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INTRODUÇÃO

Neste presente trabalho falaremos sobre o movimento dos novos


intelectuais de Angola, e da participação ou contribuição de Viriato da Cruz, para o
desenvolvimento e reconhecimento da literatura angolana.
DESENVOLVIMENTO

1- Vida de Viriato da Cruz

Viriato Francisco Clemente da Cruz foi um político, líder anticolonial e


escritor angolano.
Nascimento: 25 de março de 1928, Porto Amboim
Falecimento: 13 de junho de 1973, Pequim, China
Livros: Poemas: colectânea de poemas (1947-1950)
Organizações fundadas: Movimento Popular de Libertação de Angola.
Partido: Partido da Luta Unida dos Africanos de Angola
Formação: Escola Mutu Ya Kevela

Viriato da Cruz era filho de Abel da Cruz (um abastado proprietário


do Cuanza Sul) e de Clementina Clemente da Cruz. Já em Luanda, fez os
estudos liceais no Liceu Salvador Correia.

Em 1948, lança o mote «Vamos Descobrir Angola», época em que


começou a frequentar a Associação dos Naturais de Angola (ANANGOLA)
onde, com Higino Aires, António Jacinto e Mário António de Oliveira dirigia o
sector cultural. Em 1951, foi editado o primeiro número da revista
Mensagem e criado o Movimento dos Novos Intelectuais de Angola (MNIA).

Nos anos 1950 esteve em contacto com a movimentação anticolonial


clandestina em Luanda, incluindo o Partido Comunista Angolano (PCA),
fundado naquela altura. Abandonou Angola por volta de 1957 para se dirigir
a Paris onde se encontrou com Mário Pinto de Andrade, desenvolvendo
atividades políticas e culturais.

A primeira digressão pela China Continental foi em novembro de


1958, e durou 3 semanas. Tanto Viriato da Cruz e Mário Pinto de Andrade
foram a Pequim, Xangai e Guangzhou (Cantão).
Tal como Mário Pinto de Andrade, Matias Miguéis, Lúcio Lara, Hugo
Azancot de Menezes e Eduardo Macedo dos Santos, Viriato participou em
1960 na Guiné-Conacri na reorganização do Movimento Popular de
Libertação de Angola (MPLA), tornando-se o seu secretário-geral. Nesta
qualidade fez parte de uma delegação da recém-formada Frente
Revolucionária Africana para a Independência Nacional das Colônias
Portuguesas (FRAIN) que, ainda em agosto de 1960, fez uma viagem à
China para obter apoios. Este foi um passo fundamental para Viriato da
Cruz. Ele trouxe dinheiro que ajudou o MPLA no âmbito político-militar e
financeiro.

Em maio de 1962 Viriato da Cruz abandonou espontaneamente o


cargo de secretário-geral do MPLA a pretexto de tornar o Comité Director
mais representativo (ou epidermicamente mais escuro). Com a chegada de
Agostinho Neto a Quinxassa em julho daquele ano depois da sua fuga de
Portugal, irromperam divergências insanáveis entre Viriato e Neto que se
arrastaram até à I Conferência Nacional do Movimento em Dezembro. No
rescaldo deste evento que consagrou Neto como novo presidente do
MPLA, Viriato apontou Neto de ser o símbolo da viragem política do MPLA
à direita. Injustamente acusado de se ter apropriado de recursos
monetários do Movimento, foi formalmente expulso a 7 de julho de 1963.
Antes disso, porém, os sequazes de Neto, comandados por Manuel dos
Santos Lima, arrancaram-no brutalmente da pensão em que se alojava em
Quinxassa e espancaram-no acolitados por soldados congoleses
agenciados por Neto. A extensão das agressões físicas foi de uma tal
magnitude que Viriato sangrava por todos os lados, espojado no chão.

Neto, Lúcio Lara, Iko Carreira e outros dirigentes sequer se coibiram


de exibir no rosto um ar trocista, mesmo tendo diante dos olhos um
espetáculo tão sórdido que feria profundamente a dignidade e o conceito
público de um ex-companheiro da estirpe de Viriato. Mesmo esfacelado e a
rastejar no solo, o antigo secretário-geral e criador do MPLA continuou a ser
sovado e insultado pelos seus verdugos. Os abusos prosseguiram na
penitenciária de Lufungula onde o aprisionaram e humilharam juntamente
com outros seus companheiros. Saiu do cárcere entre a vida e a morte.[8]

Nos dias 24 e 30 de abril de 1963, Viriato da Cruz participou na Conferência


de Jornalistas Afro-Asiáticos, patrocinada pelos regimes de Sukarno e Mao Tsé-
Tung, que levou à fundação da respetiva associação, que excluía propositalmente
a União Soviética, recorrendo ao argumento que eram “brancos”. Por outras
palavras, ajudou a instituir mais um organismo rival criado pela China Continental,
contra a União Soviética. Viriato integrou a mesa da presidência da reunião, em
representação de Angola.

 Na China

Valendo-se dos contactos anteriores, Viriato da Cruz viaja em 1966 para


Pequim onde mais tarde fixaria residência. A sua chegada deu-se, assim, no início
da Revolução Cultural Chinesa, e foi recebido pelos dirigentes chineses, dentro do
espírito daquele período chineses.

Os dirigentes chineses recebem-no de braços abertos, pois tinha


demonstrado uma enorme capacidade na criação do primeiro Partido Comunista
de Angola (PCA) e, posteriormente, do MPLA, primeiro em Conacri e, depois, no
Congo Belga (neste foi detido e sofreu torturas, por defender ideias contrárias às
estabelecidas). Uma das suas primeiras ações foi o de ajudar a dividir a
Organização de Escritores Afro-Asiáticos (OEAA), no decorrer da sua Assembleia
Geral Extraordinária, que decorreu em Pequim entre os dias 27 de junho e 9 de
julho de 1966, em duas agremiações distintas: a pró-soviética, baseada no Cairo,
e a pró-chinesa, com sede em Pequim e em Colombo, no Seri Lanca. Os chineses
entendiam que Viriato da Cruz poderia facilitar a penetração ideológica do
socialismo maoísta no continente africano — o que não sabiam era que estavam
profundamente enganados; daí nasceu um grave mal-entendido com
consequências trágicas para Viriato e para a sua família.

Pouco tempo depois instaram-no a proferir um discurso nas comemorações


do dia nacional da República Popular da China, 1 de outubro de 1966. Em nome
do povo angolano, Viriato da Cruz exaltou o pensamento do dirigente máximo
chinês, as atividades dos Guardas Vermelhos e a “Grande Revolução Cultural do
Proletariado” em curso. Para as derrotar era necessário constituir uma “frente
única internacional” contra o imperialismo americano e o imperialismo russo, que
congregasse os povos da Ásia, da África e da América Latina.

Elabora um relatório onde afirma que os países Africanos, mesmo os mais


desenvolvidos, não estão preparados para uma revolução socialista. Demonstra
então grande firmeza ao recusar-se a mudar o relatório. Esse aspectos do seu
carácter já lhe tinha valido graves dissabores na sua curta vida política quando da
crise de 1962-63, no seio do MPLA. O relatório pessimista elaborado por Viriato ia
contra a doutrina maoísta da iminência da revolução mundial.

Os chineses começaram a ver que Viriato se distanciava cada vez mais das
teses maoístas e mantiveram-no como refém. Ele não entendia porque não o
expulsavam. Mas os Chineses temiam a capacidade de Viriato e as
consequências negativas que ele poderia causar à causa maoísta se saísse da
China.

Viriato da Cruz faleceu no Hospital Anti-Imperialista, antigamente o Hospital


Universitário de Pequim, no dia 13 de junho de 1973 vítima dum enfarte do
miocárdio.

Finalmente, no dia 26 de dezembro de 1990 veio os restos mortais de


Viriato da Cruz que estava no cemitério para estrangeiros em Pequim para
Luanda. No dia seguinte, dia 27, os restos mortais de Viriato da Cruz foram a
enterrar na sepultura onde está o corpo de sua mãe, Clementina Clemente da
Cruz, às 10h00.
1.2- Obra de Viriato da Cruz

Principais obras de Viriato da Cruz.

Poemas (1961). Entre os seus textos poéticos, destacam-se Namoro, Sô


Santo e Makézu.

 MAKÈSÚ
 MAMÃ NEGRA
 NAMORO
 RIMANCE DA MENINA DA ROÇA
 SERÃO DE MENINO
 SÔ SANTO

2- MOVIMENTO DOS NOVOS INTELECTUAIS DE ANGOLA

Pra dizer que o Movimento dos Novos Intelectuais de Angola (MNIA) foi
uma organização cultural nacionalista, de Angola.

2.1 Contribuição de Viriato da Cruz

Viriato da Cruz Participou com os jovens de sua geração das associações


culturais legais como a Liga Nacional Africana e a Associação dos Naturais de
Angola. Foi um dos mentores do Movimento dos Novos Intelectuais de Angola
(1948), da revista Mensagem (1951-1952) e da revista Cultura nas quais manteve
uma contribuição Como poeta, um dos mais destacados da sua geração.
Poderíamos dizer que Viriato da Cruz e Mário Pinto de Andrade constituíram
aquilo que denominaríamos de ideólogos da angolanidade por terem iniciado o
momento de reflexão sobre a Nação angolana e a consciência nacional a partir de
movimentos culturais.

É neste período que surge o movimento cultural que tinha como postulado
“Vamos descobrir Angola”, destacando a necessidade de descobrir no seu povo,
os seus valores intrínsecos. Viriato mantinha contato com outros intelectuais em
outros países e colaborava nos jornais “Brado Africano” (Moçambique) e revista
“Sul” (Brasil). O movimento tinha um carácter contestatário demonstrado nas suas
poesias publicadas na revista Mensagem, que descreviam, por um lado, as difíceis
condições sociais dos musseques, os bairros degradados de Luanda; e, por outro
lado, tinha implícitas reivindicações nacionalistas.

Foi um dos movimento que deu origem ao MPLA, tendo sido importante
para a fundação deste pois para além de Viriato da Cruz, passaram pelo MNIA
Agostinho Neto e António Jacinto.

O seu objectivo era a criação de literatura própria, de origem angolana,


quebrando, assim, os laços com as imposições colonialistas de Portugal. Em
1950, o MNIA enviou uma carta as Nações Unidas pedindo que fosse concedido a
Angola, o estatuto de protetorado sob supervisão das Nações Unidas.

A partir de certo momento o Tempo do Imaginário dá lugar ao Tempo da


Revolução e estes jovens intelectuais partiram para a organização de grupos
políticos na clandestinidade não apenas como contestação ao colonialismo mas
também com o objetivo futuro de uma ação que pudesse por fim a Esta situação.
Também foi fundador do PCA (Partido Comunista de Angola) juntamente com
António Jacinto, Ilídio Machado e Mário António, entre outros.

No entanto, reconheceram eles que ainda não era o momento para a


formação do partido comunista. Assim, junto com o PLUA – “Partido de Luta Unida
dos Africanos de Angola” e outros elementos progressistas dão origem a um
“amplo movimento Popular de libertação de Angola” como preconiza o Manifesto
de 1956 do MPLA – Movimento Popular de Libertação de Angola, no qual Mário
Pinto de Andrade seria o Presidente e Viriato da Cruz o Secretário Geral.
Deve-se dizer que é Viriato que redige o Manifesto do qual ainda existem
cópias manuscritas em sua escrita peculiar. A maciça presença de cartas e
documentos de sua autoria estão publicados no primeiro e segundo volumes de
Um amplo movimento, de autoria de Lúcio Lara, um dos outros companheiros que
desde o início estão na direção do Movimento. Este foi um período importante
para o nacionalismo angolano e para o Movimento. É o início da luta armada e a
primeira estrutura para consolidação do movimento, o recrutamento e a militância
dos angolanos revolucionários identificados com um programa mínimo que o
integrasse militantes dentro das aspirações do povo angolano e sua luta pela
Independência. No entanto, surgem as primeiras divergências que se vão
exacerbar quando Agostinho Neto, ao sair para o exterior, entra em conflito com as
ideias de Viriato e no Congresso de 1963.Mais tarde dissabores com Agostinho
Neto obrigaram-no a abandonar o partido. Pois Neto defendia um comunismo
soviético, e Viriato, um comunismo maoísta.

Assim sucedendo-se imensos acontecimentos da qual um deles levou a


morte, porém outros acontecimentos puderam complementar o que já se sabe até
agora sobre o MPLA ( movimento Popular de libertação de Angola) que na qual
começara por desenvolver- se pela grande contribuição de Viriato e seus
companheiros.

Teve grande importância no desenvolvimento da literatura angolana,


caracterizando-se a sua obra pelo apego a certos valores africanos, quer quanto à
temática, quer quanto à forma. A sua produção está dispersa por publicações
periódicas e representada em várias antologias, das quais uma – No Reino de
Caliban .
CONCLUSÃO

Com este presente trabalho concluímos que o movimento dos novos


intelectuais de Angola foi um movimento criado para defesa da literatura angolana,
caracterizando na sua obra pelo apego a certos valores africanos. Que
posteriormente constaria nas suas poesias , as difíceis condições sociais de
Luanda e as implícitas reivindicações nacionalistas.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

https://pt.m.wikipedia.org/wiki/Viriato_Clemente_da_Cruz
https://www.lusofoniapoetica.com/angola/viriato-da-cruz
http://www.africaeafricanidades.com/documentos/10082010_10.pdf
https://www.revistas.usp.br/africa/article/download/
102613/100886/179263
ANEXOS

VIRIATO DA CRUZ

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