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«A débil»

Renoir, O passeio (1870).


Lisboa, 1875.

Débil — adjetivo
1. Fraco, frouxo.
2. Quase impercetível.
3. Que não opõe resistência suficiente; frágil.
Renoir, Retrato de Madame Henriot (1876).
«A débil»
Composição em que o eu poético,
«sentado à mesa dum café
devasso», vê poeticamente
uma mulher «frágil, assustada»

Visão que sublinha


a oposição entre

A figura A devassidão e o ruído


feminina da realidade envolvente

Contraste entre o espaço


que envolve a figura feminina
e a fragilidade que a caracteriza
A figura feminina

Caracterização física:

• Bela;

• Loura e branca;

• De «semblante grego»;

• Elegante mas sem ostentação


(o seu vestido é «simples sem efeitos»).
A figura feminina

Caracterização psicológica
(corroborada pelos aspetos físicos):

• Alegre e branda («O teu corpo, que pulsa, alegre e brando»);

• Terna, honesta e pura («cintura terna, imaculada», «ténue,


dócil, recolhida», «existência honesta»);

• Natural e simples («muito natural», usando um «vestido


simples sem efeitos»).
A figura feminina e o meio envolvente

A «débil» O meio envolvente


(polo positivo) (polo negativo)
 
O espaço que a envolve não «Babel tão velha e corruptora»
se adequa à sua fragilidade (o café, o largo, as ruas e a turba)
Pureza • Inocência • Naturalidade Corrupção • Decadência moral • Degradação

Elementos que evidenciam a corrupção:


o «café devasso» • a «turba ruidosa, negra, espessa» •
o «povo turbulento» • o «bando ameaçador de corvos pretos»

Contraste poeticamente captado = com a «vista de poeta»:


«Uma pombinha tímida e quieta / Num bando ameaçador de corvos pretos.»
[corvos = padres de batina]
A figura feminina e o sujeito poético

Autodescrição do sujeito poético:

• É «feio, sólido, leal»; «hábil, prático, viril» (último verso da composição);

• Vive rodeado — e influenciado — por uma realidade decadente (bebe);

• Possui a «vista de poeta» (poetização do real).


A figura feminina e o sujeito poético

Efeitos da figura feminina no sujeito poético:

• A mulher pura de «semblante grego» suscita no sujeito poético


um desejo protetor (pretende protegê-la e isolá-la da degradação circundante).
«Mas se a atropela o povo turbulento!
Se fosse, por acaso, ali pisada!»

• O eu poético pensa redimir-se, regressando a um estado salutar e de bondade.


«Mandei ir a garrafa, porque sinto
Que me tornas prestante, bom, saudável.»

Mulher regeneradora
Recursos expressivos

Metáfora e antítese • «Uma pombinha tímida e quieta / Num bando


ameaçador de corvos pretos»
Exclamação • «Adorável!»
• «turba ruidosa, negra, espessa»
Tripla adjetivação
• «Atravessavas branca, esbelta e fina,»
Paralelismo sintático • «A ti, que és ténue, dócil, recolhida, / Eu, que
e antítese sou hábil, prático, viril.»
• «café devasso»
Hipálage
• «cintura terna, imaculada»

Sublinham:
• a delicadeza da figura feminina;
• o contraste entre o espaço que envolve a figura feminina e a fragilidade desta;
• os efeitos da figura feminina no sujeito poético.

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