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NARRATIVA E

RESISTÊNCIA
ALFREDO BOSI
Resistência é um conceito originalmente
ético, e não estético.
O sentido mais profundo apela para a força
de vontade que resiste a outra força, exterior
ao sujeito. Resistir é opor a força própria à
força alheia. (p. 118).
 ARTE: a intuição, a imaginação e a
memória.
DIALÉTICA DAS DISTINÇÕES, DE
BENEDETTO CROCE
1) As potências cognitivas são a intuição e a razão; o que
distingue uma da outra é a exigência de um critério de
realidade, peculiar à razão, mas inferente à intuição;
2) As potências da vida prática (práxis) são o desejo e a
vontade do desejo é a existência de um critério de
coerência ética peculiar às ações voluntárias, mas que não
regeria, em princípio, os movimentos da libido. (p. 118).
O ROMANCE E O
TRATAMENTO DOS
VALORES
 Narrador se propõe a explorar os valores da
sociedade.
O homem de ação, o educador ou o político que
interfere diretamente na trama social, julgando-a e,
não raro, pelejando para alterá-la, só o faz enquanto
é movido por valores. Estes, por seu turno, repelem e
combatem os antivalores respectivos. O valor é
objeto da intencionalidade da vontade, é a força
propulsora das ações. O valos está na ação, como seu
objetivos; e está no começo dela enquanto é sua
motivação. (p. 120)
VALORES E ANTIVALORES
Liberdade e despotismo;
Igualdade e iniquidade;
Sinceridade e hipocrisia;
Coragem e covardia;
Fidelidade e traição.
EXEMPLOS
 Balzac;
 Shakespeare;
TERMO “VALOR”
 Esfera da práxis: verdade das representações 
princípio da verdade.
 Esfera ficcional: Liberdade inventiva –
representações segundo seu desejo.
RISCOS
1. Se exige que o escritor se engaje ao compor sua
obra de arte.
2. Leitores ultraideologizantes condenam antivalores
supostamente representados ou promovidos.
RESISTÊNCIA COMO
TEMA DA NARRATIVA
 1930-1950;
 Combate ao fascismo, nazismo, ao fraquismo e ao
salazarismo;
 Caráter libertador;
Surgimento do Neo-realismo;
 Narrativa testemunhal;
 Romance jornalístico;
 Existencialismo/Intimismo.
RESISTÊNCIA COMO
FORMA IMANENTE DA
ESCRITA
Detectar, em certas obras, escritas
independentes de qualquer cultura política
militante, uma tensão interna que as faz
resistentes, enquanto escrita, e não só, ou não
principalmente, enquanto tema. (p. 129, grifo
nosso).
 Escrita – categorias da narrativa = ponto de vista e
estilização da linguagem;
[...] A escrita resistente (aquela operação que
escolherá temas, situações, personagens) decorre de
um a priori ético, um sentimento do bem e do mal,
uma intuição do verdadeiro e do falso, que já se pôs
em tensão com o estilo e mentalidade dominantes.
(p. 130).
 Tensão: eu/mundo – crítica – imanente à escrita;
[...] A escrita de resistência, a narrativa atravessada
pela tensão crítica, mostra, sem retórica nem alarde
ideológico, que essa “vida como ela é” é, quase
sempre, o ramerrão de um mecanismo alienante,
precisamente o contrário da vida plena e digna de ser
vivida. (p. 130).
 A vida como objeto de busca e construção.
POESIA E RESISTÊNCIA
 A resistência da sátira e da paródia;
 Resistência profunda – poesia mítica;
Resistência interiorizada - poesia lírica;
 Resistência – Projeto ou utopia – futuro.
NARRATIVA E RESISTÊNCIA
 O Ateneu, de Raul Pompéia: sátira direta e paródia:
linguagem pedagógica, científica e literária;
 Paixão segundo G.H, de Clarice Lispector:
confidencial e metafísico;
CARACTERÍSTICAS
 O vazio, negatividade grávida de um novo estado
do ser;
 Dá voz aos múltiplos fantasmas do sujeito;
 Resgata o que foi dito passado por um única
testemunha.

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