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PROJETO DE PESQUISA

Macroeconomia para Países em Desenvolvimento: Modelos Teóricos e Empíricos

PESQUISADOR COORDENADOR
NOME: Leonardo Flauzino de Souza
Departamento: Faculdade de Economia
Campus: Cuiabá

Cuiabá - 2024
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Sumário
Resumo .......................................................................................................................... 3
Introdução e Justificativa ............................................................................................... 3
Objetivos ........................................................................................................................ 6
Metodologia ................................................................................................................. 17
Estimativas e Custos .................................................................................................... 19
Cronograma de Execução ............................................................................................ 20
Referências Bibliográficas ........................................................................................... 22
3

Resumo

A literatura macroeconômica, tanto ortodoxa quanto heterodoxa, parte da construção


de modelos-padrão, inspirados usualmente na economia dos EUA. O objetivo deste
projeto de pesquisa é construir modelos teóricos macroeconômicos heterodoxos
voltados para países em desenvolvimento nas três modelagens usuais na literatura:
Balance of Payments Constriant (BPC), Stock-Flow Consistent (SFC) e Agent-Based
(AB), realizando testes empíricos condizentes com as hipóteses adotadas em cada um
dos modelos. Estes modelos visam incorporar as visões de três referenciais teóricos
relevantes para a heterodoxia e condizentes com os países em desenvolvimento: teoria
pós-keynesiana, teoria evolucionária, ambos com modelos-padrão consolidados, e o
novo-estruturalismo e o novo-desenvolvimentismo, que analisam as especificidades
dos países em desenvolvimento. Os modelos novo-estruturalista e novo-
desenvolvimentistas são em sua maioria modelos BPC, mas ainda apresentando uma
lacuna na literatura que permite avançar sobre os efeitos dos movimentos de capitais e
de ciclos de preços de commodities no equilíbrio de balanço de pagamentos dos países
em desenvolvimento. Os modelos SFC voltados para países em desenvolvimento ainda
são incipientes, voltados para compreender os problemas financeiros relativos aos
ciclos de preços de commodities e os limites das políticas fiscais e monetárias, havendo
toda uma lacuna na literatura que permite analisar como as condições externas de
financiamento alteram a dinâmica de crescimento doméstica. Enquanto um modelo AB
permite analisar como a capacidade de importar, ou restrição de importar, tecnologia
afeta as estruturas de mercado doméstica, exercendo impacto sobre a dinâmica
macroeconômica. Na modelagem AB ainda não há o desenvolvimento de modelos
específicos para a realidade dos países em desenvolvimento, abrindo a possibilidade de
se desenvolver modelos que analisam como a restrição de importar tecnologia afeta as
estruturas de mercado doméstica, exercendo impacto sobre a dinâmica
macroeconômica.

Introdução e Justificativa

A literatura macroeconômica, tanto ortodoxa quanto heterodoxa, parte da


construção de modelos-padrão, inspirados usualmente na economia dos EUA. A
literatura ortodoxa é fundamentalmente construída tendo como base os modelos
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Dynamic Stochastic General Equilibrium DSGE (Carlin; Soskice, 2005; Lucas, 1976;
Romer, 2000; Woodford, 2009). Já a literatura heterodoxa tem uma gama de modelos
com diferentes finalidades: modelos kaldorianos para compreender o crescimento e
desenvolvimento de longo prazo (Kaldor, 1957; Lavoie, 2017); modelos Stock-Flow-
Consistent (SFC) para compreender as implicações das relações financeiras no ciclo de
médio prazo (Dos Santos, 2021; Godley, 1999; Tobin, 1982); e modelos Agent-Based
(AB) para microfundamentar as relações macroeconômicas a partir da tecnologia e suas
implicações sobre estruturas de mercado e sistema financeiro (Caverzasi; Russo, 2018;
Di Guilmi, 2017; Dosi et al., 2015; Dosi; Fagiolo; Roventini, 2010; Melo; Possas;
Dweck, 2016; Possas, 2008).
Uma vez estabelecido as estruturas-padrão de cada um dos modelos, a literatura
avança na construção de congêneres para outros países do mundo, como os europeus,
ou os países em desenvolvimento (latino-americanos, asiáticos ou africanos). O modelo
ortodoxo quando voltado para os países em desenvolvimento reúne um conjunto amplo
de ideias: a maldição dos recursos naturais (Hausmann; Hwang; Rodrik, 2007; Sachs;
Warner, 1999); as commodities currencies (Chen; Rogoff, 2003); a incapacidade de
geração doméstica de dívida e as fragilidades financeiras decorrentes (Aizenman et al.,
2021; Calvo; Izquierdo; Talvi, 2003; Eichengreen; Hausmann; Panizza, 2003; Reinhart;
Rogoff; Savastano, 2003); e as dificuldades em se fazer política econômica decorrente
da dominância fiscal (Blanchard, 2004).
No entanto não há um modelo DSGE capaz de reunir tal miríade de
características. Sachs & Warner (1999) constroem um modelo de dois setores
analisando as funções de produção desses setores, sem integração com o lado da
demanda. Hausmann et al (2007) elabora o modelo de dois agentes – modelagem de
fronteira na ortodoxia atual – com uma função de bloqueio exógena que impede o
crescimento do agente que produz, consome e poupa não-commodities. Blanchard
(2004) elabora um modelo DSGE de macroeconomia aberta a lá Romer (2000) com
efeitos de balanço de pagamentos e endividamento externo sobre a combinação das
políticas fiscais e monetárias dos países em desenvolvimento. Há uma extensa literatura
de testes empíricos para as ideias propostas nos modelos dos autores supracitados. Chen
& Rogoff (2003), Calvo et al. (2003), Eichengreen et al (2003) e Aizenman et al. (2021)
chegam a importantes relações empíricas sobre as relações de balanço de pagamentos
dos países em desenvolvimento sem a construção de um modelo DSGE adaptado.
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Os modelos heterodoxos, por outro lado, são incipientes. Há uma longa


literatura com modelos de Balance of Payments Constraint (BPC) que são derivados da
lógica kaldoriana (McCombie, 1997; Moreno-Brid, 1999, 2003; Thirlwall, 1979;
Thirlwall; Hussain, 1982). Na atualidade há uma nova gama de modelos derivados do
BPC que se adaptam as ideias do novo-estruturalismo e do novo-desenvolvimento
(Bresser-Pereira, 2020b; Ferrari; Freitas; Barbosa Filho, 2013; Missio; Gabriel, 2016;
Porcile, 2021; Ribeiro; McCombie; Lima, 2016). Já os modelos SFC ainda estão
surgindo para compreender os problemas financeiros relativos aos ciclos de preços de
commodities (Nalin; Yajima, 2021), e os limites das políticas fiscais e monetárias destes
países (Mellini; Silva, 2022). Na modelagem AB ainda não há o desenvolvimento de
modelos específicos para a realidade dos países em desenvolvimento; de um lado, por
ser uma literatura muito emergente, de outro, pela estrutura microfundamentada
(bottom-up) dos modelos e a necessidade de se compreender primeiro quais são as
especificidades microeconômicas de um país em desenvolvimento que impactam na
dinâmica macroeconômica.
Ademais, tanto na literatura ortodoxa quanto heterodoxa, emerge a necessidade
de se adaptar os modelos às questões climáticas. A adaptação do modelo DSGE aos
problemas de emissão de gases do efeito estufa e consumo de recursos naturais foi
consolidada no começo da década de 2000 (Arrow et al., 2004; Nordhaus, 2008). No
entanto, como destaca Arrow et al. (2004), para a devida consistência do modelo
DSGE, o bem-estar não pode se reduzir do ponto de vista intertemporal, o que implica
na necessidade de adoção da hipótese de perfeita substitutibilidade de fatores de
produção. Este ponto é extensamente criticado pela heterodoxia (Kronenberg, 2010),
que busca avançar nos modelos SFC adaptados ao contexto climático analisando
principalmente as formas de financiamento verde (Dafermos; Nikolaidi; Galanis, 2017;
Jacques et al., 2023), e nos modelos AB focados nos impactos sobre a dinâmica
macroeconômica de uma transição energética que represente a emergência de novas
firmas produtoras de energia limpa substituindo as firmas produtoras de energia “suja”
(Lamperti et al., 2018, 2020).
O desenvolvimento de modelos ecológicos voltados para países em
desenvolvimento ainda é muito incipiente. Os modelos DSGE são voltados para estudos
de casos específicos se concentrando mais nos resultados empíricos (Amin et al., 2022;
Zhang et al., 2022). Na heterodoxia, há apenas alguns avanços na literatura novo-
estruturalista evidenciando como teoricamente investimentos nos setores verdes pode
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contribuir para reduzir a condição de BPC (Althouse; Guarini; Gabriel Porcile, 2020)T,
abrindo uma enorme possibilidade de expansão dos modelos SFC e AB voltados para
mudança climática em países em desenvolvimento.
Neste sentido, há na ortodoxia uma extensão de resultados empíricos indicando
importantes características de um país em desenvolvimento, mas uma dificuldade de
adaptar o modelo DSGE para todos estes elementos. O que de certa forma é
consequência da própria estrutura do modelo DSGE que permite a existência de poucas
alterações que ainda mantenham uma solução matemática possível compatível com a
escolha intertemporal. Por outro lado, os modelos heterodoxos ainda emergentes, como
os modelos SFC e AB, apresentam muitas possibilidades de adaptação de suas
estruturas à realidade dos países em desenvolvimento, uma vez que não precisam
obedecer à rigidez matemática da escolha intertemporal, embora a literatura heterodoxa
apresente poucos estudos empíricos sobre a temática. Além disso, há uma fronteira em
expansão para se desenvolver nos modelos heterodoxos voltados a países em
desenvolvimento abarcando as questões do desenvolvimento sustentável. Assim, este
projeto busca preencher esta lacuna na literatura desenvolvendo modelos teóricos e
empíricos heterodoxos voltados para países em desenvolvimento.

Objetivos

O objetivo deste projeto de pesquisa é construir modelos teóricos


macroeconômicos heterodoxos voltados para países em desenvolvimento nas três
modelagens usuais na literatura: BPC, SFC e AB, realizando testes empíricos
condizentes com as hipóteses adotadas em cada um dos modelos. Estes modelos visam
incorporar as visões de três referenciais teóricos relevantes para a heterodoxia e
condizentes com os países em desenvolvimento: teoria pós-keynesiana, teoria
evolucionária, e novo-estruturalismo e novo-desenvolvimentismo, levando em
consideração a consistência das principais conclusões empíricas da ortodoxia.
A literatura pós-keynesiana atual consolidou um conjunto de modelos
macroeconômicos teórico-matemáticos formulados em base computacional que
apresentam como pilar formador a consistência contábil entre fluxos de gastos e rendas
e estoques de riqueza e capital (Macedo e Silva; dos Santos, 2011; Nikiforos; Zezza,
2017). Estes modelos vieram na contramão dos modelos ortodoxos convencionais
formulados com base no DSGE, apresentando uma formulação mais próximo dos
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modelos History Friendly (Arestis; Sawyer, 2009; Davidson, 1978). É importante


ressalvar que os modelos DSGE não são inconsistentes com a estrutura dos modelos
SFC (Dos Santos, 2021), mas são fortemente dependentes do cumprimento da escolha
intertemporal. Um modelo DSGE convencional pode ser estabelecido pelas seguintes
equações em diferença:
Do lado da demanda:
(1−𝛽𝑡 ) 𝑡+𝑗
𝑌𝑡 = ∑∞
𝑗=0 (1+𝑖 )𝑡+𝑗 (1 − 𝜏)𝐶𝑡+𝑗 + 𝐼0𝑡 + 𝑎𝑖𝑡 + 𝐺
̅ (1)
𝑡

𝜕𝑌
𝐼0𝑡 = 𝜕𝐾 𝑛𝑡𝜕𝑡 (1.a)
𝑡

(𝛽 )𝑡+𝑗
∑∞ 𝑡
𝑗=0 (1+𝑖 )𝑡+𝑗 (1 − 𝜏)𝐶𝑡+𝑗 = 𝑆𝑡 (1.b)
𝑡

(1−𝛽 )𝑡+𝑗
∑∞ 𝑡 ∞
𝑗=0 𝑈 [(1+𝑟 )𝑡+𝑗 (1 − 𝜏)𝐶𝑡+𝑗 ] = ∑𝑗=0 𝑈[(1 + 𝑟𝑛𝑡 )(𝛽𝑡 )]
𝑡+𝑗
[(1 − 𝜏)𝐶𝑡+𝑗 ](1.c)
𝑛𝑡

A curva de Philips ou função de reação dos preços:


𝑒
∆𝑃𝑡 = 𝜋𝑡 = (1 + 𝜇)𝜔(𝑌𝑡 − 𝑌𝑛𝑡 ) + 𝜋𝑡+1 (2)
A regra de Taylor ou equação de reação da taxa de juros:
𝑖𝑡 = 𝑟𝑛𝑡 + 𝜋𝑡 + 𝜃1 (𝑌𝑡 − 𝑌𝑛𝑡 ) + 𝜃2 (𝜋𝑡 − 𝜋̅) (3)
Do lado da oferta:
𝑌𝑛𝑡 = 𝑓(𝐾𝑡 ; 𝐿𝑡 ) = 𝐴𝑡 𝐾𝑡𝛼 𝐿1−𝛼
𝑡 (4)
𝐿𝑡 = 𝐿0 𝑒 𝑛𝑡 (4.a)
𝐾𝑡 = (1 − 𝛿)𝐾𝑡−1 + 𝐼𝑡−1 (4.b)
𝐴𝑡 = 𝜌𝐴𝑡−1 + 𝜀𝑡 (4.c)
Onde 𝑌𝑛𝑡 é o produto natural, 𝐾𝑡 é o estoque de capital corrente, 𝐿𝑡 o estoque de
mão de obra de pleno emprego, 𝐿0 o nível inicial de mão de obra de pleno emprego, 𝑛
a taxa de crescimento populacional, 𝛿 a taxa de depreciação, 𝐴𝑡 o nível exógeno de
tecnologia, 𝑌𝑡 é a demanda corrente, 𝛽𝑡 > 0 é o fator intertemporal de desconto que
define a escolha intertemporal de consumo, 𝑖𝑡 é a taxa de juros corrente, 𝐶𝑡+𝑗 o consumo
no tempo 𝑡 + 𝑗, 𝐼0𝑡 é o nível de investimento exógeno definido pela sub equação 2.a,
𝑎 < 0 é a elasticidade-juro do investimento, 𝐺̅ é o gasto exógeno do governo, 𝜏 é a
tributação exógena do governo, 𝑆𝑡 é a escolha de poupança das famílias, 𝑃𝑡 é o nível de
preços, 𝜇 é o nível de mark-up das firmas, 𝜔 é o coeficiente da curva de Philips que
traduz o quanto o aumento da demanda (emprego) acima do produto natural (nível
𝑒
natural de desemprego) impacta na elevação da inflação, 𝜋𝑡+1 é a expectativa de
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inflação futura, 𝑟𝑛𝑡 é a taxa natural real de juros, 𝜋𝑡 o nível de inflação corrente, 𝜋̅ a
meta de inflação.
As Equações de 1 a 3 formam o que é usualmente definido como modelo de três
equações e explicam o comportamento da economia do curto e médio prazo (Carlin;
Soskice, 2005). Neste modelo, sempre que por decisões de política econômica, via
redução da taxa de juros (𝑖𝑡 ) ou expansão exógena do gasto público acima da tributação
(1−𝛽𝑡 ) 𝑡+𝑗
sobre o consumo (𝐺̅ > ∑∞
𝑗=0 (1+𝑖 )𝑡+𝑗 (𝜏)𝐶𝑡+𝑗 ), se transformar em uma elevação da
𝑡

demanda acima da oferta (𝑌𝑡 maior que 𝑌𝑛𝑡 ), haverá aumento de preços (∆𝑃𝑡 será
positivo) e elevação da taxa de juros via regra de Taylor (Equação 3), a depender do
tamanho da diferença entre 𝑌𝑡 e 𝑌𝑛𝑡 e de quanto a variação dos preços (∆𝑃𝑡 ) fez a
inflação corrente (𝜋𝑡 ) ficar ou não acima da meta de inflação (𝜋̅). As Equações 1.a e
1.b garantem a convergência da demanda às condições de oferta definida pela Equação
4 no longo prazo. A Equação 1.c define 𝛽𝑡 ao equiparar a utilidade do consumo de hoje
ao consumo futuro, cumprindo um princípio clássico de uma economia não monetária
(Lucas, 1976).
A Equação 4 e suas três sub equações posteriores formam a explicação para o
crescimento de longo prazo a partir do modelo de Solow (Solow, 1956), com o
acréscimos dos choques exógenos de tecnologia discutidos ao conceito de ciclos reais
de negócios (Eichenbaum, 1991; Kydland; Prescott, 1990) via uma simples equação de
autorregressivo, representado pela Equação 4.c. Pode-se supor que qualquer outro
choque aleatório, representado pelo erro aleatório (𝜀𝑡 ), que não apenas a tecnologia,
pode afetar a Equação 4.c.
Em perfeito equilíbrio estacionário de longo prazo, 𝑌𝑡 ⁄𝑃𝑡 = 𝑌𝑛𝑡 , 𝜋𝑡 = 𝜋̅ =
𝑒
𝜋𝑡+1 , 𝑖𝑡 − 𝜋𝑡 = 𝑟𝑛𝑡 , fazendo a taxa de juros convergir para seu nível natural, definido
(𝛽 )𝑡+𝑗 𝜕𝑌
pelo equilíbrio intertemporal ∑∞ 𝑡
𝑗=0 (1+𝑖 𝑡+𝑗
(1 − 𝜏)𝐶𝑡+𝑗 = 𝑛𝑡 − 𝑎𝑖𝑡 , de tal forma que
𝑡) 𝜕𝐾 𝜕𝑡
𝑡

a taxa de juros natural é definida por condições não relacionadas à demanda. Ademais,
os recursos que o governo retira da sociedade retornam a ela sem aumento do
(1−𝛽𝑡 ) 𝑡+𝑗
endividamento público, sendo 𝐺̅ = ∑∞
𝑗=0 (1+𝑖 )𝑡+𝑗 (𝜏)𝐶𝑡+𝑗 , obedecendo a hipótese
𝑡

Ricardo-Barro (Barro, 1974, 1989). Qualquer variação de curto e médio prazo de 𝑌𝑡


apenas representa uma oscilação em torno da expansão natural de 𝑌𝑛𝑡 . Neste ponto,
qualquer expansão do produto será definida pela Equação 4 e suas três sub equações,
definindo assim um modelo de oferta.
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Esta é a grande limitação do modelo, já que qualquer alteração de longo prazo


só pode ser alcançada por: (i) alterações no fator de escolha intertemporal 𝛽𝑡 , devido a
mudanças exógenas na função utilidade da Equação 1.c, e por consequência na taxa de
poupança 𝑠𝑡 (Equação 1.b), que também terão suas implicações sobre a distribuição da
renda entre consumo e investimento na demanda (Equação 1); ou (ii) modificações nos
produtos marginais de capital e trabalho (𝛼), que também irão alterar o resultado 𝐼0𝑡 no
regime de demanda (Equação 2); e/ou (iii) qualquer choque exógeno (𝜀𝑡 ) que perturbe
𝐴𝑡 de forma transitória.
Por exemplo, um aumento (ou redução) do fator 𝛽𝑡 , que significa que as famílias
estão postergando (ou antecipando) consumo, irá elevar (ou reduzir) o nível de
poupança e, tudo mais constante, resultará em uma taxa natural de juros menor (maior),
expandindo (reduzindo) os investimentos com redução (aumento) de consumo na
proporção da demanda (Equação 2), e um maior (menor) crescimento da oferta a longo
prazo. Por outro lado, um aumento (redução) de 𝛼 significa um aumento (redução)
exógeno no produto marginal do capital, elevando (diminuindo) 𝜕𝑌𝑛𝑡 ⁄𝜕𝐾𝑡 𝜕𝑡 e a taxa
natural de juros, estes efeitos combinados reduzem (aumentam) a proporção do
consumo na demanda e ampliam (reduzem) a proporção dos investimentos (Equação
2), levando a uma expansão (redução) do crescimento da oferta a longo prazo.
Desta forma, é difícil adaptar este modelo a outros contextos: a escolha
intertemporal obriga que a demanda se ajuste à oferta no longo prazo. A mera hipótese
(1+𝛽𝑡 ) 𝑡+𝑗
de que governo poderia forçar gastos permanentes (𝐺̅ > ∑∞
𝑗=0 (1+𝑖 )𝑡+𝑗 (𝜏)𝐶𝑡+𝑗
𝑡

permanentemente) ou reduzir juros forçosamente (ignora a regra de Taylor definida na


Equação 3) para expandir a demanda, apenas resultaria em aumento dos preços
permanente e uma convergência natural de 𝑌𝑡 a 𝑌𝑛𝑡 em valores reais (descontados à
inflação). Ou seja, no longo prazo a condição 𝑌𝑡 ⁄𝑃𝑡 = 𝑌𝑛𝑡 estaria realizada, 𝑖𝑡 − 𝜋𝑡 =
(−𝛽 )𝑡+𝑗 𝜕𝑌
𝑟𝑛𝑡 , mantendo ∑∞ 𝑡 𝑛𝑡
𝑗=0 (1+𝑖 )𝑡+𝑗 𝐶𝑡+𝑗 = 𝜕𝐾 𝜕𝑡 − 𝑎𝑖𝑡 , via crescimento permanente de 𝑃𝑡
𝑡 𝑡

definido pela Equação 2 (curva de Philips).


A principal distinção para um modelo heterodoxo é que neles não é preciso
obedecer a condição de escolha intertemporal, sendo que as decisões e variáveis que
levam as firmas a investirem ao longo do tempo, do passado para o presente, definem
a taxa de poupança e o ritmo de crescimento de médio e longo prazo dessas economias.
Desta forma, estes modelos são definidos como modelos orientados pela demanda, na
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qual o ritmo de expansão dos investimentos altera tanto o ritmo de crescimento da


demanda quanto o ritmo de crescimento da oferta. Isto é definido pela lógica kaldoriana
básica (Kaldor, 1957, 1966; Serrano, 1995), que pode ser expressa por:
𝐾
𝑣 = 𝑌𝑡 (5)
𝑛𝑡

O fato estilizado de Kaldor (1957, 1966) define 𝑣 como constante a longo


prazo. Sendo 𝐼𝑡 = ∆𝐾𝑡 , para que 𝑣 permaneça constante:
𝐼𝑡 = 𝑣(𝑌𝑛𝑡 − 𝑌𝑛𝑡−1 ) (5.a)
Logo a taxa de investimento corrente de equilíbrio será definida por:
𝐼𝑡 (𝑌𝑛𝑡 −𝑌𝑛𝑡−1 )
=𝑣 = 𝑣𝑔𝑛𝑡 (5.b)
𝑌𝑛𝑡 𝑌𝑛𝑡

Por identidade contábil:


𝐼𝑡 𝐼 𝑌
= 𝑌𝑡 𝑌 𝑡 (5.c)
𝑌𝑛𝑡 𝑡 𝑛𝑡

𝐼𝑡 𝐼
= 𝑌𝑡 𝑢 (5.d)
𝑌𝑛𝑡 𝑡

Sendo 𝑢 definido como a capacidade ocupada da economia. Logo:


𝐼
𝑣𝑔𝑛𝑡 = 𝑌𝑡 𝑢 (5.e)
𝑡

𝐼𝑡 ⁄𝑌𝑡
𝑔𝑛𝑡 = 𝑢 (5.f)
𝑣

Assumindo que a capacidade ocupada da economia tende a ser constante e que


𝑣 é constante via fato estilizado de Kaldor (1957, 1966), o ritmo de crescimento
econômico é definido pela taxa de investimento corrente 𝐼𝑡 ⁄𝑌𝑡 . O pressuposto
heterodoxo essencial é que a taxa de investimento sempre gera mais capacidade de
oferta do que acelera a demanda, mantendo um nível de capacidade ociosa na economia
definida por 1 − 𝑢. Isto torna o modelo kaldoriano básico semelhante ao modelo
Harrod-Domar (Domar, 1946; Harrod, 1939), uma vez que a razão 𝐼𝑡 ⁄𝑌𝑡 é
necessariamente equivalente a taxa de poupança. Desta forma, permanece válida a
crítica de Solow (1956) quanto à instabilidade do equilíbrio de crescimento de longo
prazo, uma vez que 𝑑𝑔𝑛𝑡 ⁄𝑑𝑡 não precisa convergir à nulidade. No entanto, é importante
frisar que o foco da macroeconomia heterodoxa é justamente compreender e modelar
os cenários de instabilidade (Minsky, 2008).
Há uma extensa literatura na heterodoxia para definir as variáveis essenciais que
irão afetar a taxa de investimento corrente. Sendo estes modelos divididos em quatro
subgêneros essenciais: profit-led, wage-led, export-led e finance-led. Nos modelos
profit-led (Kaldor, 1957), a elevada acumulação de lucros contribui para o
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autofinanciamento e aceleração da taxa de investimento, que por sua vez aumentam o


nível de renda e produto. Nos modelos wage-led (Bhaduri; Marglin, 1990; Dutt, 1984),
o crescimento dos salários eleva o consumo, reduzindo a capacidade ociosa das firmas
e, por vias indiretas, estimulando novos investimentos. Nos modelos export-led
(McCombie; Thirlwall, 1994), o aumento da demanda externa promovida pelas
exportações irá aumentar a taxa de investimento doméstica. Por fim, nos modelos
finance-led (Boyer, 2000), a taxa de investimento passa a ser influenciados pelo ritmo
de crescimento dos preços dos ativos e/ou facilidades de acesso ao crédito, tornando o
crescimento da renda e produto dependentes das oscilações nos mercados financeiros.
Há um extenso debate na literatura sobre os limites e possibilidades dos modelos
profit-led e wage-led, já que estes modelos afetam variáveis diferentes da Equação 5.f.
Um modelo profit-led pressupõe que o aumento dos lucros eleva a taxa de investimento
𝐼𝑡 ⁄𝑌𝑡 resultando na elevação da taxa de crescimento 𝑔𝑛𝑡 . Por outro lado, um modelo
wage-led pressupõe uma elevação na capacidade utilizada (𝑢) via aumento do consumo
das famílias, elevando 𝑔𝑛𝑡 . Autores pós-keynesianos defendem que o próprio processo
de desenvolvimento significa uma transição de um modelo wage-led para o profit-led
(Lavoie, 2017; Palley, 2017). As versões export-led e finance-led são derivados do
modelo profit-led: os lucros irão se elevar, pelas exportações no primeiro e pelas
variáveis financeiras no segundo, acelerando a taxa de investimento e o crescimento de
equilíbrio de longo prazo.
Todo este debate está formalmente solucionado nos modelos SFC (Kim; Lavoie,
2016). Kim & Lavoie (2016) definem a taxa de investimento como:
𝐼𝑡 𝐾𝑡−1
= 𝑔𝑖𝑡 (6)
𝑌𝑡 𝑌𝑡

𝑔𝑖𝑡 = 𝛾0 + 𝛾1 𝑟𝑐𝑓𝑡−1 + 𝛾2 𝑟𝑙𝑡−1 𝑙𝑡−1 + 𝛾3 𝑞𝑡−1 + 𝛾4 𝑢𝑡−1 + 𝛾5 𝑔𝑇𝑡−1 (6.a)


𝑔𝑇𝑡 = ̅𝑔̅̅𝑇̅ + 𝜑1 𝑔𝑤𝑡−1 + 𝜑2 𝑔𝑖𝑡−1 (6.b)
Onde 𝑔𝑖𝑡 é a taxa de investimento por estoque de capital, 𝛾0 > 0, 𝛾1 > 0, 𝛾2 <
0, 𝛾3 > 0, 𝛾4 > 0, 𝛾5 > 0, 𝜑1 > 0 e 𝜑2 > 0 são parâmetros exógenos, 𝑟𝑐𝑓𝑡 é a taxa de
lucro ponderada pelo estoque de capital, 𝑟𝑙𝑡 é a taxa real de juros dos empréstimos
tomados pelas firmas, 𝑙𝑡 é a razão do passivo total das firmas por estoque de capital, 𝑞𝑡
é o q de Tobin, 𝑢𝑡 é a capacidade utilizada, 𝑔𝑇𝑡 é o crescimento do progresso técnico,
̅𝑔̅̅̅𝑇 é a constante de avanço técnico da economia, e 𝑔𝑤𝑡 é a taxa de crescimento dos
salários.
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Na Equação 6 e suas duas sub equações, um aumento da taxa de investimento


será decorrência de uma combinação de fatores, que envolve: crescimento dos lucros
(aumento de 𝑟𝑐𝑓𝑡 ), redução dos encargos financeiros da firma via queda da taxa de juros
real dos empréstimos (𝑟𝑙𝑡 ) e/ou razão de endividamento (redução de 𝑙𝑡 ), valorização
acionária (aumento de 𝑞𝑡 ), aumento da capacidade utilizada (𝑢𝑡 ), e avanço do progresso
técnico (crescimento de 𝑔𝑇𝑡 ). Sendo que o avanço do progresso técnico depende da
própria taxa de investimento por estoque de capital 𝑔𝑖𝑡 , definindo o ciclo virtuoso de
crescimento a lá Kaldor-Verdoorn, e do aumento dos salários (crescimento de 𝑔𝑤𝑡 ), que
estimulam as firmas a transferirem mão-de-obra para tecnologia.
Os modelos AB permitem tornar endógeno o componente ̅𝑔̅̅𝑇̅ da Equação 6.b.
A principal contribuição da literatura evolucionária é a constatação que a inovação
tecnológica é um fenômeno estimulado pela oferta, a partir de esforços concentrados
das firmas e governos em realizar avanços científicos e promover Pesquisa e
Desenvolvimento (P&D) (Dosi, 1982, 1988). Ademais, a inovação também ganha
contornos microeconômicos setoriais, se comportando de forma não homogênea entre
os diferentes setores da indústria, serviços ou agricultura (Malerba, 2002; Malerba;
Orsenigo, 1995, 1996; Pavitt, 1984). Seguindo a lógica microfundamentada (Dosi;
Fagiolo; Roventini, 2010), tem-se:
𝑅𝐷𝑗𝑡 = 𝜃𝑟𝑐𝑓𝑗𝑡−1 𝐾𝑗𝑡−1 (7)
Onde 0 < 𝜃 < 1 representa a fração dos lucros que é destinada à pesquisa e
desenvolvimento 𝑅𝐷 das 𝑗 firmas. O sistema de interação permite que a inovação em
uma firma tenha reflexo sobre outra firma, havendo simultaneamente um processo de
inovação (𝐼𝑛𝑗𝑡 ) e imitação (𝐼𝑚𝑗𝑡 ):
𝐼𝑛𝑗𝑡 = 𝜎𝑅𝐷𝑗𝑡 (8)
𝐼𝑚𝑗𝑡 = (1 − 𝜎)𝑅𝐷𝑗𝑡 (9)
Onde 0 < 𝜎 < 1 define os esforços de pesquisa e desenvolvimento das 𝑗 firmas
em gastos em inovação ou imitação. O sucesso destes esforços é definido por uma
distribuição de Bernoulli:
𝜃𝑗𝑡𝑖𝑛 = 1 − 𝑒 −𝜎1𝐼𝑛𝑗𝑡 (10)
lim 1 − 𝑒 −𝜎1𝐼𝑛𝑗𝑡 = 0 (10.a)
𝐼𝑛𝑗𝑡 →0

lim 1 − 𝑒 −𝜎1𝐼𝑛𝑗𝑡 = 1 (10.b)


𝐼𝑛𝑗𝑡 →∞

𝜃𝑗𝑡𝑖𝑚 = 1 − 𝑒 −𝜎2𝐼𝑚𝑗𝑡 (11)


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lim 1 − 𝑒 −𝜎2𝐼𝑚𝑗𝑡 = 0 (11.a)


𝐼𝑚𝑗𝑡 →0

lim 1 − 𝑒 −𝜎2𝐼𝑚𝑗𝑡 = 1 (11.b)


𝐼𝑚𝑗𝑡 →∞

Onde 0 < 𝜎1 < 0 e 0 < 𝜎2 < 0. Isto significa que quanto maiores os gastos em
pesquisa e desenvolvimento, maiores as probabilidades de sucesso da inovação e da
imitação. As Equações 10 e 11 cumprem a função de evidenciar que a criação e
dispersão da tecnologia funcionam de forma semelhante a uma curva logística
(Andersen, 1999; Marchetti, 1980), uma vez que quanto maiores os gastos em P&D
maiores as chances de criar novo tecnologia ou imitar uma tecnologia do mercado
(Equações 10.a; 10.b; 11.a; 11.b). O acúmulo destes sucessos eleva o nível de
tecnologia:
𝑖𝑛 𝑖𝑚
𝜃𝑗𝑡−1 𝐼𝑛𝑗𝑡−1 +𝜃𝑗𝑡−1 𝐼𝑚𝑗𝑡−1
𝑔𝑇𝑡 = 𝜑0 ∑𝑛𝑗=1 ( ) (12)
𝐾𝑗𝑡−1

As Equações 7 a 12 demonstram que a inovação é um fenômeno guiado pela


oferta, por meio da iniciativa das firmas em investirem em P&D (Equações 8 a 12), mas
também influenciado pela demanda, uma vez que para realizar tais investimentos as
firmas precisam obter lucros crescentes (Equação 7). Isto é consistente com os
conceitos originários da teoria evolucionária de inovação gerada pela oferta (technology
push) ou estimulada pela demanda (demand-pull) (Dosi, 1982, 1988).
A estrutura microfundamentada destes modelos permite evidenciar que as
firmas com o maior nível de market-share em seus mercados têm maior nível de lucro,
conseguindo investir mais em pesquisa e desenvolvimento. O resultado deste fenômeno
é um crescimento diferenciado da produtividade entre as firmas, permitindo as firmas
com maior gasto em P&D observarem maior aumento da produtividade, reduzindo sua
estrutura de custos. Assim, a concentração de mercado se eleva, impactando no nível
geral de preços via mark-up (Melo; Possas; Dweck, 2016). Desta forma, estes modelos
podem captar outras consequências do fenômeno anterior: (i) impacto sobre o sistema
de crédito (Dosi et al., 2013), impacto sobre a política monetária de controle de preços
e dela sobre firmas e bancos (Dosi et al., 2015), impactos estruturais sobre emprego e
salários no mercado de trabalho (Dosi et al., 2017, 2018).
É importante ressalvar que as Equações 6 a 12 foram apresentadas de forma
estilizada para ser compatível com a estrutura da Equação 5 e suas sub equações. Para
além do apresentado nas equações 6 a 12, é necessário ter um outro subconjunto de
equações que forçam o cumprimento de uma ampla gama de identidades contábeis.
14

Desta forma, variáveis tratadas aqui como exógenas – taxa de lucro ponderada pelo
estoque de capital (𝑟𝑐𝑓𝑡 ), a taxa real de juros dos empréstimos tomados pelas firmas
(𝑟𝑙𝑡 ), a razão do passivo total das firmas por estoque de capital (𝑙𝑡 ), o q de Tobin (𝑞𝑡 ), a
capacidade utilizada (𝑢𝑡 ) – tornam-se endógenas nos modelos SFC e AB, criando
modelos extremamente complexos.
Todos os componentes acima detalham as principais diferenças entre modelos
ortodoxos e heterodoxos. Mas, para os países em desenvolvimento, os problemas de
balanço de pagamentos são preponderantes e não estão incluídos nestes modelos-
padrão. De um lado, como descrito anteriormente, a ortodoxia conseguiu compreender
por uma série de modelos econométricos as várias relações de balanço de pagamentos
de um país em desenvolvimento de forma isolada: (i) são exportadores de recursos
naturais (Hausmann; Hwang; Rodrik, 2007; Sachs; Warner, 1999); (ii) possuem
correlação negativa entre preços de commodities (principais produtos exportados) e
suas taxas de câmbio (Chen; Rogoff, 2003), (iii) apresentam dificuldades em obter
financiamento externo (Aizenman et al., 2021; Eichengreen; Hausmann; Panizza,
2003), e (iv) tem limites de atuação das políticas fiscal e monetária (Blanchard, 2004).
Estas características não são novidade nas teorias estruturalistas e heterodoxas
e podem ser definidas como: (i) crescimento com restrição de balanço de pagamentos
(Thirlwall; Hussain, 1982); (ii) tendência de queda de longo prazo dos preços relativos
das commodities em relação aos produtos manufaturados (Prebisch, 1950; Singer,
1950); (iii) ciclos de crescimento influenciados por ciclos de preços das commodities
(Furtado, 2007; Prebisch, 1950); (iv) processo de financeirização das commodities
(Carneiro, 2012); (v) volatilidade dos movimentos de capitais (de Paula; Fritz; Prates,
2017; Prates, 2020); (vi) tendência de apreciação permanente da taxa de câmbio
(Bresser-Pereira, 2012, 2020a); e (vii) limites de atuação das políticas monetárias e
fiscais (Dvoskin; Landau, 2023; Prebisch, 1950).
As ideias acima expostas estão expressas pela taxa de crescimento de equilíbrio
de balanço de pagamentos (𝑦𝑏𝑝𝑡 ) proposta por Thirlwall & Hussain (1982):
((𝐸 ⁄𝑅 𝜂+𝜓+1)(𝑝𝑑𝑡 −𝑒𝑡 −𝑝𝑓𝑡 )+𝐸 ⁄𝑅 𝜀(𝑧𝑡 )+𝐶 ⁄𝑅(𝑐𝑡 −𝑝𝑑𝑡 ))
𝑦𝑏𝑝𝑡 = (13)
𝜋

Onde 𝐸 ⁄𝑅 representa a participação das exportações na receita externa total


(𝑅 = 𝐸 + 𝐶), 𝜂 é a elasticidade-preço das exportações, 𝜓 é a elasticidade-preço das
importações, 𝑝𝑑𝑡 é a taxa de crescimento dos preços dos produtos nacionais exportados,
𝑒𝑡 é a taxa de crescimento da taxa de câmbio, 𝑝𝑓𝑡 é a taxa de crescimento dos produtos
15

importados e representa o preço dos bens manufaturados, 𝐶 ⁄𝑅 representa a parcela do


capital movimentos nas receitas externas totais, 𝑐𝑡 é a taxa de crescimento dos fluxos
de capital, 𝑧𝑡 é a taxa de crescimento da demanda externa, 𝜀 são as elasticidades-renda
das exportações, e 𝜋 são as elasticidades-renda das importações. Considerando todos
os efeitos de preços como nulos, tem-se:
𝐸 𝐶
𝜀𝑧 + 𝑐
𝑅 𝑡 𝑅 𝑡
𝑦𝑏𝑝𝑡 = (14)
𝜋


Onde 𝐸 𝑅 𝜀⁄𝜋 assume o papel de componente estrutural e 𝑐𝑡 𝐶 ⁄𝑅 assume o
papel de componente cíclico. As características (i), (ii) e (vi) podem ser captadas no
componente estrutural, as características (v) e (vii) são captadas pelo componente
cíclico, e as alterações de preços, características (iii) e (iv), são captadas por choques
temporários na Equação 13. O crescimento de longo prazo (𝑔𝑦𝑡 ) das economias em
desenvolvimento irá se comportar pela equação:
𝑔𝑦𝑡 = min(𝑔𝑛𝑡 ; 𝑦𝑏𝑝𝑡 ) (15)
𝑔𝑦𝑡

A Equação 15 demonstra que um país em desenvolvimento poderá crescer a seu


nível natural (𝑔𝑛𝑡 ) determinado pela taxa de investimento interna (𝐼𝑡 ⁄𝑌𝑡 ), seguindo os
parâmetros definidos pelas Equações 6 a 12, até o limite imposto pelo equilíbrio de
balanço de pagamentos 𝑦𝑏𝑝𝑡 . Isso significa que estes países apresentam limites de
quanto podem expandir a demanda doméstica capaz de elevar a taxa de investimento,
uma vez que seu crescimento de longo prazo não pode superar a condição de restrição
de balanço de pagamentos dado por 𝑦𝑏𝑝𝑡 .
A atual literatura novo-estruturalista e novo-desenvolvimentista passou a
compreender as alterações no componente estrutural da Equação 14, afirmando de
forma geral, que o nível de taxa de câmbio e a distância entre a tecnologia doméstica e
a tecnologia de fronteira, ou o bom desenvolvimento do sistema nacional de inovação,
são determinantes para elevar a razão de elasticidades-renda a longo prazo (Ferrari;
Freitas; Barbosa Filho, 2013; Missio; Gabriel, 2016; Ribeiro; McCombie; Lima, 2016).
No contexto atual, o desenvolvimento de tecnologias verdes pode assumir o mesmo
papel (Althouse; Guarini; Gabriel Porcile, 2020). Logo, esta literatura passou a buscar
formas de elevar o 𝑦𝑏𝑝𝑡 e reduzir a condição de restrição de balanço de pagamentos.
Os modelos novo-estruturalista e novo-desenvolvimentistas são em sua maioria
modelos BPC, como destacado pelas Equações 13 a 15, evidenciando uma lacuna na
literatura que permite avançar sobre o componente cíclico e os efeitos de preços dos
16

modelos BPC, e, principalmente, em modelos SFC e AB. Por parte dos modelos SFC,
sua principal vantagem é a capacidade de construir um robusto sistema financeiro capaz
de impor restrição de financiamento que impactam na taxa de investimento (Nikolaidi;
Stockhammer, 2017). Já os modelos AB permitem construir um sistema de interações
microfundamentado que mostram as mudanças nas estruturas de mercado propiciadas
pelas inovações produtivas e seu impacto macroeconômico (Caverzasi; Russo, 2018;
Di Guilmi, 2017; Fagiolo; Roventini, 2012).
Para um país em desenvolvimento, um modelo SFC permite analisar como as
condições externas de financiamento alteram a dinâmica de crescimento doméstica. Isto
significa importantes alterações sobre a Equação 6.a, já que as firmas terão acesso à
financiamento externo, ou ainda mais importante terão necessidade de capitar
financiamento externo, além de modificações sobre o mercado acionário e o 𝑞 de Tobin
(Aizenman et al., 2021; Eichengreen; Hausmann; Panizza, 2003). Ademais a abertura
da economia também pode impactar significativamente na dinâmica dos lucros,
alterado 𝑟𝑐𝑓𝑡 , devido tanto ao componente estrutural influenciado pelas razões de
elasticidades-renda 𝜀 ⁄𝜋, quanto aos choques de preços de commodities e taxa de
câmbio.
Em um modelo AB, a capacidade de importar, ou restrição de importar,
tecnologia afeta as estruturas de mercado doméstica, exercendo impacto sobre a
dinâmica macroeconômica e efeitos de balanço de pagamentos, dificultando alterações
na razão de elasticidades-renda. Isto cria importantes modificações na estrutura das
Equações 7 a 12. De um lado, a estrutura do mercado doméstico e os efeitos de balanço
de pagamentos irão afetar o nível de lucro das firmas, impactando na capacidade de
realizar P&D. Por outro lado, sendo a tecnologia importada, os efeitos de imitação serão
preponderantes aos efeitos de inovação e dependerão da capacidade de importar das
firmas, fortemente associada à capacidade de emitir dívida externa.
Para além das alterações nos elementos supracitados, os modelos AB e SFC
precisam obedecer a um conjunto de identidades contábeis, o que implica mudanças
sobre toda a estrutura de sub equações não demonstradas neste projeto. Todo o exposto
acima demonstra as possibilidades de expansão dos modelos BPC, SFC e AB para os
países em desenvolvimento.
17

Metodologia

Modelos BPC em geral produzem equilíbrios ou sub equilíbrios estáveis. Desta


forma, ao se trabalhar com eles a melhor forma de testá-lo é validar as hipóteses teóricas
do modelo com modelos econométricos de vetores autorregressivos (VAR) e seus
congêneres ou modelos em Painel. Modelos AB e SFC, por outro lado, são modelo
parametrizados e produzem uma ampla gama de cenários e possibilidades, podendo dar
resultados instáveis. Neste caso, o ideal é utilizar simulações computacionais a partir
de dados e parâmetros reais e simular choques exógenos ou cenários contrafactuais.
Para os modelos BPC, pode-se então testar suas hipóteses via modelos
econométricos VAR, que são modelos endógenos nos quais todas as variáveis do
modelo podem resultar em efeitos cruzados. O modelo pode ser expresso por:
𝑦𝑡 = 𝑏10 − 𝑏12 𝑧𝑡 + 𝛾11 𝑦𝑡−1 + 𝛾12 𝑧𝑡−1 + 𝜀𝑦𝑡 (16)
𝑧𝑡 = 𝑏20 − 𝑏21 𝑦𝑡 + 𝛾21 𝑦𝑡−1 + 𝛾22 𝑧𝑡−1 + 𝜀𝑧𝑡 (17)
Sendo possível analisar os impactos de 𝑦𝑡 sobre 𝑧𝑡 e vice-versa acrescentando a
diferenciação temporal. Outra forma são os modelos de Painel que podem
demonstrados como:
𝑌𝑖𝑡 = 𝛽1𝑖𝑡 𝑥1𝑖𝑡 + 𝛽2𝑖𝑡 𝑥2𝑖𝑡 + 𝛽𝑘𝑖𝑡 𝑥𝑘𝑖𝑡 + 𝑢𝑖𝑡 (18)
𝑌𝑖𝑡 = 𝛽1𝑖𝑡 + 𝛽2𝑖𝑡 𝑋2𝑖𝑡 + 𝛽𝑘𝑖𝑡 𝑋𝑘𝑖𝑡 + 𝑢𝑖𝑡 (19)
𝛽1𝑖𝑡 = 𝛽1 + 𝜀𝑖 (19.a)
𝑌𝑖𝑡 = 𝛽1 𝑋1𝑖𝑡 + 𝛽2 𝑋2𝑖𝑡 + 𝛽𝑘 𝑋𝑘𝑖𝑡 + 𝑎𝑖 + 𝑢𝑖𝑡 (20)
As Equações 18 a 20 representam os modelos Pooled (Equação 18), onde as
observações são tratadas como não correlacionadas para os indivíduos e com erros
homoscedásticos entre os indivíduos; os modelos de efeitos aleatórios (Equação 19 e
19.a), onde a hipótese é de que os erros individuais não estão correlacionados entre si e
nem entre aquelas unidades de corte transversal e das séries temporais; e os modelos de
efeitos fixos (Equação 20), onde os valores dos interceptos para cada regressão variam
de acordo com o efeito de cada indivíduo.
Por outro lado, modelos AB e SFC, dado o volume de equações necessários para
construí-los, precisam ser parametrizados e devem obedecer a uma rígida estrutura
contábil. A estrutura básica de um modelo SFC pode ser representada pelas matrizes:
18

Tabela 1: Matriz de Estoques de um Modelo SFC padrão

Firmas de
Famílias Bancos Governo
produção ∑
(1) (3) (4)
(2)
Empréstimos −𝐿 +𝐿 0
Dinheiro +𝑀 +𝑀 −𝑀 0
Depósitos +𝐷 −𝐷 0
Títulos +𝐵 +𝐵 −𝐵
Ações +𝑒 ∙ 𝑝𝑒 −𝑒 ∙ 𝑝𝑒 −𝑒 ∙ 𝑝𝑒 0
Capital tangível +𝐾ℎ +𝐾𝑓 +𝐾
Patrimônio líquido 𝑁𝑊ℎ 𝑁𝑊𝑓 𝑁𝑊𝑏 𝑁𝑊𝑔 +𝐾
Fonte: Godley & Lavoie (2007).

Tabela 2: Matriz de Fluxo de um Modelo SFC padrão


Famílias Bancos Governo
Firmas de produção
(1) (4) (5)

Corrente Capital
(2) (3)

Consumo −𝐶 +𝐶 0
Investimento +𝐼 −𝐼 0
Gastos Gov. +𝐺 −𝐺 0
Salários +𝑊𝐵 −𝑊𝐵 0
Lucros +𝐹𝐷𝑓 −𝐹𝑓 +𝐹𝑈𝑓 0
Tributos −𝑇 +𝑇 0
Juros s/ Depósito +𝑖𝑑 𝐷 −𝑖𝑑 𝐷 0
Juros s/ Títulos +𝑖𝑏 𝐵 +𝑖𝑏 𝐵 −𝑖𝑏 𝐵 0
Juros s/ Emprés. −𝑖𝑙 𝐿 +𝑖𝑙 𝐿 0
Resultado 𝑆𝐴𝑉𝑓 0 𝑆𝐴𝑉𝑓 𝑆𝐴𝑉𝑏 𝑆𝐴𝑉𝑔 0
∆ Emprés. +∆𝐿𝑓 −∆𝐿 0
∆ Dinheiro −∆𝐻 −∆𝐻 +∆𝐻 0
∆ Depósitos −∆𝑀 +∆𝑀 0
∆ Contas −∆𝐵 −∆𝐵 +∆𝐵 0
∆ Ações −∆𝑒 ∙ 𝑝𝑒 +∆𝑒 ∙ 𝑝𝑒 0
∑ 0 0 0 0 0 0
Fonte: Godley & Lavoie (2007).

A lógica matricial implica que os resultados de poupanças financeiras de cada


agente devem impactar na sua estrutura de ativos e passivos (Nikiforos; Zezza, 2017),
obedecendo a seguinte equação intertemporal:
Ω𝑡 = Ω𝑡−1 + 𝑆𝐴𝑉𝑡 + 𝐶𝐺𝑡 (21)
A Equação acima descreve fundamentalmente o princípio da consistência entre
fluxo e estoque. De forma que, Ω𝑡 representa a matriz de estoques no tempo t, 𝑆𝐴𝑉𝑡 é o
19

vetor fluxo resultante dos recebimentos menos pagamentos e 𝐶𝐺𝑡 representa o vetor de
ganhos líquidos de capital ocasionados por mudanças de preços dos ativos. Cada uma
das colunas das matrizes apresentam variáveis que devem ser modeladas para os
agentes, sendo necessário o fechamento contábil da matriz, o que implica que 𝑛 − 1
variáveis serão modeladas para cada um dos agentes (Le Heron; Mouakil, 2008).
Os modelos AB trabalham na microfundamentação (bottom-up) das firmas,
modelando os impactos da inovação sobre a estrutura de mercado das firmas, o que
significa que todas as variáveis na coluna firmas precisam ser modeladas ao nível
unitário de 𝑗 firmas. Isso significa uma complexidade adicional ao modelo uma vez que
o número de firmas não será constante, havendo criação e destruição de firmas no
mercado, dificultando o fechamento contábil do modelo. Nem sempre um modelo AB
apresenta total compatibilidade de fluxo e estoque nas suas equações, isso dependerá
do objetivo principal do modelo. Os modelos AB com total compatibilidade de fluxo e
estoque, obedecendo o princípio da Equação 29, são modelos chamados de AB-SFC
(Caiani et al., 2016). Todos estes modelos funcionam de forma parametrizada,
permitindo a construção de cenários e testes de contrafactual.

Estimativas e Custos

O projeto será desenvolvido com recursos próprios do coordenador, uma vez


que não é uma pesquisa que demanda grandes somas de recursos (segue declaração de
financiamento próprio). Esta pesquisa não necessita de material de consumo; e a
infraestrutura disponível no momento é possível de ser alocada para o desenvolvimento
do projeto. Cabe salientar que se durante o desenvolvimento do projeto houver algum
edital ou programa institucional que possa financiar traduções e revisões de artigos,
haverá submissão para tal. Ainda, buscar-se-á bolsas para os estudantes a serem
envolvidos, uma vez que eles necessitam de recursos para a sua sobrevivência e
continuidade de envolvimento com o projeto. No Quadro 1, apresenta-se o orçamento
deste projeto.
20

Quadro 1 – Orçamento da pesquisa


Item Valores em Reais
Custeio
Material de Consumo 0

Serviços de Terceiros - Pessoa Física 0

Serviços de Terceiros - Pessoa Jurídica R$5.000


Traduções e Revisões de Artigos Científicos R$5.000

Capital
Obras e Instalações 0

Equipamento e Material Permanente 0

Total Geral R$5.000,00

Cronograma de Execução

O cronograma será executado de acordo com o Quadro 2 abaixo:


21

Quadro 1: Cronograma de Execução

mar/25

mar/26

mar/27
mai/25

mai/26

mai/27
nov/24

nov/25

nov/26
ago/24

ago/25

ago/26
dez/24

dez/25

dez/26
out/24

fev/25

abr/25

jun/25

out/25

fev/26

abr/26

jun/26

out/26

fev/27

abr/27

jun/27
jan/25

jan/26

jan/27
set/24

set/25

set/26
jul/25

jul/26

jul/27
Atividades / Mês

Levantamento
X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X
Bibliográfico
Revisão da Literatura X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X
Elaboração do
X X X X
Relatório Parcial
Estruturação de
X X X X X X X X X X X X
Artigos
Redação de Artigos
X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X
Científicos
Revisão de Artigos
X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X
Científicos
Entrega do Relatório
X X
Final de Pesquisa

Fonte: elaboração própria.


22

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