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Redação

Professor: Maurício Divino N. Lima


A modalidade textual exigida pela banca do
ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio)
é a de texto dissertativo-argumentativo, na
qual o candidato defende uma tese
sustentada em argumentos, comprovados
por meio de exemplos históricos ou
estatísticas.
A sua redação pode pontuar
de 0 a 1000. As normas para
a correção do texto seguem
os seguintes critérios.
• Domínio de norma padrão da Língua Portuguesa.
• Compreensão da proposta de redação, aplicando
conceitos de várias áreas do conhecimento para
desenvolver o tema, dentro dos limites estruturais do
texto dissertativo-argumentativo em prosa;
• Seleção, relação, organização e interpretação de
informações, fatos, opiniões, argumentos em defesa de
um ponto de vista;
• Conhecimento de mecanismos linguísticos necessários
para a construção da argumentação;
• Proposta de intervenção para o problema abordado,
respeitando os direitos.
Antes de começarmos, é
preciso explicar que escrever
um texto argumentativo implica
em defender uma tese.
“Cuma”?! Não
entendi nada...
Defender uma tese significa discutir um
assunto, de forma a convencer seu leitor
sobre determinado posicionamento. Contudo,
esse posicionamento não deve ser exposto
de forma empírica, é preciso que haja dados
que o comprovem, ou seja, é preciso mais do
que seu próprio conhecimento de mundo para
elaborar um texto convincente. É
necessário, no mínimo, dois pontos de vista
acerca da mesma polêmica.
O texto dissertativo-argumentativo
é escrito em prosa, ou seja,
parágrafos. Possui uma estrutura
com introdução, desenvolvimento e
considerações finais.
Abordagem histórica:
“O que me levou a escrever? De onde
INTRODUÇÃO vem este problema?”

Provas e argumentos que defendam o seu


ponto de vista. É importante que haja
DESENVOLVIMENTO diálogo entre os diversos campos do
conhecimento.

CONSIDERAÇÕES
FINAIS
Proposta de intervenção e
confirmação das hipóteses
levantadas na introdução.
Vamos escolher um tema para
praticar? Que tal “problemas
ambientais?”
Lembre-se, a coletânea de textos motivadores
serve como delimitador, de onde a sua redação
não pode fugir. Selecione as informações mais
relevantes, mas não faça cópia.
Primeira dica: você percebeu que
nos textos motivadores a
responsabilidade pelas queimadas e
pelo desmatamento é atribuída ao
progresso? É desse assunto que
iremos tratar em nossa redação.
Neodarwinismo 
Em prol da sobrevivência, há milhares de anos, a caça e a
pesca eram praticadas pelo homem. Hoje, em nome do
Neoliberalismo, na atual conjuntura de perda dos
sentimentos holísticos, desmatamos e poluímos a natureza
na incessante busca do lucro, em detrimento do bem-estar
da humanidade. Todavia, o homem parece ter esquecido que
a natureza não é apenas mais um instrumento de alcance do
desenvolvimento, mas a garantia de que é possível alcançá-
lo.
Introdução: Visão do problema
dentro de um contexto histórico.
Normalmente essa parte exige seus
conhecimentos na área de Ciências
Humanas.
Organize bem sua introdução para que seu texto
tenha uma boa sequência discursiva. Formule
hipóteses, faça questionamentos, mas não responda
imediatamente, do contrário estará adiantando sua
conclusão. Essa redação possui título, porém, nessa
modalidade textual ele é opcional.
Primeiramente, é importante ressaltar o papel do meio-
ambiente para o desenvolvimento econômico de uma
sociedade. É notório que a extração de recursos minerais e de
combustíveis fósseis é fundamental para a atração de
indústrias e consequentemente para a solidez do setor
produtivo da economia. No entanto, o uso indiscriminado
desses bens naturais pela grande maioria das empresas não
pode mais continuar. Cabe aos governantes e à própria
população exigirem das mesmas a aplicação de parte do lucro
obtido na manutenção de suas áreas de exploração e não
permitir o “nomadismo” dessas indústrias.
Primeiro argumento: Podem ser explorados exemplos históricos, e/ou
estatísticas. Evite fazer afirmações sem provas. Busque os problemas
ambientais que se assemelhem com a coletânea de textos motivadores.
Ao passar de um período, ou de um
parágrafo para o outro, você deve usar
conjunções ou elementos coesivos que
mantenham a coesão dentro do texto.
Nesse sentido, vale lembrar que os poderes político e
econômico encontram-se intimamente ligados em uma
relação desarmônica, que favorece o capital em detrimento
do planeta em que vivemos. De fato, percebe-se que na atual
conjuntura excludente, o poder do Estado Mínimo é medido
de acordo com sua capacidade de atrair investimentos. Um
exemplo disso é o grande número de incentivos fiscais e leis
ambientais brandas adotados pela maioria dos países
periféricos buscando atrair as indústrias dos países poluídos
centrais. Enquanto isso, a população permanece alienada e
inerte, não exigindo a prática da democracia, que deveria
atuar para o povo e não para os macro grupos neoliberais.
Veja o problema de maneira ampla, de forma que você
possa se inserir nessa realidade, e não responsabilize
apenas um grupo, o Governo, por exemplo.
Além disso, cumpre questionar o papel da sociedade nesse
paradoxo desenvolvimento-destruição ambiental. É fato que a
maioria da população se mantém à margem das questões
ambientais, por absorver, erroneamente, a falácia de que a
tecnologia pode substituir a natureza. Desse modo, os
consumidores tecnológicos passam a exigir mais do setor
produtivo, que, por sua vez, passa a exaurir o meio-ambiente.
Estabelece-se, assim, um círculo vicioso que tem como elo
principal um bem finito, que, se quebrado, terá consequências
desconhecidas e catastróficas para a humanidade.

Faça um diálogo entre os posicionamentos a


respeito da temática. Nunca se esqueça dos
conectivos entre os parágrafos.
A dissertação padrão exige um certo domínio da língua.
Se você ainda não tem segurança em seu vocabulário, não
use as palavras sem ter a certeza de seu sentido. Crie
uma rotina de leitura. Escritores clássicos como Machado
de Assis, Lima Barreto são ótimas fontes para este fim;
se preferir os contemporâneos, Caio Fernando Abreu,
Moacyr Scliar, Milton Hatoum e Mia Couto possuem obras
com muita riqueza argumentativa.
Torna-se evidente, portanto, que o que vem ocorrendo na
humanidade é apenas uma sucessão de conquistas e avanços na
área tecnológica. O real desenvolvimento só será alcançado
quando o homem utilizar a natureza de forma responsável e
inteligente. Para tanto, é preciso que sejam criados mecanismos
eficazes de fiscalização, sejam eles governamentais ou não. Além
disso, deve haver por parte da mídia maior divulgação das
questões ambientais, para que a população possa se mobilizar e
agir exercendo seus direitos. Assim, estaremos de acordo com a
teoria da seleção natural, em que o meio seleciona os mais aptos
e não o contrário.
Ao concluir o texto, lembre-se de que a proposta de
intervenção é uma medida que exige ações de vários
grupos da sociedade.
Agora vou descrever alguns
erros que você não pode
cometer.
• Fugir do tema;
• Escrever um texto fora da estrutura dissertativa (em versos,
sem pontuação, ou narrativo-ficcional);
• Desrespeitar os direitos humanos;
• Não escrever em Língua Portuguesa;
• Assinar ou deixar identificação na folha de redação.
Isso mesmo, sua redação será
anulada!
Seja cuidadoso, se cometer essas
falhas, seu redação será...
Não se preocupe, para que isso não
aconteça basta que você leia
atentamente o texto antes de redigi-lo
definitivamente na folha de prova.
Faça também um preparo psicológico. Não se
cobre tanto, aproveite bem o seu tempo.
Camões precisou de 25 anos para escrever os
Lusíadas, você não escreverá uma redação
1000 em trinta minutos. E acima de tudo,
lembre-se de que a escrita é um trabalho
contínuo, portanto, escreva, reescreva,
corrija...
Aprender a escrever é, em grande parte, se não principalmente, aprender a pensar,
aprender a encontrar ideias e a concatená-las, pois, assim como não é possível dar o
que não se tem, não se pode transmitir o que a mente não criou ou não aprovisionou.
Acenda sua chama, e venha se
tornar um mestre... Quero
dizer, venha fazer parte da
lista dos aprovados.
Enem 2016 é nosso!
REFERÊNCIAS
BRAGA, Marcelo. Redação: Teoria e Prática. 2ªed. Rio de Janeiro/RJ: Elsevier, 2012.

CARDOSO, João Batista. Metodologia da Pesquisa Científica e Produção do Texto Acadêmico


para alunos da graduação e pós-graduação. Goiânia/GO: Espaço Acadêmico, 2016.

INEP – INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDS E PESQUISAS EDUCACIONAIS ANÍSIO


TEIXEIRA. Disponível em: <http://portal.inep.gov.br/web/enem/edicoes-anteriores/provas-e-
gabaritos>

PERROTI, Edna M. Super Dicas para escrever bem. São Paulo/SP: Saraiva, 2010.

SANTANA, Luiz Claudio Machado de. Curso de Redação. Rio de Janeiro/RJ: Editora Ciência
Moderna, 2009.

SOBRAL, João Jonas Veiga. Redação: Escrevendo com prática. 2ª Ed. São Paulo/SP: Iglu
Editora, 2000.

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