. O caráter deambulatório: o percurso pela cidade como momento de análise e de interrogação do «eu» (dimensão lírica e narrativa do poema). . O real e o quotidiano como fonte de inspiração: a poética de cariz realista. . A observação objetiva como ponto de partida para a poetização. Perceção sensorial e transfiguração poética do real . A recriação do real através da representação das diferentes sensações e das impressões provocadas pelo meio envolvente (influência impressionista). . A descrição objetiva da realidade como ponto de partida para «fugas imaginativas». . Presença e intervenção da imaginação transfiguradora. . Conjugação da visão objetiva do exterior com transformação subjetiva interior. A representação da cidade e dos tipos sociais . A cidade como lugar inspirador da atividade poética. . O espaço urbano enquanto lugar diversificado em termos físicos, humanos e sociais. . Descrição da cidade (Lisboa) – vertente física e humana, reveladora de contrastes sociais. . Denúncia das desigualdades e dos contrastes sociais, através de pequenos episódios do quotidiano. . Crítica e solidariedade social (face às classes desfavorecidas). «O Sentimento dum Ocidental» - O imaginário épico . Poema longo – 44 quadras, distribuídas em quatro partes (com 11 estrofes cada uma). . Estruturação narrativa do poema, segundo uma progressão cronológica. . Integração de pequenos episódios ilustrativos do ambiente da capital. . Alusões a Camões e a Os Lusíadas (símbolos de um passado glorioso). . A subversão da memória épica: - o Poeta-cantor da realidade do seu tempo: a visão antiépica da cidade onde «a Dor humana busca os amplos horizontes», em contraste com o espírito épico de Camões e recordando as notações disfóricas das críticas e conselho aos portugueses nas reflexões do poeta em Os Lusíadas; - a viagem pelas «marés, de fel» da cidade, opondo o «sinistro mar» do século XIX aos «mares nunca dantes navegados» evocados em Os Lusíadas; - as personagens representativas dos contrastes sociais e os «heróis» desfavorecidos – intenção crítica e depreciativa face à atualidade; - denúncia da realidade decadente e antiépica do final do século XIX; - desfasamento entre realidade desejada (imaginário épico camoniano) e realidade efetiva. Linguagem, estilo e estrutura . Regularidade estrófica e métrica, com preferência pelos versos longos (decassílabos e alexandrinos). . Vocabulário simples, concreto e objetivo. . Sensorialismo da linguagem (representação das sensações provocadas pelo real). . Uso expressivo do adjetivo e do advérbio (antepondo, por vezes, as impressões às realidades que as provocam). In Letras em dia 11, p 323.