles viram que Deus os havia agir. Antes de tudo, porém, era preciso
colocado em suas posições com um clamar a Deus, para que a dirigisse e lhe
propósito, para que eles aproveitas- desse graça diante do rei. Em sua res-
sem o momento certo e agissem. posta a Mardoqueu, pediu que ajuntasse
Quando estiver ao nosso alcance todos os judeus de Susã e jejuassem por
salvar as pessoas, precisamos fazê- ela durante três dias. Ela faria o mesmo
-lo. Em uma situação onde a vida é junto com as moças que a assistiam no
ameaçada, não se acovarde, não se palácio (Et 4.16). Equilíbrio e prudência
comporte de forma egoísta, não es- espiritual nos fazem entender o tempo
pere que Deus faça todas as coisas. e o lugar de Deus e o nosso no cotidiano
Ao invés disso, peça direção a Deus da vida. Antes de Ester procurar o rei,
e aja! Deus pode tê-lo colocado na os judeus deveriam buscar a Deus. Uma
posição em que você se encontra triste característica de nossos dias são
apenas tpara tal tempo como este?"' o secularismo e o materialismo (Lc
(Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal. r8.8). Inspirados no ateísmo, rejeitam
Rio de Ianeiro: CPAD, 2oo4, p.691). e negam as realidades espirituais e
veem o homem como o senhor de sua
existência e de seu destino; como a
medida de todas as coisas. Autocon-
II - MARDOQUEU fiança e soberba humana são de origem
COI{VENCE ESTER maligna (Tg 4.t3-t6).
1. Confiando na providência divi- 3. Confiar em Deus não é tentá-lo.
na. Ester apresentou a Mardoqueu sua Ester confiava em Deus, mas não agiu de
impossibilidade de dirigir-se ao rei. forma a tentá-lo (Mt 4.5-T). Através do
Nos últimos 30 dias ela não havia sido jejum, os judeus pediam a intervenção

72 rrçõEs sÍsrrcas . PRoFESSoR IULHO . AGOSTO . SETEMBRO zoz4


divina para que o rei aceitasse a presença 2. Estendendo o cetro. Assentado em
de Ester e ela alcançasse o que pretendia. seu trono, Assuero viu Ester e estendeu
Todavia, isso poderia não acontecer. Por para ela seu cetro de ouro (Et 5.2). Deve
isso, mesmo confiando, Ester estava ter sido um grande alívio para a cora-
disposta a morrer: ttperecendo, pereço" josa judia. Ela se aproximou e tocou a
(Et 4.16). Décadas antes, na Babilônia, ponta do cetro, cumprindo o protocolo
três outros judeus haviam demonstrado legal. Como era incomum alguém se
a mesma fé e disposição (Dn 3.16-18). apresentar diante do rei sem ter sido
Em nossos dias são difundidas crenças chamado, Assuero logo perguntou o que
errôneas que acreditam ser possível estava acontecendo: ttQue é o que tens,
mandar em Deus e pô-lo ttna parede". A rainha Ester, ou qual é a tua petição?
soberania divina não pode ser desafiada Até metade do reino se te dará" (Et
por ninguém (Ió z.g,to). 5J). A disposição de vontade do rei foi
manifestada com o uso de uma frase
que era comum nessas ocasiões, mas
gu€, segundo estudiosos, não se inter-
pretava de forma literal. Herodes usou
SINOPSE II essa mesma expressão (Mc 6.zt-23).
Antes de se dirigir ao rei, Ester 3. Em sintonia com Deus. As cir-
conclamou um jejum pela causa. cunstâncias narradas no livro de Ester
nos permitem dizer que ela, em seu
coração, estava em plena sintonia com
Deus. Mesmo o rei se prontificando
III O PLANO: ESTER ENTRA imediatamente a atendê-la, Ester agiu
com cautela. Apenas o convidou para um
A PRESENçA DO REI E PROPÕE
banquete, junto com Hamã. Na ocasião,
UM BAI{QUETE
o rei renovou sua disposição em aten-
1. Prudência, preparação e ação. Ao
der a qualquer pedido de Ester. Era a
decidir entrar à presença de Assuero,
segunda oportunidade, mas ainda não
Ester estava sujeita a qualquer reação
era o momento adequado. Ester convida
dele quando a visse: vida ou morte. Era
Assuero e Hamã, para outro banquete, no
um grande desafio. Por isso, Ester se
dia seguinte, quando faria seu pedido.
preparou espiritual, emocional e fisi-
Uma noite decisiva mudaria o curso
camente: depois de três dias de jejum,
da história. Os desígnios de Deus são
pôs sua veste real e foi ao pátio interior
perfeitos. A providência divina estava
da casa do rei, diante do salão onde
guiando Ester em todos os detalhes.
ficava o trono (Et S.t). Sua conduta nos
ensina como devemos ser precavidos
para tomar atitudes importantes, que
podem impactar nosso futuro (Pv 19.2).
Mulheres sábias, como Ester e Abigail, SINOPSE III
conseguem resolver grandes problemas
Ester teve prudência, preparou-
e evitar muitas tragédias (r Sm 25.t8-
-se e agiu para se dirigir ao rei.
3,il.Por outro lado, imprudências e
precipitações podem levar a prejuízos
irreparáveis (Pv r4.r).

IULHO - AGOSTO . SETEMBRO zozLt t tçÕEs eÍnI,rcas . PRoFESSoR 73


AUXÍtIO escolhe trabalhar através daqueles
VIDA CRISTÃ que agem de forma determinada
em seu favor. Devemos orar como
A DECISÃO DE ESTER se todas as coisas dependessem de
tttsalve a sua pele"'e (Seja sempre
Deus e agirmos como se tudo de-
o primeiro' são lemas mundiais que pendesse de nós. Devemos evitar
refletem nossa egoísta perspectiva dois extremos: nada fazer, e achar
de vida. A atitude de Ester contrasta que devemos fazer tudo" (Bíblia de
muito com essa visão. Ela sabia o que Estudo Aplicação Pessoal. Rio de
precisava fazer, e que isso poderia
|aneiro: CPAD, 2oo4, p. 692-93).
custar sua própria vida. Contudo, ela
(E
disse: perecendo, pereço'. Devemos
ter o mesmo compromisso de fazer o
que é certo a despeito das possíveis CONCLUSÃO
consequências. Você procura salvar Confiar em Deus e depender dEle
a si mesmo permanecendo em silên- nos faz viver experiências extraordi-
cio em vez de defender o que é certo? nárias. O agir divino manifesta-se em
[...] Deus estava no contro- todas as áreas de nossa vida. O Deus
le, mas mesmo assim Mardoqueu Todo-poderoso jamais perde o controle.
e Ester tiveram que agir. [...] Deus Só a Ele glória!

REVISAIVDO O CONTEÚNO

r. O que aprendemos com o exemplo de Mardoqueu quanto a compartilhar


nossos sentimentos?
Compartilhar nossos sentimentos, com as pessoas certas, é necessário e nos
faz bem (Rm tz.t1).
2. Qual era o obstáculo para o plano de Mardoqueu?
Ester respondeu a Mardoqueu lembrando-lhe da lei que não permitia que
qualquer pessoa, homem ou mulher, fosse ao interior do palácio sem ser cha-
mada pelo rei. A sentença era a morte, salvo se o rei estendesse o cetro de ouro.
ttsocorro e livramento doutra parte virá" nos revela?
3. O que a expressão
A expressão ttsocorro e livramento doutra parte virá" revela que Mardoqueu
confi ava em Deus, acima de tudo (Et 4.t4).
4. O que aprendemos com a atitude de Ester em pedir, antes de tudo, três
dias de jejum?
Equilíbrio e prudência espiritual nos fazem entender o tempo e o lugar de
Deus e o nosso no cotidiano da vida. Antes de Ester procurar o rei, os judeus
deveriam buscar a Deus.
!. Por que podemos afirmar que Ester estava em plena sintonia com Deus?
Mesmo o rei se prontificando imediatamente a atendê-la, Ester agiu com
cautela. Apenas o convidou para um banquete, junto com Hamã.

74 lrçÕrs sÍslrcas . PRoFESSoR IULHO . AGOSTO . SETEMBRO 2024


LIÇAO 11

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I r{ril
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AHUMILHAçÃODEHM
EA HONRA DE MARDOQUEU
TEXTO ÁUnnO VERDADE PRÁTICA
"E Hamã tomou aveste e o Deus abate e exalta a quem
cavalo, e vestiu a Mardoqueu, e
Ele quer. Se humilhados,
o levou a cavalo pelas ruas da
devemos glorificá- Io. Se
cidade, e apregoou diante dele:
exaltados, a glória continua
AssÍm se fará ao homem de cuja
sendo toda dEle.
honra o rei se agrada!" (Et 6.ri

LEITURA DIÁRIA
Segunda - Et 5.to -t41 6.t Quinta - r Pe z.t7i r Ts S.tzrt3
Hamã foi dormir com tudo Honrar os que são dignos de honra
planejado, enquanto o rei Assuero agrada a Deus
perdeu o sono Sexta - Et 6.7-9
Terça -
Rm 8.28 A t'síndrome de imperador" de
Deus estava agindo Harnã revela o egocentrismo
poderosamen te, f.azendo tudo mascarado no ser humano
cooperar para o bem Sábado - Et 6.13
Quarta - Pv 16.18-19; cf. Gn j.t-16 No lugar de receber consolo, Hamã
Is t{.t3rt4 recebe uma palavra aterradora que
Presumir-se digno de honra reflete o deixou amedrontado
asoberbaeoorgulho

IULHO . AGOSTO . SETEMBRO zoz4, rrçôEs sÍnrrcas . PRoFEssoR 75


LEITURA gÍgLICA EM CLASSE
Ester 6.t-t4
r - Naquelamesmanoite,fugiuosono dorei; de um dos príncipes do rei, dos maiores
então,mandoutrazer olivro das memórias senhores, e vistam dele aquele homem
das crônicas, e se leram diante do reí. de cuja honra se agrada; e levem-no a
z - E achou-se escrito que Mardoqueutinha cavalo pelas ruas da cidade, e apregoe-se
dado notícia de Bígtã e deTeres, doís eunu- diante dele: AssÍm se fará ao homem de
cos do rei, dos da guarda da porta, de que cuja honra o reí se agrada!
procurarampôr as mãos sobre o reiAssuero. 10 - Então, disse o rei a Hamã: Apressa-te,
3 - Então, disse o rei: Que honra e ga- tomaavesteeocavalo,comodisseste,efaze
lardão se deu por isso a Mardoqueu? E assím paracomo judeuMardoqueu,queestá
os jovens do rei, seus servos, dÍsse ram: assentado à porta do rei; e coisa nenhuma
Coísa nenhuma se lhe fez. deíxes cair de tudo quanto disseste.
t,-Então,disseorei:Quemestánopátio? u-EHamãtomouavesteeocavalo,evestiu
E Hamã tinha entrado no pátio exteríor do a Mardoqueu, e o levou a cavalo pelas ruas
rei,para dizer ao rei que enforcassem a Mar- da cidade, e apregoou diante dele: AssÍm se
doqueu na forca que lhe tinha preparado. fard aohomem de cujahonra o rei se agrada!
i - E os jovens do rei lhe disseram: Eis tz- Depoisdíssq Mardoqueuvoltouparaa
que Hamã está no pátio. E disse o rei portadorei;porémHamãseretiroucorrendo
que entrasse. a sua casa, angustíado e coberta a cabeça.
6 - E, entrando Hamã, o reilhe disse: Que 13 - E contou Hamã a Zeres, sua mulher,
se fará ao homem de cuja honra o rei se e a todos os seus amigos tudo quanto
agrada? Então,Hamãdísse no seu coração: lhe tinha sucedído. Então, os seus sábios
De quem se agradará o rei para lhe fazer e Zeres, suo mulher, lhe disseram; Se
honra mais do que a mim? Mardoqueu, diante de quem já começaste
7 - Pelo que disse Hamã ao rei: Quanto a cair, é da semente dos judeus, não pre-
ao homem de cuja honra o rei se agrada, valecerás contra ele; antes, certamente
8 - traga a veste real de que o rei se
caírás perante ele.
costuma vestir, monte também o cavalo t4 - Estando eles ainda falando com ele,
em que o reí costuma andar montado, e
chegaram os eunucos do rei e se apres-
ponha-se-lhe a coroa real na sua cabeça; saram a levar Hamã ao banquete que
g - e entregue-se aveste e o cavalo à mão Ester preparara.

IS Hinos Sugeridos: 198, zoo,344 da Harpa Cristã

PLANO DEAULA

r. INTRODUçÃO a honra de Mardoqueu. Esses fatos


A lição desta semana demar- passam pela divina providência gu€,
ca dois fatos importantes no Livro a partir do sono fugidio do rei, f.ez
de Ester: a humilhação de Hamã e com que o rei se lembrasse de honrar

76 uçÕns sÍeltcls . PRoFESsoR IULHO . AGOSTO . SETEMBRO zoz4


a Mardoqueu devido a sua boa ação e quando foi honrado pelo rei voltou
no passado. A lição também traça para o mesmo lugar de antes. En-
a personalidade doentia de Hamã, cerre a lição mostrando que esses
que achava ele mesmo ser digno de dois perfis podem revelar traços de
honra do rei. Assim, a lição de hoje nossa personalidade. Que o Altíssi-
nos lembra a respeito da humildade, mo nos auxilie a escolher sempre o
uma virtude que agrada a Deus. caminho que honre e exalte a Deus.
2. APRESENTAçÃO DA rrçÃO 3. CONCLUSÃO DA LrçÃO
A) Obietivos da Lição: I) Identi- A) Aplicação: A presente lição nos
ficar a ação de Deus no fato de o rei ensina que Deus tem trabalhado pa-
lembrar da boa ação de Mardoqueu; cientemente e, até mesmo em silen-
II) Descrever como Hamã foi chamado cia, em favor do seu povo. A Palavra
para honrar Mardoqueu; III) Traçar o de Deus nos ensina que os aconteci-
perfil da síndrome de imperador. mentos em nossa vida não são meras
B) Motirnção: Hamã era rico e coincidências, mas a ação soberana de
tinha poder para ttcomprar" seu res- Deus no curso de nossavida (Rm 8.28).
peito diante dos outros. Sua intensa
busca pelo poder o transformou num
4. suBsÍoto Ao PR0FESS0R
homem obsessivo. Essa é uma im-
A) Revista Ensinador Cristão.
Vale a pena conhecer essa revista
portante imagem para nos alertar a
que traz reportagens, artigos, en-
respeito do cuidado que devemos ter
trevistas e subsídios de apoio à fi-
com a popularidade, a fama, para
não sermos levados a atos imorais. ções Bíblicas Adultos. Na edição 98,
p.41, você encontrará um subsídio
C) Sugestão de Método: Para especial para esta lição.
concluir esta lição, faça um resu-
B) Auxílios Especiais: Ao final do
mo do perfil de Hamã e Mardoqueu.
tópico, você encontrará auxílios que
Mostre que Hamã era um homem
darão suporte na preparação de sua
rico, ambicioso, comprava a repu-
aula: 1) O texto "A Providência Divi-
tação com o dinheiro e o poder que
na por trás da História", localizado
tinha, tramava contra pessoas que
depois do segundo tópico, aprofunda
ele não gostava ou entrasse em seu
mais a respeito do episódio da honra
caminho; Mardoqueu, uffi homem
de Mardoqueu; 2) O texto ttHamã", âo
que descobriu a conspiração para
final do terceiro tópico, aprofunda a
assassinar o rei, agia com lealdade
reflexão a respeito do perfil de Hamã.
para com o rei, cuidou de sua prima

COMENTARIO

INTRODUçÃO seguinte, também junto com Hamã.


Na lição anterior, Ester recebe As- Naquela noite, fatos novos aconteceriam
suero e Hamã para um banquete. Em em Susã alterando totalmente o cenário
vez de fazer seu pedido, ela pede ao rei da história. Deus sabe o que estará nos
que compareça a outro banquete, no dia jornais de amanhã.

IULHO . AGOSTO . SETEMBRO zoz4 lrçôns sÍslrcns . PRoFEssoR 77


I O REI SE LEMBRA DA BOA são essenciais os relacionamentos hu-
AçÃO DE MARDOQUEU manos, e como Deus trabalha através
1. Uma noite decisiva. Dois cenários deles (Ef 6.4-6).O Novo Testamento
distintos: enquanto Assuero foi para possui inúmeros versículos com a ex-
seu aposento, Hamã saiu exultante do pressão t'uns aos outros" (Io 13.34; r Ts
banquete oferecido por Ester. Afinal, 5.tt;Tg5.t6). Coisas boas e ruins podem
não apenas o rei, mas também a rainha nos alcançar, vindas de pessoas que nos
estaria lhe prestando honras. Mas seu cercam. Quando tememos a Deus, Ele
júbilo logo se converteu em fúria. intercepta o mal e faz com que a
Na saída do palácio viu o judeu bênção nos alcance (Sl gr.5-
Mardoqueu, que nem se mo- ro; Dt z8.z). A maldição não
veu diante de sua presença Palavras-Chave atinge a quem Deus abençoa
(Nm 23.8; Dt 23.5; Pv z6.z).
(Et 5.9). Hamã conteve sua Humilhoção
3. Cinco anos depois. fá
ira, mas precisava desabafar. eHonra haviam se passado cerca de
Foi para casa e chamou seus
cinco anos de quando Mar-
amigos e sua mulher, Zeres,
doqueu revelou a conspiração
para falar de sua frustração: a
contra Assuero. Tudo ficou (apa-
riqueza e a elevada posição no reino
rentemente) esquecido. Naquela noite,
não o satisfaziam enquanto visse Mar-
contudo, o Deus que tem poder sobre
doqueu assentado à porta do rei. Hamã
todas as coisas, incluindo a fisiologia
não podia nem mesmo esperar pelo dia
humana, tirou o sono do rei (Sl 127.2).
da pretendida matança geral dos judeus.
Sem dormir, Assuero ordenou que trou-
O ódio lhe consumia. Aconselhado pela
xessem e lessem perante ele o livro de
mulher e pelos amigos, decidiu pedir registro
dos fatos importantes do reino
ao rei que enforcasse Mardoqueu no dia (Et
6.1). Certamente não eram poucos
seguinte. Hamã foi dormir com tudo os relatos. Só Assuero já estava há cerca
planejado, mas Assuero perdeu o sono
de treze anos no trono. A providência
(Et 5.ro -L4;6.r).
divina fez com que fosse lido exatamente
2. Forca ou honra. Enquanto Mardo- o trecho que falava do feito de Mardo-
queu dormia, duas pessoas planejavam queu, que pôs fim à conspiração contra
seu futuro. Hamã lhe preparou uma o rei. Assim, a Palavra de Deus declara:
forca. Assuero, um dia de honra. O que ttE sabemos que todas as coisas contri-
iria prevalecer? Queiramos ou não, o buem juntamente para o bem daqueles
que outras pessoas pensam e fazem que amam a Deus, daqueles que são
pode produzir consequências em nossa chamados por seu decreto" (Rm 8.28).
vida. Por isso, nossos relacionamentos
interpessoais devem estar pautados
no temor a Deus. Dar a cada um o que
é devido é um dos meios de não nos
SINOPSE I
deixar enganar pelo individualismo,
um estilo de vida antibíblico segundo o Numa noite em que o sono fu-
qual o indivíduo é capaz de se realizar giu do rei, Deus o Íez lembrar
sozinho, independente das pessoas que da boa ação de Mardoqueu.
o cercam. A chamada autossuficiência. A
ética cristã, contudo, nos ensina quanto

78 lrçôEs sÍsucas . PRoFESSoR IULHO . AGOSTO . SETEMBRO 2024


Pv 16.18-19). Devemos sempre preferir
TT a humildade de Cristo, que nos livra de
ambições egoístas e nos faz considerar
Contudo, é preciso considerar os outros superiores a nós mesmos (Fp
sempre que honra não se exi- 2J-8). Devemos ser alimentados dia-
riamente pela alegria do Senhor e não
B€, se recebe com humildade.
condicionar nossas emoções ao sabor do
[...J Uma honra efêmera pode momento (Io tl.rr; Fp 4.4-7; r Pe 5.7).
nos levar a esquecer nosso 3. O devido lugar da honra.
ttQue se
lugar e nos deixar ao vento." fará ao homem de cuja honra o rei se
agrada?" Era a pergunta do rei (Et 6.6).
Hamã sugeriu que este homem fosse
vestido com a veste real, montasse o
cavalo do rei, recebesse a coroa real e
II HAIVIÃ E CHAMADO PARA fosse conduzido por um dos príncipes do
HONRARMARDOQUEU rei, ttdos maiores senhores", com uma
1. Um ato de justiça. Quando ouviu proclamação pública: "Assim se fará ao
a leitura da crônica, Assuero perguntou homem de cuja honra o rei se agrada!"
(Et 6.6.7-g). O rei acatou imediatamente
aos seus servos que honra e recompen-
a sugestão. Hamã só não imaginava que
sa Mardoqueu havia recebido. "Coisa
nenhuma se lhe fez", responderam (Et o honrado seria Mardoqueu e que ele
seria o puxador do cavalo (Et 6.to,tt).
fi).A maneira direta como se referiu Isso o deixou ainda mais enfurecido e
ao nome de Mardoqueu demonstra
muito envergonhado (Et 6.12). Devemos
que Assuero o conhecia bem. Logo se
nos alegrar quando alguém é honrado.
interessou em recompensá-lo, mas
Incomodar-se com isso pode ser ex-
ainda não sabia como. Perguntou, en- pressão de orgulho. Honrar os que são
tão, quem estava no pátio exterior do dignos de honra, agrada a Deus e não
palácio. Era Hamã, que buscava uma deve ser confundido com bajulação (t
oportunidade para pedir ao rei que en- Pe z.t7; r Ts 5.tz,t3). Contudo, é preciso
forcasse Mardoqueu, na forca que tinha considerar sempre que honra não se
preparado perto de sua casa. O inimigo exige, se recebe com humildade. Mesmo
seria o definidor da bênção (Gn 5o.zo). com toda a honra recebida, Mardoqueu
2. Presunção e autoconfiança. Hamã ttvoltou para a porta do rei" (Et 6.12).
entrou em êxtase. A proposta do rei, que Uma honra efêmera pode nos levar a
pensava ser para ele (Et 3.6), o levou a esquecer nosso lugar e nos deixar ao
esquecer Mardoqueu e a forca que havia vento. É preciso manter os pés no chão.
preparado. Hamã precisava de afagos
em seu ego para sobreviver. Um quadro
realmente doentio. Presumir-se digno
de honra é uma das manifestações de
SINOPSE II
soberba e orgulho. Esse terrível sen-
timento, nutrido originalmente por Orei chama Hamã para honrar
Lúcifer (Is 14.L3,L4), foi instilado na Mardoqueu.
mente de Eva e é lançado constante-
mente nos corações humanos (Gn 3.1-5;

IULHO . AGOSTO . SETEMBRO zozt* rrçÕEs nÍerrcas . PRoFESSoR 79


AUXÍLIO VIDACRISTÃ a honra seria para ele, Hamã revelou
ter a síndrome de imperador. Ele que-
A PRovrpÊncn DrvrNA ria roupa de rei, cavalo de rei e coroa
PoR rnÁs DA Hrsrórua de rei (Et ó.8). Atualmente, tem sido
identificado em crianças e adolescen-
"Sem poder dormir, o rei decidiu
rever a história do seu reino, e seus tes a ttsíndrome do imperador". São
serTüos leram para ele sobre as boas
egocêntricos, reinam dentro e fora de
obras de Mardoqueu. Isso parece casa, ditam as regras e exigem o que
coincidência, mas Deus está sempre
querem. Sem correção, os filhos po-
trabalhando. Deus também tem tra- dem crescer como um Hamã, cheios
balhado em silêncio e pacientemen- de soberba e presunção (Pv 23.L3,t4;
29.15,17,23; 3o.t7). Deus quer nos dar
te em sua vida. Os acontecimentos
que concorrem para o bem não são famílias saudáveis (Sl rzZ .t-5; Sl rz8.r-
mera coincidência; são resultado do 6). Nosso papel é exercer um amor
soberano controle de Deus sobre o responsável, dedicar tempo de quali-
curso de nossa vida (Rm 8.28). dade e viver em constante vigilância e
oração (Hb tz.T-g; Iô t.5; Sl t44.tz).
[...] Mardoqueu havia descoberto
uma conspiração para assassinar o 2. Um mau prenúncio. Hamã che-
rei Assuero. Ele agiu com lealdade e gou em casa arrasado e contou para
salvou a vida do monarca (2.2t-23.). a mulher e os amigos o que lhe havia
Embora suas boas obras estivessem acontecido. Que frustração! E se espe-
registradas nos livros históricos, rava uma palavra de consolo, não foi
Mardoqueu não havia sido recom- o que recebeu. Ouviu uma sentença
pensado. Mas Deus estava guar- aterradora: ttse Mardoqueu, diante de
quem já começaste a cair, é da semente
dando a recompensa dele para o
momento certo. Assim como Hamã dos judeus, não prevalecerás contra
estava prestes a enforcar Mardoqueu
ele; antes, certamente cairás perante
injustamente, o rei estava disposto a ele" (Et 6.13). A declaração da mulher e
recompensá-lo publicamente. Em- dos amigos de Hamã pode indicar que
bora Deus tenha prometido recom- conheciam a história dos judeus, uffi
pensar nossas boas obras, algumas povo que já havia sobrevivido a muitos
vezes pensamos que a recompensa sofrimentos e ameaças. Era um mau
prenúncio para Hamã.
está muito distante. Seja paciente.
Deus no-la dará no momento mais
adequado" (Bíblia de Estudo Apli-
cação Pessoal. Rio de laneiro: CPAD,
2oo4, p.693).
SINOPSE III
A soberba de Hamã revelou a
síndrome de imperador que
III-ASÍNONOMEDE pode danificar traços da per-
IMPERADOR sonalidade
1. A soberba de Hamã. Quando f.ez
sua sugestão ao rei, imaginando que

8O uçÕEs sÍsrrcas . PRoFESSoR IULHO . AGOSTO . SETEMBRO zozl,b


TT qualquer pessoa humana desafiou
a religião egoísta de Hamã. Este
Atualmente, tem sido iden- via os judeus como uma ameaça a
seu poder, e decidiu matar a todos.
tificado em crianças e ado- Deus estava preparando a que-
lescentes a tsíndrome do da de Hamã e a proteção do seu
imperador'. São egocêntricos, povo, muito antes deste homem
reinam dentro e fora de casa, assumir o poder durante o reinado
de Assuero,
ditam regras e exigem o que
Ester, uma judia, tornou-se
querem. Sem correção, os rainha, e Mardoqueu demonstrou
filhos podem crescer como lealdade ao denunciar uma cons-
um Hamã, cheios de soberba piração para assassinar Assuero,
e presunção." deixando o rei em dívida para com
ele. Hamã não foi apenas impedido
de matar Mardoqueu, como tam-
bém teve que sofrer a humilhação
de vê-lo ser honrado publicamente.
Após algumas horas, Hamã
morreu na forca que havia cons-
AUXÍLIO truído para Mardoqueu, e seu pla-
VIDA CRISTÃ no de extermínio dos judeus foi
frustrado.
tt11ry5Ã, Em contraste com Ester, que
As pessoas mais arrogantes são arriscou tudo por Deus e venceu,
com freqüência as que precisam Hamã arriscou tudo para alcançar
medir seu próprio valor pelo poder seu propósito maligno e perdeu"
ou influência que pensam ter sobre (Bíblia de Estudo Aplicação Pes-
as outras pessoas. soal. Rio de faneiro: CPAD, zoo4,
Hamã era um líder extremamen- p.694).
te arrogante. Ele reconhecia o rei
como seu superior, mas não podia
aceitar qualquer outro como igual.
Quando um homem, Mardo-
queu, recusou-se a curvar-se em CONCLUSÃO
submissão a ele, Hamã quis des- Quanta coisa mudou em Susã em
truí-lo. Ele foi consumido pelo ódio menos de z4horas! Nosso Deus é grande
a Mardoqueu. O coração dele já es- e poderoso! Perdemos muito tempo
tava cheio de ódio racial por todo com discussões e debates, e, às vezes,
o povo judeu devido ao prolongado fazendo o que Ele não nos ordenou fazer,
atrito entre os judeus e os ances- no afã de resolver nossos problemas. O
trais de Hamã, os amalequitas. segredo é confiar no Senhor e viver com
A dedicação de Mardoqueu a humildade, fazendo a sua vontade. Ele
Deus e sua recusa em dar honras a permanece no controle e sempre age
no momento certo.

lulHo . AGOSTO . SETEMBRO zoz4 uçÕrs sÍslrcas . PRoFESsoR 8r


Anotações do Professor

REVISAI{DO O CONTEÚDO
1. Quais os dois cenários distintos na noite que antecedeu ao segundo ban-
quete oferecido por Ester?
Dois cenários distintos: enquanto Assuero foi para seu aposento, Hamã saiu
exultante do banquete oferecido por Ester. Afinal, não apenas o rei, mas
também a rainha estaria lhe prestando honras.
2. O que levou o rei a decidir honrar Mardoqueu?
Quando ouviu a leitura da crônica, Assuero perguntou aos seus servos que
honra e recornpensa Mardoqueu havia recebido. ttCoisa nenhuma se lhe
fez", responderam (Et 6.3).[...] Logo se interessou em recompensá-lo, mas
ainda não sabia como.
3. O que Hamã presumiu diante da pergunta do rei e o que isso revela de
seu caráter?
Hamã entrou em êxtase. Aproposta do rei, que pensava ser para ele (Et 3.6),
o levou a esquecer Mardoqueu e a forca que havia preparado. Hamã preci-
sava de afagos em seu ego para sobreviver. Um quadro realmente doentio.
Presumir-se digno de honra é uma das manifestações de soberba e orgulho.
4. O que Ivlardoqueu fez após ser honrado pelo rei? O que aprendemos com isso?
Mardoqueu "voltou para a porta do rei" (Et 6.tz). Uma honra efêmera pode
nos levar a esquecer nosso lugar e nos deixar ao vento. É preciso manter os
pés no chão.
ttsíndrome do imperador"?
5. O que é a
Atualmente, tem sido identificado em crianças e adolescentes a t'síndrome
do imperador". São egocêntricos, reinam dentro e fora de casa, ditam as
regras e exigem o que querem.

8Z lrçõEs sÍslrcas . PRoFESSoR IULHO . AGOSTO . SETEMBRO 2024


t\,

LIÇAO tZ
zz de Seternbro de zoz4

o DE ESTER:
ELIVMENTO
Iü'ERDADE PRÁTICA
TExro Áunno
Devemos reconhecer as
"Como ribeiros de águas,
autoridades humanas, mas não
assÍm é o coração do rei na
podemos atribuir-lhes um poder
mão do Senhor; a tudo quanto
acima do que elas têm. Há um
quer o inclina." (Pv zt.t)
Deus no céu.

LEITURA DIÁRIA
Segunda - Et 6.14 Quinta - Et Z.Tr8
Hamã é levado apressadarnente A ruína de Hamã é
para o banquete preparado por Ester inevitavelmente confirmada
Terça - Et 7.2 Sexta - Et 7.9-ta; cf. Pv zo.2
A rainha Ester ofereceu um A reação física e verbal de
banquete denominado de Assuero vista como o terror de
"banquete de vinho" Hamã
Quarta - Et 7.4,-6 Sábado - Lc tz.z
A rainha Ester denuncia Hamã e Nada fica oculto ou encoberto
todo seu plano ao rei Assuero diante do Deus Todo-Poderoso

IULHO . AGOSTO . SETEMBRO zoz4 t tçÕEs gÍglrcas . PRoFESSoR 8l


LEITURA gÍgLICA EM CLASSE

Ester T.t-to
t - Vindo, pois, o rei com Hamã, para 7 - E o rei, no seu furor, se levantou do
beber com a rainha Ester, banquete do vinho para o jardim do
z - disse também o rei aEster,no segundo palácio; e Hamã se pôs em pé,para rogar
dia,nobanquete dovínho: Qual é atuapeti- à rainha Ester pela suo vida; porque viu
Ção, rainha Ester? E se te dará. E qual é o teu que já o mallhe era determinado pelo rei.
requerimento? Até metade do reino se fará. 8 - Torn ando,pois,o rei do jardím do paldcío
3 - Então, respondeu a rainha Ester e disse: à casa do banquete do vinho,Hamã tinha
Se, ó reí, achei graça aos teus olhos, e se caído prostrado sobre o leito em que esta-
bem parecer ao rei, dê-se-me a minha vaEster. Então, disse o rei: Porventtffa, que-
vida como minha petíção e o meu povo reria ele também forçar a rainha perante
como meu requerimento. mim nesta casa? Saindoesso palavra da boca
l, - Porque estamos vendidos, eu e o meu do reí, cobriram aHamã o rosto.
povo, para nos destruíreffi, matarem e 9 - Então, disse Harbona, um dos eu-
lançarem a perder; se ainda por servos e rutcos que serviam diante do rei: Eis que
por servas nos vendessem, calar-me-ia, também a forca de cinquenta côvados de
aínda que o opressor não recompensaria altura que Hamã fizera para Mardoqueu,
a perda do rei. que falara para bem do rei, está junto à
j - Então, falou o rei Assuero e disse à casa de Hamã. Então, disse o rei: Enfor-
rainhaEster: Quem é esse? E onde está esse cai-o nela.
cujo coração o instigou a fazer assim? 10 - Enforcaram, pois, a Hamã na forca
6 - E dísse Ester: O homeffi, o opressor e o que ele tinha preparado para Mardoqueu.
inimigo é este mauHamã. Então,Hamã Então, o furor do rei se aplacou.
se perturbou perante o rei e a rainha.

IS Hinos Sugeridos: jgz,

PLANO DEAULA
394, 398 da Harpa Cristã

1. II{TRODUçÃO O Deus Todo-Poderoso cui-


injustiça.
A rainha Ester preparou um ban- da do seu povo de maneira amorosa.
quete e convidou o reiAssuero e Hamã.
2. APRESET{TAçÃO DA LrçÃO
Neste banquete, a rainha revelaria o
A) Obietivos da Lição: I) Descre-
plano maligno de Hamã. Posterior-
ver o banquete preparado por Ester
mente, o rei Assuero ficaria furioso
e a denúncia proferida por ela; II)
com toda a estratagema do agagita.
Remontar o contexto que desdobra
Consequentemente, Hamã foi morto
a fúria do rei contra a injustiça; III)
pelo instrumento preparado por ele
Refletir a respeito do grande livra-
mesmo. Nesta lição, veremos como
mento providenciado por Deus.
Deus pune o ódio, a perversidade e a

84 lrçÕrs sÍrlrcas . PRoFESSoR IULHO . AGOSTO . SETEMBRO zoz4


B) Motivação: A injustiça é um que bem-aventurado é o que tttem
vício da alma, isto é, contrário a vir- fome e sede de justiça" (Mt 5.6); nos
tude, que faz com o ser humano seja ensinou também a buscar ttprimeiro
prejudicado. A lição de hoje nos es- o Reino de Deus e a sua justiça" (Mt
timula a declarar uma guerra contra 6 33). |ustiça e retidão são virtudes
qualquer prática de injustiça. que Deus espera dos que chamam
C) Sugestão de Método: Para pelo seu nome, amam o seu Reino e
concluir a lição e com base no pri- buscam a sua justiça.
meiro AuxíIio Bibliológico "O Perfil
Maligno de Hamã" reproduza na 4. suBsÍoto Ao PRoFESSoR
lousa ou no datashow as seguintes A) Revista Ensinador Cristão.
sentenças: t) O ódio será punido; Vale a pena conhecer essa revista
z) Deus possui um incrível registro que traz reportagens, artigos, €r-
para fazer com que os planos malig- trevistas e subsídios de apoio à ri-
nos se voltem contra os seus plane- ções Bíblícas Adultos. Na edição 98,
jadores; 3) O orgulho e a presunção p.42, você encontrará um subsídio
serão punidos; 4) Uma insaciável especial para esta lição.
sede de poder e prestígio é autodes- B) Auxílios Especiais: Ao final do
trutiva. Diga a classe que essas são tópico, você encontrará auxílios que
lições de vida que aprendemos com darão suporte na preparação de sua
a presente lição. Estimule os alunos aula: 1) O texto "O Perfil Maligno de
a refletirem biblicamente a respeito Hamã", âo final do segundo tópico,
do caminho da retidão e da justiça aprofunda a reflexão a respeito do
para a vida cristã. perfil maligno de Hamã; z) O texto
((A
Trama Maligna de Hamã voltou-
3. CoNCLUSÃO DA LrçÃO -se para ele", localizado depois do
A) Aplicação: Incentive a classe terceiro tópico, aprofunda o desfe-
a perseverar no caminho da retidão cho da trama maligna de Hamã.
e da justiça. Nosso Senhor ensinou

COMENTÁRIO

INTRODUçÃO I-
O BAT{QUETE E A DENI'NCIA
Na lição anterior, vimos como Deus A instabilidade de Hamã. O dia
1.
agiu para alterar todo o cená- foi terrível para Hamã. Cedo,
rio em Susã. Mardoqueu foi saiu de casa determinado a
honrado e Hamã humilhado. Palavras-Chave conseguir do rei a ordem de
As condições agora eram Denúncia e enforcamento de Mardoqueu.
Durante o dia, serviu de guia
outras. Até a mulher e os
amigos de Hamã iá prenun-
Livramento para o cavalo que trans-
ciavam a sua derrota. Tudo portou seu desafeto judeu
será resolvido no segundo pelas ruas de Susã. Em casa,
banquete oferecido por Ester. enquanto ouvia uma sentença

IULHO . AGOSTO . SETEMBRO 2oz4 lrçÕrs sÍsucas . PRoFESSoR 8l


totalmente desfavorável, chegaram os No Novo Testamento, o ensino é não se
seruos do rei para levá-lo apressadamente embriagar com o vinho, mas encher-se
ao banquete preparado por Ester (Et 6.14). do Espírito (Ef 5.18). Devemos fugir de
Hamã estava, certamente, muito pertur- toda a aparência do mal e nos abster
bado. Ir a um banquete naquelas circuns- totalmente de tudo o que não convém aos
tâncias deve ter sido muito desconfortável. santos (t Ts 5.22; r Co 6.ro,t2; r Pe 1.15).
((Qual
2. O banquete do vinho. O banquete 3. é a tua petição?" Assuero
para o qual Ester convidou Assuero é estava mesmo determinado a saber o
chamado de ttbanquete do vinho" (Et que inquietava a rainhâ, â fim de aten-
7.2). O contexto é o reino da Pérsia, no dê-Ia. O fato de Ester comparecer em
qual, assim como nos demais reinos sua presença correndo risco de morte,
pagãos de toda a história, o uso do vinho e, no primeiro banquete, ter mantido
era comum nas festas e banquetes. O suspense quanto ao que the afligia, deve
Antigo Testamento é enfático quanto aos ter levado Assuero a suspeitar que algo
seus terríveis males (Gn g.2o-27; tg.3l- muito grave estava acontecendo. Daí
38; Pv zo.t; 23.2g3il.Havia expressa sua prontidão a novamente inquirir-lhe:
proibição para os sacerdotes (Lv ro.8-u) t'Qual é a tua petição, rainha Ester?
[...]
numa demonstração da necessidade de qual é o teu requerimento? até metade
se fazer uma clara distinção entre o do reino se fará" (EtT.z). A essa altura,
santo e o profano, conforme acentua a talvez o coração da rainha estivesse
Bíblia de Estudo Pentecostal. A abstinência acelerado. Ela estava diante do rei e do
total do vinho era condição para o voto algoz dos judeus e teria que ser firme
do nazireado (Nm 6.2-4). Além disso, em sua declaração. Ester se revelou uma
o texto veterotestamentário ressalta o mulher forte e decidida, denunciando o
belíssimo exemplo dos recabitas, que mau Hamã (EtT.3-6).A mulher virtuosa
se abstiveram totalmente do vinho e sabe tt[abrir] a boca com sabedoria", sem
foram honrados por Deus (lr lS.6-tg). perder a compostura (Pv 3L.26).

AIVIPLIANDO O CONHECIMENTO
ttNo segundo banquete, para o qual Ester con-
vidou o rei e seu vizir Hamã, outra oportunidade
lhe foi dada para realizar seu tão importante
pedido. Ela o f.ez com palavras que trouxeram
fúria e perturbação ao rei, e terror ao coração
de Hamã. Na sua resposta ao monarca, ela se
identificou pela primeiÍa vez como pertencente
à raça condenada dos judeus (sem realmente
usar esta palavra) e pediu que sua vida e a de
seu povo fosse poupada. Estamos vendidos, €u
e o meu povo, para nos destruírem, matarem e
lançarem a perder." Amplie mais o seu conhe-
cimento, lendo o Comentário Bíblico Beacon:
|osué a Ester, vol.2, editada pela CPAD, p.554.

86 lrções sÍsltcas . PRoFESSoR IULHO . AGOSTO . SETEMBRO zoz4,


Nas famílias ou em qualquer grupo
social a convivência legítima deve ser
SINOPSE I
respeitada. Cada um deve entender seu
O banquete e a denúncia de Es- próprio limite e não abusar de direitos
ter demarcaram a tragédia de ou medir força, no estilo ttou ele(a) ou
Hamã. eu!". Fazer isso é atrair o mal para si
mesmo, em um efeito bumerangue,
como aconteceu com Hamã.
3. A terrível reação do rei. É provável
II - A FURIA DO REI CONTRAA que a consciência de Assuero tenha sido
INIUSTIçA ativada quando ele entendeu o tamanho
1.A revelação do plano. Ester detalhou da injustiça feita aos judeus, o povo de
ao rei o que havia acontecido. O que ela sua rainha. Com toda firmeza, Ester
queria era a preservação de sua vida e da respondeu ao rei, cara a cara com Hamã:
ttO homeffi,
de seu povo, os judeus: ttPorque estamos o opressor e o inimigo é este
vendidos, eu e o meu povo, para nos des- mau Hamã" (Et 7.6). Deus nos capacita,
truírem, matarem e lançarem a perder" no momento certo, a tt[erguerJ a voz em
(EtT.4). Ester fez ver ao rei o absurdo do favor dos que não podem se defender"
plano, que visava o extermínio de toda (Pv 31.8). Ester não agiu de forma te-
uma raça, nada comparável a uma venda merária ou precipitada. Não instigou
como escravos (ou servos), o que não era
motim ou qualquer expediente violento,
incomum na época. Se fosse isso, Ester confiando em sua própria força (z Co
to.4). Manteve sua confiança em Deus e
disse que não incomodaria o rei.
soube agir na hora certa, tro lugar certo
2. Quem fez isso? A pergunta de
e da maneira certa. Assuero ficou tão
Assuero pode parecer estranha. Não era
ruzoável que não tivesse conhecimento
furioso que se levantou do banquete e
da extensão do decreto assinado em
foi para o jardim do palácio (Et 7.7). A
essa altura, Hamã já estava apavorado.
seu nome (Et 3.12,13). Todavia, não se
A reação que teve foi se lançar sobre o
pode presumir que um rei ou qualquer
assento de Ester, rogando-lhe miseri-
governante saiba, em detalhes, tudo o
córdia. A situação ficou ainda pior. O rei
que acontece em seu palácio ou juris-
voltou do jardim e viu Hamã prostrado
dição. Às vezes, até aos pais escapam
sobre o divã da rainha e fez uma péssima
fatos próximos de seus olhos. Não era
interpretação da cena: Hamã estaria
de todo íruazoável, portanto, que As-
querendo desonrar a rainha diante do
suero estivesse surpreso com a notícia
trazida pela rainha. Ou, então, a sur-
próprio rei? (Et 7.8 - NAA).
presa deveu-se ao fato de saber que se
tratava do povo da rainha, já que até
então Assuero não sabia que Ester era
judia (Et z.to). De qualquer forma, era
resultado do excesso de poder conce-
SINOPSE II
dido a Hamã. Mas conquanto tivesse Com a revelação do plaro, o rei
concedido amplos poderes ao agagita, o ficou furioso contra a injustiça.
quadro agora era outro. Assuero amava
Ester (Et z.t7). Hamã foi longe demais!

IULHO . AGOSTO . SETEMBRO zoz4 t tçÕEs gÍgucas . PRoFESSoR 8Z


que a morte de Hamã estava decretada
AUXÍLIO VIDA CRISTÃ
(Pv zo.2). Depois que o rei redobrou seu
O PERFIT MALIGNO DE TIAIVIÃ
furor por vê-lo deitado junto à rainha,
('Pontos seus servos cobriram o rosto de Hamã.
fortes e êxitos:
A história da forca, preparada no dia
- Alcançou grande poder, e foi
o segundo no comando do reino anterioÍ, já havia chegado ao palácio.
Nada fica oculto (Lc rz.z). Um dos eu-
da Pérsia.
Fraquezas e erros: nucos, Harbona, sabia até o tamanho:
cinquenta côvados de altura - cerca de
- O desejo de controlar as
pessoas e receber honra era seu vinte e dois metros. Não se sabe por
qual motivo Hamã teria preparado uma
maior objetivo.
forca tão alta. Seria para promover um
- Foi cegado pela arrogância e
presunção. espetáculo público?
2. Os ventos mudaram. Até aquele
- Planejou matar Mardoqueu e
construiu para ele uma forca. dia, à exceção de Mardoqueu, todos os
servos de Assuero se inclinavam e se
- Orquestrou o plano para prostravam diante de Hamã. Mas tal-
exterminar o povo de Deus
vez ele não fosse tão querido assim na
espalhado por todo o império.
Lições de vida: corte. Bastou uma oportunidade para
um dos oficiais do rei ter a iniciativa
- O ódio será punido.
de sugerir sua execução, informando
- Deus possui um incrível
registro para fazer com que Assuero da forca preparada por Hamã
para Mardoqueu. Em ambientes de poder
os planos malignos se voltem
às vezes impera um certo de sistema
contra os seus planejadores.
de conveniência. Muda-se de lado com
- O orgulho e a presunção serão
punidos. muita facilidade. Talvez Harbona até
tenha feito parte do grupo de servos
- Uma insaciável sede de poder
e prestígio é autodestrutiva.
do rei que denunciou Mardoqueu para
Hamã (Et 3.3,4). Agora, soube ser bem
kúormações essenciais:
perspicaz para sugerir a forca para seu
- Local: Susã, a capital da
Pérsia.
ex-superior. Ele não apenas informou
ao rei que havia uma forca preparada
- Ocupação: Segundo no por Hamã para Mardoqueu, mas foi
comando do império.
sutil ao dizer: aquele que "falara para
- Familiares: Esposa - Zeres.
bem do rei" (Et T.g). A insinuação foi
- Contemporâneos: Assuero,
Mardoqueu e Ester" (Bíblia de explícita e o rei logo acatou.
Estudo Aplicação Pessoal. Rio
de laneiro: CPAD, zoo4, p.694).

SINOPSE III
Deus providenciou um grande
III O GRANDE TITYRAMEI{TO livramento na história do seu
história da forca chegou
1. A ao povo.
palácio. A reação física e verbal de
Assuero levou seus servos a entender

88 lrçÕrs sÍslrcas . pRoFEssoR IULHO . AGOSTO . SETEMBRO zoz4


AUXILIO pois os reis persas se recusavam a
VIDA CRISTÃ olhar o rosto da pessoa condenada"
(Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal.
A TRAIVIA IVIALIGNA DE IIAMÃ Rio de Ianeiro: CPAD, 2oo4, p.695).
VOTTOU-SE PARA ELE
t(A ftama odiosa e maligna de
Hamã se voltou contra ele quando CONCLUSÃO
o rei descobriu suas verdadeiras in-
Deus não tem prazet na morte do
tenções. Ele foi pendurado na for-
ímpio, mas que ele se converta e viva
ca que havia construído para outra (Ez j3.rt; z Pe j.g).É o espírito rebelde
pessoa. Provérbios 26.27 ensina que
e contumaz do homem que o leva à
se uma pessoa fizer uma armadilha perdição (Lm 3A9i Ez 18.20,21). Hamã
para outra, ela própria nela cairá. O
deu lugar ao ódio e planejou, de forma
que aconteceu com Hamã demons-
implacável e cruel, a morte de Mardo-
tra os terríveis resultados na vida queu e de todos os judeus do reino da
de alguém que arma ciladas para Pérsia. Foi enforcado na própria forca
outrem. O véu era colocado sobre a que preparou (Et 8.1o). Que o Senhor
face da pessoa condenada à morte, guarde nosso coração de toda a maldade!

REVISAT{DO O CONTEÚDO

1. Como foi a atitude de Ester diante de Assuero e Hamã?


Ester se revelou uma mulher forte e decidida, denunciando o mau Hamã
(Et 7.3-6).
2. Qual a reação do rei diante da revelação do plano de extermínio do povo
da rainha?
De surpresa ao fato de saber que se tratava do povo da rainha, já que até
então Assuero não sabia que Ester era iudia (Et z.to).
3. Seria razoável que Assuero não conhecesse detalhes de seu próprio decreto?
Não era razo,ável que não tivesse conhecimento da extensão do decreto assinado
em seu nome (Et3.t2,13). Todavia, não se pode presumir que um rei ou qualquer
governante saiba, em detalhes, tudo o que acpntece em seu palácio ou jurisdiso.
(. Como Assuero interpretou a aütude de Hamã, de se lançar sobre o leito da
raintra?
O rei voltou do jardim e viu Hamã prostrado sobre o divã da rainha e Íez
uma péssima interpretação da cena: Hamã estaria querendo desonrar a rai-
nha diante do próprio rei? (Et 2.8 - I.IAA).
§. Como se deu o fim de Hamã?
Haborna soube ser bem perspicaz para sugerir a forca para seu ex-superior.
Ele não apenas informou ao rei que havia uma forca preparada por Hamã
para Ivlardoqueu, mas foi sutil ao dizer: aquele que ttfalara para bem do rei"
(Et T.g). A insinuação foi explícita e o rei logo acatou.

IULHO . AGOSTO . SETEMBRO zozt, lrçÕrs sÍgucas . PRoFEssoR 8g


,*,

LIÇAO t3
29 de Setembro de zo24

ESTER, A PORTADORA
DAS BOAS-NO\IAS

VERDADE PRÁTICA
TExro Áunno
O Senhor é poderoso para
"E para os judeus houve luz, e transformar trevas em luz,
alegria, e gozo, e honra." tristeza em alegria, angústia em
(Et 816)
júbilo, humilhação em honra.

LEITURA DIÁRIA
Segunda - Et 8.7,8 Quinta - Et to.3
O decreto do rei Assuero não podia Mardoqueu é engrandecido como o
ser revogado segundo maior do reino
Terça - Dn 6.8rt5 Sexta-rCo10.31
Essa é a lei dos Medos e dos Persas Tudo 0 que fizerrnos deve ser feito
que remonta ao rei Assuero para a glória de Deus
Quarta - Et 9.20-28 Sábado - Gn t.z7i 2.t5-t8
O estabelecimento da Festa de Deus chama homens e mulheres
Purim, urna festa comemorativa para serem relevantes no mundo
de livramento

90 rrçÕns sÍslrcas . PRoFESSoR IULHO . AGOSTO . SETEMBRO zozt,


LEITURA gÍELICA EM CLASSE
Ester 8.4- 8; g.zg-3r;10.1-3
Ester 8 toda a força, para confirmarem segunda
4 - E estendeu o rei para Ester o cetro de vez esta carta de Purim.
ouro. Então, Ester se levantou, e se pôs 30 - E mandaram cartas a todos os ju-
em pé perante o reí, deus, às cento e vinte e sete províncias
i - e disse: Se bem parecer ao rei, e se eu do reino de Assuero, com palavras de
achei graça perante ele, e se este negócío paz e fidelídade,
é reto diante do rei, e se eulhe agradoaos 3r - para confirmarem estes dias de Pu-
seus olhos, escreva-se que se revoguem rim nos seu s tempos determinados, como
as cartas e o intento de Hamã, filho de
Mardoqueu, o judeu, e a rainha Ester lhes
Hamedata, o agagita, as quais ele escreveu tinham estabelecido e como eles mesmos já o
paralançar a perder os judeus gue há em
tinham estabelecido sobre si e sobre a sua
todas as províncias do rei. semente, acerca do jejum e do seu clamor.
6 - Por que como poderei ver o mal que
sobrevirá ao meu povo? E como podereí Ester 10
ver a perdição da minha geração? t - DepoÍs disto,pôs o rei Assuero tributo
T - Então, disse o rei Assuero à rainha sobre a terra e sobre as ilhas do mar.
Ester e ao judeu Mardoqueu: Eis que dei a
z - E todas as obras do seu poder e do
Ester a casa de Hamã, e a ele enforcaram seu valor e a declaração da grandeza
numa forca, porquanto quisera pôr as
de Mardoqueu, a quem o rei engran-
mãos sobre os judeus. deceu, porventura, não estão escritas
8 - Escrevei,pois, aos judeus, como pa-
no livro das crônicas dos reis da Média
recer bemoos vossos olho s e em nome do
e da Pérsia?
rei, e selai-o com o anel do rei; porque a
3 - Porque o judeu Mardoqueu foi o
escritura que se escreve em nome do rei e se segundo depois do rei Assuero, e grande
sela com o anel do rei não é para revogar. para com os judeus, e agradável para com
a multidão de seus irmãos, procurando
Ester 9 o bem do seu povo e trabalhando pela
29 - Depois dísso, escreveu a rainha Ester, prosperidade de toda a sua nação.
filha de Abiail, e Mardoqueu, o judeu, com

IS Hinos Sugeridos: 18 ,

PLANO DEAULA
227, 5o5 da Harpa Cristã

1. II{IRODUçÃO Iiwos bíblicos que levam o nome de


Como introdução desta última duas mulheres importantes na histó-
lição, sugerimos que você faça uma ria da salvação. Essas duas mulheres
pequena revisão a partir de uma cumpriram papéis relevantes na his-
comparação entre Rute e Ester. Ao tória de tão grande salvação revelada
longo deste trimestre estudamos dois em Cristo Iesus. Em seguida, informe

IULHO . AGOSTO . SETEMBRO 2024 r,rçÕEs rÍgt,rcas - PRoFESSoR 9l


que a última lição do trimestre aborda comemorar momentos como gran-
o grande liwamento que Deus deu ao des presentes de Deus em suas vidas
seu povo, garantido assim, o percurso quer individual quer na família. Es-
histórico da salvação. timule aos alunos a refletirem como
é importante estimularrnos a nossa
2. APRESET{TAçÃO DA rrçÃO
memória para reconhecermos a ação
A) Obietivos da tição: I) Explicar
de Deus em nossa história.
o pedido de direito de defesa do povo
judeu e a concessão do rei; II); Dis- 3. coNcrusÃo DA LrçÃo
cutir as boas notícias da rainha Ester A) Aplicação: Quando Deus inter-
para o seu povo; III) Conscientizar a vém na história com frequência Ele
respeito do papel da mulher cristã trabalha com a participação humana
para ser relevante no mundo. para realizar seus propósitos. Que nos
B) Motivação: Muitos desejam achemos fiéis e sensíveis para ser ins-
honras e, até mesmo riquezas, como trumento de Deus para que sua vonta-
inspiração em personagens como Es- de se cumpre na üda de alguém!
ter e Mardoqueu. Entretanto, poucos
estão dispostos a pagar o preço alto 4. suBsÍpto Ao PRoFESS0R
de chegar aonde Deus deseja que nos
A) Revista Ensinador Cristão.
Vale a pena conhecer essa revista
encontremos. Por exemplo, Mardo-
que traz reportagens, artigos, entre-
queu, exaltado pelo rei, o senriu fiel-
vistas e subsídios de apoio à Líções
mente por longos anos e, ao mesmo
Bíblicas Adultos. Na edição 98, p.42,
tempo, suportou o ódio e a soberba
você encontrará um subsídio espe-
de Hamã. Quem está disposto a de-
cial para esta lição.
senvolver essa maturidade no con-
B) Auxílios Especiais: Ao final do
texto do mundo moderno?
tópico, você encontrará auflios que
C) Sugestão de Método: Para darão suporte na preparação de sua
concluir esta lição, correlacione o es-
aula: 1) O texto ttQue Revogasse a Mal-
tabelecimento da Festa de Purim com
dade", âo final do segundo tópico,
a necessidade de marcamos em nossa
aprofunda a reflexão a respeito do de-
memória as ações de Deus ao longo
creto que garantisse o direito de defesa
de nossa vida. Use o Auxílio Biblio-
dos judeus;2) O texto ttPurim", loca-
lógico ttPurim", relacione na lousa
lizado depois do terceiro tópico, apro-
as palawas ((MEMÓRIA" t(PRo- e funda o estabelecimento da Festa de
VIDÊNCIA". Em seguida, pergunte
Purim como memorial do povo judeu.
aos alunos se eles têm o costume de

COMENTARIO

INTRODUçÃO como difusora de boas-novas e Mardo-


O drama dos judeus nos dias do rei queu foi engrandecido em todo o império.
Assuero estava chegando ao fim. O rei
editou um decreto concedendo o direito I O PEDIDO DE DEFESA AOS
de defesa para as comunidades judaicas IUDEUS E A CONCESSÃO DO REI
de todas as províncias persas. Ester agiu 1. A humildade de Ester e sua súpti-

92 r,tçÕEs gÍgltcas . PRoFESSoR IULHO . AGOSTO . SETEMBRO zoz4


ca. Assuero foi devidamente informado possíveis somente podem ser feitas
da gravidade do decreto redigido por pelo Parlamento, onde atuam os re-
Hamã e assinado com seu anel. No dia t3 presentantes eleitos pelo povo. Essa,
do décimo segundo mês, o mês de adar pelo menos, é a moldura constitucional.
(entre fevereiro e março de nosso calen- Oremos pelas autoridades de nosso país
dário), os inimigos dos judeus poderiam (r Tm 2.r,2).
matá-los em todas as tz7 províncias 3. O direito de defesa. Assuero não
do extenso Império Persa. O que podia revogar seu decreto, mas emitiu
poderia ser feito para evitar outro; uma espécie de contraor-
esse extermínio em massa? dem, que permitia aos judeus
De maneira reverente e com exercerem seu direito de de-
Palovras-Chave
toda humildade, Ester su- fesa diante de seus inimigos,
plicou ao rei que revogasse Boos- no dia assinalado no decreto
sua ordem, pondo fim ao novos anterior (Et 8.8-13). O texto
nos faz entender que havia,
intento de Hamã. Assuero
fez ver à rainha que já havia em todo o reino, grupos siste-
tomado as medidas que estavam maticamente hostis aos judeus (Et
ao seu alcance, como o enforcamento de 8.u,13; 9.L,2,5). Não era, portanto, uma
Hamã, mas que não poderia revogar o vingança gratuita e indiscriminada. A
decreto assinado (Et 8.7,8). Havia, ainda, ordem foi enviada para todas as provín-
um desafio para os judeus. Confiar em cias e produziu muita alegria entre os
judeus e temor em todos os povos. Muitos
Deus não nos isenta de f.azer a nossa
parte (Is r.3-9). chegaram a se tornar judeus (Et 8.t7). No
z. Segurança iurídica. Apesar de dia da pretendida matança, aconteceu o
todos os aspectos tirânicos, autoritários contrário do que esperavam os inimi-
e excêntricos dos reis da Pérsia, como o
gos: os judeus se assenhorearam deles,
próprio Assuero, havia um limite para inclusive ajudados pelos nobres e todos
os maiorais das províncias, que haviam
suas ações: o império da lei dos medos
e persas. Dario, pai de Assuero, viveu ouvido falar de Mardoqueu e o temiam
(Et 9.r-{). Somente na cidadela de Susã
uma experiência parecida e não violou
foram mortos 5oo homens, incluindo os
a norma. Mesmo estimando muito a
dez filhos de Hamã. Setenta e cinco mil
Daniel, não pode livrá-lo da cova dos
leões (Dn 6.8,15). Em qualquer nação, em todo o reino persa (Et 9.tt-t6). No
dia seguinte, mais 3oo mortos na cidade
todos devem estar sujeitos às leis (Rm
de Susã (Et g.r5).
13.1). Iesus deu-nos esse exemplo (Mt
22.17 -2L). Em países democráticos,
como o Brasil, todos os aspectos da
vida pública e privada são regrados
por um ordenamento jurídico, sob uma
Constituição, que a todos vincula. Isso é
SINOPSE I
necessário para que haja previsibilidade A rainha Ester suplica humil-
e segurança jurídica. Nenhuma pessoa demente a segurança jurídica
ou Poder está acima da Constituição para exercer o direito de defesa.
Federal. Ninguém pode agir de modo a
violá-la. As alterações constitucionais

IULHO . AGOSTO . SETEMBRO zozr,, lrçÕrs sÍslrcls . PRoFESSoR 93


il - A RAINTTA ESTER ESCREVE, mais a Mardoqueu, pondo-lhe como o
BOAS NOTÍCIAS PARA O SEU segundo maior do reino; posição que
POVO era ocupada por Hamã (Et ro.3). O relato
1. A comemoração dos judeus. O bíblico encerra com um testemunho
dia t4 do décimo segundo mês foi de notável de Mardoqueu: ele foi um
grande festa para os judeus de todo o homem público exemplar e próspero,
Império Persa. O sentimento de alívio trabalhando para o bem de todo o seu
pelo grande livramento tomou conta povo. O propósito de Deus é usar seus
do povo judeu e precisava ficar mar- servos em todas as áreas da vida. Tudo
cado. Mardoqueu registrou os fatos o que fizermos deve ser feito para a
e escreveu cartas para os iudeus de glória de Deus (1 Co to.3t).
todas as províncias, instituindo uma
festa comemorativa, a Festa de Purim.
Hamã havia lançado sorte (pur) para
matar os judeus no dia 13. Agora, o dia
1( seria estabelecido como um dia de SINOPSE II
festa, um feriado nacional a ser inscrito A rainha Ester emite uma car-
na história judaica, para comemorar o ta e um decreto para os judeus
livramento que Deus dera ao povo judeu exercerem o direito de defesa.
(Et g.zo-28).
2. A carta e o decreto de Ester.
Depois da primeira carta enviada por
Mardoqueu, Ester e o primo escreveram
uma segunda carta, confirmando a
instituição da Festa de Purim, com dois AUXÍLIO BIBLIOLÓGICO
dias de duração. Era a primeira vez que
a rainha Ester se dirigia ao seu povo. "QUE REVOGASSE A TVIALDADE
Ao sair de sua pena, a instituição da Embora Hamã tenha sido en-
festa estava fundamentada, agora, €ffi forcado como resultado da inter-
um decreto real (Et g.3z). A festa entrou venção de Deus em favor do seu
definitivamente no calendário judeu e é povo (7.to), a ordem original do
comemorada até os dias de hoje. rei de destruir todos os judeus ain-
3. A exaltação de Mardoqueu. As- da estava em vigor. Nem rnesmo o
suero conhecia Mardoqueu, mas não próprio rei poderia reverter o de-
sabia de seu parentesco com a rainha creto oficial (v.8). No entanto, em
Ester até a denúncia dos malfeitos de resposta ao pedido de Ester, um
Hamã. Ester 8.t diz que foi naquele dia segundo decreto foi promulgado,
que Mardoqueu compareceu à presença dando aos judeus o direito de lutar
do rei, ttporque Ester revelou que ele em sua própria defesa no dia esti-
era seu parente" (NAA). Assuero deu pulado para a sua destruição (w.
a Mardoqueu o anel que havia dado a g-17). Embora Deus certamente
Hamã, e Ester o pôs sobre a casa do possa salvar as pessoas sem a nos-
agagita (Et 8.2). Mas ainda não era sa ajuda, quase sempre Ele prefere
tudo. Depois da morte dos inimigos trabalhar com a nossa fiel partici-
dos judeus, Assuero engrandeceu ainda

94 t rçÕEs gÍgucas . PRoFESSoR IULHO . AGOSTO . SETEMBRO 2oz4


isso, chama homens e mulheres para
pação para realizar os seus propó-
serem relevantes no mundo. A mulher
sitos e livrar as pessoas do poder e
tem muito a contribuir no reino de Deus
da influência do mal. Nesta situa-
e no bem-estar de toda a sociedade.
Ção, o resgate de Israel foi resulta-
do de atividade de Deus combinada 3. O contexto cristão. Além das
mulheres da Bíblia, diversas mulheres
com seus fiéis seguidores (veja Fp
exerceram papéis importantes em
2.Lz-13)" (Bíblia de Estudo Pente-
toda a história da Igreja, tais como:
costal: Edição Global. Rio de Ianei-
Catarina von Bora, Susannah Wesley,
ro: CPAD,2oo4, p.843).
Sarah Kalley, Corrie ten Boom e Ruth
Graham. No contexto assembleiano:
Celina Martins Albuquerque, Lina Nys-
trôm, Zélía Brito, Frida Vingren, Signe
Carlson, Elisabeth Nordlund, Florência
Silva Pereira, Albertina Bezerra Barreto,
III-AMULHERÉCHATVNPA Ruth Doris Lemos, Wanda Freire Costa,
POR DEUS PAITA SER RELE. dentre tantas outras. Muitas mulheres
VAI{TE NO MUNDO notáveis permanecem em atuação em
1. Uma mulher notável. Mardoqueu solo brasileiro e em todo o mundo.
e Ester exerceram um papel de altíssima
relevância no Império Persa, principal-
mente em relação ao povo judeu. Para
isso, não foi preciso disputa ou inversão
de papéis. Ester chegou ao cargo de ra- SINOPSE III
inha sob profundo respeito, obediência A firmeza moral da rainha Es-
e honra ao primo Mardoqueu, que the ter é uma inspiração para a
havia criado como filha. Na condição mulher cristã do século XXI.
de rainha, soube ser humilde, prudente
e muito equilibrada. A forma como se
dirigia e honrava Assuero contrastava
com a atitude irreverente de Vasti. A
firmeza moral de Ester fez dela uma
mulher notável. Ela entendeu o propósito
AUXÍLIO BIBLIOLÓGICO
de Deus para sua vida.
2. Abanal (tguerra dos sexos". Deus í.PURIM
não entra em disputas banais, como a
Mardoqueu estabeleceu a Festa
tal ttguerra dos sexos", guê visa instilar de Purim (cf. \Ãr. zorz3), uma fes-
ódio e aversão entre homens e mulheres. tividade de dois dias que comemo-
O Criador nos fez macho e fêmea, com rava a maneira como Deus havia
constituição e papéis distintos, os quais salvado o seu povo do terrível pla-
estão claramente revelados nas Escritu- no de Hamã de aniquilar a raça dos
ras (Gn t.27i z.t5-t}). No final, julgará a judeus. (r) A festa recebeu o nome
todos conforme as leis perfeitas e justas de tPurim' em referência à maneira
que estabeleceu. Deus não é afetado por como Hamã usou tpur' (heb, tsor-
partidarismos e ideologias sexistas. Por

IULHO . AGOSTO . SETEMBRO zozt, lrçÕrs sÍsrrcas . PRoFESSoR 95


te, porção'; como se lançasse dados e trazê-las a um relacionamento
ou sortes) para determinar o dia em pessoal com Ele. Devemos assu-
que os judeus deveriam ser destru- mir uma posição de defesa de Deus,
ídos (veja 3.7, nota) . (z) Purim nos como fizeram Mardoqueu e Ester"
lembra que Deus pode anular os (Bíblia de Estudo Pentecostal: Edi-
planos e as circunstâncias das pes- ção Global. Rio de laneiro: CPAD,
soas. Os seus atos não são aleató- 2OO4, p.846).
rios nem sem propósito. O povo de
Deus nunca deve se considerar ví-
tima desamparada ou impotente do CONCLUSÃO
destino ou do acaso. Em vez disso, Com alegria e gratidão estamos
eles devem ser fortes na fé de que concluindo o estudo dos livros de Rute
Deus tem um plano significativo e Ester. Acima do papel humano visto
para cada vida um propósito que nestas histórias, a providência divina
se encaixa perfeitamente no obje- é contemplada do começo ao fim. O
tivo supremo de salvar as pessoas Deus que tudo provê continua agindo
em favor de seu povo.

REVISAIYDO O CONTEÚDO

1. Que impedimento havia para Assuero revogar o decreto que permitia o


extermínio dos judeus?
Assuero não podia revogar seu decreto por causa do limite estabelecido pelo
império da lei dos medos e persas.
2. Qual a importância de todos estarem sujeitos às leis?
Isso é necessário para que haja previsibilidade e segurança jurídica.
3. Qual a saída encontrada para livrar os judeus?
Assuero não podia revogar seu decreto, mas emitiu outro; urna espécie de
contraordem, eue permitia aos judeus exercerem seu direito de defesa dian-
te de seus inimigos, no dia assinalado no decreto anterior (Et 8.8-13).
4. O que foi estabelecido para comemorar o livramento do povo judeu?
Mardoqueu registrou os fatos e escreveu cartas para os judeus de todas as
províncias, instituindo uma festa comemorativa, a Festa de Purim.
!. Como Mardoqueu foi exaltado e que exemplo nos deixa?
Assuero deu a Mardoqueu o anel que haüa dado a Hamã, € Ester o pôs sobre
a casa do agagita (Et 8,2). Assuero engrandeceu ainda mais a Mardoqueu,
pondo-lhe como o segundo rnaior do reino; posição que era ocupada por
Hamã (Et 1o.3). Com Mardoqueu aprendemos que o propósito de Deus ê
usar seus servos em todas as áreas da vida, Tudo o que fizermos deve ser
feito para a glória de Deus (r Co 10.31).

96 lrçÕEs sÍsrrcas . PRoFESSoR lulHo . AGOSTO . SETEMBRO zoz4


POR QUE ESTUDAR TEOLOGIA?
OS COMENTARISIAS DAS HCÔES AÍELICNS RESPONDEM:

"lgreja e Teologia estão imptícitas uma a outra. lgreja sem Teologia


não passa de mera instituição retigiosa e social. Por isso, estudar
** #P'.', Teologia imptica na busca de conhecimento do Senhor que
sustenta a lgreja"

Pr. Elienai Cabral

"Teotogia é a busca da compreensão das coisas divinas. Eta se


fundamenta na Patavra de Deus e passa pela razão para deta
entendermos o que somos, de onde viemos e para onde vamos"

Pr. Esequias Soares

"O estudo da Teo[ogia aumenta o nosso conhecimento acerca


das doutrinas bíb[icas e dos fundamentos do cristianismo,
produz aperfeiçoamento e maturidade espiritual, nos transforma
em melhores cristãos, e ainda nos aproxima de Deus"

Pr. Dougtas Baptista

"Apresento cinco motivos: t) para conhecer melhor a Deus e sua


.*
â,
*ü Palavra; 2) para seruir methor a igreja; 3) para saber como responder
aqueles que pedem razão da nossa fé;4) para o próprio crescimento
espiritual; e 5) para cumprir com eficácia o lde de Jesus"

Pr. José Goncalves

"Um bom conhecimento teol.ógico assente em uma doutrina bíbtica


saudáveL e é o antídoto contra a instabiLidade na fé, gerando uma
espirituatidade estável para não ser levado ou jogado por quatquer
vento de doutrina, nem ser seduzido peta astúcia de homens que
conduzem outros a erros"

Pr. Osiel Gomes

A Facul.dade FAECAD da CGADB pode ajudar você, contribuindo para a sua formaçâo bíbtica,
teotógica e ministeriat, por meio do CuÍso Superior em leologia na modalidade a distância (EaD),
reconhecido peto Ministério da Educação (MEC).

SAIBA MAIS
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FACUI..DADE

FAECAD CPAD
llbNED
DE ESCOLA
DOMINICAL
Até que cheguemos à medida da
plrunRns
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rónuus
estatura completa de Cristo. erésios4:r3 LOUYOR

§{o PAuLo-5?
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DE ÍUrARçO DE

Renomados preletores nacionais à internacionais!


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EI TNFoRMAçÕEs E ruscnrçÕEs: DESTE EVENTO
?.406-7352 MPERDívrl PARA
{zI} 0tzrt 96t+§2*299O 05 ENSINADORES
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