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Contabilidade na Indústria

Extrativa

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Contabilidade na Indústria Extractiva
Tópicos
 Contextualização
 Indústria Extractiva – Conceito
 Fases das Operações na Indústria Extractiva
 Contabilidade na Industria Extractiva
 A problemática das despesas de pesquisa e desenvolvimento na
Indústria Extractiva
 Métodos de contabilização das despesas de pesquisa e
desenvolvimento
 Normativos internacionais sobre a indústria extractiva
 Caso do FASB
 Caso do IASB
 Caso australiano

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Contabilidade na Indústria Extractiva

Contextualização

Indústria extractiva, definida, conforme Luís Nanjolo


(2004:51), como aquela que produz matéria-prima bruta
para fornecer a outros sectores.Nesta perspectiva a
indústria extractiva inclui indústria de petróleo (óleo e
gás) e minérios, ou seja, abrangendo os processos,
actividades e indústrias cujo objectivo é a extracção de
substâncias minerais a partir de depósitos ou massas
minerais.

Segundo o IASB (2000a), a indústria extractiva


compreende a indústria mineira e de petróleo.

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Fases das operações na industria extractiva

 De acordo com o parágrafo 7 da “Australian


Accounting Standard” AAS 7 podemos encontrar
cinco (5) fases de actividade na indústria
extractiva nomeadamente:
 Exploração;
 Avaliação;
 Desenvolvimento;
 Construção; e
 Produção.

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Fases das operações na industria extractiva -
Exploração

Significa a busca ou pesquisa de um depósito


de minerais, um campo de óleo (petróleo) ou
gás natural o qual permita uma exploração
comercial feita por uma operação (Indústria)
extractiva e incluindo estudos topográficos,
geológicos, geoquímicos e geofísicos.

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Fases das operações na industria extractiva -
Avaliação

 Significa a determinação da viabilidade técnica


e económica associada a uma particular
prospecção, incluindo a determinação do
volume do depósito e/ou campo, examinar e
testar os métodos de exploração e tratamento
metalúrgico, meios de transporte e
infraestruturais necessárias, estudos de
mercados e financeiros.

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Fases das operações na industria extractiva -
Desenvolvimento

 Significa o estabelecimento de acessos ao


depósito e/ou campo e outros meios no subsolo,
escavações permanentes, ruas e tunéis que
permita alcançar as reservas de minerais.

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Fases das operações na industria extractiva -
Construção

 Significa o estabelecimento de infra-


estruturas, edifícios, maquinarias
equipamento necessário para a extracção,
tratamento e transporte do produto do
depósito e/ou campo para outras áreas.

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Fases das operações na industria extractiva -
Produção

Significa as actividades diárias


direccionadas a obtenção do produto para
a venda, do depósito e/ou campo para
numa escala comercial incluindo a
extracção e qualquer processamento a
priori.

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Fases das operações na industria extractiva (Cont)

 Outras abordagens incluem mais uma fase no grupo


anteriormente citado que é a de Encerramento,
conforme Cotrell e Webster (1999:9), da zona afectada
pela produção de forma a que tenha um possível uso
futuro. Estas abordagens estão relacionadas com a
questão da recuperação paisagística em torno do
desenvolvimento sustentável.

 Para Cotrell e Webster (1999:9) a distinção entre cada


uma das fases é extremamente importante para a
tomada de decisões sobre a capitalização ou não das
despesas incorridas.
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Efeitos da capitalização de despesas e/ou custos sobre
as demonstrações financeiras

 Ao nível dos resultados

 Ao nível da Rentabilidade

 Ao nível do Cash Flow operacional

 Ao nível dos rácios

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Ao nível dos resultados
As firmas que capitalizam despesase/ou custos
e os amortizam ao longo do tempo demonstram
um modelo que equilibra os seus resultados.
Entretanto, as firmas que efectuam um
“expense” das despesas incorridas reportam
uma grande variabilidade dos seus resultados,
como efeito da variação das suas despesas as
quais são transmitidas directamente para os
resultados. Esta variação declina a medida em
que a firma vai amadurecendo e é muito baixa
para as grandes empresas.
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Ao nível da Rendibilidade
Nos primeiros anos, um “Expensing” baixa a
rentabilidade, tanto em termos absolutos como em
termos relativos de um activo, vendas, etc. A
rentabilidade mantém-se baixa para firmas que fazem
um “Expensing”, uma vez que o nível de despesas
estiver crescendo. Contudo, pelo facto destas
reportarem activos muito baixos (e consequentemente
os fundos próprios), a medida da sua rentabilidade de
activos (ROA) e rentabilidade dos capitais próprios
(ROE) pode ser muito elevada para estas firmas do que
aquelas que capitalizam as despesas. Em geral, tanto o
ROA e o ROE serão mais elevados dependo da relação
entre a rentabilidade e o crescimento.

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Ao nível do Cash Flow operacional
Embora no “Net Cash flow” as alternativas contabilísticas
tenham um impacto nulo, a decisão de capitalização tem um
impacto significante nas componentes do Cash Flow, com
trade–off entre o Cash Flow das actividades operacionais e
das actividades de investimento. As despesas capitalizadas
são incluídas no Cash Flow de investimento (CFI), como
aquisição de activos e não no Cash Flow operacional.
Contudo, as firmas que efectuam um “Expense” dos seus
desembolsos incluem tais despesas no Cash flow operacional
(CFO). Assim, o CFO será mais elevado nas firmas que
efectuam a capitalização e a diferença cumulativa irá
aumentar durante o tempo enquanto a firma estiver em
crescimento.

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Ao nível dos rácios
As firmas que efectuam o “expensing” reportam saldos de
activos e capitais próprios muito baixos. Como resultado, os
rácios de solvência (Divida pelos capitais próprios e divida
por activos) irão aparentemente ser os priores para estas
firmas comparativamente com as que capitalizam as mesmas
despesas.

Dada a prudência da gestão em capitalizar, é necessário ter


algum cuidado ao avaliar a performance financeira. Esta
prudência é necessária porque geralmente as despesas de
capital fornecem uma base para os investidores avaliarem a
rentabilidade e o crescimento futuro. Isto pode levar os
diversos “Stakeholders” a efectuar uma interpretação
incorrecta do desempenho financeiro da empresa.

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A problemática das despesas de pesquisa e
desenvolvimento na Indústria Extractiva
Para Sá e Sá (343:2005), Pesquisa é um titulo de conta que indica
o investimento ou gasto feito para que se consiga conhecimento
para produzir algo novo, original, seguindo-se um plano.

Na perspectiva do Financial Accounting Standard Board (FASB Statement 2) no seu


paragrafo 8, a pesquisa e o desenvolvimento definem-se como:

Pesquisa – é um plano de busca ou investigação no sentido de descobrir um novo


conhecimento com a expectativa de que tal conhecimento possa ser útil no
desenvolvimento de um novo produto ou serviço, o novo processo técnico ou então
melhorar os produtos já existentes.

Desenvolvimento – é a transição das descobertas na pesquisa ou outro


conhecimento para um plano ou design de um novo produto, serviço ou técnica ou
ainda então melhorar os produtos já existentes. Este pode incluir a formulação,
design, testes de produtos alternativos, construção de protótipos e operações.

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A problemática das despesas de pesquisa e
desenvolvimento na Indústria Extractiva (Cont.)
No glossário da lei de minas (14/2002 de 26 de Junho),
prospecção e pesquisa refere-se a um conjunto de
actividades visando a descoberta, identificação,
determinação das características e avaliação do valor
económico dos recursos minerais.
O Desenvolvimento, segundo esta lei, consiste no
estabelecimento de acessos a reservas de minerais e
outros trabalhos de preparação para uma produção
comercial.
Segundo a alínea h) do artigo 1 da lei 3/2001, Lei do
petróleo, desenvolvimento consiste na colocação e
construção de instalações para a produção e transporte
de petróleo incluindo a abertura de poços.

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Métodos contabilização das despesas de
pesquisa e desenvolvimento na indústria
extractiva

Como resultado das praticas de cada


indústria foram desenvolvidos quatro (4)
principais métodos de contabilização
destas despesas:
 Successful efforts method;
 Area of Interest method;
 Full cost method; e
 Expense method

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Métodos contabilização das despesas de pesquisa e
desenvolvimento na indústria extractiva (Cont.)

O Full Cost Method e o Expense Method


representam os extremos dentre os quatro (4)
métodos. Pelo Full Cost Method a percentagem
de capitalização de despesas é 100% enquanto
que pelo Expense Method a percentagem de
capitalização é zero.
Entretanto, o Successful efforts method e Full
cost method são os que constituem o cerne do
debate a nível internacional.

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Métodos contabilização das despesas de pesquisa e
desenvolvimento na indústria extractiva (Cont.)

Successful Efforts Methods


É mais antigo e mais conservador dentre estes quatro (4) métodos
e permite que algumas despesas de pré produção (despesas de
exploração e avaliação) sejam capitalizadas se elas estiverem
relacionadas a um sucesso na pesquisa de uma reserva de
minérios. Estas despesas capitalizadas são amortizadas em função
do proveito obtido da área onde houve sucesso.

Na perspectiva deste método todas despesas de Pesquisa


(despesas relacionados com a exploração) devem ser integralmente
reconhecidos como custos do exercício, pois nesta fase não se
pode provar a existência do recurso e em quantidades comerciais.

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Métodos contabilização das despesas de pesquisa e
desenvolvimento na indústria extractiva (Cont.)

Successful Efforts Methods


As despesas para provar a existência do minério e para efectuar a avaliação são
capitalizáveis temporariamente. Se o projecto ou a área não tiverem sucesso, isto é,
não existir minério e/ou não permitir uma exploração comercial tais despesas devem
ser reconhecidos totalmente como custos de exercício no momento em que se torne
evidente que o projecto não terá sucesso. Caso contrário, tais despesas são
acumuladas as despesas de desenvolvimento como um activo.

Para Cortese e Irvine (2006:p3) embora este método seja consistente com o
principio contabilístico do balanceamento entre os custos e proveitos e do
conservatismo, devido a incerteza inerente as actividade de exploração mineira isto
significa que o resultado e os saldos devedores (saldos dos activos) no reporte de
uma entidade podem flutuar significativamente. Por isso, o Successful Efforts method
é tipicamente evitado por pequenas empresas e pelo contrário adoptado por grandes
entidades que podem absorver as perdas resultantes do insucesso dos esforços de
pré – produção.

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Métodos contabilização das despesas de pesquisa e
desenvolvimento na indústria extractiva (Cont.)

Full Cost methods

As pequenas empresas, conhecidas como “Juniores” na indústria, em


geral estão a favor do Full Cost method para a contabilização das despesas
de pré – produção (despesas de exploração e avaliação) conforme afirmam
Cortese e Irvine (2006:p3). Isto ocorre porque o Full cost method permite
que todos as despesas de pré-produção sejam capitalizadas
independentemente de estarem relacionados com uma área de sucesso ou
não e de onde e quando são incorridos.

Estes custos são balanceados com os proveitos das áreas de sucesso os


quais criam efeito suave nos resultados. Este é o mais popular para
pequenas empresas dadas as suas limitações em termos de recursos
financeiros para efectuar programas agressivos de exploração.

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Métodos contabilização das despesas de pesquisa e
desenvolvimento na indústria extractiva (Cont.)

Expense Methods

Também conhecido como o método do “custo” defende


que todas a despesas de pré-produção devem ser
assumidas como custo (Peter G. Gerhardy, 1998: p.5).

Este método é justificado com base no alto risco


associado as actividades de pre-produção na indústria
extractiva, particularmente nas etapas de exploração e
avaliação.

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Métodos contabilização das despesas de pesquisa e
desenvolvimento na indústria extractiva (Cont.)
Area of interest methods
Na perspectiva deste método as despesas de pré-produção só podem ser
capitalizadas para áreas com uma probabilidade razoável de sucesso
(Peter G. Gerhardy, 1998: p.5).

No caso de não houver uma probabilidade razoável para estas áreas tais
gastos devem ser apropriados como custos do exercício. Para Cotrell e
Webster (1999), a diferença entre este método e o Sucessfull Efforts
methods reside no facto de que o Area of interest methods capitaliza todos
as despesas referentes a uma determinada área de interesse, isto é utilizar
a abordagem do Full Costs methods para uma determinada área em
detrimento de outras enquanto que o Successful Efforts methods,
capitaliza apenas aquelas despesas que estão directamente relacionadas
com a obtenção do recursos mineral e considera como custos do exercício
todos gastos com áreas em que não houve sucesso ou incorridos antes da
descoberta do minério.

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Métodos contabilização das despesas de pesquisa e
desenvolvimento na indústria extractiva (Cont.)

Despesas e/ou custo de desenvolvimento

As despesas e/ou custos de desenvolvimento


são totalmente capitalizáveis na perspectiva de
qualquer um do métodos, pois o processo de
implantação de infra-estruturas para o acesso a
reserva mineral só pode ocorrer se existir uma
expectativa razoável de obter benefícios
económicos futuros.

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Caso práticos internacionais
Abordagem do IASB (International Accounting Standard Board)
IFRS 6 - Exploração e avaliação de recursos
minerais
Activos de exploração e avaliação – qualquer custo e/ou despesa
incorrido e relacionado com exploração e avaliação antes de:
 A viabilidade comercial e de extracção do recurso esteja comprovada
 Exclui os custos e/ou despesas incorridas antes que a exploração e avaliação
tenham inicio como por exemplo os custos incorridos antes de entidade obter
direitos legais de explorar uma determinada área.

Exemplos de elementos do custo dos activos de exploração e


avaliação:
Aquisição de direitos (licença) da área de exploração, estudos
topográficos, geológicos, geoquímicos, geofisícos, perfuração
exploratória, Valas, amostragem e actividades relacionadas com a
avaliação da exequibilidade técnica e viabilidade comercial da
extracção de um recurso mineral.

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Caso práticos internacionais
Abordagem do FASB (Financial Accounting Standard Board)
SFAS 19 – “Financial Accounting and Reporting by Oil and Gas
Producing Companies”

Exploração involve identificação de áreas que possam permitir um estudo geral e


espefico as quais são consideradas como tendo probabilidade de possuir reservas
de minerais, incluido a perfuração exploratória e os testes de com vista a determinar
as condições geológicas da região denominados Exploratory-type Stratigraphic
test wells.

Os principais tipos de custos de exploração, os quais incluem a amortização e os


respectivos custos operacionais e outros custos de exploração são:
 Custos de estudos topográficos, geológicos, geofísicos, os direitos para aceder as
propriedades para conduzir tais estudos, salários e outros custos com geológos, geofísicos.
Colectivamente tais custos são conhecidos como G&G costs.
 Custos e Despesas com manutenção de poços secos
 Custos com perfuração e manutenção de poços exploratórios
 Custos para efectuar teste em poços poços exploratórios.

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Caso práticos internacionais
Abordagem do FASB (Financial Accounting Standard Board)
Contabilização no momento em que os custos são incorridos

Os G&G Costs incluindo Despesas com manutenção de poços


secos que devem ser imputados aos resultados quando incorridos.

Os custos com perfuração e manutenção de poços exploratórios e


custos para efectuar teste em poços exploratórios devem ser
capitalizados como trabalho em curso pendente da determinação de
que existe ou não reservas. Se for provada a existência de
reservas, os custos capitalizados passam a integrar os custos com
os poços explorados (mesmo que estes não sejam completados
como poços produtivos). Se, contudo, não for provada a existência
de reservas os custos capitalizados liquidos de qualquer valor
residual devem ser imputados aos resultados.

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Caso práticos internacionais
Abordagem do FASB (Financial Accounting Standard Board)

Contabilização quando a perfuração exploratória e os teste de


avaliação estiverem concluidos

 De acordo com o paragrafo 31 uma vez provada a existência de reservas


uma entidade deve efectuar testes de avaliação da viabilidade comercial,
isto é, se a quantidade de recursos minerais existentes permite a sua
extracção com a viabilidade comercial ou não.

 Caso se prove que tais recursos permitem uma extracção com viabilidade
comercial, os custos de exploração anteriormente capitalizados juntamente
com estes custos devem continuar a ser capitalizados.

 No entanto se tal extracção não pode ser feita com viabilidade comercial
tais custos são imputados aos resultados no momento que se torne
evidente este facto.

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Caso práticos internacionais
Abordagem do FASB (Financial Accounting Standard Board)

Argumentos do FASB para adopção do Successful Efforts Method


 Successful efforts Method é consistente com o Framework do
FASB
 As demonstrações financeiras não devem reflectir o risco e
resultados improváveis (sem sucesso)
 Habilidade de mobilizar capitais depende do desempenho da
empresa e não da utilização de qualquer método

 Successful Efforts é um metodo que permite a comparação


com outras empresas na área da industria extractiva.

 A habilidade de manipular os resultados (ganhos) é reduizada


pelo Successful efforts Method .

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Caso práticos internacionais
Abordagem Australiana
Australian Accounting Standard 7 (AAS 7) – Accounting for the
extractives industries

 A Australian Accounting Standard (AAS 7) defende que o método


mais adequado para a contabilização dos custos de pesquisa e
desenvolvimentos é o método da área de interesse (Area of
Interest). No entanto, esta abordagem difere da perspectiva do
método anteriormente enunciado.

 Ela define uma Área de Interesse, no seu parágrafo 7, como sendo


uma área geológica a qual é considerada por constituir um
ambiente favorável para a presença de um depósito de recursos
minerais ou um campo de gás natural ou petróleo, o que foi provado
que tal campo ou depósito contém recursos.

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Conclusão
A actividade da Indústria Extractiva compreende a obtenção de
recursos minerais a partir do subsolo. A extração desses
recursos exige grande investimento e alto grau de risco, visto
que na fase de Pesquisa pode-se alcançar resultados, tais
como: obtenção ou não do recurso.

A problemática da contabilização das despesas de pesquisa e


desenvolvimento é um dos aspectos muito importante, pois a
aplicação ou adopção de um método de reconhecimento pode
influenciar nos resultados apresentados nas demonstrações
financeiras, consequentemente na tomada de decisões dos
gestores das empresas.
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