Você está na página 1de 43

Profª.

André das Neves Dameda


andredameda@furg.br
¡ O que é uma ”vida boa”?

¡ O que é uma ”aula boa”?

¡ O que é ”contabilidade”?

¡ Quem é o ”contador”
2
3
¡ Amplitude da contabilidade
¡ Importância no cenário brasileiro – as
perspectivas futuras são muito boas
¡ Contabilidade não está circunscrita no
trabalho braçal; é algo muito mais amplo,
especialmente na economia moderna.

4
¡ Séculos XIII e XIV – norte da Itália
¡ 1494 – Luca Pacioli
¡ A partir do século XV – navegações e projetos
¡ Revolução Industrial
¡ 1844 – Inglaterra – exigência de auditores
¡ Crash 1929
¡ Lei das S/A no Brasil - 1976
¡ Enron, WorldCom (2001) --> SOX
¡ Padrões Internacionais
5
6
¡ Séculos XIII e XIV – norte da Itália
¡ 1494 – Luca Pacioli
¡ A partir do século XV – navegações e projetos
¡ Revolução Industrial
¡ 1844 – Inglaterra – exigência de auditores
¡ Crash 1929
¡ Lei das S/A no Brasil - 1976
¡ Enron, WorldCom (2001) --> SOX
¡ Padrões Internacionais
7
¡ Teoria clássica da firma
§ Empresa com um único dono (que também é gestor)
§ Empresas atuam de forma racional
§ Objetivo é otimizar o lucro no longo prazo
§ Consequência: Não há conflitos de interesse

¡ Teoria da agência
§ Separação entre propriedade e gestão
§ Pode haver conflitos de interesse entre os vários
interessados nas atividades da firma (administradores,
credores, acionistas etc.)
8
¡ Teoria clássica da firma
§ Não há problemas de informação
§ Todos os agentes têm acesso ao mesmo conteúdo sem
qualquer custo adicional

¡ Teoria da agência
§ Há muitas diferenças entre as informações disponíveis aos
diversos agentes
§ Exemplo: compra e venda de carros usados

9
¡ Quanto menor a assimetria informacional, melhor
para os mercados
§ A redução da assimetria informacional é fundamental para
o bom funcionamento dos mercados
§ Dois indivíduos (agentes econômicos) possuem
informação assimétrica sobre quase todos os fenômenos
da natureza
§ O vendedor do carro usado sabe mais do que o comprador
sobre a qualidade do veículo
§ O dono do restaurante conhece melhor o vinho
§ Você sabe mais sobre suas habilidades do que eu
10
¡ Dois indivíduos (agentes econômicos) possuem
interesses distintos sobre quase todos os
fenômenos da natureza
¡ O vendedor do carro usado quer cobrar o máximo
possível
¡ Você quer tomar o melhor vinho e pagar pouco
¡ Você pode querer ajudar numa festa servindo
salgados e alguém pode pedir que você fique
responsável pelo som

11
¡ Como resolver problemas onde o conflito de
interesses é acompanhado de assimetria de
informações?
§ Qual carro usado eu devo comprar? De quem?
§ Qual curso superior eu devo fazer? Em qual faculdade?
§ Qual funcionário eu devo contratar?

12
¡ Problemas básicos associados às decisões:
§ Se não houver risco ou incerteza, a informação é inútil.
(Exemplo: a informação de que se eu jogar um dado sairá
um nº de 1 a 6 é inútil)
§ Incerteza quanto ao futuro (nenhuma informação é
conhecida)
§ Quem será o campeão mundial de futebol em 2018 ?
§ Dimensionar o risco associado ao futuro: importância de
se avaliar a probabilidade da ocorrência de um
determinado evento
§ Qual a probabilidade de jogar um dado e sair o número 6 ?
§ O risco e a incerteza têm impacto sobre as ações do
tomador de decisões 13
¡ E o que a contabilidade tem a ver com isso tudo?

§ A contabilidade não é uma ciência exata!


§ Convivemos naturalmente com conflitos que são
minimizados por meio de informações.

14
¡ Como resolver problemas onde o conflito de
interesses é acompanhado de assimetria de
informações?
§ Eu preciso de informação!

– Quais qualidades são esperadas


dessa informação?

15
¡ Características da Informação
§ Crível (que se pode crer, acreditável)
§ Objetiva
▪ mecânico informa que o carro está bom, que o parafuso da roda é
cromado ... fornece um relatório de 30 páginas
▪ é importante indicar nas notas explicativas do balanço que a
empresa tem 3 lápis em estoque?
§ Sem viés (sem distorção)
▪ questão ligada também à ética
§ Preditiva
▪ Relação que a informação exibe com horizonte futuro
▪ Para que a informação seja preditiva, é necessário que ela seja
crível, objetiva e sem viés. 16
¡ Qualidade da informação é um ponto fundamental
para contabilidade

¡ Utilidade da informação afeta as probabilidades que


eu atribuo a eventos futuros
§ Até onde eu vou?
§ Será que esse grau de detalhamento da informação é o mais
adequado?

17
¡ Empresa é formada por um conjunto de contratos
entre os diversos participantes (agentes)
§ Empregados versus Salários
§ Acionistas versus Dividendos
§ Fornecedores versus Recebimento em dinheiro
§ Governo versus Estabilidade institucional

¡ Os contratos podem ser formais ou não

18
¡ Funcionamento adequado da empresa depende do
equilíbrio contratual estabelecido
§ Executivos versus Política de remuneração
§ Greve versus Insatisfação com salários

¡ É importante que os contratos sejam exercidos de


forma harmônica
¡ Problemas na execução dos contratos:
§ Informação imperfeita: as regras são claras e conhecidas
por todos os agentes, mas as ações de outros agentes não
são conhecidas
§ Informação incompleta: as regras não são totalmente
claras
19
¡ Medir a contribuição de cada um dos participantes nos
contratos
¡ Mensurar a fatia a que cada participante tem no resultado da
empresa
¡ Informar os participantes sobre o grau de sucesso no
cumprimento dos contratos
¡ Distribuir informação para os potenciais participantes em
contratos com a empresa, para manter a liquidez de seus
fatores de produção
¡ Distribuir informações como conhecimento comum para
reduzir os custos de negociação dos contratos
20
¡ Então ... como funciona a contabilidade?

§ Reconhecimento
§ Mensuração
§ Evidenciação (disclosure)

22
¡ reconhecimento: envolve o processo de classificação da ação
de natureza econômica (ativo, passivo, receita, despesa etc.)
§ implica definições de conceitos

§ fazer compras no supermercado é fazer uma despesa?

¡ mensuração: definir a base de mensuração (custo histórico ,


custo corrigido, valor atual etc.)
§ mensuração é subjetiva .... objetivo mesmo é o caixa

§ quanto depreciar um caminhão em 1 ano?

¡ evidenciação: ação de demonstrar aos usuários externos; à


organização
§ O que detalhar? Quantas contas devemos ter no balanço?
23
IASB (International Accounting Standards Board)

¡ Órgão internacional, constituído em 1973 para produzir normas


contábeis não sob a ótica de um único país, mas com a intenção de
produzir normas genuinamente internacionais

¡ Acordo feito entre órgãos profissionais de contabilidade da


Austrália, Canadá, França, Alemanha, Japão, México, Países
Baixos, Reino Unido, Irlanda e Estados Unidos

(SCHMIDT, SANTOS E FERNANDES, 2006)


24
IASB (International Accounting Standards Board)

¡ Emite as normas internacionais de contabilidade que são


denominadas IFRSs (Normas Internacionais de Relatórios
Financeiros)

¡ Atualmente, mais de 130 países já adotam ou estão em vias de as


IFRSs e mais de 70 deles estão em processo de adoção das IFRSs
para as PMEs

(ERNEST & YOUNG e FIPECAFI, 2011)


(SCHMIDT, SANTOS E FERNANDES, 2006)
25
IASB (International Accounting Standards Board)

¡ Objetivo :
§ “desenvolver [...] um conjunto de normas de contabilidade
globais de alta qualidade, que exige informações transparentes
e comparativas nas demonstrações financeiras de uso comum”
§ promover o uso e aplicação rigorosa das normas que emite; e
§ provocar convergências de normas nacionais e internacionais
de contabilidade, fornecendo opções de alta qualidade

(ERNEST & YOUNG e FIPECAFI, 2010, p. XXI)


26
A EMISSÃO DE UMA IFRS

¡ Não é resultante de ações individuais, nem mesmo de um grupo


em particular
¡ Sugestões de temas para integrar a agenda de discussões podem
ser enviadas ao IASB
¡ A questão é analisada e é gerada uma Minuta para Discussão
¡ A minuta pode ser criticada e novamente discutida até o momento
em que é deliberada a emissão de uma norma IFRS

(LEMES e CARVALHO, 2010)


27
QUAL É O PAPEL DO IASB?

¡ Busca harmonizar as regulamentações, normas e


procedimentos relativos a preparação, apresentação e
divulgação das demonstrações contábeis

(LEMES e CARVALHO, 2010)


28
ASPECTOS POSITIVOS
• Linguagem homogênea
Mensuração de Ativos Fixos (DOUPNIK e PERERA, 2007):
▪ Estados Unidos: custo histórico
▪ Chile: custo histórico corrigido pela inflação;
▪ Alemanha: custo de reposição

• Otimização na alocação de capitais


• Redução de custos (processamento de informação, capital), inclusive
nas transações entre países
• Maior transparência das empresas

29
ASPECTOS POSITIVOS

• Maior comparabilidade entre as empresas


• Melhora na qualidade das informações prestadas
• Aumento da especialização dos profissionais envolvidos
• Acesso de empresas nacionais aos mercados de capitais estrangeiros
• Auxilia países que não possuem um padrão próprio, fornecendo-lhes
um conjunto de padrões contábeis de qualidade
• Redução dos custos na realização de trabalhos de auditoria

30
ASPECTOS NEGATIVOS

• Aumento de custos às empresas;


• Adequação da rotinas (procedimentos, sistemas, aquisição e
habilidades)
• Perda relativa da soberania
• Processo pode falhar ao captar as necessidades dos ambientes
econômico, cultural e social de cada país
• Dispendioso em companhias de pequeno e médio portes
• Imposição dos países desenvolvidos aos em desenvolvimento

31
DIFICULDADES

¡ Harmonização dos demais ambientes (legal, político, educacional


etc.) não é tarefa simples

¡ “Perda da soberania ou autoridade” – “Nacionalismo”

¡ Tradução

IFRS CPC

– é possível traduzir sem nenhuma distorção de significado?

32
¡ Obrigatória a partir de 2005 para as empresas da União Europeia
¡ Adotadas oficialmente em diversos outros países – lista completa em
www.iasplus.com
¡ As IFRS são aplicáveis:
§ a todas as entidades com fins lucrativos, independentemente da sua
forma legal, não sendo aplicáveis a entidades sem fim lucrativos
públicas e privadas, inclusive o governo
§ às demonstrações financeiras individuais e consolidadas

¡ E no Brasil?

(LEMES e CARVALHO, 2010)


33
BRASIL
¡ Diversos órgãos normatizavam a contabilidade:
§ Leis 6.404/76, 11.638/07, 11.941/09 e outras

§ CVM – companhias abertas

§ Órgãos reguladores: BACEN, SUSEP, ANEEL

§ CFC, IBRACON

¡ Solução – modelo único

Comitê de Pronunciamentos Contábeis – CPC

34
ORIGEM DO COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS (CPC)
¡ Em função de necessidades de:
▪ convergência internacional das normas contábeis

▪ centralização na emissão de normas dessa natureza

▪ representação e processo democráticos na produção dessas


informações

(Resolução CFC 1055/05)

35
OBJETIVO DO COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS (CPC)
¡ “[...] o estudo, o preparo e a emissão de Pronunciamentos
Técnicos sobre procedimentos de Contabilidade e a divulgação de
informações dessa natureza, para permitir a emissão de normas
pela entidade reguladora brasileira, visando à centralização e
uniformização do seu processo de produção, levando sempre em
conta a convergência da Contabilidade Brasileira aos padrões
internacionais”.

(Resolução CFC 1055/05)

36
O TRABALHO DO COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS (CPC)
¡ Órgão responsável pela emissão de Pronunciamentos Contábeis,
reconhecidos como os CPCs
¡ A emissão dos CPCs

§ parte de IASs ou IFRSs

§ pode ser produto de uma norma de caráter nacional, como é o


caso do CPC 09 – Demonstração do Valor Adicionado

¡ O CPC possuiu uma intensa agenda de discussões

¡ Já foram emitidos mais de 40 CPCs, sendo que há alguns


aguardando revisão ou discussão do IASB
(Resolução CFC 1055/05)
37
ADOÇÃO INICIAL NO BRASIL

CPC 37

Data da transição Data das


Balanço de abertura DCs em IFRS
1/01/09 31/12/09 31/12/10

Primeiras demonstrações
Período comparativo contábeis conforme IFRS
38
¡ São baseadas muito mais em princípios ao invés de regras

¡ São baseadas na prevalência da essência sobre a forma

¡ São muito mais importantes os conceitos de controle, de


obtenção de benefícios e de incorrência em riscos do que a
propriedade jurídica para registro de ativos, passivos, receitas e
despesas

¡ A contabilidade passa a ser de toda a empresa, não só do contador

(IUDÍCIBUS et al., 2010)


39
¡ A estrutura conceitual foi elaborada pelo CPC tem como
finalidade:
§ Dar suporte ao desenvolvimento de novos pronunciamentos técnicos
e à revisão de pronunciamento existes;
§ Promover a harmonização das regras, padrões contábeis e
procedimentos;
§ Dar suporte aos reguladores nacionais no desenvolvimento de regras
locais
§ Dar suporte aos preparadores de demonstrações financeiras
§ Auxiliar auditores independentes a formar sua opinião sobre a
conformidade das demonstrações contábeis com as normas
internacionais
§ Proporcionar informações sobre o enfoque adotado na formulação
dos pronunciamentos técnicos 40
(ERNEST & YOUNG e FIPECAFI, 2010)
APLICABILIDADE
¡ A Estrutura Conceitual se aplica às demonstrações contábeis de
todas as entidades comerciais, industriais e outras de negócios
que reportam, sejam no setor público ou no setor privado.
¡ Entidade que reporta é aquela para a qual existem usuários que se
apoiam em suas demonstrações contábeis como fonte principal
de informações patrimoniais e financeiras sobre a entidade.

não existe restrição para aplicação


da estrutura conceitual

(CPC Estrutura Conceitual)


41
¡ Um tema extremamente amplo – temos que reaprender muito

¡ O padrão IFRS é muito mais complexo do que as normas antigas, o


que exige mais julgamento por parte das empresas (princípios x
regras)
¡ O grau de detalhamento exigido pelo IFRS resultou no aumento
da quantidade de informações divulgadas pelas empresas

¡ A interpretação de algumas normas IFRS ainda não é consenso


entre participantes do mercado, o que de certa forma levanta
dúvidas sobre a consistência das demonstrações contábeis

42
REFERÊNCIAS
¡ COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS. Pronunciamento Conceitual Básico, de 11 de Janeiro de 2008.
Estrutura Conceitual para Elaboração e Apresentação das Demonstrações Contábeis. Disponível em
<http://www.cpc.org.br/pdf/pronunciamento_conceitual.pdf>. Acesso em 05 de abril de 2014.
¡ CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE. Resolução CFC 1055/05, de 07 de outubro de 2005. Disponível em
<http://www.cgu.gov.br/PrevencaodaCorrupcao/AreasAtuacao/IntegridadeEmpresas/arquivos/RES_1055.pdf>.
Acesso em 05 de abril de 2014.
¡ DOUPNIK, T. S.; PERERA, H. International Accounting. New York: McGraw-Hill Irwin, 2007.
¡ ERNEST & YOUNG; FIPECAFI. Análise sobre a Adoção Inicial das IFRS no Brasil. Disponível em <
http://www.ey.com/Publication/vwLUAssets/FIPECAFI_1_ano_de_IFRS/$FILE/Fipecafi_Baixa.pdf >. Acesso em 05 de
abril de 2014.
¡ ERNEST & YOUNG; FIPECAFI. Manual de Normas Internacionais de Contabilidade – IFRS versus Normas
Brasileiras. 2. ed. v. 1. São Paulo: Atlas, 2010.
¡ HENDRIKSEN, Eldon S.; VAN BREDA, Michael F. Teoria da Contabilidade. 5. ed. São Paulo: Atlas, 1999. (Capítulo 3,
itens 3.1 a 3.3).
¡ IUDÍCIBUS, Sérgio de; MARTINS, Eliseu; GELBCKE, Ernesto Rubens; SANTOS, Ariovaldo dos. Manual de
Contabilidade Societária. São Paulo: Atlas, 2010.
¡ LEMES, Sirlei; CARVALHO, Luiz Nelson Guedes de. Contabilidade internacional para graduação: textos, estudos de
casos e questões de múltipla escolha. São Paulo: Atlas, 2010.
¡ LOPES, Alexsandro Broedel; MARTINS, Eliseu. Teoria da Contabilidade – Uma Nova Abordagem. São Paulo, Atlas,
2006. (Capítulo 2, itens 2.1 a 2.3).
¡ SCHMIDT, Paulo; SANTOS, José Luiz dos; FERNANDES, Luciane Alves. Fundamentos de contabilidade
internacional – Coleção Resumos de Contabilidade n. 12. São Paulo: Atlas, 2006. 43
Prof. André das Neves Dameda
andredameda@furg.com

Você também pode gostar