Você está na página 1de 4

A Pessoa de Cristo

A Bíblia evidencia claramente a questão sobre a humanidade e


divindade de Jesus. Todavia esse assunto sempre foi algo de muita disputa
na teologia. A questão principal é como formular esse conceito
teologicamente.
Desde muito cedo as controvérsias sobre a pessoa de Jesus se
avolumaram, o 4º e o 5º século foram o principal período na história da
igreja no que diz respeito aos debates teológicos. Foi nessa época que
surgiram os credos que até hoje influenciam e sedimenta o pensamento
cristão. Cristo era o principal assunto da teologia nesse período. A
discussão sobre a natureza de Cristo crescia tremendamente seguida de
muitos desdobramentos. No começo do século 4º, por exemplo, Ário, Bispo
de Alexandria ensinou que Cristo era um Ser criado, portanto não divino.
Cristo não era nem homem, nem Deus, mas um ser intermediário entre a
divindade e a humanidade. Antes porém, dessa afirmação de Ário, outras
facetas foram esboçadas o que, mais tarde forma tema de debates nos
primeiros concílios da igreja cristã. Veja um quadro histórico das principais
teorias:

Ebionismo –
Surgiram no começo do 2º século e negavam a natureza divina de Jesus.
Acreditavam que Jesus Cristo era apenas uma pessoa humana e nada tinha
de divino, era simplesmente um profeta extraordinário, nada mais, nada
menos que isso. Essa corrente era a influencia do judaísmo dentro do
cristianismo.

Docetismo –
O termo docetista vem da palavra dokete, (dokein – parecer), assim essa
teoria afirmava que Jesus era só divino. Não podia ser humano, pois a
matéria, para este grupo, era intrinsecamente má, corrupta. O corpo de
Jesus era só uma aparência, não era real. Essa teoria surgiu com uma forte
influencia da filosofia grega.

Arianismo
Esse nome vem do pai dessa teoria, o Bispo Ário. Ele ensinou que
Jesus é um “deus”, porém diferente do Pai. Este é absoluto, aquele não.
Afirmava que houve um tempo em que Cristo não era. Cristo foi a primeira
criação de Deus, segundo essa posição. Esta posição foi fortemente
condenada pela maioria dos cristãos primitivos e foi a principal motivação
do Concilio de Nicéia convocado por Constantino para tentar solucionar a
controvérsia.
Apolinarianismo
Apolinário defendia que a constituição de Jesus era corpo, alma e
verbo. Isto é, não era integral, de humano tinha apenas o corpo e a alma
irracional. O Verbo tomou o lugar da mente irracional.
Esta teoria junto ao arianismo foi combatida e rejeitada no concílio de
Constantinopla, em 381 d.C.

Nestorianismo
É a teoria de Nestório, Bispo de Constantinopla. Afirmava que Jesus
estava dividido em duas personalidades distintas: uma humana e outra
divina, portanto, ora Jesus agia usando sua natureza divina, ora agia com
sua natureza humana. Essas duas naturezas estavam separadas.
Essa teoria foi condenada e custou a expulsão de Nestório do
patriarcado de Constantinopla em 431 d. C.

Eutiquianismo
Essa teoria, elaborada por Eutique, surgiu de uma confusão do
aspecto das naturezas de Cristo. Ensinava que as duas naturezas se
ajustaram e formaram uma terceira natureza. A natureza divina prevaleceu
no fim e absorveu completamente a natureza humana. O Concilio de
Calcedônia tratou também dessa controvérsia e a rejeitou em 451 d.C.

A Era dos Concílios1

Concilio de Nicéia – Ano 325 d.C

A controvérsia nesse concílio se deu entre as posições de Ário e


Atanásio. Este afirmava que Jesus teve a mesma natureza que o Pai e
também teve uma natureza humana completa, enquanto que aquele
afirmava que era impossível existir uma união real entre o divino e o
humano. Para Ário o “VERBO” (de 1 João 1:1) foi um ser criado, não
eterno e não divino. Jesus teve uma natureza similar (homoiousious) com o
Pai. Atanásio discordou, afirmando que Jesus era homoousious com o Pai.

2. Concílio de Calcedônia – Ano 451 d.C

As heresias cresceram até esse período. Negaram ou a humanidade (Docetismo) ou


a divindade (Ebionismo) ou a integralidade da natureza divina (Arianismo) ou da
natureza humana (Apolinarianismo) ou a dualidade das naturezas (Eutiquianismo:
Cristo teve uma Natureza misturada), ou a unidade de pessoa (Nestorianismo: Cristo foi
quase duas pessoas). Porém o Concilio de Calcedônia elaborou o postulado ortodoxo

1
para conhecer mais sobre o assunto leia: SEVERA, Zacarias de Aguiar: Manual de Teologia
Sistemática. Curitiba: A. D.Santos Editora, 1999. 540p. -
sobre a questão afirmando que Jesus teve uma natureza humana completa, e uma
natureza divina completa, duas naturezas em uma só pessoa. A encarnação de Cristo
continuará a ser um mistério para nós. Porém a formulação deste concílio reflete bem a
evidência bíblica sobre a pessoa de Cristo.

Evidências Bíblicas

As evidências bíblicas são claras: João 1: 1-2; João 20:28; e Col. 2:9 são exemplos,
e o uso da palavra “Senhor” (como 1 Coríntios 12:3) que foi usada para Deus no VT, é
um forte argumento.

A Humanidade de Cristo

A questão sobre a humanidade de Cristo está completamente resolvida nos dias


de hoje. Não há qualquer dúvida sobre este fato. Existem vários fatores que corroboram
esta evidência:

 Jesus está na lista das genealogias humanas (Mt 1. 1-16; Lc. 3:23-38);
 Ele nasceu seguindo os padrões naturais (Mt 1:25; Gl. 4.4).
 Foi limitado fisicamente (João 4: 6; Mt. 21:18; 11:19; Mc 14:33-36; Lc 22:63)
 Experimentou as emoções humanas (Lc 10:21; Mt 26:37; João 11:5; Mt 9:36; Lc
7:9; Mc 3:5).
 Experimentou a morte (Lc 22: 44; João 19:33)

A Divindade de Cristo na Bíblia

A Divindade Cristo se evidência a partir dos seguintes aspectos:

 A geração sobrenatural de Cristo ( Lc 1: 34, 35)


 Seus muitos milagres
 Sua consciência acerca de si mesmo e de sua divindade (João 5:26;
 5:23; 17:5; 8:58; 8:24; Mateus 28:19; João 5: 18; 10:33,38). Jesus estava
consciente de sua natureza divina.
 Ele possuía atribuições que só cabem à divindade (Mc 2:10; Mt 5:21; Mc 2:28;
Mt. 1:21).

“Com a união das duas naturezas em uma só pessoa, Cristo tornou-se o perfeito
mediador dos homens (1 Tm 2:5; 1Jo 2.2; Ef. 2. 16-18)”(SEVERA 1999)
A seguir passo a mostrar um esboço teológico sobre esse assunto baseado na
obra de R Shelton JR. “A Divindade de Cristo”:

1. No Sl 90.2 lemos: “De eternidade a eternidade, tu és Deus”. Essa mesma


declaração é feita a respeito de Jesus Cristo, em Miquéias 5:2;
2. No Sl 93.2 lemos: “Desde a antiguidade está firme o teu trono: tu és desde a
ETERNIDADE”. Esta mesma declaração é feita a respeito de Jesus, o Cristo de
Deus, em Hb 1:8.
3. Em Filipenses 2:7,8; a Bíblia afirma: “Pelo que também Deus o exaltou
sobremaneira e lhe deu o nome que é sobre todo o nome, para que ao nome de
Jesus se dobre todo o joelho, nos céus, na terra e debaixo da terra, e toda língua
confesse que Jesus Cristo é Senhor, para glória de Deus Pai” (vv. 9-11). Ele é O
DEUS ETERNO ENCARNADO!
4. Lemos em Is 44.6: “Eu sou o primeiro, e eu sou o último, e além de mim não há
Deus”. Jesus proferiu as mesmas palavras a respeito de si mesmo: “Eu sou o
primeiro e o último, e aquele que vive; estive morto, mais eis que estou vivo
pelos séculos dos séculos” (Ap. 1: 17-18).
5. Em êxodo 3: 13-14, Deus faz a seguinte afirmação a Moisés: “Disse Deus a
Moisés: EU SOU O QUE SOU; Disse mais: Assim dirás aos filhos de Israel: EU
SOU me enviou a vós outros”. Esta mesma expressão é usada por Jesus Cristo
no Novo Testamento para demonstrar sua Deidade. Vejam João 8: 51, 53, 56,
57, 58 e 59). Grifem a expressão; “Antes que Abraão existisse, eu sou”. A
afirmação de Jesus foi categórica, ele afirmava ser o próprio Deus, tanto é que os
judeus pegaram em pedras para ataca-lo, pois não aceitaram esta afirmação e
julgaram ser blasfêmia. Porem Jesus sabia o que estava dizendo.
6. Jesus empregou o termo EU SOU repetidas vezes relacionando a si mesmo. Em
João 8:24, Ele disse: “Se não crerdes que EU SOU, morrereis nos vossos
pecados”. Observem, sempre que Jesus usa o termo EU SOU, ele o faz de modo
ENFÁTICO, ou seja, EU, EU MESMO, SOU (conforme o original):
 EU, EU MESMO, SOU o pão da vida (João 6:35 e 51).
 EU, EU MESMO, SOU a luz do mundo (João 8:12).
 EU, EU MESMO, SOU a porta (João 10.9).
 EU, EU MESMO, SOU o bom pastor (João 10.11).
 EU, EU MESMO, SOU a ressurreição e a vida (João 11:25-26).
 EU, EU MESMO, SOU o caminho (João 14.6).
 EU, EU MESMO, SOU a verdade (João 14.6).
 EU, EU MESMO, SOU a vida (João 14.6).
 EU, EU MESMO, SOU a videira (João 15. 6).

Negar a Divindade de Jesus é fechar a única porta para a salvação: “Se não
crerdes que EU SOU, morrereis nos vossos pecados”( João 8:24).

Você também pode gostar