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A CONDIÇÃO HUMANA

Será que as ideias que um Homem carrega se sobrepõem ao valor da própria


vida humana?

Francisco Figueiredo, 12ºC3


O autor
Contexto socio-histórico

China dividida antes das revoltas


populares

Chiang Kai Chek, líder do Kuomintang,


partido que lutou pela reunificaçao da
China
Contexto socio-histórico

Massacre de Xangai de 1927, no


Bandeira do Exército Vermelho qual o Kuomintang traiu os
pertencente ao Partido Comunista comunistas que tinham colaborado
Chinês na libertação da cidade
Síntese da obra - protagonistas
• Jovem adulto japonês que coordena o movimento comunista e um dos
Kyo líderes ideológicos, acabando por ser condenado à morte no final

• Homem russo que havia participado na revolução soviete e agora iria ajudar
a espalhar o comunismo na China, colaborando com Kyo de quem é amigo,
Katow sob orientação de Moscovo

• Jovem chinês que cresceu quase desde sempre sem os pais e não vê outro
sentido na vida senão em dá-la para fazer valer as suas ideias e atingir o
Tchen bem-maior

• Barão francês que vive na China uma vida boémia como traficante de ópio e
Clappique negociador de armas
Síntese da obra – outras personagens
• Presidente do consórcio francês no Oriente
Ferral • Assegura os interesses ocidentais durante a revolução

• Médica alemã que aderiu à causa comunista


May • Casada com Kyo, numa relação particular

• Pai de Kyo
Gisors • Assiste à revolução com um misto de sentimentos e acaba por
sofrer com a morte do filho

• Vendedor de gramofones que inicialmente colaborou


Hemmelrich passivamente na revolução
Lentidão da ação
240 páginas 15 páginas

Início da ação - 21 de Final da ação – 12 de


março de 1927 abril de 1927
Suspense derivado da minúncia
 “Um único gesto, e o homem estaria morto. O matar não era
nada; o tocar é que era impossível. E era preciso ferir com
precisão. O adormecido, deitado de costas, no meio da cama
à europeia, estava apenas em cuecas, mas, sob a pele gorda,
as costelas não eram visíveis. Tchen tinha de tomar para
referência os mamilos. Sabia como era difícil ferir de cima
para baixo. Tinha pois o punhal com a lâmina no ar, mas o
seio esquerdo era o mais afastado; através da rede do
mosquiteiro, teria de ferir a todo o comprimento do braço,
com um movimento curvo como o de um balouço. Mudou a
posição do punhal: lâmina horizontal. Tocar aquele corpo
imóvel era tão difícil como bater num cadáver, talvez pelas
mesmas razões. Como convocado por esta ideia de cadáver,
um estertor se ergueu.” (p. 14/15)
Descrições contemplativas impressionistas
recorrentes

 Conjunção da descrição objetiva da cidade com a


captação do ambiente revolucionário
“Sacudida pela sua angústia, a
noite borbulhava como um
enorme fumo negro cheio de
faúlhas; ao ritmo da sua
respiração cada vez menos
ofegante, imobilizou-se e, no
despedaçar das nuvens, as
estrelas restabeleceram-se no
movimento eterno que o
invadiu com o ar mais fresco de
fora.”
Xangai na época revolucionária
Densidade das personagens e das relações entre si

 Tchen e Gisors
 Gisors havia substiuído os pais de Tchen, sempre ensinando-o a viver
pelas suas ideias

 O rapazincutiu a ideia de que precisa de matar para fazê-las valer e


confessa a Gisors o seu primeiro assassínio

 Desencadeia um conflito interior em Gisors, pois sabe que não o pode


impedir de o fazer, foi assim que lhe ensinou e que por mais que receba
a notícia apreensivo, reconhece que nunca sentiu tanto afeto pelo rapaz
como por Kyo
Densidade das personagens e das relações entre si

 Exemplificação:

 “A propensão da inteligência de Gisors levava-o sempre em auxílio


dos seus interlocutores; e ele tinha afeição por Tchen. Mas
começava a ver claro: a ação nos grupos de choque já não bastava
ao jovem, o terrorismo tornava-se para ele uma fascinação”

 «Uma vez que não queria responder com ideias feitas, só tinha que
aprovar. Sentia contudo alguma dificuldade em fazê-lo. “Estou a
envelhecer”, pensou.»
Densidade das personagens e das relações entre si

Qual é o valor da vida humana?

Se o Homem não deixa mais que as suas ideias, valerá


por certo dar a vida por elas. Contudo, isso dá o direito de
tirar a vida a outros homens por essas ideias?

Quando um homem tira a vida a outro, com vista a


melhorar as condições de vida de uma maioria, está a agir
mal? E todos os que dependem desse que é assassinado?
Direitos humanos subjacentes na mensagem da obra

 Artigo 23º:
 1. Todo ser humano tem direito ao trabalho, à livre escolha de
emprego, a condições justas e favoráveis de trabalho e à proteção
contra o desemprego.

 3. Todo ser humano que trabalha tem direito a uma remuneração


justa e satisfatória que lhe assegure, assim como à sua família, uma
existência compatível com a dignidade humana e a que se
acrescentarão, se necessário, outros meios de proteção social.

 4. Todo ser humano tem direito a organizar sindicatos e a neles


ingressar para proteção de seus interesses.
Direitos humanos subjacentes na mensagem da obra

 Urgência do povo de Xangai em conseguir estes


direitos

“À direita, por baixo de auriflamas verticais


cheias de caracteres: “Mais que doze horas de
trabalho por dia, Não mais trabalho de crianças
com menos de oito anos”, milhares de
operários das fiações estavam de pé,
acocorados, deitados nos passeios numa tensa
desordem.”
Direitos humanos subjacentes na mensagem da obra

 Kyo Gisors
 Vontade de restituir a dignidade aos que não a têm

«“Não há dignidade possível, não há vida real para um


homem que trabalha doze horas por dia sem saber por
que trabalha.” Urgia que esse trabalho tivesse um
sentido, se tornasse uma pátria. As questões individuais
não se punham para Kyo senão na vida privada»
Direitos humanos subjacentes na mensagem da obra

 Atualidade
 Relatos de abusos a trabalhadores migrantes que não
têm hipótese de se defenderem

Fonte: https://www.publico.pt/
Direitos humanos subjacentes na mensagem da obra

 Artigo 21:
 1. Todo ser humano tem o direito de tomar parte no
governo de seu país diretamente ou por intermédio de
representantes livremente escolhidos.

 3. A vontade do povo será a base da autoridade do


governo; essa vontade será expressa em eleições
periódicas e legítimas, por sufrágio universal, por voto
secreto ou processo equivalente que assegure a liberdade
de voto.
Direitos humanos subjacentes na mensagem da obra

 Longo caminho até à democracia


A imposição dos regimes políticos era Atualmente a imposição destes regimes é feita
feita com recurso ao poder bélico que por campanhas pacíficas e eleições
os seus apoiantes tinham democráticas
Direitos humanos subjacentes na mensagem da obra

Fonte: https://www.dinheirovivo.pt/

NECESSIDADE DE TOMAR CONSCIÊNCIA DO VALOR DA


DEMOCRACIA

“Teria combatido pelo que, no seu tempo, estaria cheio do sentido mais forte e da
maior esperança; morria entre aqueles que quisera fazer viver; morria, como cada
um destes homens deitados, por ter dado um sentido à vida. De que valeria uma
vida pela qual não aceitasse morrer?”(p.228)
A grandiosidade do amor

 Única razão que faz com que Kyo hesite em entregar-se à


morte:

“Não tornaria a ver May, e a única dor à qual era vulnerável era a dor
dela, como se a sua própria morte fosse uma falta. “O remorso de
morrer”, pensou ele, com uma ironia crispada. Nada de parecido com
respeito ao pai que sempre lhe dera a impressão, não de fraqueza,
mas de força. Havia mais de um ano que May o libertara da solidão,
senão da amargura. A lancinante fuga para a ternura dos corpos
enlaçados brilhava, pela primeira vez, ah!, quando pensava nela, já
separado dos vivos... “É preciso agora que ela me esqueça”(p. 228)
Conclusão - mensagem
 Abordagem das múltiplas vertentes da dimensão
humana

 Mensagem: toda a vida tem o seu término, mas as


ideias que cada um defende poderão ser eternas
Conclusão - recomendação

• Prémio Goncourt da literatura em


1933;

• 5ª posição nos Le Monde's 100


Books of the Century

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