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Povoamento das Américas.

O povoamento das Américas é uma questão arduamente discutida no meio


científico, e várias teorias foram elaboradas para explicar a chegada do homem ao
continente. Os cientistas não têm dúvidas de que o ser humano não é autóctone, ou seja,
não se originou na América, e que o continente tenha sido povoado por homens
provenientes de outras partes do mundo (aloctonismo). Há um certo consenso de que a
América tenha sido povoada desde a Sibéria, na Ásia. Todavia, para além desse relativo
consenso, a comunidade científica discute, desde a primeira década do século XX, em
qual época, por quais as rotas e quantas ondas migratórias teriam povoado o continente
americano.
Estudos de DNA têm sido responsáveis por demonstrar a ancestralidade dos
povos americanos, bem como as rotas migratórias e as dinâmicas das populações
estabelecidas no continente. Ainda não existe consenso sobre quantas migrações ou em
que momento as migrações de populações humanas ocorreram para as Américas. Ao que
tudo indica, grande parte do povoamento, e as migrações para porções mais ao sul, tenham
sido realizadas por rotas costeiras.

O estreito de Bering, indicado pelo retângulo, separa a Ásia da América. Segundo a teoria
mais aceita, por ali passaram os primeiros homens que chegaram à América.

Hipótese do Povoamento pelo Estreito de Bering


Esta hipótese foi proposta inicialmente no ano de 1590 d.C. por José de Acosta e
passou a ser aceita em 1930.[1] Tal hipótese tornou-se aceita cientificamente entre os anos
de 1928 e 1937, quando foram encontrados, em escavações arqueológicas nas
proximidades da cidade de Clovis (Novo México), nos Estados Unidos, artefatos de
mesmo tipo dos anteriormente descobertos na região da Beríngia.[2] Atualmente, é
consenso entre os especialistas que, durante a última era glacial, a concentração de gelo
nos continentes fez descer o nível dos oceanos em pelo menos 120 metros. Esta descida
provocou, em vários pontos do planeta, o aparecimento de diversas conexões terrestres,
como, por exemploː Austrália-Tasmânia com Nova
Guiné; Filipinas e Indonésia; Japão e Coreia.

Uma das possíveis rotas de entrada do homem nas Américas através da Beríngia
Um destes lugares foi a Beríngia, nome que recebe a região que divide a Ásia da
América. É nesta área que ambos os continentes entraram em contacto.[3] Devido a sua
baixa profundidade (entre 30 e 50 metros), a descida do nível do mar colocou, a
descoberto, um amplo território que alcançou 1 500 quilômetros, unindo as terras
da Sibéria e do Alasca, aproximadamente há 40 000 anos.[4]
Neste sentido, em concordância com a Beríngia, dados arqueológicos,
morfológicos, de esqueleto e de dentição, e até dados genéticos, têm demonstrado que os
povos americanos têm como ancestrais os povos asiáticos.[5] A hipótese do povoamento
pelo Estreito de Bering fortalece a perspectiva do povoamento humano durante
o Pleistoceno Tardio (± 17.000 - 13.000 anos) advindos da Ásia/Rússia para a América
do Norte/Alasca.[5]
Embora o período e as rotas do povoamento americano ainda sejam debatidos,
existem fortes evidências considerando o período da Última Grande Glaciação (do inglês:
Last Glacial Maximum - LGM) como momento propício para o deslocamento
intercontinental nesta região, uma vez que os níveis dos oceanos estavam 130 metros
abaixo dos níveis normais de profundidade.[5]
Vale ressaltar que as Américas não foram ocupadas de maneira contínua pelos
primeiros povoamentos humanos. Devido à junção das geleiras Cordilheira e Laurentide,
existia uma barreira física e climática para que fosse ocupado regiões mais ao
sul.[5] Portanto, houve um período de isolamento na Beríngia, no qual as populações
fundadoras residiam nessa faixa de terra. Somente ± 15 mil anos atrás, a geleira
Cordilheira começou a derreter, permitindo uma rota de migração sentido sul pela porção
oeste, na costa do pacífico.
A região do “corredor livre de gelo”, ao leste das Montanhas Rochosas, não possui
registros de habitação humana até ± 10.600 anos. Após essa data, teria ocorrido um
segundo pulso migratório vindo da Beríngia, que contribuiu para a estruturação das
populações da América do Norte. Há autores que defendem que essa estrutura tenha sido
definida anteriormente, na bifurcação ocorrida durante a migração pelo litoral.[5]

Modelos “primeiro Clovis” e pré-Clovis:


O modelo “primeiro Clovis” (do inglês, Clovis First), se refere a hipótese de que
os colonizadores iniciais da América do Norte, caçadores especialistas na caça e abate
de megafauna, se depararam com a ponte continental na Beríngia após o final do último
máximo glacial, migrando para o sul, através do corredor livre de gelo e posteriormente
teriam colonizado a América Central e Sul. Essa hipótese afirma que os seres humanos
chegaram ao continente americano há menos de 11.500 anos. A desconfiança no modelo
cresceu conforme houveram reavaliações das datações de radiocarbono de sítios
arqueológicos norte-americanos, que indicaram uma vida relativamente curta (cerca de
400 anos) dessa cultura, e pela presença de projéteis semelhantes em sítios sul-americanos
contemporâneos a sítio Clovis mais tardios. A partir de evidências de sítios norte-
americanos anteriores à cultura Clovis, o modelo pré-Clovis propõe que houve uma
rápida colonização, após o último máximo glacial, do território da América do Norte. Há
também sítios sul-americanos pré-Clovis no Peru, Venezuela e Chile, entre os quais estão
as escavações em Monte Verde I (Chile), cujos registros demonstram a existência de
ocupação humana na América do Sul entre 14 500 e 18 500 anos. A antiguidade desses
sítios sul-americanos não é universalmente aceita.

Hipótese Malaio-Polinésia
Esta teoria defende que diversas populações teriam se utilizado
de canoas primitivas e que, indo de ilha em ilha rumo a leste, teriam chegado na América
do Sul. O principal defensor desta teoria foi o antropólogo francês Paul Rivet, que
defendeu esta teoria em 1943. Não negava a passagem do homem pela Beríngia; apenas
defendia que a chegada do homem na América teria ocorrido por mais de uma rota. Esta
passagem teria ocorrido em dois momentos e em dois lugares diferentes. Primeiramente
na Austrália, 6 000 anos antes da Beríngia; e na Melanésia um pouco mais tarde.
Dados recentes de DNA ancestral (aDNA) indicam que há uma maior proporção
de ancestralidade australo-melanésia, em nativos americanos da América do Sul,
assinatura ausente em populações indígenas da América do Norte e Central.[8] Uma das
hipóteses para explicar essa observação está na proposta “população Y”. Segundo alguns
autores, haveria uma população ancestral, ainda não identificada, do nordeste da Ásia que
teria contribuído para a colonização tanto das Américas quanto da Austronésia. Portanto,
essa variação observada hoje em indígenas da América do Sul seria o resultado da
variabilidade presente no DNA de um grupo de paleoíndios que participaram da
colonização inicial do continente.

Hipótese do povoamento pelo Oceano


Pacífico
Walter Neves, um antropólogo evolucionário da Universidade de São Paulo,
desenvolveu ao longo de vinte anos, a teoria que defende que o continente americano foi
colonizado por duas ondas de Homo sapiens vindos da Ásia. A primeira onda de
migração se acredita ter chegado há cerca de 14 mil anos e tinha sido composta por
indivíduos com morfologia não mongoloide, semelhante à dos Aborígenes e
aos africanos, de morfologia negroide. Esta primeira onda não deixou qualquer
descendente. A segunda onda migratória se acredita ter chegado no continente há cerca
de 12 mil anos, e os membros deste grupo tinham as características físicas dos asiáticos,
de quem os modernos povos indígenas possivelmente derivam. [9] Entretanto,
em 2013 pesquisadores desenterraram instrumentos de pedra provando que os seres
humanos alcançaram o que é hoje o nordeste do Brasil há aproximadamente 22 mil anos.
Uma investigação mais aprofundada e a medição de centenas de crânios da Serra
da Capivara, incluindo o mais antigo, de uma jovem mulher que foi chamada de Luzia,
levou Neves e outros arqueólogos a especularem uma incrível viagem por mar[11],
da Austrália para o Brasil, que não teria sido realizada com conhecimento de rotas, mas
por acidente.[12] Niède Guidon, arqueóloga brasileira, pioneira das escavações, afirmou,
há mais de duas décadas, que sua equipe tinha encontrado evidências na forma de carvão
vegetal, a partir dos restos de uma fogueira, que os seres humanos tinham vivido na Serra
da Capivara há cerca de 48 000 anos.[13][14] Neves, no entanto, em entrevista ao Le Monde
Diplomatique[15] explica que não imaginou uma viagem direta, mas uma migração, que
poderia inclusive ser pelo Alasca.

Migrações para a América do Sul


Estudos genéticos, esqueléticos e arqueológicos demonstram que os primeiros
humanos sul americanos chegaram à região 13 mil anos atrás, durante o fim
do Pleistoceno e início do Holoceno.[5][16] O povoamento da região sul do continente
americano é bastante debatida, uma vez que a região neotropical apresentava condições
físicas, climáticas e geográficas distintas das presentes na porção norte.
Ao que se indica, as populações sul americanas chegaram pelo Istmo do Panamá,
seguindo pela costa marinha e por rotas fluviais.[5][16] Existem outros argumentos, por
exemplo, que a colonização se deu pelos Andes. No entanto ainda é incerto a rota
específica, uma vez que grande parte dos sítios arqueológicos na região costeira deste
período (13 mil anos atrás), está submersa entre 100 a 120 m de profundidade, devido ao
derretimento do gelo do período glacial.[5]
A adaptação e estabelecimento de populações humanas na América do Sul se
refletiu no desenvolvimento de tecnologias em ferramentas utilizadas para caça de
animais, principalmente fauna de médio e pequeno porte, como caititus (Pecari tajacu)
e queixadas (Tayassu pecari).[5][17] As ferramentas utilizadas na região sul americana são
distintas das ferramentas encontradas na região de ocorrência das populações Clóvis,
portanto ao que se indica, foram populações contemporâneas, logo a população sul
americana não seria descendente de Clóvis, a exemplo das indústrias líticas de Umbu,
Itaparica e Lagoa Santa, encontradas no Brasil.[5][16][17]
O estabelecimento das populações na América do Sul está relacionado com o
sedentarismo e com a adaptação do ambiente para suprir recursos essenciais, como
árvores e plantas.[5][16] O processo de produção local de alimentos pela agricultura, menos
dependente da sazonalidade ambiental, permitiu o crescimento demográfico e a expansão
das populações humanas nesta região.

Sítios pré-Último Máximo Glacial:


Alguns sítios sul americanos, como os de Pubenza (Colômbia), Caverna
Pikimachay (Peru), Monte Verde I (Chile) e Santa Elina, Toca da Tira Peia e Pedra
Furada (Brasil), apresentam evidências para uma ocupação das Américas anterior
ao último máximo glacial. Entre os achados desses sítios, nos três primeiros as evidências
são ditas como “plausíveis”, não universalmente aceitas, mas com uma expectativa mais
promissora ressalvas pela necessidade de uma investigação mais completa dos locais. Se
os achados com datações mais antigas de Monte Verde I, com registros de ocupação há
16.500 anos, forem aceitos, deve ocorrer uma reavaliação completa dos modelos de
povoamento das Américas. Os sítios brasileiros são vistos como mais “problemáticos”,
possuindo achados que datam de até 50.000, tendo vários questionamentos acerca de
seu status antropogênico. Embora não haja um consenso e os tópicos permaneçam em
debate, esses sítios proporcionam conjuntos de evidências que, caso aceitos, possam levar
a uma revisão completa das hipóteses sobre povoamento e ocupação das Américas.[5]

Outros humanos
Segundo a teoria geralmente aceita, os primeiros humanos teriam chegado à
América, entre 11 000 e 27 000 anos atrás por meio de uma "ponte" de terra que então
conectava a Sibéria e o Alasca.
Acredita-se que o Homo sapiens tenha deixado a África em várias ondas - a
primeira não antes de 130 000 anos - chegando à China, entre 80 000 e 120 000 anos
atrás, e à Austrália há 50 000 anos. Uma onda posterior, também proveniente
da África teria chegado à Europa Ocidental há cerca de 42 000 anos.
Para esse primeiros humanos, uma ponte para a América estaria muito longe. Mas
os primeiros membros do gênero Homo- incluindo as espécies que eventualmente
evoluíram para os Neandertais - já haviam deixado a África e povoado a Eurásia[18]. Em
2015, especialistas especularam que o Sapiens ou outra espécie de Homo poderia ter
entrado na América do Norte, por uma ponte de terra e, em seguida, por barcos. Mas ainda
não há provas suficientemente convincentes. Não há indicação genética de que os
Neanderthais tenham alcançado a América, e nada sugere que fossem marinheiros.
Ademais, também é prematuro invocar os Denisovanos, dado o pouco que se sabe sobre
eles[19]
No entanto, sabe-se que uma espécie Homo usou ferramentas de pedra para
separar ossos, dentes e presas de um mastodonte, há aproximadamente 130.700 anos, em
local próximo ao que agora é San Diego.[20] Há cerca de 130 000 anos, segundo os
pesquisadores, um clima relativamente quente e úmido teria deixado submersa qualquer
ligação terrestre entre o nordeste da Ásia e o que é agora o Alasca. Assim, os antigos
colonizadores da América devem ter chegado ao continente, em canoas ou outras
embarcações, e viajado pela costa do Pacífico. As evidências sobre os candidatos a
quebradores de ossos de mastodonte do sul da Califórnia incluem Neandertals,
Denisovanos e Homo erectus - todos habitantes do nordeste da Ásia há cerca de 130 000
anos. Candidato menos provável é o Homo sapiens, que alcançou o Sul da China, entre
80 000 e 120 000 anos atrás.[21]

Povos de Luzia.
É o fóssil humano mais antigo encontrado na América do Sul, com cerca de 12
500 a 13 000 anos[1] que reacendeu questionamentos acerca das teorias da origem do
homem americano.[2] O fóssil pertenceu a uma mulher que morreu entre seus 20 a 24 anos
de idade[3] e foi considerado como parte da primeira população humana que entrou no
continente americano.[3][4]
O esqueleto foi descoberto nos anos 1970 em escavações na Lapa Vermelha, uma
gruta no município de Pedro Leopoldo, na Região Metropolitana de Belo
Horizonte.[5] Em 2018, o fóssil foi queimado e quase destruído no incêndio do Museu
Nacional.[6] Em 19 de outubro de 2018, o museu anunciou que conseguiu recuperar até
80% dos fragmentos e poderá reconstruir o esqueleto

Origem do nome
Formalmente, o esqueleto se chama "Lapa Vermelha IV Hominídeo 1".[8] "Luzia"
é um apelido dado pelo biólogo Walter Alves Neves, do Instituto de Biociências da
Universidade de São Paulo. Ele se inspirou em Lucy, o célebre fóssil de Australopithecus
afarensis de 3,5 milhões de anos achado na Etiópia no ano de 1974.[carece de fontes]
Condição
Além de "fóssil", Luzia é também referida simplesmente como um "esqueleto" de
hominídio. Os ossos não apresentam "sinais clássicos de fossilização",[9] logo, segundo a
definição de certos autores, poderiam ser chamados de "subfósseis". Entretanto,
atualmente, muitos paleontólogos desconsideram a necessidade de alteração química
(fossilização, ou diagênese) para a classificação de um resto biológico como fóssil, em
sentido amplo.[10]
Descoberta
O esqueleto foi encontrado no início dos anos 1970, pela missão
arqueológica franco-brasileira chefiada pela arqueóloga francesa Annette Laming-
Emperaire (1917-1977), em escavações na Lapa Vermelha, uma gruta no município
de Pedro Leopoldo (MG).[5] A gruta era famosa pelos trabalhos do cientista Peter
Lund (1801-1880), que lá descobrira, entre 1835 e 1845, milhares de fósseis de animais
extintos da época do Pleistoceno e 31 crânios humanos em estado fóssil do que passou a
ser conhecido como o Homem de Lagoa Santa. Seus hábitos alimentares incluíam folhas,
frutas, raízes e algumas vezes, carne.[11]
Inicialmente, Emperaire, acreditava que havia na verdade dois esqueletos
diferentes no local do sítio arqueológico: um mais recente, datado em 11 mil anos, e outro
localizado um metro abaixo, datado em 12 mil anos, o qual seria da cultura Clóvis e ao
qual pertenceria o crânio de Luzia. Entretanto, análises posteriores pelo arqueólogo
francês André Prous revelaram que ambos os restos encontrados pertenciam a um mesmo
indivíduo, datado em 11 mil anos – como o crânio havio rolado para longe do resto do
esqueleto, Emperaire fizera uma interpretação errônea dos achados.[12][13]

Povoamento das Américas


Teoria alternativa

Modelo 3D gerado a partir de fotogrametria

Em 1989, Walter Neves, ao lado do colega argentino Héctor Pucciarelli, do Museu


de La Plata, formulou a teoria de que o povoamento da América teria sido feito por duas
correntes migratórias de caçadores-coletores, ambas vindas da Ásia provavelmente
pelo estreito de Bering, através de um istmo que se formou com a queda do nível dos
mares durante a última idade do gelo. A primeira leva migratória seria composta por
populações com traços negroides, tendo ocorrido há 14 mil anos e não possuiria
representantes atuais entre os povos ameríndios. Já a segunda leva seria formada por
indivíduos com aparência mais próxima à mongoloide, e teria ocorrido há 12 mil anos.
Esta teoria alternativa contrapunha-se à teoria convencional de que teria havido três ondas
migratórias, via estreito de Bering, iniciadas há cerca de 13 mil anos, de populações com
traços somente mongoloides.[14][15]
Em 1995, Neves teve acesso ao "esqueleto da Lapa Vermelha IV" ou "Lapa
Vermelha IV Hominídeo 1", localizado no Museu Nacional, o qual apresentava traços
negroides. O esqueleto foi renomeado por ele como "Luzia",[12] e se tornou a principal
evidência de sua teoria alternativa sobre o povoamento da América.[15] Ao estudar
a morfologia craniana de Luzia, Neves encontrou traços que lembram os
atuais aborígenes australianos e os negros da África.[8]
As populações da primeira onda migratória da teoria de Neves, foram chamadas
de aborígenes americanos, sendo semelhantes a Luzia. No entanto, Luzia possui crânio
arredondado como o dos mongoloides e não tem o occipital saliente dos negroides, tal
como tem leve braquicefalia como os mongoloides.
Assim, Luzia parece um tipo intermediário entre pigmoides e mongoloides, do
mesmo modo que os australoides são a fusão de vários elementos do paleolítico superior
e inferior; mesmo os congoides de crânio arredondado possuem influências residuais
mongoloides de possíveis contatos pelo Índico com navegadores antigos asiáticos que
inclusive colonizaram Madagascar a partir da costa leste africana, sendo fácil notar
mongolização em povos da África Oriental e mesmo de outras regiões via repasse
autossómico indireto.
Do mesmo modo, na América do Norte, foram encontrados povos, tais como o
de Kennewick que possuem feições intermediárias entre mongoloides e caucasoides, tão
ou mais antigos que Luzia. O que indica que a maré mongoloide mais recente deve ter
extinto estes povos anteriores de feições caucasoides e mongopigmoides em algum
momento do paleolítico superior final.[carece de fontes]
A maior dificuldade hoje em analisar o DNA dos ameríndios é que muitos povos,
por mais isolados que aparentem estar atualmente, durante os séculos da colônia, foram,
muitas vezes, contatados por expedições de bandeiras espanholas, portuguesas e de
colonos independentes que levavam, às vezes, escravos, a exemplo de um
pequeno quilombo no Mato Grosso da época da mineração, o que indica que os luso-
paulistas bandeirantes não usavam apenas mão de obra ameríndia, mas também mista, o
que de facto compromete muito das analises genômicas, já que estas podem estar
anacronicamente não mais puras como o eram antes de tais entradas aos Sertões do
interior sul-americano.[carece de fontes]
As conclusões de Neves foram desafiadas por pesquisas feitas pelos antropólogos
Rolando González-José, Frank Williams e William Armelagos, que mostraram, em seus
estudos, que a variabilidade craniofacial poderia ser apenas devido à deriva genética e
outros fatores que afetam a plasticidade craniofacial em Nativos americanos.[16][17][18]
A comparação em 2005 das espécimes de Lagoa Santa com os modernos Botocudos da
mesma região também mostrou afinidades fortes, levando Neves a classificar os
Botocudos como paleoíndios.[19]
Um estudo genético de 2015, com dados de populações ameríndias atuais e
passadas, corrobora a hipótese de uma única onda migracional de povos da Sibéria,
ocorrida entre 23 mil a 8 mil anos, pela Beríngia. As semelhanças de parte dos atuais
ameríndios com os atuais australoides seriam indiretas, resultado de deriva genética e não
de descendência.[20] A sequência genética de paleo-índios da Patagônia revelou que os
paleo-índios têm perfil genético similar ao dos indígenas americanos.[20]

Teoria de 2018

O crânio de Luzia exposto no Museu Nacional do Brasil

Pesquisadores da Universidade de São Paulo e da Universidade


de Harvard divulgaram uma descoberta que contradiz a principal teoria do povoamento
da América. Com ajuda da extração de DNA de fósseis enterrados por mais de dez mil
anos, eles puderam avaliar o genoma dos fósseis para descobrir informações genéticas
dos mesmos.[21]
O trabalho foi feito em conjunto pela USP, pela Universidade Harvard e
pelo Instituto Max Planck, da Alemanha. Os cientistas estudaram nove ossadas humanas
da região de Lagoa Santa, em Minas Gerais. Dos mesmos sítios arqueológicos de Luzia,
a ossada de uma mulher que teria vivido há mais de 11 mil anos e é considerada a primeira
brasileira.[21]
Existem duas teorias para a chegada dos seres humanos aos continentes americanos:
1. A primeira diz que os humanos chegaram ao continente americano a partir
de migração de populações do leste asiático, que atravessaram o estreito
de Bering na época, ele ainda se conectava à América do Norte e desceram
até chegar à América do Sul.
2. A segunda diz, que na década de 1990, foi criada uma nova teoria. De que
os territórios americanos também foram povoados por humanos mais
antigos ainda, os primeiros que já tinham saído da África, cruzado a Ásia
e que teriam vindo direto para as Américas, até chegar ao Brasil. A ideia
surgiu porque os pesquisadores estudaram as medidas do crânio de Luzia
e acharam que ele era mais largo do que os dos indígenas e mais parecido
com o dos africanos.
Entretanto, o resultado do estudo mostrou que a Luzia vai precisar de um rosto
novo. O atual, com nariz e lábios mais grossos, foi feito com base na ideia de que ela
descendia de negritos do Oceano Índico, aborígenes australianos ou melanésios. Contudo,
a análise do DNA mostrou que o código genético do povo de Lagoa Santa é semelhante
ao de todos os povos indígenas da América e, neste caso, as feições seriam mongoloides.
Com essa comprovação, a teoria de que duas populações teriam povoado as Américas
não faz mais sentido. O povo de Luzia chegou à América junto com todas as demais
populações que vieram do continente asiático.

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