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A SAÚDE DOS

TRABALHADORES
ASPECTOS HISTÓRICOS E CONCEITUAIS ENTRE
TRABALHO, SAÚDE E SAÚDE MENTAL.
A EVOLUÇÃO DAS CONQUISTAS
TRABALHISTAS

• Evolução das condições de vida, trabalho e


saúde dos trabalhadores: partiu das lutas e
das reivindicações operárias.
• História do movimento operário e da
correlação de forças entre trabalhadores,
patrões e Estado.
• Conquistas no campo da saúde: luta
perpétua → melhorias das condições de
trabalho e de saúde.
TRABALHO SOBREVIVÊNCIA NO SÉC. XIX

• Desenvolvimento do capitalismo: crescimento da produção, êxodo rural e


concentração de população urbana.
• Elementos de destaque: duração do trabalho (12, 14 ou 16 horas/dia), emprego de
crianças na produção industrial (a partir dos 7 anos), salários baixos e insuficientes
para garantir o necessário.
• Períodos de desemprego põem em perigo a sobrevivência.
• Falta de higiene, esgotamento físico, acidentes de trabalho, subalimentação,
potencializam efeitos e criam condições de uma alta morbidade, alta mortalidade e
longevidade reduzida.
• Classe operária no séc. XIX: garantir subsistência, independente
da doença → luta pela saúde identificada com luta pela
sobrevivência: “viver é não morrer.”
• Intensidade das exigências de trabalho e de vida ameaça a mão-
de-obra que acusa riscos de sofrimento especifico: miséria
operária → comparável a uma doença contagiosa.
• Higienismo: objetivo central → proteção da população →
doença como fenômeno social que inclui vários aspectos da
vida → manter a cidade salubre.
• Preocupação com a saúde e com o objetivo de restauração da
ordem moral e social nas aglomerações operárias.
• Miséria, e fome associam-se para criar condições favoráveis ao
desenvolvimento da delinquência, do banditismo.
• Burguesia perde credibilidade e imagem humanista: em relação a
classe operária → apelo aos especialistas e cientistas: é necessário
restabelecer a ordem moral e a autoridade da família, necessárias à
formação de operários disciplinados.

• Paralelo ao movimento das ciências morais e políticas surge o


movimento dos grandes alienistas.

• 3 correntes: o movimento higienista, o movimento das ciências


morais e políticas e o movimento dos grandes alienistas → médicos
ocupam uma posição de destaque.

• O médico entra no campo do controle social, forjando um conceito:


"trabalho social“.
• Desenvolvimento da higiene, descobertas de Pasteur e pesquisas
em psiquiatria: vertente positiva da atividade médica.

• Medicalização do controle social não seria suficiente?


• Higienistas, moralistas e alienistas: responder ao desvio da norma.
• Outra forma de atentado a ordem moral e social vai ganhar corpo
na solidariedade operária, nos movimentos de luta.
• Desenvolvimento de uma ideologia operária: ganha repressão do
Estado.
• Estado aparece estrategicamente → conflitos trabalhadores X patrões
eram regulados a nível local → patronato livre para escolher soluções
→ quando utilizava-se das forças armadas para reprimir greve, o
Estado agia em nome do atentado à propriedade privada.

Desenvolvimento do movimento
operário = greves mais amplas →
Estado adquire uma missão mais
importante.
Qual?
• Estado chamado a intervir com mais frequência → organização
dos operários confere força com capacidade de derrotar o poder
do empregador isolado → Estado como árbitro necessário.

• Surgimento das câmaras sindicais, associações, federações e


partidos imprime nova dimensão ao movimento operário →
reivindicações chegam a nível político.
• Lutas operárias deste período com dois objetivos: direito à vida e a
construção da liberdade de organização.

• Exigência que caracteriza o século XIX: redução da jornada de


trabalho.
• Não há evolução acerca do tempo de trabalho por quase 50 anos.
• Pressão retornando de diferentes formas: limite etário do trabalho
infantil, proteção das mulheres, duração do trabalho; trabalho
noturno; trabalho penoso; repouso semanal.
• Espera de décadas entre apresentação do PL e sua votação (ex: 25
anos para CH de 8 hrs, 27 anos para repouso semanal, ...).

• Fim do séc. XIX: obtenção de leis sociais referentes à saúde dos


trabalhadores → 1890: criação dos delegados de segurança nas
minas;
• 1893: leis sobre higiene e segurança dos trabalhadores na indústria;
• 1898: leis sobre acidente de trabalho e indenização;
• 1905: aposentadoria dos mineiros;
• 1910: aposentadoria após 65 anos.
1ª GUERRA 1968

• Mov. Operário com bases sólidas e força política.

• Organização dos trabalhadores: conquista primordial do direito


de viver, mesmo com condições de existência longe de serem
unificadas para o conjunto da classe.

• Prevenir adoecimento profissional, acidentes de trabalho,


intoxicações por produtos, assegurar cuidados e tratamentos.
• Guerra: salto na produção (necessidades de guerra), desfalque de
mão-de-obra, reinserção dos inválidos → mudanças na relação
homem-trabalho.
• Introdução do taylorismo → repercussões sobre a saúde mental e
saúde do corpo → tecnologia de submissão, disciplina do corpo,
OCT, gerando exigências fisiológicas (tempo e ritmo) → atividades
novas gerando prejuízos no corpo e no trabalho → esgotamento
físico: divisão do trabalho intelectual e do trabalho manual.
• Saúde mental não é priorizada no sistema → corpo fragilizado,
passível de adoecimento, neutralizado de atividade mental.

• Guerra modifica relações de trabalho e saúde → movimento operário


visa obter melhorias nessa relação.

• Locais em que movimento operário é mais poderoso, trabalhadores


numerosos e maior valor econômico: ganhos mais rápidos na saúde.
• Proteção da mão-de-obra afetada pela guerra: progressos na redução
da jornada de trabalho, medicina do trabalho e indenização de
acidentes.

• Redução da jornada → aumento da produção, presença da medicina


do trabalho em setores, presença de médico para seleção e contratação.

• Fim da guerra: leis votadas → insalubridade, reconhecimento de


doenças profissionais, férias pagas, semana de 40 hrs.
• 2ª Guerra: medidas sociais de saúde dos trabalhadores →
institucionalização da Medicina do Trabalho, Previdência Social,
Comitês de Higiene e Segurança.

• 2º período: corpo como ponto de impacto da exploração.

• Máquinas, produtos industriais, gases e poeiras tóxicas, parasitas,


vírus e bactérias: causa dos sofrimento físico.
• Desenvolvimento desigualAPÓS
das1968
forças produtivas, ciências,
máquinas, processo de trabalho, gera situação heterogênea da
relação saúde-trabalho.

• Nova temática amplia o problema das questões de saúde: saúde


mental.

• Relações entre trabalho e vida mental: campo a ser investigado →


investigações sobre ligação homem-trabalho: restritas à métodos de
seleção psicológica.
• Trabalhadores: denúncia de sofrimento psíquico estereotipada →
pouca análise,dificuldade de discutir o tema.
• Luta pela saúde mental dos trabalhadores: iniciada → motivos: 1)
esgotamento do taylorismo (greve, paralisar produção, absenteísmo) e
novas medidas; 2) sistema taylor sem superioridade no controle social;
3) denúncia do taylorismo desumanizante.
• Reestruturação das tarefas: discussões sobre objetivo do trabalho,
relação homem-tarefa, dimensão mental do trabalho.
NO CASO BRASILEIRO

• 1919 – 1ª Lei que regulava a indenização por acidente de trabalho.


• 1932 - Inspetorias Regionais do Ministério do Trabalho – transformadas
em Delegacias Regionais do Trabalho em 1957.
• Início dos anos 1970: crescente automação, novos modelos de
gerenciamento (toyotismo) – deslocamento de exigências para
capacidades psíquicas e emocionais.
• “... De um lado, os trabalhadores continuam enfrentando a
cisão entre planejamento e execução, bem como o
rompimento entre saber e fazer, típicos do modelo taylorista-
fordista de produção, enquanto que, de outro, são
submetidos a um processo no qual, supostamente, lidam
com a recomposição das tarefas e têm o controle da
produção em suas mãos...”
• Aumento nas tarefas de escritório → cargas intelectuais e
psicossensoriais de trabalho = abertura da preocupação com a saúde
mental.

• O que, no trabalho, é nocivo para a vida mental?


• Luta pela sobrevivência: denuncia a duração excessiva do trabalho.
• Luta pela saúde do corpo: denuncia as condições de trabalho.
• Luta pela saúde mental: denuncia
a organização de trabalho.
• Condições de trabalho típicos: ambiente físico, químico, biológico,
higiene, segurança.
• “ Se, muitas vezes, não se encontra respaldo suficiente para
que determinados processos de adoecimento entre
trabalhadores sejam qualificados como relacionados ao
trabalho, no campo da saúde/doença mental a dificuldade se
torna ainda maior, na medida em que não está dado esse
caráter palpável, encontrado nos problemas que atingem
diretamente o corpo.”
• Organização de trabalho: divisão do trabalho, conteúdo da tarefa,
hierarquia, relações de poder, formas de liderança.
SOFRIMENTO/DOENÇA MENTAL

• Processo que expressa determinadas condições da vida humana e


também determinada capacidade do indivíduo para enfrentamento
dos desafios, conflitos e agressões apresentados pela realidade na
qual vivem.
• Sofrimento psíquico: dificuldade do sujeito operar planos e definir
sentidos para a vida, aliada a sentimento de impotência e vazio, o eu
sendo experimentado como coisa alheia ( Sampaio e Messias, 2002)
• Doença mental: modo de reapropriação individual que revela o
fracasso das tentativas de entender, superar, evitar ou suportar os
sofrimentos psíquicos. – produz tensões sem expectativas de solução.

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