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AlexandreAntonioAntunesdeAlmeidaDissertacao2017
AlexandreAntonioAntunesdeAlmeidaDissertacao2017
Escola Politécnica
Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Gestão do
Conhecimento e da Tecnologia da Informação
Brasília - DF
2017
ALEXANDRE ANTONIO ANTUNES DE ALMEIDA
BRASÍLIA
2017
A447m Almeida, Alexandre Antonio Antunes de.
Modelo de comportamento de investidores como indutores de contágio
no ambiente financeiro brasileiro / Alexandre Antonio Antunes de Almeida
– 2017.
205 f. : il.; 30 cm
CDU 005.94:336
This study proposes to create a model of actors’ behavior that operates by spreading
contagion in the Brazilian financial environment. To pursue that proposed model, it
was essential to review literature taking into account studies from various sciences
such as psychology, sociology, economics and behavioral finances. Furthermore, it
was conducted a survey research in which respondents were encouraged to take a
stand on realistic and possible information-based-contagion scenarios. The results
were dealt with by trying to classify the investors in behavioral profiles, taking into
consideration the behavioral patterns of each group. The heuristics, biases and
principles of psychology and behavioral economics were analyzed considering the
susceptibility of actors to certain influences. The results were assessed by experts of
the economical and financial fields by means of the use of discussion group. Later, a
conceptual model was created in order to shape this system which considers the
main influences over investors likely to change their behavior and to produce the
effect of the indirect contagion. The information, considered as one of the key
aspects of the contagion, is shaped in a model that is under the influence of an
environment that is subjected to noise generation, echo chambers and informational
cascades. The resulting model suggests there is a relation among those elements
and contributes to the study when taking into account the profile of the investors,
their behavioral susceptibility and potential changes to possible overreactions such
as bank withdrawals.
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 13
1 INTRODUÇÃO
sistema financeiro brasileiro (BACEN, 2015). Para tal, procurou estabelecer uma
rede de conexões entre instituições, fundamentada nas relações financeiras entre si.
As estimativas podem ser obtidas a partir das Transferências Eletrônicas
Disponíveis, as quais são registradas no Sistema Brasileiro de Pagamentos. A
intensidade da ligação entre as instituições ou grupos econômicos é obtida a partir
do grau do fluxo financeiro, sendo que quanto maior o fluxo, maiores são as chances
de ocorrer o contágio. A principal aplicação da metodologia criada pelo Banco
Central do Brasil foi a realização da estimativa dos efeitos da operação Lava Jato1
no Sistema Financeiro Nacional.
Este estudo aborda o aspecto de contágio financeiro sob a ótica informacional
e comportamental. Verificou-se na literatura a existência de uma grande quantidade
de estudos acerca do contágio direto, especialmente entre mercados financeiros,
suas causas e consequências, assim como a presença do conceito de
irracionalidade na tomada de decisões. No entanto, esses estudos mostram uma
separação entre o conteúdo econômico (risco sistêmico, redes interbancárias,
assimetria informacional), e o aspecto comportamental dos agentes econômicos
como indutores do fenômeno em estudo. São exemplos os estudos de Cipriani,
Gardenal e Guarino (2013), Fry-McKibbin, Hsiao e Tang (2014), Gentile e Giordani
(2013), onde abordam o contágio sob a ótica estritamente financeira, as causas e a
medição da intensidade do fenômeno. Outro exemplo é o trabalho de Diamond e
Dybvig (1983), onde são abordados aspectos estritamente regulatórios do problema
de contágio a partir da estratégia bancária de transformação de depósitos de curto
prazo em depósitos de longo prazo. Allen e Gale (2000) abordam o problema de
contágio sob a ótica da transferência de liquidez interbancária e a possibilidade da
sua atenuação em casos de regiões perfeitamente interligadas em termos de
liquidez. Tais exemplos constituem estudos empíricos que não exploram
adequadamente os aspectos comportamentais de investidores. Cheung, Tam e
Szeto (2009) apresentam uma revisão de literatura sobre contágio em crises
financeiras e, ainda que considerem a assimetria da informação e a relação com o
comportamento de imitação (ou manada – heird behaviour), optam por tornar
superficial a importância do aspecto comportamental.
1
Operação de combate à corrupção (MINISTÉRIO PÚBLICO DA UNIÃO, 2015).
21
2 REVISÃO DE LITERATURA
outras pessoas (HENRICH et al., 2004). Segundo Henrich et al. (2004, p. 56),
define-se o altruísmo e reciprocidade da seguinte maneira:
Altruísmo, como definido por nós, significa que um ator executa ações
dispendiosas para aumentar a recompensa de outro ator,
independentemente das suas ações anteriores. Altruísmo então representa
gentileza incondicional, enquanto reciprocidade significa um comportamento
não egoísta, condicionado nas ações prévias do outro ator. (HENRICH et
al., 2004, p.56, tradução nossa)
Cialdini (1984) define em seus estudos cinco tipos de provas sociais: Experts,
Celebridades, Usuários, Sabedoria das Multidões e Sabedoria dos Amigos. Aqui, a
Sabedoria das Multidões é vista sob a ótica da PSICOLOGIA. Surowiecki (2006), um
jornalista norte-americano, também aborda a chamada Sabedoria das Multidões sob
a ótica de um estudo econômico. Em seu estudo, afirma que a inteligência coletiva
de um grupo, em um processo de tomada de decisão, por exemplo, obtém
resultados melhores do que as decisões individuais. A esse tipo de inteligência,
Surowiecki (2006) atribui o termo Sabedoria das Multidões.
Ainda sob o contexto de Cialdini (1984), temos que o conceito de prova social
apresenta-se como um dos princípios da persuasão, propostos pelo próprio autor.
São eles: reciprocidade, comprometimento e consistência, autoridade, escassez e
afinidade. O conceito de reciprocidade, anteriormente citado no presente estudo
(NOWAK, SIGMUND, 2005; TRAAG, 2014), também é abordado no estudo de
Cialdini (1984) como sendo uma ferramenta de persuasão. Baseia-se na premissa
de que uma pessoa torna-se mais propensa a atender um pedido quando esta
recebeu algo em primeiro lugar. Consistência e coerência são bases que reforçam o
intelecto. Uma pessoa não consistente ou comprometida com suas ações é
considerada como confusa. No marketing, posturas de empresas que sejam
capazes de criar um compromisso com os clientes são desejáveis, tornando seu
marketing persuasivo. Um cliente já conquistado compromete-se a ser consistente
com suas escolhas, o que o faz ser fiel. Já o princípio da autoridade diz respeito à
influência natural daqueles que possuem superioridade de conhecimentos em
determinada área ou habilidade. O ser humano é naturalmente propenso a obedecer
ordens de alguma autoridade, ainda que nem sempre concorde com ela. Escassez
está relacionado a oferta e demanda, onde algo raro e escasso desperta muito mais
interesse do que algo que existe em abundância. Logo, a atratividade sobre um
produto, por exemplo, é inversamente proporcional à sua disponibilidade. Isso pode
levar ao aumento do valor de um produto, por exemplo. A afinidade, ou atração, diz
respeito à facilidade com que uma pessoa é persuadida, especialmente quando esta
pessoa gosta ou aprecia uma determinada pessoa, marca, ou produto, por exemplo.
Em uma rede social, você se sente mais próximo daquele que possui afeição, o que
torna a relação altamente persuasiva. A prova social, segundo Cialdini (1984), tem
como regra a ideia de que é possível cometer menos erros se agirmos de acordo
30
também age sobre o indivíduo, fazendo-o com que esta seja codificada e utilizada
(THALMANN; MUSSE; KALLMANN, 2000).
Starr et al. (2015) apresentaram em sua obra uma definição onde se
considera os estímulos externos e também a modificação do comportamento através
de experiências. Seres humanos têm predisposição genética a assumir
determinados comportamentos. Segundo Starr et al. (2015, p. 766), “Uma genética
capacidade de aprender, combinada com as atuais experiências ambientais, molda
a maioria das formas de comportamento”, e também Starr et al. (2015, p. 767) “O
aprendizado altera ambos os comportamentos, o voluntário e o involuntário”.
Percebe-se a influência do ambiente e a possibilidade do aprendizado social como
um fator que molda o comportamento.
Ainda que o conceito de comportamento não seja um consenso na
comunidade científica, percebe-se o conceito de estímulo como um ponto comum
entre diversas definições. O fluxo de informação é um exemplo de estímulo capaz de
afetar o comportamento, o que também pode ser observado no comportamento
econômico (e seus aspectos de racionalidade ou irracionalidade).
As primeiras teorias econômicas estavam fundamentadas na ótica de que
humanos agiam de maneira racional, julgando que a informação disponível era
plenamente suficiente para a perfeita tomada de decisão. Assim, o então conhecido
homo economicus atingia seus objetivos de maneira ótima, ao menor custo possível
(CAMERER; FEHR, 2006). No entanto, a economia comportamental atualmente em
evolução, se contrapõe a esta ótica a partir do momento que insere a incerteza na
tomada de decisão. Neste contexto, os aspectos de irracionalidade do ser humano
encontram-se em pleno estudo, fazendo surgir inúmeras teorias sobre os elementos
que afetam a tomada de decisão. A psicologia e a sociologia assumem sua
importância diante da economia, justamente por serem ciências comportamentais
por excelência.
A informação assimétrica, já comentada anteriormente, confere ao sistema
financeiro um elemento constituinte de risco, pois seu excesso, e até mesmo sua
alta disponibilidade, podem distorcer a realidade econômica (AKERLOF, 1970).
Além da influência informacional, as emoções entram em cena como indutores do
comportamento humano. As finanças comportamentais surgem como uma área do
conhecimento que se preocupa em dissecar os aspectos de irracionalidade do ser
37
Bhandari
handari e Hassanein (2012
(2012) classificam de maneira mais específica os
vieses, assumindo a existência de três categorias, conforme pode ser observad
observado na
Figura 4.
Arkes
kes (1991) também apresenta sua classificação de vieses, baseada nas
suas causas. A Figura 5 apresenta esta classificação, onde consta os termos
Sistema 1 e Sistema 2.. Tais sistemas foram definidos na Teoria do Prospecto, de
Tversky e Kahneman (1979), onde o Sistema 1 corresponde a forma instintiva
instin de
trabalho cerebral, e o Sistema 2 a forma racional, mais elaborada e lenta de
raciocínio.
Sua propensão a riscos é acima da média, mas não tão agressivo como o
tipo Acumulador.
d) Acumulador: é o investidor que quer acumular riqueza e tem plena
consciência desta característica. Muda seu portfólio com frequência, tendo
pleno controle sobre o processo de tomada de decisão. É confiante nas
suas habilidades de investimento, portanto mais sujeitos aos vieses de
excesso de confiança (overconfidence) e ilusão de controle. O tipo de viés
dominante é de natureza emocional, pois é relativo ao excesso de
confiança e ao desejo de influenciar o processo de investimento. Sua
propensão ao risco é muito alta.
•Aversão a perdas
Preservador •Ancoragem
•Status Quo
•Framing (Enquadramento)
Seguidor •Caráter de recência
•Viés de retrospectiva
•Sobreconfiança
Acumulador •Ilusão de controle
(DEL VICARIO, 2015; RT, 2016). Esse efeito é o principal gerador do fenômeno
câmara de eco.
Outro aspecto a ser considerado diz respeito ao papel de cada tipo de mídia
no ciclo de informação. Enquanto que a mídia tradicional apresenta papel
preponderante no ciclo de notícias, blogs apresentam maior duração no tratamento
das informações, uma vez que as trilhas de discussão tendem a se expandir
continuamente. Devido à forma como a notícia é difundida nesse tipo de mídia,
acredita-se o conteúdo gerado pelos blogs é mais verossímil que o emitido pelas
redes televisivas de transmissão e alcance massivo (mainstream media)
(JOHNSON; KAYE, 2004). Por sua vez, McClure e Patterson (1976) afirmam que há
uma diferença no poder de influência entre a mídia televisiva e a mídia escrita. A
mídia televisiva tem efeitos breves, sendo rápida e heterogênea. Possui espaço
temporal curto. Noticiários não permitem eficácia cognitiva duradoura por parte do
expectador. Por outro lado, a mídia escrita possui a capacidade de passar aos
leitores um referencial sólido de importância, plenamente visível.
O papel da mídia como elemento influenciador dos mercados é estudado por
Peress (2014). Em seu estudo, foi constatado que nos dias em que ocorrem
problemas na impressão ou divulgação de notícias de teor financeiro, as bolsas
operam em queda no volume de negócios em aproximadamente 12%, e também
com baixa volatilidade (pouca oscilação dos preços dos ativos). O estudo foi
realizado nas bolsas da França, Grécia, Itália e Noruega. Conforme os estudos de
Liu et al. (2007), fatores psicológicos tais como emoção, aliados às características
da informação, impactam diretamente no processo de tomada de decisão. O mesmo
estudo ainda relata a importância dos blogs como uma mídia que se tornou bastante
popular, especialmente no aspecto de emissão de opiniões.
Maragoudakis e Serpanos (2016) fazem um estudo relacionando o impacto
das análises técnicas, artigos de notícias e opiniões públicas como forma de se
prever os movimentos de determinado mercado de ações. Relacionam em seus
estudos aspectos conclusivos sobre a influência das notícias sobre esses mercados,
capazes de alterar os preços e até mesmo a frequência das operações de trade
realizadas. Seus experimentos incluem até mesmo uma análise do humor dos
usuários da rede social Twitter, o que denota importância especial da tendência das
plataformas de software da Web 2.0 na difusão de informações. Gontis e
45
investidor cria um portfólio cujos retornos esperados sejam máximos, com o mínimo
possível de risco. Por sua vez, a Hipótese dos Mercados Eficientes (Efficient Market
Hypotheses – EMH), proposta nos anos 60, constitui-se a base da teoria das
finanças modernas. Foi concebida por Eugene Fama (1970), no seu artigo Efficient
Market Hypotheses, e preconizava que o mercado era eficiente no processamento
da informação. Portanto, a intensidade em que se tornam públicas as informações
tem reflexo direto sobre o preço dos ativos negociados no mercado. Tal teoria possui
muitos críticos, uma vez que se supõe que todas as decisões dos investidores são
baseadas nas mesmas expectativas e disponibilidade de informações. A informação
não está disponível para todos, o que se torna um dos pontos fracos da teoria.
Como se percebe no histórico sobre as teorias financeiras, aspecto racional
foi o foco da atenção das teorias vigentes até meados da década de 70. Porém,
recentemente o mercado apresentou aspectos de irracionalidade em várias
oportunidades: a queda das bolsas mundiais em 19 de outubro de 1987, evento
conhecido como a Black Monday (CARLSON, 2007) e a alta volatilidade dos
mercados em 2008. Tais eventos chamaram a atenção dos pesquisadores para os
aspectos irracionais dos investidores, tais como ganância, vieses cognitivos,
emoções e irracionalidade na tomada de decisão.
O conjunto de aspectos históricos, associados aos eventos ocorridos nos
mercados (crises e a alta volatilidade dos mercados), fez surgir os fundamentos das
finanças comportamentais. Um dos marcos desse período foi a elaboração da Teoria
do Prospecto, na qual foi identificado um conjunto de anomalias comportamentais no
processo de tomada de decisão (TVERSKY; KAHNEMAN, 1979). Um dos
fundamentos dessa teoria diz respeito à ênfase que o investidor irracional dá para as
informações mais recentes, assim como experiências e tendências, ignorando quase
que totalmente outras peças de informação importantes para a tomada de decisão.
Neste ponto, a disponibilidade da informação aparece novamente como um
elemento importante nos estudos dos aspectos inerentes à tomada de decisão.
Outro aspecto observado na teoria é o fato que a dor da perda é maior que o prazer
do ganho, ou seja, investidores atribuem peso maior à perda, e peso menor aos
ganhos, o que se traduz no conceito de aversão ao risco (TVERSKY; KAHNEMAN,
1979). A teoria afirma que em situações de perdas, investidores tendem a se expor a
maiores riscos, o que faz surgir a ideia de viés comportamental. Vieses serão
48
estudo, os juízes sob o efeito deste tipo viés atribuíram penas de oito
meses maiores que os demais juízes, considerando o mesmo tipo de
crime. Os autores afirmam ainda que a ancoragem é um dos fenômenos
psicológicos mais robustos, sendo facilmente replicável em inúmeros
contextos. Rekik, Hachicha e Boujelbene (2014) abordam a ancoragem em
um estudo de modelagem baseada em agentes, dentro de um contexto de
um mercado de ações artificial. Afirmam que aqueles investidores
suscetíveis a esta heurística podem ser levados a um processo de reação
exagerada ou sub-reação diante das informações que recebem. Ficou
evidenciado que os investidores suscetíveis a esta heurística geraram
influência na dinâmica do mercado (modificação do preço dos ativos diante
das simulações geradas). A ancoragem faz com que investidores
superestimem a conjunção de certos eventos (alta probabilidade
individual), e por outro lado, subestimem a disjunção de outros eventos
com baixas probabilidades individuais.
c) Heurística de framing (efeitos de framing, ou enquadramento): trata-se de
uma heurística cognitiva onde as decisões de um indivíduo são formadas a
partir da forma (frame) em que uma situação se apresenta. Quando se
trata de tomar decisões baseadas em informações, a forma como a
informação se apresenta pode influenciar a tomada de decisão. Ou seja, a
forma como as opções de escolha em uma determinada decisão se
apresentam tem o poder de influenciar o processo de escolha. Esta
heurística possui estreita relação com a aversão a riscos. Acredita-se que
uma informação oriunda de uma fonte altamente confiável pode contribuir
para que um investidor decida por não correr determinado risco,
modificando a alocação de seus investimentos. Os estudos de Tversky e
Kahneman (1981) evidenciam esta aversão, especialmente quando o
indivíduo se encontra em uma situação dual entre a certeza de se ter um
pequeno ganho (financeiro, por exemplo) e a incerteza de se ter um ganho
elevado. A tendência é que o indivíduo escolha o ganho certo, ainda que
menor que o ganho da opção incerta. No contexto do presente estudo, a
heurística de enquadramento torna-se importante devido ao fato de que a
confiabilidade da fonte de uma informação pode torná-la altamente
51
a) Tamanho do banco;
b) Percepção de ligação entre os bancos pelos investidores;
c) Confiabilidade da fonte da informação;
d) A propensão à difusão de informação pelos investidores;
e) O nível de aversão à perda por parte dos investidores;
f) Intensidade do fluxo de informações na mídia (efeito disponibilidade e câmara
de eco);
g) Frequência de acesso às redes sociais.
que não existam leis formais que possam modelar a intersecção das teorias
apresentadas neste trabalho, ainda sim as mesmas podem ser explanadas. É neste
contexto que se insere a modelagem conceitual descritiva, uma abstração que visa
explicar algo de forma lógica e objetiva.
Um modelo conceitual descritivo, em última instância, reúne condições de
representar a grande diversidade de conceitos, complexos por natureza e altamente
interdisciplinares. Por esta razão, tal categoria de modelos apresenta-se adequado
ao presente estudo, sendo implementável e adaptável para simulações baseadas
em agentes em um ambiente computacional.
66
3 MATERIAL E MÉTODOS
este esquema, o qual deve ser lido de cima para baixo, pois representa a cronologia
do desenvolvimento do trabalho.
3.6 O QUESTIONÁRIO
4 ANÁLISE DE RESULTADOS
A pesquisa foi direcionada a investidores com pelo menos uma das seguintes
características:
a) Possui perfil na rede social denominada Twitter, seguidores ativos de
corretoras de valores, empresas de research na área econômica, assim como de
formadores de opinião na área financeira (ou educadores financeiros);
b) Funcionários de 3 (três) instituições bancárias, das quais, duas são de
porte nacional, sendo uma de economia mista e outra pública, e também uma
instituição bancária de porte regional, também denominada sociedade de economia
mista.
c) Investidor avulso, de conhecimento do pesquisador, sabidamente com
conhecimentos sobre investimentos.
Figura 9 - Instituições
A Figura 9 apresenta
enta a distribuição de preferências de alocação do portfólio,
especificamente em relação ao tipo de instituição. Foram apresentadas 4 (quatro)
composições de instituições e o respondente selecionou aquela composição de
preferência para os seus investimento
investimentos. A intenção desse
e tipo de questão é agrupar
os tipos de investidores e suas escolhas de investimentos. É esperado que um
investidor mais propenso à perda, esteja mais predisposto a correr mais riscos,
buscando, por exemplo, aplicações em renda variável em corretoras de valores.
A partir da análise da Figura 9, percebe
percebe-se uma graduação em relação às
preferências. É possível inferir a partir do gráfico, que um Seguidor é um investidor
82
que prefere instituições mais tradicionais, tais como bancos. 75% dos investidores
classificados como Seguidores possuem investimentos exclusivamente em bancos.
25% destes investidores afirmam que seus investimentos são realizados
predominantemente em bancos, mas com alguma participação em corretoras de
valores.
Os investidores do tipo Preservador possuem preferências mais diversificadas
em relação ao investidor do tipo Seguidor. Entretanto, 44% afirmaram investir
exclusivamente em bancos. A mesma proporção admite ter seus investimentos
predominantemente em bancos, mas também em corretoras de valores. Um
diferencial em relação ao investidor do tipo Seguidor, é que 11% dos Preservadores
admitiram ter o predomínio dos seus investimentos em corretoras de valores,
seguido por uma participação em bancos. Ao confrontar as preferências de
Seguidores e Preservadores, pode-se perceber que o Preservador apresenta uma
maior exposição a categorias diferentes de instituições financeiras. No entanto,
ainda assim, ambos podem ser caracterizados como investidores que preferem o
modo tradicional de investimento, ou seja, alocam seus portfólios exclusivamente ou
preferencialmente em bancos.
A parte superior do gráfico apresentado na Figura 9 mostra os investidores do
tipo Independente e Acumulador. O investidor do tipo Independente apresentou uma
alocação de portfólio mais distribuída, com uma menor participação em aplicações
exclusivas em bancos. 23,8% informaram aplicar exclusivamente em corretoras de
valores, e uma porção reduzida, de 14,3%, investe exclusivamente em bancos.
Como a alocação é mais distribuída, e por ser o investidor Independente um tipo de
investidor que busca obter suas próprias informações sobre investimentos, pode-se
inferir que tem preferência pela diversificação de investimentos, potencialmente
assumindo maiores riscos no intuito de buscar maiores possibilidades de retorno.
Investir através de corretoras de valores propicia um ambiente favorável para esta
relação risco/retorno, pois normalmente apresentam uma quantidade maior de
produtos aos investidores. A alocação de portfólio, segundo a ótica de um investidor
bem informado (característica do Independente), encontra respaldo na Teoria do
Portfólio Moderno. Essa teoria considera a alocação do portfólio sobre o prisma do
equilíbrio necessário entre risco e retorno do portfólio (MARKOVITZ, 1952), conceito
bastante difundido atualmente pelas empresas de marketing e research financeiro.
83
Figura 10 - Investimentos
estudos. De qualquer maneira, fica evidente que o sexo feminino se afasta do perfil
do investidor do tipo Acumulador, indicando serem menos p
propensas
ropensas a perdas e aos
riscos, o que é coerente com os modelos apresentados no trabalho de Wang, Rieger
e Hens (2017).. O referido estudo considera as questões culturais propostas por
Hofstede (1993), assim como a religião e o gênero, todos em relação à aversão à
perda.
Pode-se
se concluir, a partir da análise demográfica, que as preferências em
relação aos investimentos são distintas entre os tipos de investidores previstos por
Pompian (2012a). Os investidores do tipo Seguidor e Preservador possuem
preferências
ências em relação a aplicações e instituições mais tradicionais, com um menor
risco. Por sua vez, os investidores do tipo Independente e Acumulador possuem um
portfólio em tese mais distribuído, optando por ter parte de seus investimentos
aplicados em corretoras,
etoras, e em aplicações de natureza mais complexa, ta
tais como o
mercado de renda variável.
4.2.2.1 Ancoragem
Para tornar mais eficiente a “leitura” dos resultados, foram elaborados gráficos
de Pareto, de forma que a representatividade desses resultados possa ser mais
facilmente observada. Esse tipo de gráfico apresenta duas séries de dados. A
primeira delas, na forma de colunas, representa as quantidades obtidas para cada
categoria de fonte de informaçã
informação.
o. O eixo de valores localiza-se
localiza à esquerda no
gráfico. A segunda série, representada na forma de linha com marcadores,
apresenta os valores acumulados, onde cada ponto representa uma porcentagem
91
A Figura
igura 20 apresenta um gráfico com uma composição diferen
diferenciada em
relação aos demais. Ess
Esse gráfico mostra as indicações, agrupadas por tipo de
investidor, mas contendo apenas as prioridades alocadas em 6
6ªª e 7ª opções. Essas
opções são as de menor prioridade, indicando menor confiabilidade para influenciar
as decisões sobre investimentos. Percebem-se níveis altos de rejeição às fontes de
informação derivadas dos contatos diretos interpessoais, sejam entre pessoas do
relacionamento do investidor, bem como de pessoas diversas. Tal constatação se
contrapõe ao estudo de Berger (2015), que afirma que o con
contato
tato boca a boca é a
forma de disseminação de informações mais eficiente. Este ponto do estudo merece
uma reflexão mais aprimorada
aprimorada,, pois considerar uma fonte de informação como não
tão confiável, não implica necessariamente que a infor
informação
mação não possa trafegar
trafe por
essa fonte. O estudo de Berger (2015), em um contexto de marketing, considera o
contato pessoal altamente persuasivo. Para o presente estudo, os participante
participantes da
pesquisa não consideram ess
essas
as fontes como confiáveis, muito provavelmente
devido ao aspecto financeiro.
98
Figura 21 - Gráfico
o divergente: Questão 3
porte, em que um jornal local publica informações sobre fraude bancária e risco de
solvência. Novamente, o que se percebe a partir da análise da Figura 22, é que o
investidor do tipo Seguidor possui alto nível de concordância com a proposição da
questão, ou seja, 100% concordam em contribuir com seus contatos mais próximos
sobre o possível risco de perda proposto pelo cenário. 66% dos Preservadores
também se declararam propensos a fazer essa contribuição, a mesma proporção
dos Independentes, ainda que estes apresentassem mais de 19% de discordância.
O investidor do tipo Acumulador apresentou 27,7% de discordância, o maior
indicador dentre os investidores, apesar de 50% tenha apresentado razoável nível
de concordância.
A análise das duas questões em conjunto nos permite considerar que
Seguidores e Preservadores apresentam maiores níveis de atitude cooperativa, ou
altruísta em relação a contribuir com seus contatos, especialmente no que diz
respeito a disseminar informações sobre risco financeiro. Por sua vez, em ambas as
questões, Independentes e Acumuladores se mostraram um pouco menos
propensos a este comportamento.
4.2.2.5 Disponibilidade
4.2.2.6 Enquadramento
4.2.2.9 Pré-ativação
ativação
Observando-se
se atentamente os dois gráficos, apresentados pelas Figuras 30
e 31, referente às questões 8 e 13, respectivamente
respectivamente,, percebe-se
percebe um nítido
deslocamento das preferências em direção a um maior nível de discordância das
proposições apresentada
apresentadas. Salienta-se
se que ambas as proposições são idênticas. Os
investidores do tipo Seguidor e Preservador apresentaram uma grande variação em
direção ao item Discordo plenamente
plenamente, o que pode caracterizá-los
los como elementos
altamente suscetíveis a tomar alguma at
atitude
itude defensiva em relação aos seus
patrimônios, tais como efetuar saques. A variação foi de 75 pontos percentuais para
o investidor Seguidor e 32,9 pontos percentuais para o investidor Preservador.
Houve uma variação negativa de 4,77 pontos percentuais pa
para o investidor
Independente, e uma variação positiva de 17,56 pontos percentuais para o investidor
Acumulador. Em relação ao investidor do tipo Independente, ainda que tenha
ocorrido uma variação negativa em relação à opção Discordo completamente,
completamente houve
uma
ma variação positiva de 47,6 pontos percentuais na opção Discordo.
Discordo
A questão 7, cuja análise tem por base a Figura 33, também se propõe a
evidenciar indícios da presença de prova social. Entretanto, essa questão foi mais
direta ao questionar a percepção por parte do investidor em relação ao consenso
apresentado nas redes sociais e, também sobre a sua disposição em proteger o
patrimônio pela mudança de instituição, para uma de menor risco. Tal mudança,
objetivamente representa o saque de seu investimento. Percebe-se, novamente, o
investidor do tipo Independente apresentando maior nível de discordância em
relação à proposição, seguido dos Preservadores. O comportamento dos
investidores Seguidores, Independentes e Acumuladores foram similares e
coerentes em ambas as questões inerentes ao conceito de prova social. O
comportamento do investidor Preservador apresentou uma discordância significativa
na questão 7 em relação ao nível de concordância apresentado na questão 6. Na
questão 7, 22,2% dos Preservadores discordaram da proposição, enquanto na
questão 6 não houve parcela que apresentasse discordância, o que denota a nítida
presença do efeito da prova social.
4.2.4 Resultados
Figura 36 - Ancoragem
Figura 39 - Disponibilidade
Os valores
ores mostrados nos medidores da Figura 39 são a soma dos itens da
Escala Likert denominados como concordo e concordo plenamente,
plenamente para cada tipo
de investidor. Não foi levado em consideração o item neutro (não concordo e nem
discordo). Investidores sujeitos a este viés percebem a informação altamente
disponível como confiável, o que contribui para o efeito de enquadramento. Na
prática, a forma como a informação se apresenta contribui com seu poder de
persuasão.
132
Figura 40 - Variação
ção Enquadramento e Pré
Pré-ativação
Os medidores representados p
pela
ela Figura 41 dizem respeito ao item
denominado como Prova S
Social. Cada medidor representa a média dos valores para
cada investidor, obtidos a partir das questões 6 e 7. Por exemplo, a questão 6
apresenta os valores 55,55
55,55% e 22,22% para os itens concordo e concordo
plenamente para o investidor Preservador.. Na questão 7, os valores para
par este
investidor são 44,44% e 33,33%, portando a média de ambas as questões
corresponde ao valor de 77,7%, conforme indicado no segundo medidor da Figura
41. A média corresponde a soma dos quatro valores, sendo então divididos pelo
número de questões, ou seja: (55,55 + 22,22 + 44,44+ 33,33)/2 = 77,7%.
77,7% Portanto,
há uma tendência de 77,7% dos investidores do tipo Preservador serem suscetíveis
à prova social gerada pelos estímulos apresentados nas questões. Uma breve
observação permite ao leitor perceber que o investidor menos suscetível à prova
social é o do tipo Independente
Independente.. Os demais apresentam altos índices de
suscetibilidade ao princípio da prova social
social,, elemento altamente persuasivo, como já
apresentado na revisão de literatura.
Da mesma forma que nas demais questões em que é calculada uma média
entre duas questões, a Figura 42 apresenta o resultado para o item denominado
como Reação Exagerada. Quanto maior o valor, maior a suscetibilidade, sendo o
investidor do tipo Independente aquele com menor índice de suscetibilidade a reagir
de maneira exagerada diante dos cenários apresentados. Percebe
Percebe-se, no entanto,
que apesar do investidor Independente apresentar o menor valor para este
indicador, ainda assim todos os índices apresentaram resultados elevados.
134
sugerem um determinado perfil de risco para cada tipo de investidor, dadas as suas
preferências de investimentos e alocação do seu portfólio. A escala qualitativa
atribuída a determinados atributos é distrib
distribuída
uída de maneira a simplificar a análise.
Valores até 33% aproximadamente representam uma valor qualitativo denominado
de Baixo, entre 33% e 66% representam uma grandeza Média e acima de 66% a
grandeza Alta. Eventualmente, determinado atributo pode ser quan
quantificado como
Muito Baixo, como no caso do Perfil de Risco do investidor do tipo Seguidor. Trata-
se de um valor subjetivo, observável a partir da composição preferencial de seu
portfólio, e também das suas preferências por tipos de instituições onde o investidor
mantém os seus investimentos.
As Fontes de Informação
nformação Prioritárias assumem o status de um ator, uma vez
que possuem atributos, comportamento e influenciam o ambiente. Ao definirem o
agenda setting, as fontes de informação decidem quais os assuntos são de interesse
do público, e consequentemente passam a trabalhar e difundir informações
coerentes com o referido interesse
interesse. Portanto, por serem elementos aptos a tomarem
decisões, e por possuírem caracter
características
ísticas próprias, estes são considerados atores
importantes no modelo em estudo. A Figura 48 – Ator: Fonte de Informação ilustra
os atributos considerados importantes para o modelo, bem como os principais
comportamentos passives de gerar influência sobre o
oss demais atores.
138
As Redes Sociais
ociais são fontes de informações secundárias na visão dos
investidores, não sendo consideradas como prioritárias na formação de opinião para
tomada de decisões econômicas. Entretanto, ao serem expostos a estas redes,
pôde-se
se perceber a suscetibilidade ao efeito persuasivo gerado pelo princípio da
Prova Social.
ocial. Os investidores
investidores, de maneira consciente, não consideram as redes
sociais aptas a gerarem informações capazes de alterar seu comportamento diante
de questões financeiras. Entretanto, o consenso gerado pelas opiniões e ações dos
integrantes destas redes atuou como um elemento persuasivo, na forma de geração
de prova social. A partir do momento em que o ator observou que a atitude correta
era agir em conformidade com o grupo (a rede social propriamente dita), comprova
comprova-
se a presença de indícios da prova social e da sua capacidade de persuasão.
As redes sociais co
constituem um ator caracterizado pela sabedoria da
coletividade (sabedoria das multidões)
multidões),, com capacidade de tomar decisão e assumir
determinados comportamento
comportamentos,, assim como um ator individual. Por estas razões, as
redes sociais recebem neste modelo o status de um ator.
Sob o aspecto comportamental, as redes sociais são capazes de contribuir
para câmaras de eco, por exemplo, assim como influenciar o enquadramento da
informação a partir do consenso, e consequente geração da prova social.
139
Figura 50 - Ambiente
a partir destas relações, que há o fluxo de influências cíclico, onde as Redes Sociais
têm o poder de influenciar os investidores, da mesma forma que estes também a
influenciam.
O modelo da Figura 53 possui um ponto de convergência que passa pela
Prova Social, sendo esta diretamente influente sobre o comportamento de Reação
Exagerada. É possível se levantar a hipótese de que o nível de consenso obtido a
partir das Redes Sociais, se percebido em determinada intensidade, pode servir
como forte catalisador para geração da Prova Social e a geração de um efeito de
manada, resultando na reação exagerada por parte dos investidores. O Nível Ruído
presente no ambiente, assim como a assimetria da informação, se estiverem
intensos em um momento de incerteza, podem agravar o fenômeno de contágio da
informação (AKERLOF, 1970).
Ainda em relação às Redes Sociais, merece destaque um tipo especial de
rede social: os mensageiros instantâneos, tais como WhatsApp e Telegram, por
exemplo. No presente estudo, os investidores apontaram este tipo de mídia como
preferencial para difusão de informação, conforme pode ser percebido no gráfico da
Figura 28. A grande preferência é a difusão de informações através de mensageiros
instantâneos. As Redes Sociais tradicionais, assim como os Microblogs foram
indicadas com baixo nível preferencial para difusão de informações de natureza
financeira. Estes meios de comunicação são recentes, necessitando mais estudos
para que sejam entendidas as formas de difusão e suas influências sobre os
investidores. Diferentemente de microblogs, tais como o Twitter, por exemplo, o
WhatsApp e o Telegram não possuem uma interface de programação para que
sejam estudados os fluxos de informações, razão pela qual os estudos são mínimos,
senão quase inexistentes. Ainda que pese o fato de que grupos de WhatsApp
possam ser um ambiente fértil para a proliferação de câmaras eco, sendo similares
em conceito às demais redes sociais, as informações neles contidas são de rápida
difusão, mas de baixa durabilidade no tempo. Por estas razões, os mensageiros
instantâneos não foram representados nos modelos, ainda que a pesquisa tenha
apontado como fontes prioritárias para difusão de informação. Ainda que este tipo de
mídia possa ser indicado como uma espécie de comunicação boca a boca, seria
impreciso considerar esta mídia como uma rede social, tais como as já conhecidas e
146
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
modelo, com resultados até certo ponto previsíveis no que diz respeito à mudança e
comportamento dos investidores.
As observações sobre as garantias fornecidas pelo FGC demonstram que no
caso da ocorrência de um evento de natureza sistêmica, o fundo não possui
capacidade para garantir a totalidade dos investimentos elegíveis à garantia.
Portanto, ainda que seja um sistema robusto, a forma como a informação foi
elaborada deixa claro que o FGC não tem poder suficiente para fazer frente e mitigar
os reflexos de uma corrida bancária, e é esta justamente a ideia principal que será
percebida pelos investidores. É viável se afirmar que a grande parte dos investidores
desconhece que os testes de stress realizados pelo BC evidenciam a resiliência do
sistema bancário, segundo BACEN (2017). Percebe-se que o conhecimento desta
última informação atenua a ideia de risco transmitida pela informação de
incapacidade do FGC, emitida pela consultoria Empiricus (2017). Essas duas
informações são complementares, e se não forem analisadas em conjunto, podem
gerar um ruído no ambiente informacional.
Ainda, em relação à estratégia de mitigação, cabe observação sobre
importância da classificação dos tipos de investidores. A definição dos tipos de
investidores proposta no estudo difere daquela amplamente utilizada no mercado
financeiro (investidor conservador, moderado, arrojado e agressivo), pois leva em
consideração simultaneamente o aspecto da informação e as suscetibilidades dos
investidores aos seus vieses comportamentais. Como a informação é um elemento
central neste fenômeno, a estratégia de agir de maneira a neutralizar o ruído
informacional pode constituir uma forma de mitigar seu poder persuasivo como
impulsor de uma reação exagerada. Da mesma forma, as instituições financeiras
poderiam direcionar informações específicas àqueles investidores classificados com
maior probabilidade de assumir um comportamento suscetível ao contágio de
informações. Para tal, seria necessária uma nova classificação dos investidores,
baseados em seus comportamentos face à incerteza, às heurísticas, e a
possibilidade de reagir exageradamente, tal como proposto no presente estudo.
Se uma estratégia de mitigação da ocorrência do contágio indireto deve levar
em consideração o tipo de investidor, por outro lado também deve levar em
consideração as fontes de informações prioritárias. A informação é um elemento
central no fenômeno de contágio e, como tal, deve ser tratada de forma adequada.
151
afirmação se apoia no que pode ser percebido pelo gráfico apresentado na Figura
55, onde consta a queda a
abrupta
brupta do valor das ações do banco BTG
BT Pactual,
exatamente no dia da publicação da notícia constante da Figura 54
54, 1° de junho de
2017.
premissa poderia refutar ou confirmar este ponto de vista, e também avaliar o uso de
mensageiros instantâneos como fonte de notícias.
161
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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174
10. Imagine você em um evento esportivo. Qual papel você estará mais
inclinado a exercer?
a. Um jogador defensivo
b. Um jogador ofensivo
c. Um técnico, estrategista
d. Um torcedor.
Observações:
Este teste de 10 questões pode identificar a orientação fundamental de um
investidor da seguinte maneira:
Análise: Aqueles que optam pelas alternativas (a) ou (b) são frequentemente suscetíveis ao viés
de aversão a perda (orientação do tipo de investidor “Preservador”).
e. Discordo totalmente.
Análise: Aqueles que optam pelas alternativas (a) ou (b) são frequentemente suscetíveis ao viés
de excesso de confiança (orientação do tipo de investidor “Acumulador”).
11. Uma vez tendo sido feito um investimento, eu não mudo facilmente minhas
visões sobre ele.
a. Concordo plenamente.
b. Concordo.
c. Não concordo nem discordo.
d. Discordo.
e. Discordo totalmente.
Análise: Aqueles que optam pelas alternativas (a) ou (b) são frequentemente suscetíveis ao viés
de excesso de conservadorismo (orientação do tipo de investidor “Independente”).
15. Muitas escolhas de investimentos feitas por mim são baseadas no meu
próprio conhecimento ou na similaridade de uma performance passada.
a. Concordo plenamente.
b. Concordo.
c. Não concordo nem discordo.
d. Discordo.
e. Discordo totalmente.
Análise: Aqueles que optam pelas alternativas (a) ou (b) são frequentemente suscetíveis ao viés
de excesso de conservadorismo (orientação do tipo de investidor “Independente”).
16. O mais importante é meu investimento gerar dinheiro. Não estou muito
preocupado no fato de não seguir um plano estruturado.
a. Concordo plenamente.
b. Concordo.
c. Discordo.
d. Discordo totalmente.
Análise: Aqueles que optam pelas alternativas (a) ou (b) são frequentemente suscetíveis ao viés
de excesso de conservadorismo (orientação do tipo de investidor “Acumulador”).
Análise: Aqueles que optam pelas alternativas (a) ou (b) são frequentemente suscetíveis ao viés
de ilusão de controle (orientação do tipo de investidor “Independente”).
19. Quando um investimento não está indo bem, eu normalmente pesquiso por
informações que confirmem que eu tomei a decisão acertada sobre este
investimento.
a. Concordo plenamente.
b. Concordo.
c. Não concordo nem discordo.
d. Discordo.
e. Discordo totalmente.
Análise: Aqueles que optam pelas alternativas (a) ou (b) são frequentemente suscetíveis ao viés
de confirmação (orientação do tipo de investidor “Independente”).
Questão 3.. Após verificar os últimos posts nas minhas redes sociais sobre o
assunto em questão, tenho interesse em divulgar tais informações aos meus
contatos.
a. Concordo plenamente
b. Concordo
c. Não concordo nem discordo
d. Discordo
e. Discordo totalmente
Questão 10. Caso venha a difundir informações aos seus contatos, qual o
meio preferencial?
a. Redes sociais ou microblogs, tais como Facebook ou Twitter.
b. Blogs.
c. Mensageiros instantâneos (WhatsApp, Telegram, etc).
d. Telefone ou pessoalmente.
e. Não difundo informações.
Elemento observado: Meio de difusão de informações.
Informações demográficas
10. Imagine que você está participando em um evento esportivo. Qual papel
você estará mais inclinado a exercer?
a. ( ) Um jogador defensivo.
b. ( ) Um jogador ofensivo.
c. ( ) Um técnico, estrategista.
d. ( ) Um torcedor.
192
Questão 4. Após verificar os últimos posts nas minhas redes sociais sobre o
assunto em questão, tenho interesse em divulgar tais informações aos meus
contatos.
a. Concordo plenamente
b. Concordo
c. Não concordo nem discordo
d. Discordo
e. Discordo totalmente
Questão 09. Agora considere que o Banco INVEST Brasil é o maior banco
brasileiro. Seus investimentos nele aplicados totalizam mais de 80% do seu
patrimônio. Nesta situação (maior banco com fundo de investimento formado por
títulos emitidos por uma empresa que recentemente entrou em processo de
recuperação judicial) você se sente inclinado a tomar decisões no sentido de
proteger o seu investimento, o que poderá resultar na troca de aplicação, ou até
mesmo no saque dos recursos investidos no banco.
a. Concordo plenamente
b. Concordo
c. Não concordo nem discordo
d. Discordo
e. Discordo totalmente
198
Questão 12. Caso venha a difundir informações aos seus contatos, qual o
meio preferencial?
a. Redes sociais ou microblogs, tais como Facebook ou Twitter.
b. Blogs.
c. Mensageiros instantâneos (WhatsApp, Telegram, etc).
d. Telefone ou pessoalmente.
e. Não difundo informações.
Elemento observado: Meio de difusão de informações.
INVESTIDORES
203
AMBIENTE INFORMACIONAL