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Microfundamentos

econômicos para
negócios

Incerteza

Prof. Dr. Felipe Storch Damasceno

1
Estrutura do curso
1. Fundamentos Econômicos
2. Análise de demanda
3. Escolha sob incerteza
4. Produção e custos

5. Teoria dos Jogos


6. Mercados e Estratégia
7. Assimetria de Informação e Contratos
8. Governo e Global Business
2
Introdução
Vamos agora trazer incerteza e risco para dentro
da nossa análise.

Ao tomar uma decisão, sobre investimento por


exemplo, gestores consideram os possíveis
resultados sob várias circunstâncias. São o que
chamamos de estados da natureza.

3
Introdução
Mesmo que não saibamos qual estado da
natureza vai se realizar, conseguimos inferir
probabilidades sobre eles.

De agora em diante estaremos sempre


considerando cenários com incerteza
quantificável.

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Decisão sob incerteza

Avaliando a incerteza
• Listar as possíveis alternativas
• Listar os possíveis resultados
• Avaliar as chances dos
possíveis resultados ocorrerem
• Decidir qual a melhor opção

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Avaliando risco
Probabilidades representam a chance de algum
estado da natureza ocorrer

Como não sabemos ao certo essa chance,


precisamos inferi-la. Para isso utilizaremos a
frequência.

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Avaliando risco
Usaremos a frequência de dados históricos como a probabilidade
de um estado da natureza ocorrer

Onde,

• θ é a frequência de um evento

• n é o número de sucessos

• N é o número total de dados

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Avaliando risco
• A distribuição de probabilidades distribui
uma determinada probabilidade para cada
possível evento

• Chamaremos de valor esperado a média dos


valores dos estados da natureza, ponderados
pelas probabilidades

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Aversão ao risco
Indivíduos podem ser classificados de acordo com o seu perfil
de risco

• Avesso ao risco – Prefere um valor certo $M do que uma


situação de risco com valor esperado $M

• Amante do risco – Prefere uma situação de risco com valor


esperado $M do que o valor $M com certeza

• Indiferente ao risco – É indiferente entre uma situação de


risco com valor esperado $M ou receber $M com certeza
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Aversão ao risco
Em situações de resultados não triviais, a maior parte
dos indivíduos é avessa ao risco e isso tem
implicações para a decisão empresarial

• Qualidade do produto

• Redes de loja

• Seguro
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Arvores de decisão
Arvores de decisão é jeito conveniente de
representar a decisão com incerteza e risco.

Esse diagrama é bastante útil, pois ilustra


conjuntamente as possibilidades, as opções e as
probabilidades.

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Exemplo
Uma petrolífera está avaliando um determinado
projeto. Pela sua análise, se o poço a ser
perfurado encontrar petróleo, vai gerar um lucro
bruto de R$ 800 mil. Caso não encontre, o lucro é
zero.

O custo de perfuração é de R$ 200 mil e a


probabilidade inferida é 40% para encontrar
petróleo.
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Exemplo
Uma firma fornece motores de aeronaves para o governo e empresas
privadas. Ela precisa escolher entre dois contratos mutuamente
exclusivos.

Se fechar o contrato com uma empresa privada, vai ter um lucro de R$


2 milhões, R$ 7 milhões ou R$ 5 milhões, com probabilidades de 0,25,
0,41 e 0,34 respectivamente.

Se fechar o contrato com o governo, o lucro vai ser R$ 4 milhões ou R$


-2,5 milhões, com probabilidades de 0,45 e 0,55.

Qual o contrato que oferece o maior lucro?

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Tipos de risco
• Condições econômicas

• Incerteza de custos

• Culturas diferentes

• Risco político

• Risco da taxa de cambio


14
Valor da informação

15
Valor da informação
Informação é algo tão importante que virou um
negócio para uma parte relevante do setor
privado

A questão-chave é como usar a informação


disponível para fazer melhores planejamentos e
tomar melhores decisões

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Valor da informação
• Quando o gestor deve adquirir informação
antes de tomar a decisão?

• Como o gestor deve modificar as


probabilidades com a informação disponível?

• Como o gestor deve tomar decisões com a


informação disponível?
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Valor esperado da informação
Valerá a pena para o gestor adquirir informação
quando o valor esperado do projeto com
informação for maior que o valor esperado sem
a informação. Chamaremos a diferença de valor
esperado da informação (EVI).

EVI = valor esperado com informação – valor


esperado sem informação

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Exemplo
Vamos voltar ao exemplo do slide 11, mas agora
a petrolífera contrata, por R$ 50 mil, um geólogo
para analisar o solo antes da perfuração.
Suponha que o teste apresente informação
perfeita.

a) A firma deve fazer o teste?


b) Se sim, ela deve fazer a perfuração?

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Probabilidade condicional
Chamaremos de probabilidade condicional a chance de
ocorrer o evento A, dado que o evento B já ocorreu
previamente

Para calcularmos as probabilidades condicionais,


utilizaremos uma tabela de contingências.

As tabelas de contingência são usadas para registrar


observações independentes de duas ou mais variáveis
aleatórias, normalmente qualitativas.
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Tabela de contingência
Suponha que se tem duas variáveis,
desenvolvimento de tumor maligno (desenvolveu
ou não desenvolveu) e hábito de fumar (fumante
ou não fumante) e considere uma amostra aleatória
(casual) de 100 adultos.

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Exemplo - cont
Suponha agora que o geólogo tenha o seguinte
background de testes:

Dos últimos 100 testes feitos, 50% dos relatórios


foram bons. Destes, 30 poços tinham petróleo. Dos
50 testes ruins, em 10 os poços tinha petróleo.

a) A firma deve fazer o teste?


b) Se sim, a firma deve fazer a perfuração?
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Revisando probabilidades
Resultados empíricos mostram que gestores que
revisam probabilidades com base na intuição
erram na grande maioria das vezes.

Felizmente conhecimento estatístico básico nos


permite fazer essa revisão sem dificuldade

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Exemplo - cont
Suponha que agora, ao invés do geólogo indicar o histórico
de dados ele te dá a seguinte informação:

- Locais com petróleo foram identificados pelo teste das


vezes
- Locais sem petróleo foram identificados no teste das
vezes

a) A firma deve fazer o teste?


b) Se sim, a firma deve fazer a perfuração?
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Previsões intuitivas
Infelizmente o gestor típico não usa o
ferramental descrito para tomada de decisão.

Normalmente ele faz aquilo que chamamos de


métodos informais de previsão, baseados em
julgamentos pessoais, experiência e intuição.

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Previsões intuitivas
Temos dois problemas principais que surgem
com os métodos informais

• Não é checável

• Imprecisão e viés

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Valor de alternativas
Sabemos que ter alternativas é algo valioso.
Escolher dentre várias alternativas é sempre
preferível.

Na maior parte das decisões gerenciais as


alternativas não se apresentam conjuntamente.

É papel do gestor buscar e descobrir alternativas,


normalmente feito em um ambiente de incerteza.
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Valor das alternativas
A grande questão é, vale a pena buscar por novas
alternativas? Será que elas valem o esforço?

Normalmente o valor esperado da decisão aumenta a


medida que aumentam as alternativas.

Para saber quantas alternativas devemos buscar,


utilizaremos o princípio da análise marginal: Buscaremos
por alternativas enquanto o custo de busca for menor do
que o valor esperado do benefício de busca-las
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Função Utilidade Esperada
• A função utilidade esperada associa nível de
satisfação para cada situação de incerteza
(p.ex: loteria).

• Uma loteria é uma lista de probabilidades para


cada evento possível.

Continua...

29
• Assim, como no caso da teoria da função utilidade, é
possível demonstrar que, sob certas circunstâncias, existe
uma função utilidade para cada loteria (Função utilidade
esperada de von Neumann-Morgenstern). Os indivíduos
escolhem a loteria que maximiza sua utilidade.

• Quando compramos seguro total para nosso carro, estamos


dizendo que a melhor loteria é aquela em que temos 100%
de chance de termos sempre um carro.

Continua...

30
• Seja u(Wi) o nível de satisfação que um agente obtém
no nível de riqueza Wi.
• Seja pi a probabilidade de ter a riqueza Wi.
A função utilidade esperada é dada por:

n
v( p )   pi u (Wi )
i 1

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Preferência e Risco

• Por que os agentes que emprestam ao Tesouro nacional


pedem uma taxa de juros maior do que cobram do
Tesouro americano em títulos com as mesmas
características?

• Quais as variáveis que afetam o investimento?

• Em particular, o risco afeta o investimento? Por quê?

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Preferência e Risco

• Aversão ao Risco: um agente econômico é


avesso ao risco quando prefere um
determinado valor com certeza do que uma
loteria com mesmo valor esperado.

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Exemplo

• Suponha um agente que se confronta com um


emprego onde ele vai ganhar 10 com probabilidade
50% ou 30 com probabilidade 50%.
• O valor esperado desta loteria é

E ( p )  0.5 10  0.5  30  20

34
• Suponha que a utilidade para diferentes
níveis de renda seja
W U(W)
10 10
15 13
16 14
20 16
30 18

• Utilidade esperada é
v( p )  0.5  u (10)  0.5  u (30)  14

35
• Neste caso, vemos que
v( p )  14  16  u ( E ( p ))

• Ou seja, este agente é avesso ao risco: o


agente prefere o valor esperado da loteria do
que jogar a loteria.

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Neutro ao Risco: um agente é neutro ao risco quando é
indiferente a um determinado valor com certeza do que
uma loteria com mesmo valor esperado.

Exemplo:

Suponha um agente que se confronta com um emprego


onde ele vai ganhar 10 com probabilidade 50% ou 30
com probabilidade 50%.
O valor esperado desta loteria é:
E ( p )  0.5 10  0.5  30  20
37
• Suponha que a utilidade para diferentes
níveis de renda seja
W u(W)

10 6
20 12
30 18

• Utilidade esperada é
v( p )  0.5  u (10)  0.5  u (30)  12

38
• Neste caso, vemos que
v( p )  12  u ( E ( p ))

• Ou seja, este agente é neutro ao risco: o


agente é indiferente entre o valor esperado da
loteria e a utilidade de jogar a loteria.

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Amante do Risco: um agente é amante do risco
quando prefere a loteria do que o valor esperado
da loteria.
Exemplo:

Suponha um agente que se confronta com um


emprego onde ele vai ganhar 10 com probabilidade
50% ou 30 com probabilidade 50%.

O valor esperado desta loteria é


E ( p )  0.5 10  0.5  30  20
40
• Suponha que a utilidade para diferentes
níveis de renda seja
W u(W)

10 3
20 8
21 10.5
30 18

• Utilidade esperada é
v( p )  0.5  u (10)  0.5  u (30)  10.5

41
• Neste caso, vemos que
v( p )  10.5  8  u ( E ( p ))

• Ou seja, este agente é amante ao risco: o


agente prefere a utilidade de jogar na loteria ao
valor esperado da loteria.

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Prêmio de Risco

• Definição: é o valor que o agente estaria disposto a


pagar para evitar a situação de risco.
Exemplo:
Suponha a situação do agente avesso ao risco

W u(W)
10 10
15 13
16 14
20 16
30 18
43
• Para calcularmos o prêmio de risco (RP) devemos
resolver a seguinte equação

v( p )  u ( E ( p )  RP)
v( p )  14  u (20  RP)

• Da tabela anterior vemos que RP=4

44
Exemplos

Suponha a situação do agente neutro ao risco


W u(W)

10 6
20 12
30 18

Para calcularmos o prêmio de risco (RP) demos resolver a


seguinte equação
v( p )  u ( E ( p)  RP)

V(p) = 12 = u(20 – RP)

Da tabela acima vemos que RP=0.

45
Exemplos

Suponha a situação do agente amante ao risco


W u(W)

10 3
20 8
21 10.5
30 18

• Para calcularmos o prêmio de risco (RP) devemos


resolver a seguinte equação
v( p )  u ( E ( p )  RP)
v( p )  10.5  u (20  RP)
Da tabela acima vemos que RP = -1.
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Conclusão
• O agente amante ao risco tem que receber para sair do
loteria.

• O agente neutro, não paga nem recebe, pois é indiferente


ao risco.

• O avesso ao risco paga para se livrar do risco.

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Equivalente Certo
• Definição: é o valor ao qual o indivíduo fica
indiferente com relação a jogar a loteria.

• O equivalente certo é
CE  E ( p )  RP

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Exemplo: Precificação de Seguro
• Suponha um indivíduo com riqueza W=900. Este indivíduo
pode perder 500 com probabilidade 25% (e não perder
nada com probabilidade 75%). Suponha que a função
utilidade seja: U (W )  W 0.5

a) Qual o valor esperado da perda?


b) Ache o CE(equivalente certo) e o PR(prêmio de risco).
c) Qual o preço máximo de seguro que este agente
pagaria para se livrar da incerteza?

49
Solução

a) Qual o valor esperado da perda?


E(X)    (500x0,25  0x0,75)  E(X)    125

50
Solução
b) Calcular o equivalent e certo (CE).
Para calcular o CE primeiro precisa calcular o v(p)
que correspond e à utilidade do valor esperado
v(p)  pi.u(Wi)
v(p)  0,75.u(900)  0,25.u(400)
como u(Wi)  W 0,5 
se u(W 0,5 )  W 0,5  u(W 0,5 )  (900) 0,5  900  30
e
u(W 0,5 )  (400) 0,5  400  20
v(p)  0,75.30  0,25.20  v(p)  27,5

51
Solução

como v(p)  u(E(p) - PR) é utilidade e utilidade é u(W) que é  W 0,5


27,5  (775 - PR)0,5  (27,5) 2  [(775  PR)0,5 ]2
756,25  775  PR  PR  775 - 756,25  PR  18,75
 CE  775 - 18,75  CE  756,25

52
c) O preço máximo que o indivíduo estaria disposto a
pagar pelo seguro é

27.5  900  Pmax 


0.5

• Como

CE  27.5
2

Pmax  900  CE  143.75

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Exercício
•  
Diversificação de projetos
Um elemento básico ensinado em um curso de
finanças é que diversificação reduz o risco. Esse
principio também vale para a escolha de
investimentos.

Algumas vezes, um conjunto de investimentos


pode ser a melhor opção.

55
Exemplo
Suponha que o gestor esteja avaliando dois projetos. O primeiro
consiste em expandir sua divisão de mortadela e o segundo
expandir a divisão de caviar. Existe uma chance de 90% de
crescimento econômico.

Se a economia crescer, o projeto mortadela perderá R$ 10 mil e


o caviar ganhará R$ 20 mil. Se a economia não crescer, o projeto
mortadela ganhará R$ 12 mil e o projeto caviar perderá R$ 8 mil.

A alternativa é ganhar R$ 3 mil investindo em um ativo seguro.


O que o gerente deve fazer?

56
Estudo de caso
Petrolífera

57
Obrigado!

Prof. Dr Felipe Storch Damasceno


fdamasceno@fucape.br
(27) 99900-9317

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