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O POVO

XETÁ

Quem foram; Nome; Língua; Localização; Os primeiros INSTITUTO ESTADUAL DA EDUCA


contatos; Sobrevivêntes; e Depoimentos  09/06/2021 - TURMA: 204 
ANA CAROLINE CALONICO 
JOÃO VITOR PEREIRA 
QUEM FORAM OS XETÁ?
.Os Xetá foram a última etnia do estado do Paraná a entrar em contato com a
sociedade nacional. Na década de 40, frentes de colonização invadiram seu
território, reduzindo-o drasticamente. No final dos anos 50, estavam
praticamente exterminados. Em 1999 restavam apenas oito sobreviventes.
Hoje, vivem dispersos nos estados do Paraná, Santa Catarina e São Paulo.
NOME E LÍNGUA:
•  Xetá, Héta, Chetá, Setá, Ssetá, Aré, Yvaparé e até Botocudo são
as denominações pelas quais os Xetá podem ser identificados na
literatura, relatos de viajantes e fontes documentais que tratam da
presença desse povo indígena. 
• No entanto, Xetá é o termo correntemente empregado desde 1958,
na literatura antropológica, para identificá-los, apesar de na compreensão dos
sobreviventes do grupo a palavra não possuir qualquer significado. Dos
nomes indicados, héta (muito [a, os, as], bastante) é o único pertencente a
sua língua, sem contudo representar uma categoria nativa para se auto-
identificarem.
• Classificada como pertencente à família lingüística Tupí-Guaraní, a
língua Xetá, aproxima-se do grupo dialetal Guarani, principalmente
da parcialidade Mbyá, em sua fonologia e léxico.
LOCAL DE ORIGEM: 
•Habitantes originais do noroeste
paranaense, o território tradicional dos
Xetá é conhecido como Serra dos
Dourados, principalmente no espaço
compreendido ao longo do rio Ivaí
(margem esquerda até a sua foz no rio
Paraná) e seus afluentes, o rio Indoivaí,
o córrego Duzentos e Quinze (onde
foram localizadas várias de suas
aldeias), o rio das Antas, o do Veado, o
Tiradentes e o córrego Maravilha;
espaços onde hoje estão localizados
alguns núcleos de desenvolvimento
como Umuarama, Cruzeiro do Oeste,
Icaraíma, Douradina e outros
municípios
OS PRIMEIROS CONTATOS:
• Embora o primeiro contato direto dos Xetá com os brancos só tenha se dado
oficialmente em 1954, as evidências de sua presença na região já eram registradas
pelas frentes de colonização desde o final da década de quarenta. Na ocasião,
1949, e posteriormente em 1951 e 1952, a 7ª Inspetoria Regional do SPI, com sede
em Curitiba, enviou funcionários ao local no intuito de que o grupo fosse
localizado. Porém, nenhum dos enviados alcançou êxito em sua missão, apesar de
haverem comprovado a presença indígena no local através de diferentes vestígios,
como por exemplo aldeias recém-abandonadas e objetos de cultura material. 
• A ocupação do território Xetá deu-se, principalmente, através das
seguintes frentes: (1) a expansão da cafeicultura; (2) implantação e
implementação das fazendas de criação de gado e agricultura, e (3) as ações
das companhias de colonização e imigração que obtinham terras do governo
a baixo custo, loteavam-nas e promoviam a sua ocupação.
OS PRIMEIROS CONTATOS: 
•  Várias crianças foram pegas por brancos para serem por eles criadas e
alguns Xetá que viviam nas imediações da Fazenda Santa Rosa foram
levados por agentes da 7ª Inspetoria Regional do SPI para outras áreas
indígenas do Paraná. Aqueles índios que permaneceram no que restou do
seu território de origem vagavam pelos povoados que rapidamente se
instalaram na região. 
• Em 1981, o decreto nº 86041 realiza a criação do Parque Nacional de
Sete Quedas sem que os Xetá tivessem nele garantidas as suas terras.
OS PRIMEIROS CONTATOS:
• Desde o período das primeiras notícias da presença Xetá na região
noroeste do Paraná, até a data da criação do Parque Nacional de Sete
Quedas, houve uma grande dizimação da sociedade que, conforme os
dados de memória dos sobreviventes do grupo, já sofriam os efeitos da
chegada das frentes colonizadoras muito antes do estabelecimento do
contato efetivo com os brancos. As mortes foram provocadas por
intoxicação alimentar, envenenamentos, doenças infecto-contagiosas
como gripe, sarampo e pneumonia, extermínio com armas de fogo e
queimas de aldeias, rapto de crianças, entre outras ações dos invasores de
seu território de origem. 
OS PRIMEIROS CONTATOS:
• Os trágicos efeitos da política colonizadora do governo do estado do Paraná na
região da Serra dos Dourados somados à omissão e negligência do SPI, no que
tange à sua competência enquanto órgão de assistência e proteção aos povos
indígenas, resultou na perda do território tradicional Xetá e na extinção da
sociedade, da qual sobreviveram apenas alguns indivíduos.
• A população Xetá que habitava a região da Serra dos Dourados ainda hoje é
desconhecida, apesar de estimada, pelos registros documentais e bibliográficos de
época, em 250 indivíduos.
• Os registros de memória dos sobreviventes Xetá, no entanto, apontam que o seu
povo era muito numeroso, aproximadamente 400 pessoas distribuídas em pequenos
núcleos familiares, ou seja, famílias patrilocais extensas, que a princípio habitavam
nas oka-auatxu (lugar grande, aldeia grande), formadas pelos tapuy-apoeng (casa
grande). Nestas habitações viviam várias famílias. Nelas eram realizados
vários rituais, inclusive o de iniciação masculina.
OITO SOBREVIVENTES: 
• Os Xetá somavam em 1999 um total de oito indivíduos que sobreviveram à sua
sociedade: três mulheres e cinco homens. Todos eles ligados entre si pelos laços
de parentesco. Dados atuais de pesquisa indicam a possibilidade de existirem
mais quatro sobreviventes.
• Diferentemente de outros povos indígenas brasileiros, os remanescentes Xetá
não vivem em sociedade e tampouco convivem em um mesmo espaço territorial
organizado em aldeias, nem compartilham dos mesmos códigos e pauta cultural
de seu povo. De caçadores e coletores, vivem hoje na condição de assalariados,
servidores públicos, empregados domésticos e bóias-frias. De herdeiros de um
território de ocupação tradicional, vivem como agregados em terras Kaingang,
Guarani, ou como inquilinos no meio urbano-rural.  
OITO
SOBREVIVENTES: 
• Afastados pelos colonizadores do
convívio em grupo desde a infância
e adolescência, os sobreviventes
Xetá vivem em diferentes pontos no
Estado do Paraná, Santa Catarina e
São Paulo. Seus descendentes
somam hoje quarenta e duas pessoas
que, como eles, casaram-se com
Kaingang, Guarani e não-índios.
Os sobreviventes Xetá: (da esquerda p/ baixo): Tiküein, Tuca
Tiküein, Ã, Tiguá e Kuein. Foto: Márcia Rosato, 30 de Agosto,
1997, Curitiba, Paraná
DEPOIMENTOS:
VIDA ANTES DO CONTATO
“Sempre tínhamos muita caça, frutas e mel. Gostávamos muito de
doce. Não conhecíamos e nem usamos o açúcar e o sal. Além das
frutas do mato, nós tínhamos o mate ‘kukuay’, nossa bebida do dia
a dia, que era macerado no pilão, e depois colocávamos na água
fria e bebíamos. Alimentávamos ainda de pequenas larvas,
extraídos do tronco de palmeiras, aves, palmitos e outras coisas que
tínhamos no mato. Naquele tempo tínhamos muita fartura, não
passávamos fome”. (Relato de Kuein, Tuka e Tikuein)

 
DEPOIMENTOS: 
A VIOLÊNCIA
 “Morávamos no mato, não conhecíamos ainda os brancos, apesar de vivermos
correndo deles de um lado para o outro. Nesse dia, nós estávamos brincando
dentro d’água, quando eu acho que os brancos ouviram a gente conversando.
Um dos homens saltou no rio e me pegou. Eu e o finado meu irmão, Geraldo. A
à e os outros escaparam. Ela correu e foi no acampamento avisar pai que nós
havíamos sido pegos. Aquele homem me pegou, jogou-me nas costas e levou-
me. Tive muito medo dele, porque nós, índios puros, não somos barbudos, e
aquele branco era barbudo. Senti medo e pensei: ele vai comer eu. Pra mim ele
era bicho. Quer dizer, pra nós o branco era bicho, e pra branco, o índio também
é bicho, né.”.  (Relato de Tikuen Mã, falecido em 2005)
REFERÊNCIAS: 

• https://pib.socioambiental.org/pt/Povo:Xet%C3%A1
• https://cimi.org.br/2007/10/26578/
• https://www.youtube.com/watch?v=_aUyib-
tAlo&t=909s

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