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O ACOMPANHAMENTO FARMACÊUTICO NO TRATAMENTO DE

PACIENTES COM FIBRILAÇÃO ATRIAL


CARDOSO, AT*; LIPINSKI, A*; MOREIRA, L*; SILVEIRA, NB*; ALBRECHT, ALC**; WAZENKESKI, ES**.

*Alunos de graduação do curso de Farmácia da Universidade Luterana do Brasil (ULBRA)


** Professoras do curso de Farmácia da Universidade Luterana do Brasil (ULBRA)

INTRODUÇÃO
A anticoagulação oral através da administração de um antagonista da vitamina K (varfarina) ou de algum dos novos anticoagulantes
orais (dabigatrana, rivaroxabana, apixabana e edoxabadsffsdfdsna) reduz significativamente o risco de eventos vasculares cerebrais
com uma baixa incidência de sangramentos clinicamente significativos ¹ ⁰. Como mostrado na tabela 1e 2 abaixo:
         A fibrilação atrial (FA) é caracterizada pela completa desorganização da atividade elétrica atrial e consequente perda da
FARMACOS MAIS UTILIZADOS
sístole atrial com padrão eletrocardiográfico característico e de fácil reconhecimento. Entretanto, o diagnóstico é desafiador, uma vez
CLASSE FÁRMACO
que muitos pacientes se apresentam assintomáticos ou com sintomas fugazes, dificultando o registro da arritmia¹. A fibrilação atrial
Antiarrítmico Propafenona Reversão aguda e manutenção do ritmo sinusal. Em pacientes
vem se destacando como o mais comum distúrbio do ritmo cardíaco em indivíduos idosos ². Segundo a diretriz brasileira a fibrilação com estrutural cardio normal
FA é principal fonte emboligênica e com grande possibilidade de desencadear acidente vascular cerebral (AVC) obtendo 4,5% de Satalol Manutenção do ritmo. Prevenção de recorrências da FA.

risco anual, tromboembolismo venoso (TEV), embolia sistêmica (ES). Dentre os maiores fatores de risco estão a obesidade, apneia Digoxina Reduz a automaticidade do nó sinusal  lentificando a condução
pelo nó AV. Pico de ação prolongado, não utilizado para rápida
do sono e idade avançada qual acomete cerca de 10% dos indivíduos na faixa etária de 80 anos ou mais ³. resposta.
Figura 1: Comparação da atividade elétrica dos ritmos cardíaco normal e com fibrilação Bloqueadores dos Verapamil e diltiazem  Controle da frequência na FA aguda ou permanente 
canais de cálcio
não dihidropiridínicos
Anticoagulantes Varfarina sódica ou Contra tromboembolismo sistêmico, prevenção do AVC na FA
cristalina
Tabela 1 dos medicamentos mais utilizados. Fonte: Elaborado pelo próprio Autor, 2021.

FARMACOS NOVOS

CLASSE FÁRMACO
Antiarrítmico Vernakalant Bloqueador específico de K. Uso em FA ≤ 7 dias ou ≤ 3 dias
após cirurgia cardíaca. Contra indicado em hipertensão.  
Anticoagulantes Dabigatrana, Prevenção de tromboembolismo em pacientes com FA não
Rivaroxabana, valvar. Uso com monitorização periódica em laboratório,
Edoxabana (ENGAGE- devido a maior chance de interações e hemorragias.
AF), Apixabana
(ARISTOTLE).
Fonte: LP, Magalhães et al 2016 .
Tabela 2 dos medicamentos mais novo utilizados. Fonte: Elaborado pelo próprio Autor, 2021.

A terapia farmacológica é geralmente a terapia inicial para pacientes com fibrilação atrial. Várias drogas antiarrítmicas estão
              FA pode ser dividida em formas agudas ou crônicas: Paroxística é quando ocorrem episódios recorrentes de FA com
disponíveis no mercado para reestabelecer ritmo sinusal, controlar a frequência cardíaca ou diminuir o risco de fenomênos
término espontâneo da arritmia. Persistente é quando a arritmia persiste por mais de 48h ou até a realização da cardioversão
tromboembólicos. Recente estudo do AFFIRM sugere que o controle da frequência pode ser a terapia de escolha para pacientes
com prevalência de menos de 1% em pacientes abaixo de 60 anos e aproximadamente 10% após 80 anos. Permanente quando a
com fibrilação atrial com faixa etária elevada. Para reduzir o risco de taquicardiomiopatia, a medicação deveria estar ajustada para
arritmia é refratária a tentativa de cardioversão ⁴.
controlar a frequência cardíaca entre 60-80 bpm em repouso e 90-115 bpm em atividade. A reversão para ritmo sinusal com drogas é
Figura 2: Estratégia de controle da fibrilação atrial mais eficaz na FA inicial com duração menor que 7 dias. A reversão farmacológica para ritmo sinusal é mais simples que a reversão
com cardioversão não necessitando de anestesia geral. A reversão farmacológica pode ser feita com paciente internado ou não.
Quando o paciente tem uma doença cardíaca associada ou outro distúrbio de condução interventricular, eles são geralmente
internados para monitorar a terapia antiarrítmica, visando prevenir a sua deleteriação pro-arrítmica. Pacientes com fibrilação atrial
têm um risco aumentado para eventos tromboembólicos devido à lentificação do fluxo sanguíneo nos átrios que induz a formação de
trombos. O acidente vascular encefálico é uma complicação severa da fibrilação atrial e o uso de anticoagulantes reduz esse risco.
O uso de anticoagulantes é geralmente indicado para pacientes com fibrilação atrial, independente da fibrialação atrial ser
paroxística, persistente ou permanente. A indicação de varfarina como droga anticoagulante para os pacientes com alto e moderado
risco para acidente vascular encefálico , por exemplo, requer dose periodicamente ajustada e controlada pelo exame de sangue
Tempo de Protrombina (TP), que pode ser responsabilidade do enfermeiro. O valor do tempo de protrobina é referido com o INR
Fonte: LP, Magalhães et al 2016.
(International Normalized Rate) que é uma taxa universal e tem que estar entre 2,0-3,0. Sem uso de anticoagulante, o valor normal é
            A FA de forma sintomática pode apresentar, palpitação, dor toráxica, fadiga, tontura entre outros fatores. A terapêutica será de 1,0. No caso de pacientes com um baixo risco de acidente vascular encefálico, o tratamento profilático pode ser feito com aspirina
conforme o  quadro do paciente, sendo a primeira medida a observação da frequência cardíaca e duração, que quando alterado 325 mg por dia, com o qual a preocupação e o controle passam a ser focados na irritação da mucosa gástrica¹¹.
através de diagnóstico médico o tratamento geralmente é realizado com fármacos apropriado conforme a patologia e A terapia não farmacológica para fibrilação atrial está em ritmo crescente. O tratamento com medicação pode ter efeitos colaterais e
comorbidades⁵. A avaliação inicial desta patologia é realizada pelo profissional da saúde, sendo o Farmacêutico um profissional pode aumentar o risco para eventos pró-arritmicos e conseqüente risco de morte súbita. As medicações podem ter um efeito limitado
amplamente acessível aos serviços de atenção a saúde e frequentemente demandado pelo paciente, por meio da escuta ativa faz de sucesso e um custo mais alto que a terapia farmacológica. A terapia não farmacológica é uma opção que tem despertado bastante
o acolhimento e anamnese, através da coleta de informações identificando necessidades e problemas de saúde verificando a interesse. No momento, existe a opção de cardioversão elétrica, ablação por radiofreqüência, estimulação atrial profilática e cirurgia¹¹.
conduta⁶. Na farmacoterapia este profissional, instruído pela resolução 585 e 586 entre outras normas, é fundamental para
orientar, esclarecer dúvidas, conscientizar sobre o uso racional de medicamentos junto a equipe multiprofissional avaliar e realizar Ablação com cateter essa técnica atualmente se tornou um procedimento comum utilizado para prevenir a fibrilação atrial
as intervenções necessárias⁷ . recorrente. O seu médico poderá recomendá-la como uma opção se você não houver respondido suficientemente bem à medicação
Palavras chave: FIBRILAÇÃO, FÁRMACOS, TERAPIA, FARMACÊUTICO, DIAGNÓSTICO, ARRITMIA. antiarrítmica (terapias de controle da frequência).Existem evidências que sugerem que as pessoas cuja FA não é efetivamente
controlada por essas drogas, ou que possam ser alérgicas a elas, alcançarão resultados melhores com uma ablação como cateter.

OBJETIVOS Estudos clínicos e pesquisas demonstraram que esse estilo de procedimento de ablação apresenta taxas de complicação
relativamente baixas e taxas de sucesso boas para os pacientes adequadamente selecionados¹².

     Trazer maiores conhecimentos  da Fibrilação atrial (FA) para que na prática da atuação do farmacêutico clínico, o mesmo O procedimento é tipicamente indolor, embora inicialmente você possa sentir alguma pressão no local de inserção do cateter¹².
possa dar o devido suporte para o paciente. 
    Apresentar maneiras de acompanhamento ao paciente, para que esteja preparado em qualquer evento adverso que possa ser CONCLUSÃO
maléfico ou até mesmo benéfico para portadores de FA. E de comum acordo com outros profissionais da saúde, agregar
embasamentos para auxílio em equipes multidisciplinares e na atuação do farmacêutico clínico.      Tendo em vista que há possibilidades de ações farmacêuticas necessárias para que o paciente de (FA) possa aumentar sua
. qualidade de vida, existem diversos desafios para nós profissionais da área da saúde. Desde instituir mudanças na maneira como
.
esse paciente se alimenta, quantidade de ingesta de água diária, a prática de exercícios físicos, ofertar o controle de indicadores
METODOLOGIA primários das alterações da (FA), além do acompanhamento farmacológico correto.
     Devemos criar estratégias terapêuticas divididas em diferentes profissionais. De fato, um estudo randomizado comparando o
Pesquisa caracterizada como de natureza descritiva e de revisão bibliográfica, tendo como método de pesquisa os estudos
cuidado usual com o cuidado multidisciplinar demostrou uma redução no risco relativo de 35% no desfecho combinado de
publicados sobre fibrilação atrial (FA) e os medicamentos mais utilizados para a patologia. Assim, como medicamentos de ponta e
hospitalização e mortalidade¹³.
o acompanhamento multidisciplinar. Possibilitando ofertar maiores auxílios para os portadores de fibrilação atrial.
Sendo de extrema relevância o olhar profissional e clínico, para que em conjunto o paciente possa ter um atendimento resolutivo.

REFERÊNCIAS
RESULTADOS 1. MIYASAKA Y, Barnes ME, Gersh BJ, Cha SS, Bailey KR, Abhayaratna WP, et al. Secular trends in incidence of atrial fibrillation in Olmsted County, Minnesota, 1980 to 2000, and implications on the projections for
future prevalence. Circulation. 2006;114(2):119-25.

2. MANOLIO TA, Baughman KL, Rodeheffer R, et al. Prevalence and etiology of idiopathic dilated cardiomyopathy. Am J Cardiol. 1992;69:1458-66. 

      É na avaliação clínica que possibilita a identificação precoce de problemas que interferem na obtenção dos resultados 3. SBC On Line- Sociedade Brasileira de cardiologia. Disponível em: http://educacao.cardiol.br/congresso/lv/noticias/058.asp.  Visto em: 24 set.  2021.

4. HENDRIKS JM, de Wit R, Crijns HJ, Vrijhoef HJ, Prins MH, Pisters R, et al. Nurse-led care vs. usual care for patients with atrial fibrillation: results of a randomized trial of integrated chronic care vs. routine clinical
terapêuticos desejados, como a inefetividade dos medicamentos ou o surgimento de reações adversas ⁸. care in ambulatory patients with atrial fibrillation. Eur Heart J. 2012;33(21):2692–9.

      Em paciente com  FA inicial o controle da frequência cardíaca é a primeira conduta, caso não existir  instabilidade 6.    VERONESE, P. – Uma breve história da Fibrilação Atrial. Disponível em: https://cardiopapers.com.br/uma-breve-historia-sobre-fibrilacao-atrial/. Visto em: 21  set. 2021.

7.     BRASIL. Conselho Regional de Farmácia. 2015. Disponível em: Apostila 1(1).pdf (cff.org.br). Visto em: 02 out. 2021.
hemodinâmica, sendo realizado pela administração de drogas que agem inibindo o nódulo AV, e que aumenta a capacidade do
8.     ALVES, JBB1. Manejo da fibrilação atrial na urgência. Revista Médica de Minas Gerai. v. 18, n.4, p. 55-8. 2008. Disponível em:  http://www.rmmg.org/exportar-pdf/1307/v18n3s4a13.pdf. Visto em: 02 out. 2021.
nódulo AV aos múltiplos estímulos atriais. O tratamento da FA baseia em: Tratar a causa básica, controlar a frequência cardíaca, 9, RAPARELLI V, Proietti M, Cangemi R, Lip G, Lane D, Basili S. Adherence to oral anticoagulant therapy in patients with atrial fibrillation. Thrombosis and Haemostasis. 2017;117(02):209-218

restaurar o rítmo sinusal e prevenir eventos tromboembolíticos.⁸. 10. RUFF CT et al. Comparison of the efficacy and safety of new oral anticoagulants with warfarin in patients with atrial fibrillation: a metaanalysis of randomized trials. Lancet. 2014; 383(9921):955-62

11. NERY Anna R - Nursing assistance to patients with atrial fibrillation, 2006abr; 10 (1): 47 - 53.
Conhecer a população mais acometida pela FA e determinar os fatores que podem influenciar na adesão ao tratamento é de
12. ABLAÇÃO. Tenho arrtmia/ Fibrilação Atrial Kirchhof P, Benussi S, Kotecha D, Ahlsson A, Atar D et al. (2016) 2016 ESC Guidelines for the management of atrial fibrillation developed in collaboration with EACTS.
extrema importância clínica, uma vez que a adesão correta garante o controle da FA e, consequentemente, a prevenção de eventos Eur Heart J 37 (38): 2893-2962.. Dispónível em: https://getsmartaboutafib.net/pt-br/publico-geral/recem-diagnosticado/opcoes-de-tratamento/ablacao-cateter. Visto em: 02 de out de 2021.

13.      LP, MAGALHÃES et al. Diretrizes Brasileiras de Fibrilação atrial. Sociedade Brasileira de Cardiologia. v. 106, n. 4, p. 1-35, abr 2016. Disponível em:
tromboembólicos. Assim, tanto pacientes como médicos devem buscar melhores formas dessa adesão ⁹. https://www.scielo.br/j/abc/a/QhSz5Wks4Yq7vJDknvCXwCR/?lang=pt#. Visto em: 27 set 2021.

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