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HISTÓRIA

PRÉ-VESTIBULAR
LIVRO DO PROFESSOR

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I229 IESDE Brasil S.A. / Pré-vestibular / IESDE Brasil S.A. —


Curitiba : IESDE Brasil S.A., 2008. [Livro do Professor]
696 p.

ISBN: 978-85-387-0574-1

1. Pré-vestibular. 2. Educação. 3. Estudo e Ensino. I. Título.

CDD 370.71

Disciplinas Autores
Língua Portuguesa Francis Madeira da S. Sales
Márcio F. Santiago Calixto
Rita de Fátima Bezerra
Literatura Fábio D’Ávila
Danton Pedro dos Santos
Matemática Feres Fares
Haroldo Costa Silva Filho
Jayme Andrade Neto
Renato Caldas Madeira
Rodrigo Piracicaba Costa
Física Cleber Ribeiro
Marco Antonio Noronha
Vitor M. Saquette
Química Edson Costa P. da Cruz
Fernanda Barbosa
Biologia Fernando Pimentel
Hélio Apostolo
Rogério Fernandes
História Jefferson dos Santos da Silva
Marcelo Piccinini
Rafael F. de Menezes
Rogério de Sousa Gonçalves
Vanessa Silva
Geografia Duarte A. R. Vieira
Enilson F. Venâncio
Felipe Silveira de Souza
Fernando Mousquer

Projeto e
Produção
Desenvolvimento Pedagógico

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O Processo de
emancipação
política do Brasil
João VI, em virtude da morte de sua mãe. D. João
estava diante de uma situação bem delicada, pois
via a economia portuguesa historicamente vinculada
e dependente da Inglaterra, pelo menos desde o fim
da União Ibérica (1640), quando contou com a ajuda
Estamos nos primeiros anos do século XIX. A inglesa para expulsar os espanhóis na Guerra de
ideologia liberal difunde-se pela Europa, levada no Restauração. Dependência agravada pelo Tratado
ritmo da expansão das tropas napoleônicas, em seu de Methuen (1703), que permitia o deslocamento de
combate ao absolutismo de países como a Áustria, parcela significativa do ouro brasileiro em direção à
Prússia e Rússia. O Antigo Regime sofre duros golpes, Inglaterra, ao garantir o fornecimento de produtos
assim como a política mercantilista que após a Inde- industrializados a Portugal em troca da compra dos
pendência das 13 Colônias (1776), tem um de seus vinhos portugueses.
princípios fundamentais – o pacto colonial – questio-

Domínio público.
nado, na formação dos Estados Unidos da América.
As hostilidades político-econômicas na Europa,
principalmente entre França e Inglaterra, atingem o
auge quando o Imperador Napoleão Bonaparte, da
França, valendo-se da superioridade de seu exército,
decreta o Bloqueio, Continental em 1806. O bloqueio
impedia que as nações do continente europeu co-
mercializassem com a Inglaterra e caso rompessem
com o bloqueio napoleônico, a resposta era clara:
invasão das tropas francesas. O objetivo de Bona-
parte era reservar para a França a hegemonia sobre
os mercados consumidores europeus, restringindo a
atuação inglesa, garantida pelo pioneirismo no pro-
cesso de industrialização, aliada à poderosa rede de
distribuição de produtos baseada em sua marinha. O D. João VI.
processo que gerou a emancipação (independência)
do Brasil é um desdobramento direto dos aconteci- Devido ao Bloqueio Continental, Napoleão
mentos ligados à política napoleônica. pressionava Portugal a fechar seus portos ao co-
mércio com a Inglaterra e declarar guerra a este
país, sob ameaça de invasão das tropas francesas,
Vinda da Família Real muito superiores à defesa de Portugal. Caso aderisse
para o Brasil ao bloqueio, Portugal ficaria impedido de comer-
cializar com seus domínios ultramarinos, uma vez
que a marinha inglesa dominava o Atlântico àquela
Em virtude da doença de Maria I, seu filho
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época. Havia ainda o risco de uma invasão inglesa à


D. João assumiu o trono português como príncipe
América. No primeiro momento, D. João VI optou por
regente, até o ano de 1818 quando foi aclamado D.
uma política externa oscilante, procurando manter a
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neutralidade de seu Estado. Chegou até a propor o res, afixando nas casas escolhidas as letras “PR
casamento de seu filho D. Pedro, na época com nove (Príncipe Regente)”, interpretadas pela população
anos, com uma das sobrinhas de Napoleão. Tanto como “Ponha-se na Rua”.
França como Inglaterra recusaram essa medida.
Diante das pressões da França, a Inglaterra
enviou a Portugal o embaixador Strangford, que ha-
bilmente fez com que os interesses ingleses prevale-
cessem na Corte. A solução proposta por Strangford Mudanças econômicas
não era uma novidade em Portugal; desde pelo menos
1801 já se falava em transferir a Coroa portuguesa Do ponto de vista econômico, o Brasil sofreu
para o Brasil. Ideia abertamente apoiada pela Ingla- uma série de transformações que culminaram na in-
terra que percebeu a possibilidade de ampliar a sua tegração do Brasil na órbita do imperialismo inglês,
participação nos mercados consumidores brasileiros. como mercado consumidor de seus produtos, além de
Strangford garantiu que a marinha inglesa protegeria fornecedor de matérias-primas. As medidas tomadas
os navios que transportariam a Família Real. Não por D. João VI eram em grande parte fruto das pres-
podemos deixar de considerar que a marinha inglesa sões inglesas, em troca do apoio à vinda da Família
possuía uma base no Tejo (Portugal), e caso Portugal Real para o Brasil. Entre as alterações econômicas
não atendesse às solicitações de Strangford, havia a podemos citar:
possibilidade de um ataque inglês a Portugal. •• Abertura dos portos às nações amigas
No dia 27 de novembro de 1807, zarparam (28/01/1808): A abertura dos portos foi uma
de Portugal 36 navios levando cerca de 12 mil das primeiras medidas tomadas pelo então
nobres e funcionários públicos portugueses, além príncipe regente. Abrir os portos do Brasil
da própria Família Real. Os mil franceses, comanda- significava romper com o Pacto Colonial, ou
dos pelo general Junot, estavam a pouco mais de seja, com o monopólio comercial que Portu-
um dia de Lisboa, e a população portuguesa nas gal estabeleceu em relação ao Brasil desde
ruas, ao perceber a fuga de seu governante, vaiava a colonização, monopólio que fazia com que
em pânico àqueles que embarcavam nos navios. a colônia só pudesse comercializar com
Após 53 dias de viagem, a Família Real chegou a sua metrópole. Com a medida, permitiu-se
Salvador. Apenas no início de março, D. João VI o comércio do Brasil com nações aliadas a
aportou no Rio de Janeiro, para uma estadia que Portugal, como a Inglaterra e os Estados
duraria até 1821 e que alteraria, e muito, a situação Unidos e, certamente, a presença no Brasil
política do Brasil. do embaixador inglês lorde Strangford na
ocasião nos leva e visualizar as pressões in-
Domínio público.

glesas sobre D. João, em busca de ampliação


de mercados. Porém, não podemos simplificar
tal medida, mas sim derivá-la da ocupação
francesa em Portugal que durou até 1810,
quando estes foram expulsos, com a ajuda
dos ingleses. Devido à ocupação francesa,
os portos lusos não poderiam continuar
como entreposto exclusivo do comércio com
o Brasil, pois certamente os franceses não
permitiriam a vinda de produtos para manter
a Família Real. A solução encontrada foi o
Vinda da Família Real. fim do pacto colonial, para garantir a che-
gada de produtos no Brasil. Portugal perdeu
então o papel de intermediário atlântico, de
maneira que os produtos brasileiros não pre-
cisariam mais passar por Portugal, nem os
produtos estrangeiros com destino ao Brasil.
O tratado de abertura dos portos também
Com o objetivo de abrigar a grande quantida- reduzia as tarifas alfandegárias de 48% para
de de pessoas que trazia, D. João requisitou as 24% sobre o valor dos produtos importados,
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principais residências e despejou seus morado- com exceção de produtos portugueses, que
pagariam 16%.

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•• Tratados de Comércio e Navegação e de do Brasil. O predomínio da agroexportação e da
Aliança e Amizade (1810): Estes tratados, mão-de-obra escrava, que além de pouco produtiva,
negociados por lorde Strangford com D. dificultava a expansão do mercado consumidor in-
João VI, garantiam uma série de vantagens terno, agregada à grande concorrência dos produtos
à Inglaterra. O Tratado de Comércio e Na- importados, fez com que a atividade industrial no
vegação estabelecia que as mercadorias Brasil não prosperasse nesse período. Entretanto,
inglesas passariam a pagar 15% de tarifas foram instaladas a Fábrica de ferro Patriota (1811)
alfandegárias no Brasil, enquanto os pro- em Congonhas (Minas Gerais) e a Fábrica de ferro de
dutos portugueses pagariam 16% e os de Ipanema (1811) em Sorocaba (São Paulo), que tinha
outros países 24%. Na prática, os ingleses isenção de impostos para importar equipamentos e
garantiam o controle sobre o comércio brasi- matéria-prima.
leiro, uma vez que seus produtos entravam no D. João criou o Banco do Brasil, em 1808, com
Brasil a preços mais baixos que os similares o objetivo de servir de agente financeiro do governo,
de outros países. Entretanto, a abertura dos administrar os fundos orçamentários e ampliar a
portos e o Tratado de Comércio e Navegação oferta de moeda e crédito para a população.
não geraram uma ampliação significativa das
vendas de produtos produzidos no Brasil para
a Inglaterra, uma vez que esta dava preferên- Impactos culturais no Brasil
cia a comprar algodão dos Estados Unidos e
açúcar de suas colônias nas Antilhas. Ou seja, A presença da Família Real no Brasil também
em termos econômicos, a balança comercial trouxe profundas alterações culturais no Brasil.
do Brasil estava ainda mais desfavorável, Criou-se a Biblioteca Real, tendo como base livros
acumulando déficits para os cofres joaninos. do acervo da biblioteca real portuguesa, trazida
O tratado ainda estabelecia o direito de ex- por D. João VI, em 1808. Além disso, criou-se o
traterritorialidade para os ingleses, uma vez Teatro Real de São Pedro, o Jardim Botânico, a
que estes, quando estivessem no Brasil, não Escola de Comércio, Escola Real de Ciências, Artes
estariam sujeitos às leis portuguesas, e em e Ofícios.
caso de necessidade, seriam julgados pelas

Domínio público.
leis inglesas e por um juiz escolhido por eles.
O Tratado de Aliança e Amizade estabelecia
que Portugal se comprometia a extinguir o
tráfico negreiro ao norte do Equador, elimi-
nando a retirada de escravos da Costa da
Mina (África) em direção ao Brasil. A Ingla-
terra já demonstrava seu interesse em desar-
ticular a escravidão, visando à ampliação dos
mercados consumidores através da difusão Biblioteca Nacional no Rio de Janeiro
da mão-de-obra assalariada. (Antiga Biblioteca Real).

Nesse período, observou-se a entrada de uma


Roberto Tietzmann.

grande quantidade de produtos importados, oriun-


dos principalmente da Inglaterra, mas também de
Portugal, da França (após a queda de Napoleão),
Estados Unidos e até da costa africana. Boa parte
destes produtos entrava no Brasil pelo porto do Rio
de Janeiro, então sede do império luso, e era distri-
buída para as outras regiões. O Brasil importava até
mesmo caixões funerários e patins de gelo.
Em 1808, D. João promoveu a suspensão do
Alvará de 1785, estabelecido por sua mãe, a rainha Teatro Municipal do Rio de Janeiro
Maria I, e que proibia as atividades manufatureiras e (Antiga Biblioteca Real).
industriais no Brasil. D. João pretendia desenvolver
estas atividades para dar conta do abastecimento, Uma das determinações do Pacto Colonial era
principalmente dos milhares de portugueses que o a restrição à instalação de imprensas nas colônias.
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acompanharam na transferência da corte, porém, O objetivo dessa medida era restringir o desenvolvi-
esta medida não garantiu a efetiva industrialização mento intelectual na colônia, principalmente através
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da difusão de ideologias que pudessem questionar o absolutismo joanino, mostrava seu lado elitista,
exclusivismo comercial, como o Iluminismo do século pois era contrário à participação popular na vida
XVIII ou o Liberalismo já no século XIX. No Brasil, D. política. Dessa maneira, Hipólito conseguiu se
João criou a primeira imprensa do Brasil, a Impren- sustentar a partir apenas da venda dos jornais,
sa Régia. Entretanto, essa medida não objetivava o mesmo não sendo um jornal oficial.
desenvolvimento intelectual autônomo dos colonos.
Pelo contrário, a impressão de livros e periódicos
passou a ser dirigida pelo Estado, permitindo apenas
a produção intelectual capaz de legitimar o governo
português transplantado para o Brasil. Nesse contex- Mudanças políticas
to, criaram-se os jornais Gazeta do Rio de Janeiro
e a Idade de Ouro no Brasil. Além das alterações na área econômica e dos
Após a queda definitiva de Napoleão em 1814, impactos na área cultural, a vinda da Família Real
Brasil e França se reaproximaram, com destaque para para o Brasil e o governo de D. João VI foram fun-
as relações culturais, tendo na França o paradigma damentais, pois geraram modificações no cenário
internacional da sociedade de corte. Em 1816, chegou político do império português. Se por um lado as
ao Brasil a Missão Artística Francesa, que acabou medidas de D. João VI geraram profundo desconten-
contribuindo para a formação da Academia Real de tamento entre os portugueses, o que culminou com a
Belas Artes. Entre os artistas, destacaram-se o pintor Revolução Liberal do Porto de 1820, por outro fize-
e autor do livro Viagem Pitoresca ao Brasil, Jean-Bap- ram com que os brasileiros conseguissem alguma
tiste Debret, além do pintor Nicolas Antoine Taunay, autonomia política dentro do império português.
os escultores Auguste Marie Taunay, Marc e Zéphirin Defesa de interesses colonialistas pelos portugue-
Ferrez e o arquiteto Grandjean de Montigny. Esses ses e defesa da autonomia pelos brasileiros, neste
artistas eram grandes representantes do neoclassi- debate em torno do ideário liberal, somente o povo
cismo, além de estarem vinculados ao bonapartismo não sentiu os impactos das transformações que es-
na França, daí a opção de vir para o Brasil, diante do tariam por vir.
conservadorismo do Congresso de Viena. Como o Brasil tornou-se a sede do Império de-
vido à presença da Família Real, foram instalados
Domínio público.

no Rio de Janeiro os órgãos administrativos até en-


tão sediados em Portugal: os Ministérios do Reino,
da Marinha e Ultramar, da Guerra e Estrangeiros
e o Real Erário (Ministério da Fazenda). Criou-se
também a Casa da Moeda, o Conselho de Estado,
Desembargo do Paço, Mesa da Consciência e Or-
dens, Conselho Supremo Militar, Academia Militar,
Academia da Marinha, Arquivo Militar e Fábrica
de Pólvora. Esse processo de transplante do Estado
português para o Brasil foi responsável pela redução
Homen tocando Berimbau, 1834. Jean-Baptiste Debret. da dispersão colonial concentrando as decisões no
Rio de Janeiro e gerando a ideia de unidade territo-
rial e administrativa, fundamental no processo de
emancipação do Brasil.
Esta transferência foi concluída com a elevação
do Brasil a Reino Unido aos reinos de Portugal e de
Algarves (16/1/1815), por ocasião do Congresso de
O jornal Correio Brasiliense, produzido por Viena. O Congresso pretendia reorientar o mapa
Hipólito José da Costa, é uma das exceções, num geopolítico da Europa, de acordo com os princípios
contexto de afirmação do Estado absolutista absolutistas, procurando frear o avanço do libe-
português no Brasil, através das atividades da ralismo na Europa, impulsionado pela Revolução
Imprensa Régia. Educado em Coimbra, Hipólito Francesa e pela Expansão Napoleônica. Com esse
esteve nos Estados Unidos, estabelecendo-se em objetivo, o Congresso de Viena estabeleceu alguns
Londres, onde passou a ser um dos difusores do princípios, entre eles o da legitimidade que defendia
liberalismo. Se por um lado dirigia suas críticas ao o retorno dos soberanos absolutistas derrubados pela
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Revolução Francesa ou por Napoleão. A medida se
referia também a D. João, uma vez que a dinastia de
Bragança se retirou de Portugal diante da invasão
napoleônica. Porém, a dinastia foi considerada ile-
gítima por não estar no Reino de Portugal, mas sim
na colônia do Brasil. A solução encontrada por D. A histórica corrupção dos funcionários pú-
João, sugerida pelo ministro francês Talleyrand para blicos no Brasil.
obter a legitimidade perante o congresso foi elevar Escândalos de corrupção, exoneração de fun-
o Brasil a Reino Unido, ou seja, o Brasil perdeu o cionários públicos, esse é um dos problemas que
status de colônia, equiparando-se à metrópole. Com atingem a administração do Estado brasileiro.
tal medida, D. João neutralizou qualquer tentativa O que poucos sabem é que essa corrupção tem
de emancipação do Brasil, através da ampliação da raízes históricas, principalmente se levarmos
autonomia e manteve-se no Brasil evitando o retorno em consideração a grave situação financeira da
para Portugal, devastado pela guerra contra Napo- Coroa joanina no Brasil. Com uma baixa arreca-
leão e pela crise econômica. dação alfandegária, após os tratados de 1810,
De fato, o transplante do Estado português o Estado muitas vezes não tinha condições de
contribuiu para retardar o processo de emancipação pagar regularmente os salários do funcionalismo
do Brasil, conferindo-lhe relativa autonomia, exigida público. Estes passaram a cobrar dos cidadãos
pelos colonos diante do exemplo da Independên- interessados em agilizar seus processos certa
cia das 13 Colônias e do avanço dos movimentos quantia de dinheiro, prática que se generalizou
emancipacionistas da América Hispânica. A própria e que infelizmente tornou-se uma característica
abertura dos portos também atendia a uma solici- de parte da administração estatal, restringindo
tação liberal dos colonos: o fim do pacto colonial, o direito à cidadania daqueles que não podiam
que representava a possibilidade de comercializar pagar a desejada quantia.
com outros países, em busca do melhor preço para
o seu produto.
Entretanto, essas medidas de autonomia não
garantiram total participação política para a elite
colonial, composta principalmente por latifundiários,
Política externa joanina
uma vez que boa parte dos cargos administrativos foi Em represália à invasão napoleônica a Portugal,
reservada para os poderosos comerciantes portugue- D. João VI, com apoio inglês, ordenou a invasão da
ses instalados no Brasil. Essa burguesia colonialista Guiana Francesa em 1809. Os franceses fundaram
estava afinada com o Antigo Regime, contrastando Caiena em 1626, após as frustradas iniciativas colo-
com a latente busca dos colonos por autonomia, sob nizadoras no Rio de Janeiro (França Antártica – 1555)
influência do liberalismo. e no Maranhão (França Equinocial – 1612). Após a
Além dos comerciantes, a nobreza e os funcioná- queda de Napoleão, Talleyrand, o embaixador fran-
rios públicos que acompanharam D. João, aclamado cês no Congresso de Viena conseguiu habilmente
D. João VI em 1818 devido ao falecimento de Maria negociar a devolução de Caiena à França.
I, puderam se sustentar, às custas de uma grande Outra campanha militar de D. João no Brasil
opressão fiscal sobre a população. A elevação dos foi a conquista da Província Cisplatina. Em 1801,
impostos, proporcionada por D. João VI, visava a aparentemente, os confrontos em Portugal e Espanha
garantir a manutenção da estrutura administrativa em torno das disputas territoriais na região platina
criada no Brasil, além da luxuosa rotina da Família com o Tratado de Badajóz, deram a Portugal a posse
Real e das melhorias na área cultural e urbanística dos Sete Povos das Missões e, à Espanha, a posse
do Rio de Janeiro. Vale destacar que os constantes da Colônia de Sacramento. Entretanto, com o avan-
déficits na balança comercial brasileira, saldo das ço dos movimentos de independência da América
relações com a Inglaterra, e a baixa arrecadação al- Espanhola no início do século XIX, surgiram nações
fandegária devido à redução dos impostos em 1810, como a Argentina em 1810, que logo vão manifestar
restringiam os cofres do Estado português no Brasil, seus interesses próprios, alterando o quadro na re-
fazendo com que a opressão fiscal se constituísse gião em destaque. Sob o comando de José Artigas,
na solução financeira da Coroa e num dos principais surgiu um movimento no Uruguai, que reconhecia a
motivos de revoltas como a Insurreição Pernambu- autoridade da Junta de Buenos Aires, o que poderia
cana de 1817.
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criar uma nação platina extremamente poderosa,

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caso a Argentina anexasse o Uruguai. Diante desta piravam contra o governo de Beresford. Entre estas
possibilidade, foi enviado por D. João VI o coman- associações, destacou-se o Sinédrio, fundado por
dante Carlos Frederico Lécor que tomou Montevidéu, Manuel Fernandes Tomás, e de grande importância
criando a Província Cisplatina, que permaneceria até na difusão dos valores liberais opostos a Beresford
1827 como domínio português sob controle do próprio e ao absolutismo joanino.
Lécor, feito Barão de Laguna. Aproveitando a ausência de Beresford, que
viajou ao Rio de Janeiro, Manuel Fernandes Tomás

IESDE Brasil S.A.


liderou uma revolta que eclodiu em 24 de agosto de
1820 na cidade do Porto. Os revoltosos expulsaram os
oficiais ingleses, impediram o retorno de Beresford a
Portugal e decretaram a formação das Cortes Portu-
guesas, espécie de Parlamento. Entre as aspirações
dos revoltosos destacaram-se:
•• Imediato retorno da Família Real para
Portugal;
•• Elaboração pelas Cortes de uma Consti-
tuição que finalizasse o absolutismo de D.
João VI. Imediatamente, muitos brasileiros
juraram fidelidade às Cortes de Lisboa, ao
perceber a possibilidade de restrição ao
poder de D. João VI. Em muitas províncias
como Grão-Pará, Pernambuco e Salvador, as
autoridades fiéis ao rei foram derrubadas e
em seu lugar foram proclamadas Juntas Go-
Política externa com o Uruguai. vernativas Provinciais, que deveriam enviar
representantes para Portugal. Diante dessas
pressões tanto em Portugal como no Brasil, D.
Revolução Liberal João se viu obrigado a retornar a Portugal
em 16 de abril de 1821, jurando a Constituição
do Porto de 1820 e elaborada pelas Cortes.

seus impactos no Brasil No entanto, D. João VI deixou seu filho D.


Pedro como regente do Reino do Brasil, temendo
que as Cortes portuguesas adotassem uma postura
Portugal enfrentava uma situação muito di-
conservadora em relação ao Brasil, a partir da defesa
fícil desde 1808. Com a fuga da Família Real para
de recolonização e da anulação de autonomia criada
o Brasil, a Lusitânia ficou até 1809 sobre domínio
por D. João VI. O temor joanino transformou-se em
francês. Com apoio da Inglaterra, os portugueses
realidade: ao perceber a manobra de D. João VI, os
conseguiram expulsar as tropas napoleônicas, de-
portugueses exigiram a imediata recolonização do
terminando a ascensão do lorde inglês Beresford,
Brasil e o retorno do príncipe D. Pedro. Os represen-
que passou a governar Portugal e a comandar o
tantes das Juntas Governativas das Províncias eram
exército luso. Diante da resistência de D. João em
recebidos de maneira extremamente hostil pelos
retornar a Portugal, mesmo após a expulsão dos
portugueses, sendo inclusive tratados como parla-
franceses, os portugueses lançam seus protestos
mentares “inferiores” a ponto que muitos voltaram
contra a política joanina, intensificados após a
para o Brasil sem nem mesmo assinar a Constituição
abertura dos portos, que retirava o monopólio dos
elaborada pelas Cortes.
comerciantes portugueses sobre o Brasil. Os tratados
de 1810 também causaram mal-estar em Portugal, A partir destas medidas, percebemos o caráter
pois faziam com que os produtos portugueses con- contraditório da Revolução Liberal do Porto: liberal
corressem em situação desigual com os produtos no sentido de constitucionalizar Portugal, mas extre-
ingleses. As incipientes manufaturas portuguesas mamente conservadora, no que concerne à política
receberam um golpe fatal e a burguesia comercial colonial em relação ao Brasil, o que nos leva a concluir
lusa, o principal setor econômico, via o seu domínio que o que está em jogo são muito mais os interesses
das classes envolvidas na insurreição do que a defesa
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comercial dilacerado pelas ações de D. João VI.


do liberalismo em suas características intrínsecas,
Em tempos de ocupação inglesa, surgiram
que questionavam o colonialismo.
várias sociedades secretas em Portugal, que cons-
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de manter a unidade do território brasileiro.
Eram também contrários ao estabelecimen-
to da democracia, através da participação
política de todos os cidadãos; defendiam,
portanto o voto censitário como ferramenta
Em caráter quase “premonitório”, D. João VI capaz de garantir o controle político pelos
fez a seguinte recomendação a seu filho D. Pedro, “mais capacitados a administrar”, em outras
deixado no Reino do Brasil como príncipe regen- palavras, restringir a participação popular
te: “Pedro, se o Brasil se separar, antes seja pra através de um governo aristocrata. José
ti, que me hás de respeitar, do que para alguns Bonifácio de Andrada e Silva era um dos
desses aventureiros”. Percebemos que D. João principais membros do Partido Brasileiro,
antes mesmo de voltar a Portugal, acreditava que que se organizava em torno da sociedade
um dos principais objetivos dos revoltosos era secreta do Apostolado.
recolonizar o Brasil, o que revoltaria muitos brasi-
•• Os liberais radicais: grupo composto por
leiros, partidários da manutenção das autonomias
profissionais liberais (médicos, jornalistas,
conquistadas em sua estada por estas terras. A
pequenos comerciantes e mesmo padres)
permanência de D. Pedro garantiria aos Braganças
recrutados principalmente nos grandes
o controle do combalido império luso, mesmo após
centros urbanos. Entre os principais líderes
uma provável emancipação do Brasil.
destacou-se Gonçalves Ledo, que criticava a
centralização do governo no Rio de Janeiro, e
mostrava-se favorável à ampliação da auto-
nomia das províncias após a independência.
Governo regencial Por tal motivo, os liberais radicais também
contavam com apoio de parte da aristocracia
de D. Pedro (1821-1822) nordestina, pouco beneficiada com a política
joanina. Muitos liberais radicais defendiam
Deixado pelo pai como regente do Reino do a instalação de uma República e a abolição
Brasil, D. Pedro conviveu com a clara intenção reco- da escravidão e se organizavam em torno da
lonizadora das Cortes de Lisboa, o que estimulou a sociedade secreta do Grande Oriente.
formação de grupos políticos no Brasil da época:
•• Partido Português: formado por militares e
comerciantes lusos fiéis à recolonização do
Brasil, uma vez que identificavam a manu-
tenção dos seus privilégios com a renovação
das restrições mercantilistas.
José Bonifácio de Andrada e Silva nasceu em
•• Partido Brasileiro: formado por latifundiários Santos (São Paulo), vivendo por cerca de 36 anos
e comerciantes brasileiros interessados em em outros países como Portugal e Espanha. Filho
manter a liberdade de comércio e acessar o de um rico comerciante estudou geologia e foi
controle político do Brasil. Além desses gru- elemento importante da luta em Portugal contra
pos, destacou-se a atuação de funcionários a dominação francesa. No Brasil, Bonifácio foi um
públicos que temiam a recolonização e o dos maiores expoentes do Partido Brasileiro e em
posterior fechamento dos órgãos e ministé- uma de suas frases, resumiu a postura do partido
rios criados pela administração joanina no como um todo: “Nunca fui, nem nunca serei realista
Brasil. Na prática, as Cortes tinham ordenado puro, mas nem por isso me alistarei jamais debai-
o fechamento do Desembargo do Paço, da xo das esfarrapadas bandeiras da suja e caótica
Mesa de Consciência e Ordens e de outras democracia.” O intelectual José Bonifácio também
instituições administrativas. O Partido Bra- ficou conhecido por defender em suas Lembranças
sileiro caracterizava-se inicialmente pela e Apontamentos, a criação de colégios e de uni-
defesa das autonomias obtidas no período versidades no Brasil, desenvolvimento da minera-
joanino, mas diante da intransigência das ção, restrição à concentração de grandes lotes de
Cortes, passaram a defender a emancipação terras improdutivas e fim da escravidão, vista por
do Brasil sob um regime monárquico forte- Bonifácio como um entrave ao desenvolvimento da
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mente centralizado no Rio de Janeiro, capaz agricultura no Brasil devido à não qualificação do

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trabalho e à baixa produtividade. Este pensamento Português manifestaram-se contra a emancipação,
o distanciava do Partido Brasileiro, aproximando-o fazendo com que D. Pedro I tivesse que enviar tropas,
das propostas dos liberais radicais. auxiliadas por mercenários ingleses como Grenfell
e Cochrane.
A articulação com o Partido Brasileiro, além de
As Cortes insistiam na recolonização do Brasil excluir os demais grupos sociais, fez com que o Brasil
e na transferência dos órgãos administrativos para se constituísse como uma monarquia que prezou pela
Portugal ordenavam para que as províncias obede- unidade territorial e pela manutenção da escravidão,
cessem apenas a Portugal e não ao Rio de Janeiro, excluindo a grande massa através do voto censitário.
visando ao enfraquecimento da autoridade de D. A História do Brasil caminha agora para a cons-
Pedro. Essas medidas ampliaram as tensões entre trução do seu Estado Nacional, a partir do reinado de
“brasileiros” e “portugueses”, tensões que se acir- D. Pedro I (1822-1831), do Governo Regencial (1831-
raram com o envio de tropas portuguesas ao Rio de 1840) e do reinado de D. Pedro II (1840-1889).
Janeiro e com a ameaça de invasão das tropas lusas,

Domínio público.
caso D. Pedro não voltasse. Em meio a uma intensa
mobilização, membros da aristocracia do Rio de Ja-
neiro, São Paulo e Minas Gerais criaram o Clube da
Resistência, que apresentou a D. Pedro um abaixo-
-assinado com oito mil assinaturas, apontando que
o retorno de D. ­Pedro geraria a ruptura entre Brasil e
Portugal. Após o abaixo-­assinado, D. Pedro tomou a
decisão de ficar no Brasil (Dia do Fico – 09/01/1822),
colocando o Brasil no caminho da emancipação. Quadro “Independência do Brasil”, de Pedro Américo.
Após o Dia do Fico,
Domínio público.

os ministros portugueses
no Brasil se demitiram e
D. Pedro convocou um mi-
nistério liderado por José
Bonifácio de Andrada. Em 1. (PUC-Campinas) A transmigração da Família Real
maio de 1822, D. Pedro portuguesa para o Brasil em 1808, repercutiu de forma
assinou a Lei do Cumpra- significativa, no que se refere à participação do Brasil
se, que decretava que as no mercado mundial, porque:
decisões emanadas das
a) organizou-se uma legislação visando à contenção
Cortes portuguesas só
D. Pedro. das importações de artigos supérfluos que naquela
seriam aceitas após sua
época começavam a abarrotar o porto do Rio de
aprovação.
Janeiro.
b) o ministério de D. João colocou em execução um
Independência do Brasil: projeto de cultivo e exportação do algodão visando
características e significados a substituir a exportação norte-americana, prejudi-
cada para guerra de independência.
No dia 7 de setembro de 1822, D. Pedro decretou c) o tráfico de escravos negros para o Brasil foi extinto
a Independência do Brasil, a partir do famoso grito em troca do direito dos comerciantes portugueses
às margens do rio Ipiranga, em São Paulo: “Indepen- abastecerem, com exclusividade, algumas das co-
dência ou Morte!”. Se o Grito do Ipiranga denota a lônias inglesas, como a Guiana.
existência de uma luta que ameaçava a vida do novo
d) o corpo diplomático joanino catalisou rebeliões na
Imperador D. Pedro I (coroado em 1 de dezembro
Província Cisplatina, favorecendo assim, a exporta-
de 1822), a independência do Brasil foi, na verdade,
ção de couro sulino para a Europa.
obtida pacificamente, a partir da articulação entre o
Imperador e o Partido Brasileiro. As demais correntes e) foi promulgada a Abertura dos Portos e realizados
foram excluídas do processo. tratados com a Inglaterra.
Lutas mesmo ocorreram apenas em províncias
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como o Grão-Pará e Bahia, onde membros do Partido `` Solução: E

8
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2. (UFMG) A abertura dos portos do Brasil, logo após a “A emancipação política foi, no Brasil, realizada pelas
chegada de D. João VI, foi responsável pela entrada no categorias dominantes interessadas em assegurar a
país de uma grande quantidade de mercadorias inglesas, preservação da ordem estabelecida, cujo único objetivo
que passaram a dominar o mercado brasileiro. Essa era romper o sistema colonial.”
situação decorreu: a) Explique o interesse dos grupos dominantes na co-
a) da assinatura de tratados com a Inglaterra, que per- lônia em romper o sistema colonial.
mitiram a importação desses produtos. b) Aponte um elemento da “ordem estabelecida” que
b) da estrutura industrial brasileira, que se baseava na constituiu a pesada herança que sobreviveu à In-
produção de alimentos e tecidos. dependência.

c) da montagem de uma rede ferroviária, que facilitou `` Solução:


a distribuição dos produtos ingleses no mercado
brasileiro. a) Os processos de emancipação das colônias ame-
ricanas foram dirigidos pelos grupos dominantes
d) do desenvolvimento urbano acentuado, que acar- das colônias. Grupos dominantes são aqueles que
retou o aumento da demanda por produtos sofis- controlavam a economia colonial, como os fazen-
ticados. deiros ligados à produção de exportação. A ação
desses grupos estava voltada, prioritariamente, para
`` Solução: A o rompimento das restrições do sistema colonial,
3. (Elite) No início do século XIX, visando a atender os organizado em bases mercantilistas, como os mo-
anseios ingleses diante do fechamento do mercado nopólios. A superação do sistema colocava a eco-
europeu, o governo português, recém-instalado no nomia colonial em ligação direta com a economia
Brasil, decide pela abertura dos portos às “nações internacional, sem intermediação da metrópole.
amigas”. A cidade do Rio de Janeiro foi invadida pelos b) Partindo do fato de que as independências foram di-
produtos ingleses ainda mais beneficiados nos Tratados rigidas pelas elites coloniais, a emancipação política
de Comércio e Navegação. não implicou alterações nas estruturas econômicas e
Cerca de dois séculos depois, a nação inglesa viu os seus sociais. Exemplo significativo foi o latifúndio escravis-
mercados ameaçados pela transmissão de uma doença ta, que permaneceu à base da produção, controlada
conhecida como o “mal da vaca-louca”. pelos fazendeiros, apesar da oposição movida pela
economia capitalista internacional (caso da política
a) Explique o contexto em que ocorreu o fechamento
inglesa de combater o tráfico negreiro).
dos mercados europeus para os ingleses no início
do século XIX.
b) Explique o que foi o “mal da vaca-louca” e como
era transmitido.

`` Solução:
5. (Elite) No contexto do processo de emancipação
a) Foi devido ao Bloqueio Continental imposto pelo
política, a Revolução Liberal do Porto fez-se presente
governo francês liderado por Napoleão Bonaparte
através da exigência de retorno da Família Real e
com o objetivo de enfraquecer os ingleses.
elaboração pelas Cortes de uma Constituição para
b) Encefalopatia espongiforme bovina, transmitida por Portugal.
vacas doentes que têm uma proteína chamada prí-
No Brasil da década de 1980, um período de
on que, na forma defeituosa, destrói neurônios ao
transformações levou a pressões pela formação de
se encaixar na membrana dessa célula; quando se
uma Assembleia Constituinte que levou à votação
come a carne, o contato do príon defeituoso com
da Constituição de 1988.
príons normais altera as moléculas sadias, amplian-
do o número de agentes da doença no corpo hu- Explique o momento histórico que gerou à Consti-
mano. tuição de 1988.

`` Solução:
(Atualidades Vestibular 2003 – Almanaque Abril.)
A década de 1980 corresponde ao processo de
4. (Unirio) “Em 1825, terminava a guerra de independência, redemocratização do Brasil diante da eleição de um
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deixando uma pesada herança em toda a América”. governo civil (Tancredo Neves/José Sarney) após
duas décadas de governos militares.
(DONGHI, Halperin. História da América Latina.)
9
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dura; outro enviou patins para o uso de pessoas que
ignoravam, por completo, poder a água transformar-se
em gelo; (...).”
1. (UERJ) Entre as alterações que favoreceram a emanci- Essa afirmação pode ser explicada pela:
pação política de 1822, e que foram ocasionadas pela a) crise de superprodução manufatureira europeia.
vinda da Família Real para o Brasil, encontra-se:
b) política empreendida pelas Cortes Constituintes de
a) o estabelecimento do Governo-Geral em Salvador. Lisboa.
b) a instalação da corte na cidade do Rio de Janeiro. c) vantagem dada aos britânicos a partir dos tratados
c) o abandono das colônias no Oriente nas mãos de de 1810.
holandeses e espanhóis. d) volta de D. João VI para Portugal após a Revolução
d) o enriquecimento da sociedade brasileira pela des- do Porto.
coberta das Minas Gerais. 4. (Alfenas) O Bloqueio Continental, em 1807, a vinda da
e) a implantação de uma constituição liberal no Brasil família real para o Brasil e a abertura dos portos, em
e em Portugal, por determinação real. 1808, constituíram fatos importantes:

2. (UERJ) Em relação ao comércio de importação e ex- a) na formação do caráter nacional brasileiro.


portação, no período de 1796 a 1807, a preponderância b) na evolução do desenvolvimento industrial.
coube efetivamente ao Rio de Janeiro, tanto na impor-
tação (38,1%), quanto na exportação (34,2%). A Bahia c) no processo de independência política.
ficou com o segundo lugar na importação (27,1%) e na d) na constituição do ideário federalista.
exportação (26,4%).
e) no surgimento das disparidades regionais.
(ARRUDA, José Jobson de A. 5. (UNIBH) “Em 1808, 90 navios, sob bandeiras diversas,
Brasil no Comércio Colonial, 1980. Adaptado.) entraram no porto do Rio de Janeiro, enquanto, dois
anos depois, 422 navios estrangeiros e portugueses
O trecho acima evidencia a posição do Rio de Janeiro fundearam naquele porto. Por volta de 1811, existiam na
que, dentro do período determinado, progressivamente capital 207 estabelecimentos comerciais portugueses e
se tornou: ingleses, além dos que eram possuídos por nacionais
a) centro econômico de importância no contexto co- dos países amigos de Portugal”.
lonial, sobretudo após 1760, integrando-o ao siste- As modificações descritas no texto estão relacionadas
ma atlântico português. com:
b) região privilegiada para o cultivo do café, substituin- a) o período joanino e o Ato Adicional à Constituição
do a produção açucareira decadente do Nordeste Imperial.
e concentrando escravos provenientes do resto da
b) a abertura dos portos e a guerra de independência da
colônia.
Cisplatina.
c) grande produtor de manufaturas têxteis voltadas ao
c) o domínio napoleônico em Portugal e a implantação
mercado externo, enquanto se dedicava à importa-
do Estado Novo.
ção de produtos de luxo para as elites fluminenses.
d) a abertura dos portos e os tratados de comércio e
d) principal porto pelo qual ingressavam na colônia as
amizade com a Inglaterra.
manufaturas provenientes da Inglaterra e de outras
regiões com as quais o Brasil mantinha relações 6. (PUC-Minas) A presença da Corte Portuguesa no
comerciais. Brasil (1808-1820) gerou as seguintes grandes trans-
formações na vida econômica, política e sociocultural
3. (UERJ) Após a transferência da Corte Portuguesa para
brasileira, exceto:
o Brasil, o Rio de Janeiro foi inundado de mercadorias
inglesas, algumas sem qualquer utilidade, como regis- a) abertura do Banco do Brasil e da Casa da Moeda.
trou o viajante inglês J. Mawe em seu livro Viagens ao
b) mudança da capital de Salvador para o Rio de Ja-
Interior do Brasil: “Certo especulador, numa maravilhosa
neiro.
previsão, mandou grandes remessas de espartilhos para
senhoras, que nunca haviam ouvido falar em tal arma- c) revogação do Alvará de 1785, que proibia manufa-
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turas no país.

10
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d) elevação do Brasil a Reino Unido. Identifique, a partir do poema, um fator para a indepen-
dência brasileira.
e) inauguração de institutos científicos como o Jardim
Botânico. 10. (UFRJ) “A massa popular a tudo ficou indiferente, pa-
recendo perguntar como o burro da fábula: não terei a
7. (Cesgranrio) “As ruas estão, em geral, repletas de mer- vida toda de carregar a albarda?”
cadorias inglesas. A cada porta, as palavras ‘Superfino
de Londres’ saltam aos olhos: algodão estampado, panos (Saint Hilaire, August de. A Segunda Viagem do Rio de
largos, louça de barro, mas, acima de tudo, ferragens
Janeiro a Minas Gerais e a São Paulo. São Paulo:
de Birminghan, podem-se obter um pouco mais caro do
Companhia Editora Nacional , 1932. p.171.)
que em nossa terra nas lojas do Brasil, além de sedas,
crepes e outros artigos da China.”
Saint Hilaire era um botânico francês que, entre 1816
e 1822, viajou pelo Brasil, estudando a flora do país.
(GRAHAM, Mary. Diário de Uma Viagem ao Brasil.
Estava por aqui quando ocorreu a ruptura política
In: CAMPOS, Raymundo. História do Brasil. 2. ed.
dos laços coloniais entre Brasil e Portugal, ocasião em
São Paulo: Atual, 1991. p. 98.)
que escreveu as palavras acima. Albarda, segundo o
dicionário Aurélio, significa sela grosseira, enchumaçada
Essa descrição das lojas do Rio de Janeiro, feita por
de palha, para bestas de carga. E também opressão,
uma inglesa que estava no Brasil, em 1821, justifica-se
vexame, humilhação. No contexto da descolonização da
historicamente pelo(a):
América Latina, a ausência da participação popular no
a) Tratado de Maastricht. processo de independência política não foi exclusividade
b) Tratado de Fontainebleau. brasileira. O processo de independência política do
Brasil, contudo, teve peculiaridades notáveis.
c) Tratado de Comércio e Navegação.
Indique quatro acontecimentos característicos desse
d) Bloqueio Continental. processo, no século XIX.
e) criação do Nafta e da Alca. 11. (ESPM) Acontecimentos políticos europeus sempre
tiveram grande influência no processo da constituição
8. (UERJ) “O Deus da natureza fez a América para ser
do Estado brasileiro. Assim, pode-se relacionar a ele-
independente e livre: o Deus da Natureza conservou no
vação do Brasil à situação de Reino Unido a Portugal e
Brasil o príncipe regente para ser aquele que firmasse a
Algarves, ocorrida em 1815:
independência deste vasto continente. Que tardamos?
A época é esta. Portugal nos insulta... a América nos a) às tentativas de aprisionamento de D. João VI, pe-
convida... a Europa nos contempla... o príncipe nos de- las forças militares de Napoleão Bonaparte.
fende... Cidadãos! Soltai o grito festivo... Viva o Imperador
b) à Doutrina Monroe, que se caracterizava pelo lema:
Constitucional do Brasil, o senhor D. Pedro I.”
“a América para os americanos”.
(Correio Extraordinário do Rio de Janeiro, 21 set. 1822.) c) ao Bloqueio Continental decretado nesse momento
por Napoleão Bonaparte e que pressionava o Brasil
Apresente duas razões para a independência do Brasil. a interromper seu comércio com os ingleses.
9. (UERJ) d) ao Congresso de Viena, que se encontrava reunido
O Congresso Lisbonense naquele momento e se constituía em uma rearticu-
Por outro lado, a meu ver, comprado lação de forças políticas conservadoras.
Pensou em fazer com decretos e) a política de expansionismo econômico e à tenta-
Este Império desgraçado tiva de dominar o mercado brasileiro, desenvolvida
pelos ingleses após a Revolução Industrial.
..................................................
Se pois Portugal é forte 12. (FGA) A Revolução do Porto de 1820, caracterizou-se
como um movimento de:
E como tal se abaliza
O Brasil tem por divisa a) consolidação da independência do Brasil.
Independência ou Morte! b) retorno à ordem absolutista em Portugal.

(Trovas para Cantarem os Rapazes do Brasil. 1822.)


c) repulsa a invasão francesa em Portugal.
d) descolonização do império português na África.
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O pequeno poema acima faz referência a alguns motivos


que levaram ao processo de emancipação brasileira e) revolução liberal e constitucional.
em 1822.
11
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13. (ABC) À elevação do Brasil e Reino Unido a Portugal e a) impossibilidade de competir com produtos manufa-
Algarves está intimamente ligada: turados provenientes da Inglaterra, que dominavam
o mercado consumidor interno.
a) ao liberalismo de Dom João, desejoso de agradar
aos Brasileiros. b) canalização de todos os recursos para a lucrativa
lavoura cafeeira, não havendo, por parte dos agroex-
b) ao Visconde de Cairu, homem de formação Liberal.
portadores, interesse em investir na industrialização.
c) ao conselho do embaixador inglês lorde Strangford.
c) concorrência dos produtos franceses, que gozavam
d) à reação contra as pressões da burguesia lusa. de privilégios especiais no mercado interno.
e) à necessidade de legitimar a representação portu- d) impossibilidade de escoamento da produção da
guesa no Congresso de Viena. Colônia, devido à falta de mão-de-obra disponível
nos portos.
14. (Fuvest) No tocante à economia açucareira do Brasil, ao
longo do século XIX, podemos afirmar que: e) dificuldade de obtenção de matéria-prima (algo-
dão) na Europa, aliada à impossibilidade de produ-
a) praticamente desapareceu, pois o café se tornou o
zi-la no Brasil.
produto quase exclusivo das exportações.
3. (UFMG) Assinale a alternativa que apresenta uma
b) regrediu consideravelmente devido à concorrência
transformação decorrente da vinda da Família Real para
norte-americana e à introdução do açúcar de be-
o Brasil.
terraba na Europa.
a) Fechamento cultural, devido às Guerras Napoleô-
c) conheceu um relativo renascimento, graças ao fim
nicas, provocado pela dificuldade de intercâmbio
da exploração em grande escala de metais precio-
com a França, país que era o berço da cultura ilu-
sos que drenava todos os recursos.
minista ocidental.
d) ficou estagnada, acompanhando o baixo nível das
b) Diminuição da produção de gêneros para abasteci-
atividades econômicas em declínio após o fim da
mento do mercado interno, devido ao aumento sig-
exploração de metais preciosos em grande escala.
nificativo das exportações provocado pela Abertura
e) regrediu consideravelmente devido à concorrência dos Portos.
antilhana e à introdução de açúcar de beterraba na
c) Mudança nas formas de sociabilidade, especial-
Europa.
mente nos núcleos urbanos da região Centro-Sul,
devido aos novos costumes trazidos pela Corte e
imitados pela população.
d) Formação de novos parceiros comerciais, em situa-
ção de equilíbrio, decorrente da aplicação das no-
1. (Cesgranrio) A transferência da Corte Portuguesa
vas taxas alfandegárias estabelecidas nos Tratados
para o Brasil, em 1808, acelerou transformações que
de Amizade e Comércio.
favoreceram o processo de independência. Entre essas
transformações, podemos citar corretamente a(s): 4. (Fatec) “Incapaz de se defender contra o invasor e na
iminência de vir a perder a soberania, o regente Dom
a) ampliação do território com a incorporação definiti-
João acaba por aceitar a sugestão insistente de seus
va de Caiena e da Cisplatina.
conselheiros, entre eles o conde de Linhares, elo de
b) implantação, na colônia, de vários órgãos estatais e ligação com lorde Strangford, plenipotenciário inglês em
de melhoramentos como estradas. Lisboa e principal patrocinador da ideia de transferência
da Família Real para o Brasil.”
c) redução da carga tributária sobre a colônia, favore-
cendo-lhe a expansão econômica. O autor se refere à vinda da Corte Portuguesa, que, na
realidade, trouxe benefícios, principalmente:
d) Política das Cortes Portuguesas de apoio à autono-
mia colonial. a) a Portugal, pois o controle direto do governo da co-
lônia possibilitou uma política econômica que favo-
e) restrições comerciais implantadas por interesse dos receu as finanças portuguesas.
comerciantes portugueses.
b) a Inglaterra, que passou a ter, no mercado da colônia,
2. (PUCRS) Apesar da liberdade para a instalação de privilégios alfandegários especiais, fato que colocou
indústrias manufatureiras no Brasil, decretada por D.
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o Brasil na sua total dependência econômica.


João VI, em 1808, estas pouco se desenvolveram. Isso
se deveu, entre outras razões, à:
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c) ao Brasil, porque, após o profícuo período da ad- Texto para as próximas 2 questões.
ministração de Dom João e sua volta a Portugal, a (Unirio) “A partir do século XIX, a importância comercial
economia brasileira estava firmemente estabilizada. e estratégica do Rio de Janeiro para a Inglaterra foi
d) a todas as nações, pois o decreto de abertura dos aumentando. O Rio oferecia um porto seguro, ‘de fácil
portos possibilitou a colocação de seus produtos acesso, imediatamente reconhecível pela extraordinária
no mercado brasileiro a taxas mínimas. terra ao seu redor’ e ‘bastante amplo’, conforme
descrição de James Horsburgh, um hidrógrafo da
e) a todas as nações europeias que, beneficiando-se Companhia das Índias Orientais. Após tornar-se a capital
da abertura de novos mercados na América, pu- do Brasil, em 1763, a cidade apresentava um rápido
deram reorganizar-se para destruir o exército de crescimento populacional e também comercial. Nessa
Napoleão. época, o Rio de Janeiro era o segundo centro naval e
5. (Carlos Chagas-BA) Os Tratados de Aliança e Amizade, comercial mais importante do Império Português, sendo
e de Comércio e Navegação (1810), celebrados entre a Lisboa o primeiro”.
Inglaterra (lorde Strangford) e Portugal (príncipe Dom
(MARTINS, Luciana de Lima. O Rio de Janeiro dos Viajantes:
João), costumam ser vistos com restrições, entre outros
motivos, porque: o olhar britânico (1800-1850). Rio de Janeiro:
Jorge Zahar, 2001. p.69.)
a) admitiram a criação de tarifas alfandegárias pre-
ferenciais para os produtos ingleses, inferiores às 7. Assinale a razão político-comercial que favoreceu a prima-
pagas por produtos portugueses. zia inglesa no Brasil na primeira metade do século XIX.
b) autorizaram a continuação do trabalho escravo, ao a) A instauração do bloqueio continental à Inglaterra,
mesmo tempo que ampliaram o tráfico nas colônias dificultando seu acesso ao mercado europeu e re-
portuguesas na África. direcionando seu interesse pelo Brasil.
c) permitiram que a Inglaterra estabelecesse postos b) A vinda da Corte Portuguesa para o Brasil decor-
livres em Recife, Salvador e Rio de Janeiro. rente das invasões napoleônicas, consolidando a
d) apoiaram a política de expansão imperial que o aproximação entre Inglaterra e Portugal.
príncipe regente Dom João realizava no Prata. c) A abertura dos portos às nações amigas, promo-
e) criavam diversas condições restritivas ao desenvol- vendo o rompimento do pacto colonial e favorecen-
vimento e à exportação de produtos da agricultura do os interesses ingleses na colônia.
tropical. d) Todas estão corretas.
6. (UFPE) Assinale a alternativa que define o papel da 8. Assinale uma mudança cultural ocorrida no Rio de
“abertura dos portos” no processo de descolonização. Janeiro, em decorrência do estreitamento das relações
a) A abertura dos portos às nações amigas anulou comerciais com a Inglaterra, na primeira metade do
a política mercantilista desenvolvida por Portugal, século XIX.
junto à sua antiga colônia na América, tornando-a a) Concentração urbana no Rio de Janeiro.
de imediato independente.
b) Hábitos de luxo e ostentação.
b) As novas condições criadas pela Revolução Indus-
trial na Inglaterra e, consequentemente, o controle c) Construção de residências palacianas.
que este país exercia sobre o comércio internacio- d) Usos de produtos da Inglaterra.
nal e os transportes marítimos não permitiam a Por-
tugal, seu antigo aliado, exercer o pacto colonial. e) Todas estão corretas.

c) A política de portos abertos na América era muito


importante para as colônias e negativa para as me-
trópoles.
d) A abertura dos portos possibilitou ao Brasil nego-
ciar livremente com todas as nações, inclusive com
9. (UFU) Leia o documento abaixo e responda:
a França.
“Alvará de 1.º de abril de 1808 revogando a proibição
e) Por meio da abertura dos portos, o Brasil pôde de-
que havia de fábricas e manufaturas no Estado do
finir uma política protecionista de comércio à sua
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Brasil e Domínios Ultramarinos.


nascente indústria naval.

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(1804). Em nome dos ideais revolucionários, a França
Eu, o Príncipe Regente, faço saber aos que o presente
desenvolveu uma política expansionista, atingindo
alvará virem: que desejando promover e adiantar a
Portugal, aliado da Inglaterra (que procurava conter esse
riqueza nacional; e vendo um dos mananciais dela
expansionismo), em 1807. Em decorrência da política
as Manufaturas, e a Indústria, que multiplicam e
napoleônica, a Monarquia Portuguesa transfere-se para
melhoram e dão mais valor aos Gêneros e produtos
o Brasil em 1808.
da agricultura, das Artes, e aumentam a população,
dando que fazer a muitos braços, e fornecendo Explique uma medida de caráter político-administrativo
meios de subsistência muitos dos maus vassalos, que tomada pelo Príncipe-Regente D. João, no Brasil, que
por falta se entregariam aos vícios da ociosidade! E tenha objetivamente favorecido os grandes proprietários
convindo remover todos os obstáculos, que podem coloniais.
inutilizar e frustar tão vantajosos proveitos! Sou
servido abolir, revogar toda e qualquer proibição
que haja a este respeito no Estado do Brasil e nos
Meus Domínios Ultramarinos; e ordenar que daqui
em diante seja lícito a qualquer dos Meus Vassalos,
qualquer que seja o país em que habitem, estabelecer
todo o gênero de manufaturas, sem excetuar alguma,
fazendo os seus trabalhos em pequeno, ou em
grande, como entenderem que mais lhes convém,
para o que hei por bem derrogar o Alvará de cinco
de Janeiro de mil setecentos e oitenta e cinco, a
quaisquer leis, ou ordens, que o contrário decidem...
11. (UFF) “A preocupação (...) justificada de nossos histo-
dado no Palácio do Rio de Janeiro em primeiro de
riadores em integrar o processo de emancipação política
abril de 1808.”
com as pressões do cenário internacional envolve alguns
Dom João VI, com ao Alvará de 10 de abril de 1808, inconvenientes ao vincular demais os acontecimentos da
revoga o alvará de Dona Maria I, de 1785, que proibia época a um plano muito geral, (...) deixando em esque-
a instalação de manufaturas no Brasil. cimento o processo interno de ajustamento às mesmas
a) Se a afirmação confirma o texto. pressões que é o de (...) interiorização da metrópole no
Centro-Sul da Colônia”.
b) Se a afirmação contradiz o texto.
c) Se parte da afirmação confirma o texto e parte (DIAS, Maria Odila Silva da. A Interiorização da Metrópole.
contradiz. In: MOTA, Carlos Guilherme. 1822: dimensões.
d) Se parte da afirmação foge ao texto. São Paulo: Perspectiva, 1972. p.165.)

e) Se parte da afirmação confirma e parte foge. A citação anterior indica uma outra dimensão da análise
do processo de emancipação política do Brasil e sua
interpretação sugere:
10. (UFRJ) “As boas leis civis são o maior bem que os
a) a necessidade de associar-se o enraizamento dos
homens podem dar e receber, elas são a fonte dos
interesses portugueses no Centro-Sul ao processo
costumes, a proteção da propriedade e a garantia de
de emancipação política pouco traumática.
toda paz pública e particular: se elas não estabelecem
o governo, elas o mantêm, elas moderam a autoridade b) a valorização da reação conservadora na Europa
e contribuem para fazê-la respeitada como se ela fosse como determinante da independência política do
a própria justiça. Elas atingem cada indivíduo, elas se Brasil.
associam às principais ações de sua vida, elas o seguem c) a necessidade de atribuir-se relevância ao papel
por toda parte; elas são frequentemente a única moral do definitivo do sentimento de formação da nacionali-
povo, e elas sempre fazem parte de sua liberdade”. dade brasileira em nossa emancipação política.
(Discurso preliminar ao Projeto do Código Civil – 1801. Citado por d) a valorização dos elementos de ruptura presentes
Groupe de Recherche pour l’enseignement de l’Histoire et de la no processo de emancipação política, em detri-
Géographie. Histoire. Hérltages européens. Paris: Hachette, 1981. p.127.)
mento dos elementos de continuidade.
e) a necessidade de enfatizar-se o estudo das ideias
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O período Napoleônico (1799-1815) representou a de Rousseau e demais enciclopedistas para se


consolidação dos valores da alta burguesia francesa, compreender a independência política do Brasil.
sintetizados no Código Civil ou Código Napoleônico
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12. (UERJ) 14. (FGA) “As notícias repercutiam como uma declaração de
guerra, provocando tumultos e manifestações de desa-
Quer Portugal livre ser,
grado. Ficava claro que as Cortes intentavam reduzir o
Em ferros quer o Brasil; país à situação colonial e era evidente que os deputados
promove a guerra civil, brasileiros, constituindo-se em minoria (75 em 205, dos
Rompe os laços da união. quais compareciam efetivamente 50), pouco ou nada po-
diam fazer em Lisboa, onde as reivindicações brasileiras
(Volantim, 07 out. 1822.) eram recebidas pelo público com uma zoada de vaias. À
medida que as decisões das Cortes Portuguesas relativas
A partir dos versos acima, publicados em um jornal ao Brasil já não deixavam lugar para dúvidas sobre suas
fluminense, pode-se verificar que a postura de Portugal intenções, crescia o partido da Independência.”
em relação a sua antiga colônia, ao longo do ano de
1822, aprofundou o desgaste das relações entre os (COSTA, Emília Viotti da. Introdução ao Estudo
dois reinos. da Emancipação Política.)
Assim, a independência do Brasil pode ser explicada
pelo seguinte fato: O texto acima refere-se diretamente:
a) criação do cargo de governador das Armas, geran- a) aos movimentos emancipacionistas: às Conjura-
do conflitos institucionais no Exército nacional. ções e à Insurreição Pernambucana.

b) arbitrariedade das Cortes Portuguesas, subordinan- b) à necessidade das Cortes Portuguesas de reco-
do os governos provinciais diretamente a Lisboa. nhecer à Independência do Brasil.

c) existência de facção separatista brasileira ligada ao c) à tensão política provocada pelas propostas de re-
tráfico negreiro, objetivando controlar as posses- colonização das Cortes Portuguesas.
sões portuguesas na África. d) à repercussão da Independência do Brasil nas Cortes
d) revogação da liberdade de culto concedida aos bri- portuguesas.
tânicos, ampliando os antagonismos entre Londres e) às consequências imediatas à proclamação da In-
e as Cortes Portuguesas. dependência.
13. (FGV) “O reino britânico, que em 1807 acabara com o trá- 15. (UFRJ) “As boas leis civis são o maior bem que os
fico negreiro para as suas colônias nas Antilhas, tinha proi- homens podem dar e receber, elas são a fonte dos
bido o trabalho escravo em suas possessões em 1833”. costumes, a proteção da propriedade e a garantia de
toda paz pública e particular: se elas não estabelecem
(ALENCAR, Francisco et al. História da Sociedade Brasileira.) o governo, elas o mantêm, elas moderam a autoridade
e contribuem para fazê-la respeitada como se ela fosse
Pelo governo brasileiro, esse impacto foi sentido de a própria justiça. Elas atingem cada indivíduo, elas se
forma: associam às principais ações de sua vida, elas o seguem
a) despercebida, pois o processo de abolição no Bra- por toda parte; elas são frequentemente a única moral do
sil já estava em andamento com a promulgação das povo, e elas sempre fazem parte de sua liberdade”.
leis do Ventre Livre e dos Sexagenários.
(Discurso preliminar ao Projeto do Código Civil – 1801, citado por Groupe
b) indiferente, pois não há nenhuma relação entre o do- e Recherche pour l’enseignement de l’Histoire et de la Géographie.
mínio britânico nas Antilhas e a realidade brasileira. Histoire. Hérltages européens. Paris: Hachette. 1981, p.127.)
c) preocupante, pois, sendo a Inglaterra a maior po-
tência industrial do período, qualquer política por O período Napoleônico (1799-1815) representou a
ela implementada tinha consequências efetivas na consolidação dos valores da alta burguesia francesa,
condução dos negócios em todo o mundo. sintetizados no Código Civil ou Código Napoleônico
(1804). Em nome dos ideais revolucionários, a França
d) preocupante, pois, mesmo considerando o proces- desenvolveu uma política expansionista, atingindo
so de abolição em andamento, pela lei do Ventre Portugal, aliado da Inglaterra (que procurava conter esse
Livre, o governo brasileiro sentiu-se pressionado expansionismo), em 1807. Em decorrência da política
para acelerar os acordos de transição da forma de napoleônica, a Monarquia Portuguesa transfere-se para
trabalho com os latifundiários cafeeiros. o Brasil em 1808.
e) indiferente, pois o encaminhamento dado por José Explique uma medida de caráter político-administrativo
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Bonifácio à tramitação da lei do Ventre Livre pos- tomada pelo Príncipe-Regente D. João, no Brasil,
suía, em linhas gerais, a essência do projeto inglês que tenha objetivamente favorecido os grandes
para as Antilhas. proprietários coloniais.
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16. (Unirio) Ao compararmos os processos de formação dos 18. (Santa Casa–SP) A economia do Brasil, durante a “inver-
Estados Nacionais no Brasil e na América Hispânica, no são brasileira” (1808-1821) e no Império, apresentou-se
século XIX, podemos afirmar que: claramente:
a) a unidade brasileira foi garantida pela existência de a) subordinada ao progresso industrial dos Estados Uni-
uma monarquia de base popular, enquanto que o dos, nação emergente após a Revolução Industrial.
caudilhismo, na América Hispânica, impediu qual-
b) ligada à exploração agrícola para atendimento ex-
quer tipo de participação das camadas mais baixas
clusivo do mercado interno, fonte principal de sua
da população.
sustentação.
b) a unidade brasileira relacionou-se, exclusivamente,
c) dependente da economia imperial inglesa, donde
ao forte carisma dos representantes da Casa de
provinham, muitas vezes, grandes capitais.
Bragança, enquanto, na América Hispânica, não
surgiu nenhuma liderança que pudesse aglutinar d) unida aos interesses lusitanos, dos quais não podia
os diversos interesses em disputa. se desligar, porque Portugal e suas colônias consu-
miram grande parte de sua produção agrícola.
c) as diferenças regionais, no Brasil, não ofereceram
nenhum obstáculo à obra centralizadora em torno e) desenvolvimentista, pois aproveitou o know-how
da Coroa, ao passo que na América Hispânica as que os imigrantes europeus lhe deram na implanta-
diferenças regionais contribuíram para a sua frag- ção de indústrias.
mentação.
d) os interesses ingleses, na América Hispânica,
eram mais presentes e foram os únicos deter-
minantes da sua fragmentação, ao passo que no
Brasil aqueles interesses não existiram de ma-
neira tão marcante, de forma a impedir a obra da 19. (Elite) No contexto do processo de emancipação
centralização. política, a Revolução Liberal do Porto fez-se presente
e) não existiu, na América Hispânica, uma facção oli- através da exigência de retorno da Família Real e
gárquica hegemônica que conseguisse levar adian- elaboração pelas Cortes de uma Constituição para
te a obra da unidade, enquanto no Brasil os inte- Portugal.
resses escravistas aglutinaram as Elites em torno de No Brasil da década de 1980, um período de trans-
um projeto centralista. formações levou a pressões pela formação de uma
17. (PUC-Rio) “Durante os séculos XVI, XVII e XVIII, o Brasil Assembléia Constituinte que levou à votação da
foi uma colônia de Portugal. No século XIX não era mais; Constituição de 1988.
tornara-se um país independente politicamente. Durante Explique o momento histórico que gerou a Consti-
trezentos anos, as vidas dos habitantes da Colônia es- tuição de 1988.
tiveram submetidas aos interesses da Metrópole. Nas
primeiras décadas do século passado, deixaram de estar,
e muitos daqueles habitantes tornaram-se cidadãos de 20. (UFF) A vinda da Família Real portuguesa para o Brasil
um novo país - o Império do Brasil”. modificou significativamente a posição desta área co-
lonial no cenário internacional, provocando, ao mesmo
tempo, alterações nas características internas da Colônia.
(MATTOS, Ilmar Rohloff de; ALBUQUERQUE, Luiz Affonso
A Revolução do Porto de 1820 e a Independência do
Seigneur de. Independência ou Morte: a emancipação
Brasil em 1822 são decorrências dessas modificações.
política do Brasil. Rio de Janeiro: Atual, 1994, p. 3.)
A partir do que foi exposto, explique as relações entre a
vinda da Família Real e as mudanças no sistema escravis-
a) Explique dois mecanismos utilizados pelos coloni-
ta e nos vínculos econômicos entre Portugal e Brasil.
zadores portugueses para submeter as vidas dos
habitantes da colônia aos seus interesses, durante
os séculos XVI, XVII e XVIII.
b) Levando em consideração tanto as rupturas ou
descontinuidades quanto as permanências ou con-
tinuidades entre o Brasil Colônia e o Império do
Brasil, explique duas razões por que nem todos os
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habitantes se tornaram cidadãos do novo país inde-


pendente, no início do século XIX.
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9. A primeira estrofe aponta que o Congresso de Lisboa envia
decretos para o Brasil, relacionado com o processo de
tentativa de recolonização do Brasil.
1. B 10.
2. D 1) A transferência da corte portuguesa para o Rio de
Janeiro, em 1808, no rastro da invasão francesa,
3. C
ocasião em que, efetivamente, foi superada a situa-
4. C ção colonial.
5. D 2) A Abertura dos Portos às Nações Amigas, que ca-
racterizou o fim do pacto colonial português em re-
6. B
lação ao Brasil.
7. C
3) A elevação do Brasil a Reino Unido de Portugal e
8. Duas dentre as razões: Algarves (1815).
• A política recolonizadora das Cortes de Lisboa. 4) A Revolução Constitucionalista do Porto (1820), o
• O fechamento dos tribunais superiores no Brasil. retomo da Família Real (1821) e as tentativas de
recolonização das Cortes.
• A exigência da volta do príncipe regente para Portugal.
11. D
• A proibição de que o Brasil tivesse uma constitui-
ção própria. 12. E

• as ideias liberais propagadas pelo movimento cons- 13. E


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titucional português de 1820. 14. E

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os que eram livres (e não possuíam escravos); e os
que eram livres e proprietários de escravos. Deste
modo, parcela considerável dos habitantes do Im-
1. B pério do Brasil (cerca de metade dos 3 000 000
de indivíduos) era constituída por aqueles que, por
2. A não serem livres, não eram considerados cidadãos.
3. C Os pressupostos hierárquicos e excludentes que
caracterizavam a sociedade gerada pela coloniza-
4. B ção se expressariam na nova organização política
5. A (de acordo com a Constituição de 1824), ao atri-
buir apenas aos que eram livres e proprietários (os
6. B cidadãos ativos) a responsabilidade pelos assuntos
7. D políticos, vedados aos que apenas eram livres (os
cidadãos não-ativos).
8. E
18. C
9. A
19. A década de 1980 corresponde ao processo de rede-
10. O decreto de abertura dos portos levou ao fim do pacto mocratização do Brasil diante da eleição de um governo
colonial, permitindo que os latifundiários negociassem civil (Tancredo Neves/José Sarney) após duas décadas
com outros mercados. de governos militares.
11. A 20. Com a vinda da Família Real teve início a pressão ingle-
12. B sa pelo fim da escravidão, assinalado pelo Tratado de
Comércio e Navegação, baseado no compromisso de
13. C extinguir o tráfico negreiro ao norte do Equador, elimi-
14. C nando a retirada de escravos da Costa da Mina (África)
em direção ao Brasil. No contexto do mesmo tratado,
15. O decreto de abertura dos portos permitiu aos latifun-
além do decreto de abertura dos portos, os vínculos
diários o contato com outros mercados em busca de
econômicos entre Portugal e Brasil dirigiram-se para
melhores preços aos seus produtos.
a Inglaterra.
16. E
17.
a) As relações entre a metrópole portuguesa e sua
colônia americana foram caracterizadas pelas práti-
cas monopolistas. Elas garantiam a submissão das
vidas dos habitantes da colônia aos interesses da
metrópole. Nesse sentido, aparecem como meca-
nismos de submissão, dentre inúmeros outros: a)
a imposição do monopólio comercial (a Colônia só
pode comerciar com a metrópole ou através dela),
que garantia a transferência de renda da Colônia
para a metrópole; b) a monopolização dos cargos
administrativos pelos colonizadores; e c) a imposi-
ção de “uma fé, uma Lei, um Rei” aos habitantes da
Colônia, expressada na imposição da religião Cató-
lica, da língua portuguesa e das leis do Estado ab-
soluto português, da qual decorria tanto a formação
de cristãos e súditos quanto proibições, como a da
existência da imprensa.
b) A emancipação política do Brasil no início do século
XIX não provocou mudanças significativas em sua
estrutura socioeconômica de base colonial, na qual
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a presença marcante da escravidão permitia distin-


guir com nitidez três grandes contingentes entre os
habitantes do novo Império: os que eram escravos;
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