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CONCURSO SEDUC- PROFESSOR

LÍNGUA PORTUGUESA E PRODUÇÃO DE TEXTO


CONCURSO PÚBLICO 2018
EDITAL Nº 1/2018

Enfim, saiu o edital...


Conteúdo programático: Língua Portuguesa
• Leitura, compreensão e interpretação de textos.
• Estruturação do texto e dos parágrafos.
• Articulação do texto: pronomes e expressões referenciais, nexos, operadores
sequenciais.
• Significação contextual de palavras e expressões. Equivalência e transformação de
estruturas.
• Sintaxe: processos de coordenação e subordinação.
• Emprego de tempos e modos verbais.
• Pontuação.
• Estrutura e formação de palavras.
• Funções das classes de palavras.
• Flexão nominal e verbal.
• Pronomes: emprego, formas de tratamento e colocação.
• Concordância nominal e verbal.
• Regência nominal e verbal. Ortografia oficial. Acentuação gráfica.
Estrutura e formação de palavras?
Bullying é mais prejudicial quando praticado
por amigos
Conflitos e provocações entre amigos são algo natural. Mas nem
sempre são inofensivos: na verdade, quando viram bullying, podem ser
mais prejudiciais do que aquele praticado por outras pessoas.
Essa foi a conclusão de um estudo da Universidade de
Hertfordshire, no Reino Unido, e publicado este mês no Journal of
School Health.
Os autores mediram os efeitos do bullying sobre a saúde de 5.335
estudantes ingleses entre 11 e 15 anos. Foram considerados três tipos
de bullying: físico (quando há algum tipo de agressão ou intimidação
física), verbal (xingamentos, ameaças, comentários desrespeitosos etc.)
e relacional (quando ocorrem agressões emocionais ou psicológicas
entre pessoas de um mesmo grupo).
De todos, o bullying relacional se mostrou associado a uma menor qualidade
de vida entre os jovens. E, apesar de as meninas serem mais propensas a
enfrentar esse problema, o efeito negativo na saúde era igual para ambos os
gêneros.
Segundo o estudo, esse tipo de bullying é marcado por ações como ameaças
de término de amizades, propagação de rumores falsos, uso de amizade como
moeda de troca e exclusão intencional da vítima do grupo de amigos. Como
resultado, ocorrem danos ao status social e ao relacionamento da pessoa com os
colegas – e tudo isso acaba impactando na saúde dos excluídos.
Kayleigh Chester, pesquisadora do instituto de saúde e ciência humana da
Universidade de Hertfordshire e autora principal do artigo, destacou o perigo
desse tipo de assédio mais sutil: o bullying relacional ainda não recebe muita
atenção de pais e professores e muitas vezes é confundido com simples
desentendimentos entre amigos – o que reduz a probabilidade de uma
intervenção externa para ajudar as vítimas.

(Fonte: Revista Superinteressante. 16/11/2017. Disponível em:


tps://super.abril.com.br/blog/como-pessoas-funcionam/bullying-e-mais-
prejudicial-quando-praticado-por-amigos/)
01. O texto apresenta uma pesquisa sobre os efeitos negativos do bullying aos
jovens, destacando, dentre os tipos apresentados, o relacional como aquele
que pode trazer maior prejuízo à qualidade de vida da juventude. Tendo como
base essas informações, não se pode depreender do texto que:
 
a) a pesquisa realizada considerou três tipos de bullying: o físico, o verbal e o
relacional. Todos afetam à saúde dos jovens; o último, no entanto, revelou-
se como o mais prejudicial à vida tanto de meninas quanto de meninos.
b) o bullying relacional afeta, primordialmente, a saúde dos rapazes, já que as
moças sabem lidar melhor com os problemas emocionais.
c) pais e educadores acabam não dando a atenção necessária ao bullying
relacional, já que, entre amigos, é comum o desentendimento.
d) excluir colegas do grupo, ameaçar a perda da amizade e espalhar boatos
sobre determinado amigo são algumas ações que caracterizam o bullying
relacional.
e) todo tipo de bullying é prejudicial, porém o relacional é o que mais
prejudica à saúde da juventude.
02. É possível inferir do texto que:
 
I – o bullying relacional não é percebido por pais e professores porque se
confunde com um simples desentendimento entre colegas.
II – o bullying relacional impacta a saúde dos jovens porque é marcado por
agressões físicas, xingamentos e comentários desrespeitosos.
III – os tipos de bullying físico e verbal não afetam, de forma alguma, a vida dos
jovens, pois não causam danos à qualidade de vida de meninos e meninas.
 
Estão corretas somente as assertivas:
 
a) I e II
b) II e III
c) Somente a I
d) Somente a II
e) Somente a III
03. Abaixo, há o mesmo período com pequenas mudanças na
organização sintática e, consequentemente, na pontuação. Sabendo
disso, assinale a alternativa que apresenta erro quanto ao emprego
de uso da vírgula:
a) Esse tipo de bullying, segundo o estudo, é marcado por ações como ameaças
de término de amizades, propagação de rumores falsos, uso de amizade como
moeda de troca e exclusão intencional da vítima do grupo de amigos.
b) Esse tipo de bullying é marcado por ações como ameaças de término de
amizades, propagação de rumores falsos, uso de amizade como moeda de
troca e exclusão intencional da vítima do grupo de amigos, segundo o estudo.
c) Esse tipo de bullying é marcado, segundo o estudo, por ações como ameaças
de término de amizades, propagação de rumores falsos, uso de amizade como
moeda de troca e exclusão intencional da vítima do grupo de amigos.
d) Esse tipo de bullying é segundo o estudo, marcado por ações como ameaças
de término de amizades, propagação de rumores falsos, uso de amizade como
moeda de troca e exclusão intencional da vítima do grupo de amigos.
e) Esse tipo de bullying é, segundo o estudo, marcado por ações como ameaças
de término de amizades, propagação de rumores falsos, uso de amizade como
moeda de troca e exclusão intencional da vítima do grupo de amigos.
04. E, apesar de as meninas serem mais propensas a
enfrentar esse problema, o efeito negativo na saúde era
igual para ambos os gêneros. A oração subordinada
destacada classifica-se como:

a) Oração subordinada substantiva objetiva direta


b) Oração subordinada adjetiva restritiva
c) Oração subordinada substantiva completiva nominal
d) Oração subordinada adverbial causal
e) Oração subordinada adverbial concessiva
05. Analise a propaganda abaixo, marcando a alternativa correta quanto ao emprego do verbo
DEIXAR e do pronome SUA na frase principal destaca em tons amarelos:
 
 

Fonte: <http://
portaldoprofessor.mec.gov.br/fic
haTecnicaAula.html?aula=12743
>

a) O verbo deixar está empregado no presente do indicativo e o pronome sua marca a terceira
pessoa do singular.
b) O verbo deixar está empregado na terceira pessoa do imperativo negativo, o que justifica o
emprego do pronome possessivo sua também em terceira pessoa.
c) O verbo deixar está empregado na segunda pessoa do imperativo negativo, o que torna
equivocado o emprego do pronome possessivo sua em terceira pessoa.
d) O verbo deixar está empregado na terceira pessoa do presente do subjuntivo, o que justifica o
emprego do pronome possessivo sua também em terceira pessoa.
e) Como é um anúncio publicitário, o verbo deixar está empregado no subjuntivo e o pronome sua
em segunda pessoa para alertar a população sobre o perigo da dengue.
06. As palavras esverdear, o sufoco e enraivecer foram
formadas, respectivamente, pelos processos de:
 
a) sufixação - prefixação - parassíntese
b) sufixação - derivação regressiva - prefixação
c) composição por aglutinação - prefixação - sufixação
d) parassíntese - derivação regressiva - parassíntese
e) parassíntese - derivação imprópria – parassíntese
 
07. Assinale o item em que há erro de concordância segundo a
norma culta.
 
a) Diríamos que há importantes casos que precisam ser
revisados.
b) Haveremos de refletir sobre as relações de gênero na
sociedade.
c) Os professores já haviam encerrado a reunião naquele
momento.
d) Há vários estudos sobre a cultura popular na
contemporaneidade.
e) Devem haver benefícios de horas de trabalho para quem
deseja cursar uma pós-graduação stricto sensu.
08. Assinale a frase em que o acento indicador da crase foi
usado incorretamente, segundo a gramática normativa:
 
a) A juventude fez referência às novas regras de conduta
aprovadas pelo corpo docente da escola.
b) Sentavam-se nos bancos da praça central da cidade à
espera dos maridos.
c) Nos sonhos, porém, ele voltava àquele lugar de aventuras e
alegrias.
d) Depois de pensar bastante sobre o ocorrido, dirigi-me à
casa de meus amáveis pais.
e) Tenho certeza de que os textos não fazem referência à tudo
isso que estão dizendo.
09. No que se refere à acentuação gráfica, é correto
afirmar que:
 a) mês, porá, e fará recebem acento gráfico por serem
palavras oxítonas, terminadas, respectivamente, em s e
a.
b) altruístico, sonâmbulo e egoísta seguem a mesma
regra de acentuação gráfica.
c) árvore e trânsito segue a regra de acentuação gráfica
das palavras trissílabas terminadas em O.
d) Quilômetro e recíproco seguem a mesma regra de
acentuação gráfica.
e) Troféu recebe acento gráfico porque é oxítona
termina em U.
Texto para a questão 10 (Casimiro de Abreu)
Meus oito anos  
  10. (Práticas de estudo/2018) De
Oh! que saudades que tenho acordo com a análise sintática
tradicional da Língua Portuguesa,
Da aurora da minha vida, as orações destacadas apresentam
Da minha infância querida a mesma classificação gramatical
Que os anos não trazem mais! em virtude da palavra que as
Que amor, que sonhos, que flores, introduz. Sabendo disso, marque a
alternativa que apresenta a
Naquelas tardes fagueiras denominação morfológica e a
À sombra das bananeiras, função sintática da palavra que,
Debaixo dos laranjais! nesse contexto frásico.
 
a) Pronome relativo, função
sintática de objeto direto
b) Conjunção integrante, função
sintática de sujeito
c) Pronome relativo, função
sintática de sujeito
11.(IBADE/RIO BRANCO/2017) “'Deve ser um guarda-roupa colossal!',
pensou Lúcia, avançando ainda mais”
A respeito do trecho acima, quanto aos aspectos gramatical, sintático e
semântico, analise as afirmativas a seguir.
 
I. Os verbos usados são de ligação.
II. De acordo com a nova ortografia, o hífen não é mais usado em
guarda-roupa.
III. A palavra COLOSSAL pode ser substituída por EXCEPCIONAL.
 
Está correto apenas o que se afirma em:
 
A) I.
B) II e III.
C) III.
D) I e II.
E) I e III.
12. (Práticas de Estudo/2018) Marque a alternativa que, no
contexto linguístico apresentado, possui erro de classificação
gramatical das palavras destacadas:
a) “Hoje o mundo, o Brasil e as pessoas são assoladas pelo medo
de assaltos, às vezes com morte, de balas perdidas e de
atentados terroristas” (medo, balas e atentados são substantivos,
enquanto assoladas, perdidas e terroristas são adjetivos).
b) “A competição deve ser distinguida da emulação. Emulação é
coisa boa, pois traz à tona o que temos de melhor dentro de nós”
(competição e emulação são substantivos; o é artigo; que
pronome relativo).
c) O uso da violência como forma de solucionar os problemas
entre países (uso é substantivo; entre é preposição; problemas é
substantivo).
d) Um mal de raiz, como a violência, não pode ser fonte de um
bem duradouro (mal e bem são substantivos; duradouro é
adjetivo).
13. (Instituto Acesso) Todos os verbos estão no
pretérito, exceto:
a) “... um cosmonauta que passou por lá declarou não
ter lido uma única página do livro que levara na
bagagem”(...)
b) “... mas aquele talvez fosse um dos poucos
momentos em que eu teria a oportunidade de ver um
mar tão turquesa, uma areia tão rosada.”
c) “... porque se deu conta de que aproveitaria melhor
o seu tempo livre se simplesmente olhasse pela
janela.”
d) “Seja como for, tenho achado cada vez mais difícil
ler.”
e) “Neste ano li menos livros do que no ano
passado”(...)
14.(CESP/UNB) No trecho “Acontece que nós,
seres humanos, sofremos de uma “anomalia”: não
conseguimos viver no mundo da verdade, no
mundo como ele é.” (linhas 21 e 22), os dois
pontos foram empregados para
(A) introduzir uma explicação.
(B) introduzir um discurso de forma direta.
(C) destacar trechos considerados importantes.
(D) introduzir um discurso de forma indireta.
(E) dar ênfase a uma expressão em linguagem
figurada
SOBRE A PROVA DISCURSIVA
• 8.2.2 A Prova Escrita Discursiva para os cargos
de Professor 20 horas e Professor 40 horas
será constituída por uma questão que aborde
o cotidiano escolar, com base no conteúdo
programático de Conhecimentos Pedagógicos,
constante do Anexo III deste edital.
Escrever?
Conhecimentos Pedagógicos
Fundamentos da Educação; Concepções e tendências pedagógicas
contemporâneas; Relações socioeconômicas e político-culturais da educação;
Processo ensino-aprendizagem: papel do educador, do educando, da
sociedade. Avaliação. Educação inclusiva. Educação e Direitos Humanos,
Democracia e Cidadania; A função social da escola; Inclusão educacional e
respeito à diversidade; Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Básica;
Didática e organização do 132 ensino; Saberes Escolares, processos
metodológicos e avaliação da aprendizagem; Novas tecnologias da informação
e comunicação e sua contribuição com a prática pedagógica; Currículo:
planejamento, seleção e organização dos conteúdos. Planejamento: a realidade
escolar; o planejamento e o projeto pedagógico da escola; Lei nº 9.394/96 – Lei
de Diretrizes e Base da Educação Nacional; Lei nº 8.069/90 - Estatuto da
Criança e do Adolescente; Lei nº 10.639/03 – História e Cultura Afro Brasileira e
Africana; Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos - 2007.
PROVA DISCURSIVA
• 8.2.7 A Prova Escrita Discursiva valerá 100
(cem) pontos.
• 8.2.8 A Prova Escrita Discursiva deverá ser feita
pelo próprio candidato, à mão, em letra legível,
com caneta esferográfica de tinta preta ou azul,
não sendo permitida a interferência e/ou a
participação de outras pessoas, salvo em caso
de candidato que tenha solicitado atendimento
diferenciado para a realização das provas.
ATENÇÃO
• 8.2.9 A Prova Escrita Discursiva deverá ser respondida em, no
mínimo, 20 (vinte) linhas e, no máximo, 30 (trinta) linhas.
• 8.2.10 A Folha de Texto Definitivo da Prova Escrita Discursiva será
o único documento válido para a avaliação da Prova Escrita
Discursiva. A folha para rascunho é de preenchimento facultativo
e não valerá para tal finalidade.
• 8.2.11 A Folha de Texto Definitivo não será substituída por erro
de preenchimento do candidato.
• 8.2.12 Será desconsiderado, para efeito de avaliação, qualquer
fragmento de texto que for escrito fora do local apropriado e/ou
que ultrapassar a extensão máxima de linhas estabelecidas na
Folha de Texto Definitivo.
NOTA ZERO E ELIMINAÇÃO
• 8.2.13 O candidato que não devolver sua Folha de Textos Definitivos
será eliminado do Concurso Público.
• 8.2.14 Receberá nota 0 (zero) na Prova Escrita Discursiva o
candidato que:
• a) preencher a folha de texto definitivo em parte ou em sua
totalidade a lápis;
• b) preencher a folha de texto definitivo com letra ilegível e/ou
incompreensível;
• c) entregar em branco a folha de texto definitivo;
• d) colocar na folha de texto definitivo qualquer palavra e/ou marca
que, de alguma forma, possibilite a identificação do candidato;
• e) redigir sua resposta na folha de texto definitivo não se
enquadrando nas quantidades mínima e máxima estabelecidas no
subitem 8.2.9 deste edital.
Critérios de correção
Evitar desvios é importante!!!
MUITA ATENÇÃO!
Sobre a abordagem do tema e conteúdo
• Leia com atenção a orientação dada pela proposta;
• Lembre-se de trazer seus conhecimentos
pedagógicos e, por isso, apresentar um texto de
ordem técnica;
• Seja claro, objetivo, direto- evite circularidades e
repetições de ideias.
• Faça um esquema de ideias a serem escritas e
tenha certeza de que essas ideias são progressivas.
A progressão textual e a coerência
• a continuidade de sentido, caracterizada pela manutenção do assunto
central e pelo desenvolvimento desse assunto de modo progressivo e claro;
• a sequência lógica das ideias: das mais gerais às mais específicas ou o
inverso;
• a manutenção da mesma pessoa verbal ao longo do texto;
• a adequação da variante linguística utilizada ao contexto da comunicação e
ao gênero textual escolhido;
• a descrição espacial ordenada: dos dados mais próximos aos mais distantes
ou o contrário;
• as indicações temporais, situando o assunto em relação a fatos anteriores ou
posteriores;
• a adequação do título ao texto e as suas marcas linguísticas dadas pelo
gênero.
Sobre os conectores
O afeto autoritário
Tenho defendido as novelas. Contra a opinião de muitos colegas da Universidade, sustento que
elas têm papel positivo na transmissão de certos ideais, em especial o da igualdade da mulher em relação
ao homem e o da condenação do preconceito de raça.
É claro que a TV é menos profunda ou pioneira que os grupos feministas ou de consciência
indígena ou negra – mas só ela pode levar uma ideia, um nome de livro, um comportamento a 50 ou 60
milhões de pessoas.
Mas, justamente porque defendo o que é positivo nas novelas, devo criticar o afeto autoritário
que nelas se vê. Penso no despotismo do patrão sobre os empregados, e da patroa sobre a doméstica
negra. Um personagem como Pedro (José Mayer) em Laços de família não respeita as pessoas – e no
entanto é, globalmente falando, mais simpático que antipático. A TV ainda tolera condutas que
socialmente se tornaram inaceitáveis.
Uma novela precisa ter personagens de várias classes sociais. Se não tiver pobres, classe média e
ricos, não atingirá todos os públicos. E a comunicação entre essas classes se dá sobretudo pelo amor.
Isso faz parte das regras do gênero e não vou contestá-las aqui.
O problema, porém, é que no contato entre os ricos e os pobres desponta um autoritarismo que
acabamos aceitando, os espectadores, graças a um enredo que faz das personagens despóticas figuras
agradáveis, humanas, quase positivas.
Por que essa simpatia, ou tolerância, com os minidéspotas do dia a dia? Nossa sociedade nunca
liquidou seu legado autoritário. Quando se aboliu a escravidão, não houve um projeto de cidadania para
os negros. Ao contrário, tudo servia de pretexto para reprimi-los – por exemplo, a capoeira, os cultos
afro-brasileiros, que eram caso de polícia.
Nosso knowhow de relações sociais ainda tem um quê da escravatura. Aceitamos muitas vezes
que o elemento descontraído, simpático, afetuoso venha junto com uma centelha de autoritarismo.
Lembremos como Lima Duarte se especializou em fazer clones de Sinhozinho Malta – o fazendeiro
de Roque Santeiro(1985-86), que simbolizava todo o entulho da ditadura militar sobrevivendo no regime
civil.
Mesmo quando a TV valoriza a mulher perante o homem, seu limite de atuação é a sociedade
de consumo. Nossa televisão é muito mais consumista que as europeias. Quem tem vale mais do que
aquele que não tem. E por isso o patrão muitas vezes trata mal o empregado.
Isso é tão comum que às vezes nem se percebe. Sugestão: prestem atenção no modo como as
pessoas são servidas à mesa, nas novelas. Verifiquem se agradecem à empregada, se dizem por favor. É
mais provável que lhe dirijam alguma palavra atravessada – e que isso acabe passando, não digo como
bom, mas como natural ou comum.
O Brasil vai melhorar do autoritarismo quando esse tipo de conduta não for mais aceito,
quando não suscitar mais sorriso, sequer amarelo, mas causar repulsa ou pelo menos estranheza.
Quando não nos reconhecermos mais, ou não reconhecermos mais nosso país, no recorte que trata os
mais pobres como desprovidos de direitos, e até mesmo do direito elementar de ouvir, sempre, por favor e
obrigado.
Isso é pouco? Não acho. Há vários modos de ajustar contas com um passado detestável. Um
deles é mexer nos pequenos gestos, percebendo que nossos valores não são coisa muito abstrata, mas se
exprimem em nosso modo de guiar o carro ou de tratar a pessoa do lado. O mesmo vale para a TV – e,
quando ela não agir bem, devemos cobrar isso dela. Melhorar o país dá trabalho. Isso inclui reclamar pelo
que achamos justo.
Renato Janine, 17 de dezembro de 2000.
Sobre a precisão vocabular e vocabulário
adequado ao texto escrito

• Se o texto trata de conhecimentos pedagógicos, use linguagem


técnica, demonstre que você entende do assunto;
• Evite gírias, marcas de oralidade, expressões como “bom”, “na
minha opinião”, “eu acho que”;
• Use primeira pessoa do plural ou terceira pessoa do singular;
• Procure usar sinônimos para evitar a repetição de palavras, mas
compreenda que as palavras-chave relacionadas ao tema deverão
aparecer.
Sobre a correlação entre tempos verbais

• Use os verbos, de modo geral no presente;


• Use os verbos no pretérito ao remontar
questões históricas, pequenas menções a
estudos de caso, etc.
Sobre revisão do texto para evitar
transgressões gramaticais
• Ao passar o seu texto para a folha definitiva,
revise-o com cuidado;
• Lembre-se de acentuar! Isso é muito
importante!
• Em caso de dúvida com a grafia de alguma
palavra, procure encontrar um sinônimo para
substituí-la.
Uso dos pronomes relativos
• “Uma cidade no qual não possui uma boa administração
também encontra dificuldades para atender adequadamente a
seus habitantes, cujo as carências devem ser tratadas com
atenção”.

• No qual: erro no uso da preposição e do artigo. A


cidade possui uma administração, não possui “numa”.
– Sugestão: “Uma cidade a qual não possui [...]” ou “uma
cidade que não possui [...]”.

• Cujo as: erro na concordância e artigo desnecessário.


– Sugestão: “[...] seus habitantes, cujas carências [...]”.
Construção das orações e períodos
A todo momento somos avaliados e avaliamos algo, até
mesmo na execução das ações mais simples do cotidiano. Nesse
sentido, é que a avaliação aparece de forma quase espontânea
ou natural, como meio para acertar o percurso do caminho para
garantir que seja concluído conforme nosso desejo. Porém, na
prática educacional, percebe-se a concepção de avaliação como
um processo de (des)construção do conhecimento do aluno,
tornando-o incapaz de alcançar os objetivos propostos. Diferente
disso, entendemos a avaliação do desempenho dos alunos como
instrumento a serviço da aprendizagem, da melhoria do ensino
do professor e do aprimoramento da escola. Dessa forma,
avaliamos para aumentar a compreensão do sistema de ensino,
das práticas educativas, dos conhecimentos dos alunos.
Estrutura do texto
• Introdução: Frase inicial apresentando o
tema/ ideia 1/ ideia 2
• Desenvolvimento:
Parágrafo 1: Desenvolver ideia 1
Parágrafo 2: Desenvolver ideia 2
• Conclusão: Síntese/retomada/inferência
Exemplo de Prova Discursiva- 1
Concurso Público elaborado pela UFRJ
• Observe a cena abaixo, descrita pela professora Madalena Freire em seu relatório de atividades com uma
turma de pré-escola em 1978 (FREIRE Madalena. A paixão de conhecer o mundo. São Paulo: Paz e Terra,
1993).
• “No parque, de modo geral, as crianças pediam que eu guardasse pedras, folhas, formigas, agasalhos,
sapatos, etc. Daí combinamos levar conosco um grande saco em que elas mesmas iam pondo seus achados.
• Assim, sempre que eu pegava o saco as crianças associavam a hora de ir ao parque:
• - O parque.
• - Tá na hora do parque!
• - Olha o saco! Tá na hora do parque!
• Um dia, depois de um pic-nic, pus todas as lancheiras em cima da nossa toalha e fiz uma trouxa. Pararam
espantados, os olhos grudados na trouxa.
• - Uma trouxa...(?!)
• - Parece uma bolona.
• - Ai que pesada. (...)
• Uma verdadeira euforia, a trouxa sendo carregada numa espécie de procissão pela escola adentro. Desde
esse dia, o saco perdeu seu sentido, seu significado, e a trouxa passou a representar a hora do parque”
(p.26). A partir do relato de Madalena Freire, discuta a articulação entre rotina e planejamento na Educação
Infantil e apresente implicações para a prática pedagógica.
Exemplo de Prova Discursiva- 2
Concurso Público elaborado pela UFRJ
O artigo 9º das Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação
Infantil/2009 estabelece que “as práticas pedagógicas que
compõem a proposta curricular da Educação Infantil devem ter
como eixos norteadores as interações e a brincadeira...”. O inciso
II do referido artigo expõe algumas das experiências que devem
ser garantidas: “(...) a imersão das crianças nas diferentes
linguagens e o progressivo domínio por elas de vários gêneros e
formas de expressão: gestual, verbal, plástica, dramática e
musical...”
A partir desta perspectiva, disserte sobre o papel da linguagem e
suas diferentes manifestações no cotidiano da Educação Infantil.
Exemplo de Prova Discursiva- 3
Concurso Público para professor elaborado
pelo CESPE/UnB –
• Redija um texto dissertativo a respeito da
avaliação escolar que esclareça em que consiste
cada uma das funções avaliativas abaixo
enumeradas e que apresente um exemplo de
situação pedagógica que ocorre em sala de aula,
ou no processo de aprendizagem, para cada
conceito/função abordado: função diagnóstica;
função formativa; função somativa.
Discursiva no ENADE/2011
Esquematização das ideias para a resposta:

• 1) identificação e análise das desigualdades sociais acentuadas


pelo analfabetismo, demonstrando capacidade de examinar e
interpretar criticamente o quadro atual da educação com ênfase
no analfabetismo;
• 2) abordagem do analfabetismo numa perspectiva crítica,
participativa, apontando agentes sociais e   alternativas que
viabilizem a realização de esforços para sua superação,
estabelecendo relação entre o analfabetismo e a dificuldade para
a obtenção de emprego;
• 3) indicação de avanços e deficiências de políticas e de programas
de erradicação do analfabetismo, assinalando iniciativas realizadas
ao longo do período tratado e seus resultados, expressando que
estas ações, embora importantes para a eliminação do
analfabetismo, ainda se mostram insuficientes.   
Verificando um exemplo:
• Tema:
• Formação social e respeito à diversidade
A escola é uma instituição onde ocorre a inserção social que
garante o direito universal à educação e, que, por isso, forma
sujeitos sociais que devem ter acesso aos saberes diversos.
Sendo assim, torna-se um lugar que não deve possuir qualquer
tipo de discriminação e/ou preconceito. Além disso, evidencia-se,
neste espaço, a diversidade de ideias e manifestações culturais.
Inicialmente, é importante ressaltar que nem sempre
aconteceu dessa forma, uma vez que, no período colonial
brasileiro, a educação somente era oferecida para uma minoria,
que eram os donos da terra. E, ainda assim, dentre eles, havia
exclusão, pois mulheres e filhos de primogênitos também não
tinham direito ao ensino. Isso permaneceu enquanto durou a
economia exportadora agrícola, mantendo-se os desníveis
sociais na educação escolar como um instrumento de reforço das
desigualdades e manutenção dos privilégios.
No entanto, com a vigência da Constituição Federal de 1988, e,
posteriormente, a criação LDB, bem como outras reformas na histórica da
educação do país, a educação tornou-se um direito de todos, sem
restrição. Esse tipo de acesso, ofereceu uma oportunidade de pessoas com
diferenças culturais conviverem de forma democrática, contribuindo para a
construção de valores sociais que mostram uma visão aberta do mundo,
em convívio harmonioso e que respeita as peculiaridades dos sujeitos.
Dessa forma, a escola, como espaço de formação social e
conscientizadora, contribui para que os sujeitos convivam com diferentes
realidades, espaço onde se apresentará várias demandas sociais a serem
analisadas e confrontadas. São as chamadas expressões da questão social,
que também estão inseridas no âmbito escolar e que devem ser refletidas
pelos atores sociais no ato educativo. Cabe à escola, portanto, organizar-se
para desenvolver uma boa política de aprendizagem, ou seja, construir um
projeto político-pedagógico bem estruturado, capaz de oferecer uma
melhoria na formação dos profissionais que trabalham neste espaço, bem
como fornecer condições favoráveis para o desencadeamento do trabalho.
BOA SORTE!

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