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A velha e a nova Gestalt-Terapia

Flavio Santos (CRP 01/0653)


"O que brilha com luz própria ninguém pode apagar" (Pablo Milanés)

A verdadeira Gestalt-Terapia não existe em nenhum castelo ou igreja, é uma prática


viva, em permanente construção e nenhuma "igreja" é dona dessa abordagem. A
Gestalt-Terapia é permanentemente recriada por seus praticantes sérios, se renova
permanentemente sem perder os seus pilares constitutivos que não deixam margem
para qualquer ortodoxia.
Depois de fundar o Instituto de Gestalt de NY que começou na casa do próprio Fritz e
de Laura e depois o de Instituto de Cleveland, Fritz fez uma viagem pela Europa e
Japão, deixando os institutos e seus clientes particulares com alguns dos seus
seguidores dos tempos dos primórdios em NY.
Ao voltar de viagem Fritz se instalou em Esalen (Esalen Istitute) e renovou
significativamente seu modo de ver e atuar e assim viveu até a fase mais madura em
Lake Cowichan no Canadá.
Não faria sentido ao espírito inteligente e inquieto de Fritz limitar-se ao passado em
NY, ele não se limitou ao que estava no livro "Gestalt-Terapia" (PHG) ou a qualquer
suposto compromisso com antigos colaboradores. Fritz evoluiu, mudou sem perder
obviamente o essencial do que assimilou em todo seu percurso de vida. Assim sendo,
não pode existir sob a perspectiva do fundador da Gestalt-Terapia um dogma ou
mesmo um “Livro Sagrado” da Gestalt-Terapia, pois livros sagrados falam de verdades
eternas e imutáveis.
Ainda em Esalen Fritz enfatizava que naquele momento, aquele era seu modo de ver
psicoterapia, mas que ele poderia mudar e, para ele, isso era óbvio, pois estagnação é
morte e vida é mudança, criação, movimento, amadurecimento.
Fritz não era um dogmático, era uma pessoa pronta para crescer e rever seus
conceitos. Estiveram com Fritz , e também com outros Gestaltistas, convivendo
aprendendo com ele, personalidades como Jim Simkin, Barry Stevens, Joseph Zinker,
Erving Polster, Bob Resnick, Claudio Naranjo, Gary Yontef e inúmeras outras pessoas.
Foi a partir de Esalen que a Gestalt-Terapia ganhou destaque e apareceu de fato como
relevante nos EUA, Europa e lá também estiveram fundadores da Gestalt Terapia no
Brasil como o saudoso Paulo Barros.
Uma Gestalt viva não tem livro sagrado como base, não tem autoridade legitimadora,
não tem dogmas. A Gestalt-Terapia tem fundamentos elementares que a caracterizam
como tal, como totalidade coerente, mas estará sempre aberta à criatividade daqueles
que a praticam. A Gestalt-Terapia não depende de nenhuma “igreja” e seus pastores
iluminados para existir, é viva e seus praticantes autênticos têm luz própria.
Jean Clark Juliano no XX Encontro Internacional de Gestalt-Terapia, contando o que
aconteceu no Brasil diz: "foram muitas Gestalts", "foram tantas Gestalts quanto foram
os Gestaltistas". Jean ainda incita para que não haja limites na construção do futuro.
Repetindo: “"O que brilha com luz própria ninguém pode apagar" (Pablo Milanés).

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