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A POESIA Professora

Letícia Coleone Pires


A POESIA
oEm sentido estrito, os antigos entendiam a
poesia como a habilidade de construir bem
uma composição de palavras, capaz de
despertar nas pessoa o sentimento do belo,
de elevá-las a um plano espiritual superior
e proporcionar prazer.

oNa atualidade, poesia ainda é vista como a


arte de refinada construção verbal.
O POEMA
oO objeto inventado pela poesia chama-se poema.

oAssim, poema é um artefato, um produto acabado


resultante do fazer artístico.

oPoema é a obra de arte verbal realizada concretamente.


A poesia refere-se à essência.

O poema refere-se à forma.
OS ELEMENTOS
BÁSICOS DO POEMA
São três os elementos básicos que constituem um poema,
tradicionalmente escrito em versos:

1) Elemento sonoro ou conjunto de técnicas aplicadas para criar


efeitos acústicos, musicais, por meio das palavras → MELOPEIA
2) Elemento plástico (figurativo ou abstrato) ou conjunto de
técnicas aplicadas para criar imagens que afetam a imaginação
visual → FANOPEIA
3) Elemento intelectual (ideias, pensamentos, sensações,
sentimentos) que se revela na sintaxe do texto, na lógica de
sua organização, em sua carga semântica, nas referências e
influências artísticas e culturais → LOGOPEIA
Os poetas se esforçam para fundir esses três elementos e
com eles compor uma só totalidade significativa, em que
cada parte é solidária às demais, de modo que o som seja o
eco do sentido e a imagem, seu reflexo. O poeta busca
correspondências entre sons, imagens e ideias.

Geralmente, os poemas tendem para um ou outro desses


três elementos, de modo que um deles acaba predominando
sobre os demais, sem eliminar nenhum. Assim, temos a
poesia de melopeia (em que predomina o elemento
sonoro), a poesia de fanopeia (que tem a imagem como
elemento principal), e a poesia de logopeia (em que
prevalece o elemento intelectual).
MELOPEIA
Dentre os recursos sonoros que constituem a Melopeia,
podemos citar:

1) RITMO: o ritmo de um poema é a sua cadência, que é


dada pela disposição de sílabas tônicas e átonas nos
versos e a distribuição de pausas (cesuras). O ritmo é
como a respiração que pode ser lenta, rápida, ofegante,
nervosa etc. O ritmo de um poema é regular quando todos
os versos têm a mesma cadência.
2ª 5ª 8º 11ª
No meio das tabas de amenos verdores,
Cercadas de troncos – cobertos de flores,
Alteiam-se os tetos d’altiva nação;
São muitos seus filhos, nos ânimos fortes,
Temíveis na guerra, que em densas cortes
Assombram das matas a imensa extensão.
(fragmento de “I- Juca- Pirama”, de Gonçalves
Dias)


Os acentos recaem sobre a 2ª, a 5ª, a 8ª e a 11ª
sílabas tônicas.
O ritmo é variado quando versos de cadência diferentes se
sucedem, sem intervalos fixos de repetição, como se observa
nas primeiras estrofes do poema “A canoa fantástica”, de
Castro Alves:

Pelas sombras temerosas


Onde vai esta canoa?
Vai tripulada ou perdida?
Vai ao certo ou vai à toa?
2) MÉTRICA: verso é uma linha do texto, que após atingir
uma determinada media, volta ao ponto de partida de contagem
na linha seguinte, para iniciar uma outra sequência de palavras,
também portadora de uma medida. Essa medida é dada pelo
número de sílabas poéticas do verso. Os versos praticados em
nossa língua chama-se metros. Eles variam segundo o número
de sílabas poéticas que contêm. A verificação da métrica se faz
por escansão, isto é, pela decomposição dos versos em suas
sílabas poéticas. Os metros mais frequentes são:

oPentassílabo ou redondilha menor: verso de cinco sílabas


poéticas e um dos preferidos da poesia popular e culta.
oHexassílabo: verso de seis sílabas poéticas.
oHeptassílabo, setessílabo ou redondilha maior: verso de sete
sílabas poéticas, tem a preferência da poesia popular.
oOctossílabo: verso de oito sílabas métricas. Até meados do século XIX era
raro na Literatura portuguesa e brasileira, depois passou a ser mais
praticado. É muito frequente na poesia de João Cabral de Melo Neto.
oEneassílabo: verso de nove sílabas poéticas, geralmente com pausas na
terceira e sexta sílabas; metro que apresenta um ritmo palpitante.
oDecassílabo: verso de dez sílabas poéticas, chamado italiano porque Sá de
Miranda o trouxe da Itália e introduziu-o em Portugal em 1527. Desde
então, tornou-se o preferido dos poetas na poesia lírica. É o verso clássico
por excelência. Quando as pausas recaem sobre a sexta e décima sílabas são
chamados heroicos; quando há pausas na quarta, oitava e décima sílabas
recebem o nome de sáficos.
oHendecassílabo: verso de onze sílabas poéticas, também chamado de arte
maior.
oAlexandrino ou dodecassílabo: verso de doze sílabas poéticas, com pausa
obrigatória na sexta sílaba. De origem francesa, foi introduzido em nossa
língua no século XIX, passando a ser muito cultivado pelos poetas
parnasianos.
Versos isométricos: quando todos os versos têm o mesmo
número de sílabas poéticas.

Versos polimétricos: quando os versos de um poema


apresentam números diferentes de sílabas poéticas.

Verso livre: verso sem medida fixa. Criado pelos simbolistas


franceses, tornou-se corrente em Portugal e no Brasil do
Modernismo em diante.
METRIFICAÇÃO
Metrificar (fazer a metrificação) ou escandir fazer a escansão)
um verso significa contar seu número de sílabas poéticas.

Na contagem de sílabas poéticas, o que interessa é a maneira


como as palavras são pronunciadas. Seguem-se duas regras:
quando uma palavra termina em vogal e a seguinte começa
em vogal, se essas vogais forem pronunciadas juntas, teremos
apenas uma sílaba poética;
convencionou-se que só se deve contar até a última sílaba
tônica do verso.
O/ poe/ ta é/ um/ fin/ gi/ dor - 7 Sílabas literárias
O/ po/ e/ ta/ é/ um/ fin/ gi/ dor - 9 Sílabas gramaticais
_____________________________________________
Fin/ ge/ tão/ com/ ple/ ta/ men/ te - 7 Sílabas literárias
Fin/ ge/ tão/ com/ ple/ ta/ men/ te - 8 Sílabas gramaticais
_____________________________________________
Que/ che/ ga a/ fin/ gir/ que é/ dor - 7 sílabas literárias
Que/ che/ ga/ a/ fin/ gir/ que/ é/ dor - 9 Sílabas gramaticais
_____________________________________________
A/ dor/ que/ de/ ve/ ras/ sen/ te - 7 sílabas literárias
A/ dor/ que/ de/ ve/ ras/ sen/ te - 8 Sílabas gramaticais
“A língua do nhem”, de Cecília Meireles.
Há/vi/a u/ uma/ ve/ lhi/ nha (a última sílaba não conta)
Que an/ da/ va a/bo/ rre/ ci/ da
Pois/ da/ va a/ su/ a/ vi/da
Pra/ fa/ lar/ com/ al/ guém

É/ pre/ci/so a/ama/r as/ pe/sso/as/ co/ mo/ se/ não/ hou/ ve/sse
a/ma/ nhã – Renato Russo
EXERCÍCIO
 a)“Es-tou- dei-ta-do-so-bre  mi-nha- ma-la” decassílabo
b) “Ah! Quem – há - de ex-pri-mir, al-ma im-po-nen-te e es-cra-va” (Olavo
Bilac)
c)  “A nuvem guarda o pranto” (Alphonsus de Guimaraens)
d) “Tu choraste em presença da morte” (G. Dias)
e)  “Vagueio campos noturnos” (Ferreira Gullar)   
f)    “Não sei quem seja o autor” (B. Tigre)
g) “e a boca é um pedaço de qualquer tecido vermelho.”  (Manuel de Fonseca)
h) “que ama, protesta?” (Drummond)
i) “Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto”  (V. Moraes)
j) “Amou daquela vez como se fosse a última” (Chico Buarque)
A) Es|tou | dei|ta|do | so|bre| mi|nha| ma|la   –  decassílabo
b)      “Ah!/ Quem/ há/ de ex/pri/mir/,al/ma im/po/nen/te e es/cra/va”
(Olavo Bilac) – 12 sílabas poéticas. Alexandrino

c)      “A| nu|vem| guar|da o| pran|to” (Alphonsus de Guimaraens) –


hecaxílabo

d)      “Tu| cho|ras|te em| pre|sen|ça| da| mor|te” (G. Dias) – eneassílabo
ou jâmbico

e)      “Va/gueio/ cam/pos/ no/tur/nos” (Ferreira Gullar)    – hecaxílabo

F) Não/ sei/ quem/ se/ja o au/tor” (B. Tigre)  –  pentassílabo ou


redondilha menor
g)      “e a/ bo/ca é um/ pe/da/co/ de/ qual/quer/ te/ci/do/
ver/me/lho.”  (Manuel de Fonseca)  – bárbaro (mais de 12)

H) que/ a/ ma,/ pro/ tes/ ta” – Drummond – redondilha menor

h)      Que/ro a  a/le/gri/a/ de um/ bar/co/ vol/tan/do.  –  decassílabo

i) “An/tes,/ e/ com/ tal/ ze/lo, e/ sem/pre, e/ tan/to”  (V. Moraes) –


decassílabo

j)        “A/mou/ da/que/la/ vez/ co/mo/ se/ Fo/sse a  úl/tima” (Chico


Buarque) – hendecassílabo ou datílico
3) RIMAS: concordância sonora que ocorre
entre palavras ou expressões nas últimas vogais
tônicas de cada uma delas. As rimas podem ser
classificadas:

a) Quanto à acentuação em:


• agudas: oxítonas (fez/inglês)

• graves: paroxítonas (agreste/ veste)

• esdrúxulas:proparoxítonas
(amoníaco/zodíaco)
b) Quanto a igualdade sonora:
• consoante: quando há coincidência sonoro total a partir da
última vogal tônica
Eu, filho do carbono e do amoníaco,
Monstro de escuridão e rutilância,
Sofro, desde a epigénesis da infância,
A influência má dos signos do zodíaco. (Augusto dos Anjos,
Psicologia de um vencido)

• toante: quando há coincidência apenas tônica


Como se ama o crepúsculo da aurora,
A mansa viração que o bosque ondeia,
O sussurro da fonte que serpeia,
Uma imagem risonha e sedutora; (Como eu te amo –
Gonçalves Dias)
Rimas ricas — quando ocorrem entre termos de classes gramaticais
diferentes:
Mas que na forma se disfarce o emprego [substantivo]
Do esforço: e a trama viva se construa [verbo]
De tal modo, que a imagem fique nua [adjetivo]
Rica mas sóbria, como um templo grego [adjetivo]

. Rimas pobres — quando ocorrem entre termos de uma mesma


classe gramatical:
De repente do riso fez-se o pranto [substantivo]
silencioso e branco como a bruma [substantivo]
e das bocas unidas fez-se a espuma [substantivo]
e das mãos espalmadas fez-se o espanto [substantivo]
D) Quando à disposição em:

• emparelhadas ou parelhas: Combinam-se de duas em duas,


seguindo o esquema AABB.
“Vagueio campos noturnos
 Muros soturnos 
 Paredes de solidão
 Sufocam minha canção.”  (Ferreira Gullar)

• alternadas ou cruzadas: Combinam-se alternadamente,


seguindo o esquema ABAB.
“O meu amor não tem
 importância nenhuma.
 Não tem o peso nem
 de uma rosa de espuma!”  (Cecília Meireles)
•Opostas ou enlaçadas: Combinam-se numa ordem oposta,
seguindo o esquema ABBA.
“De tudo, ao meu amor serei atento
 Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
 Que mesmo em face do maior encanto
 Dele se encante mais meu pensamento.”  (Vinícius de Moraes)

• Encadeadas ou internas: Quando as palavras que rimam se


situam no fim de um verso e no início ou meio do outro.
“Salve Bandeira do Brasil querida
 Toda tecida de esperança e luz
 Pálio sagrado sobre o qual palpita
 A alma bendita do país da Cruz”  (Francisco de Aquino Correia)

• Versos brancos ou soltos: versos que não apresentam rima final


MELOPEIA
4) FIGURAS DE HARMONIA: são jogos sonoros
explorados pelos poetas que, junto ao ritmo dos versos,
multiplicam e enfatizam os significados do poema.

• onomatopeia: palavra ou combinação de palavras que


imitam um outro som (“Chove chuva choverando” – O. de
Andrade).

• aliteração: repetição dos sons de consoantes (“vozes


veladas veludosas vozes / volúpia de violões...”- Cruz e
Sousa).
assonância: jogo sonoro de vogais (“Ah! Um urubu pousou na
minha sorte” – A. dos Anjos – em que o som fechado do /u/
reforça a imagem lúgubre e macabra). Ao timbre das vogais é
comum associarem-se cores: o branco ao /a/ aberto, e o preto ao
/u/.

paronomásia: palavras parônimas, semelhantes no som, mas


com sentido diferente (“Não vês que a última estrela/ No céu
nublado se vela? Colhe a vela, / Ó pescador!” – A. Garrett)
O Teatro Mágico
Será que a sorte virá num realejo?
Trazendo o pão da manhã
A faca e o queijo / Ou talvez um beijo teu
Que me empreste a alegria que me faça juntar
Todo resto do dia meu café, meu jantar
Meu mundo inteiro...
que é tão fácil de enxergar / E chegar
FANOPEIA
São elementos que afetam a imaginação óptica,
quando a palavra é usada principalmente para
lançar uma imagem visual na imaginação do
leitor, para Haroldo de Campos, trata-se de uma
metáfora visual. Dentre esses elementos,
destacam-se as FIGURAS DE LINGUAGEM,
tais como:
1) metáfora: uso de uma palavra em sentido que é próprio de
outra, isto é, em sentido “transportado” a palavra grega
metaphorá significa transporte).

Trata-se de uma comparação implícita, porque a substituição de


uma palavra por outra se fundamenta em relações de semelhança

“Donde vem?...Onde vai?...Das naus errantes


Quem sabe o rumo se é tão grande o espaço?
Neste Saara os corcéis o pó levantam,
Galopam, voam, mas não deixam traço.” (Castro Alves)

 O Saara metaforiza o mar, os corcéis, as naus e o pó, a espuma).

Obs: há também a comparação


2) catacrese: é o emprego de uma expressão para designar coisas ou ideias análogas,
desprovidas de um nome próprio (“pé da mesa”, “embarcar no avião” constituem
exemplos cristalizados; “descascar fatos” é uma catacrese original e expressiva usada
por Graciliano Ramos em São Bernardo).

3) alegoria: é um desenvolvimento narrativo da metáfora; conjunto de metáforas


dispostas numa narrativa. Também pode ocorrer quando há personificação de uma
ideia; coisas abstratas ganham forma humana (Auto da Lusitânia com os personagens
“Todo mundo” e “Ninguém”; Gigante Adamastor é alegoria dos perigos do mar).

4) símbolo: por princípio de analogia representa ou substitui outra coisa; imagem que
vale como um sinal da coisa que se quer identificar (a cruz → cristianismo; a pomba
→ paz; espada → guerra →; branco → pureza; verde → esperança etc.)

5) autonomásia/ prerífrase: substituição de um nome próprio por uma perífrase ou


por uma qualidade intrínseca a ele (“o filho de Maria” para Jesus; “O Genovês” para
Cristovão Colombo; “o rei do futebol” para Pelé, “o poeta dos escravos” para Castro
Alves etc.).
6) metonímia: utilizada para substituir um termo por outro, “emprestando” o seu sentido.
Por isso, a substituição normalmente é feita entre termos que compartilham características e que
estejam relacionados de alguma forma, de modo que o sentido entre eles fique claro. 

Parte pelo todo: Ele possuía inúmeras cabeças de gado. (bois)


Causa pelo efeito: Consegui comprar a televisão com meu suor. (trabalho)
Autor pela obra: Li muitas vezes Camões. (obra literária do autor)
Inventor pelo Invento: Meu pai me presenteou com um Ford. (inventor da marca
Ford: Henri Ford)
Marca pelo produto: Meu pai adora tomar Nescau com leite. (chocolate em pó)
Matéria pelo objeto: Passou a vida atrás do vil metal. (dinheiro)
Singular pelo plural: O cidadão foi às ruas lutar pelos seus direitos. (vários
cidadãos)
Concreto pelo abstrato: Natália, a melhor aluna da classe, tem ótima cabeça.
(inteligência)
Continente pelo conteúdo: Quero um copo d’água. (copo com água)
Gênero pela espécie: Os homens cometeram barbaridades. (humanidade)
LOGOPEIA
Fazem parte da Logopeia as Figuras de Construção, pois elas implicam
operações racionais, intelectuais.
1) FIGURAS DE CONSTRUÇÃO:

 anáfora: repetição de uma palavra ou expressão no início de versos,


períodos ou frases (“um despejo quieto e vergonhoso;/um repouso
gravíssimo e modesto;/ uma pura bondade, manifesto”)

pleonasmo: redundância de uma palavra ou expressão (“Sete anos de


pastor Jacó servia/ Labão, pai de Raquel, serrana bela;/mas não servia ao
pai, servia a ela,/ e a ela só por prêmio pretendia.”)
Elipse: omissão de palavras ou expressões subentendidas (“A
espaços, iluminam-se os andares”, em que há elipse da expressão “dos
edifícios” que fica subentendida.

polissíndeto: emprego reiterado de conectivos numa sequência


coordenada (“Trabalha, e teima, e lima, e sofre, e sua!”)

Assíndeto: coordenação de termos ou orações sem utilização de


conectivos: “Chinelos, vaso, descarga. Pia, sabonete. Água. Escova,
creme dental, água, espuma, creme de barbear, pincel, espuma, gilete,
água, cortina, sabonete, água fria, água quente, toalha.” (Ricardo
Ramos)
quiasmo: nome deriva da letra grega X, pois se trata do
cruzamento de palavras ou expressões na forma dessa a letra (“Onde
nasci, morri./ Onde morri, existo.”)
NASCI MORRI

X
MORRI EXISTO
Ao lado da Figuras de Construção, pertencem ao domínio da
Logopeia as FIGURAS DE PENSAMENTO, tais como:

1) comparação ou símile: estabelece uma explícita relação de


semelhança entre dois ou mais elementos, geralmente ligados
pela conjunção comparativa “como”. (“Como sobe cantando a
cotovia,/ Para o céu a minh’alma sobe e canta.”)

2) antítese: oposição de ideias, sentimentos ou imagens (“ Depois


da luz, se segue a noite escura... / Em contínuas tristezas, a
alegria.”)

3) paradoxo: expressão de algo que contradiz a opinião geral,


também chamado de contradição; variante da antítese: (“O mito
é o nada que é tudo”).
4) oxímoro: tipo de paradoxo, variante da antítese, pode ser definido
como um paradoxo sintético, isto é, uma sequência em duas
expressões antagônicas são reunidas; desse choque resulta um efeito
de estranhamento , rico em sugestões (“morto-vivo”, “Fui-o outrora
agora”).

5) ironia: as palavras dizem uma coisa na aparência, mas, na essência,


o sentido que elas sugerem é o contrário do que parecem dizer (“Toda
a gente que eu conheço e eu fala comigo/ Nunca teve uma to
ridículo, nunca sofreu enxovalho,/Nunca foi senão príncipe –
todos eles príncipes – na vida...”). O poeta na verdade denuncia que
as pessoas mentem ao se fazerem passar por indivíduos superiores.

6) apóstrofe: invocação de pessoas, seres sobrenaturais, forças e


formas da natureza, sentimentos, noções abstratas (“Senhor Deus dos
desgraçados!/ Dizei-me vós, Senhor Deus!/ Se é loucura...se é
verdade”).
7) hipérbole: exagera as quantidades das coisas, ao máximo ou ao
mínimo (“Há menos peixinhos a nadar no mar/ do que os beijinhos
que eu darei na tua boca”)

8) gradação: cadeia progressiva de palavras, que ordenadas em


sentido crescente constituem a gradação ascendente ou clímax, e
em sentido decrescente, gradação descendente ou anticlímax.
“Os vales aspiram a ser outeiros, e os outeiros a ser montes, e os
montes a ser Olimpos e exceder as nuvens” - Pe. Vieira – gradação
ascendente
“Oh não aguardes que a madura idade/ Te converta essa flor, essa
beleza,/ Em terra, em cinza, em pó, em sombra, em nada” –
Gregório de Matos – gradação descendente.
9) prosopopeia: personificação em que coisas inanimadas
ganham vida, falam e agem como pessoas. É o caso do Gigante
Adamastor que representa o Cabo das Tormentas, tornado
figura mitológica. Há prosopopeia também quando se dá voz a
pessoas ausentes, mortas ou imaginadas, ou mesmo a animais,
como nas fábulas (“Eu amo esses olhos que falam de amores”
– G. Dias)

10) Eufemismo: atenuamento intencional da expressão em


certas situações: “Falta-lhe inteligência para compreender
isso.”

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