Você está na página 1de 114

DISPONÍVEL 24H

MELHOR CUSTO BENEFÍFIO


100% LEGALIZADO

1
Sumário

O TRABALHO, O HOMEM E A SAÚDE.................................................................... 4

CONCEITO E HISTÓRICO DE HOME CARE .......................................................... 14

Objetivos do Home Care .............................................................................................. 20

Benefícios do Home Care ............................................................................................. 21

Regulamentação em Home Care .................................................................................. 22

Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990...................................................................... 31

Anexo da RESOLUÇÃO COFEN Nº 267/2001 .......................................................... 37

DIREITO DOS PACIENTES....................................................................................... 56

Anexo 1 – Projeto de Lei nº 2880, de 2008. ................................................................. 60

Anexo 2 – Código de Ética em Home Care ................................................................. 63

ENFERMAGEM NO HOME CARE ........................................................................... 65

O Enfermeiro no Home Care ........................................................................................ 69

SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM ............................... 70

Rotinas no atendimento domiciliar ............................................................................... 75

Indicação do Paciente ao Atendimento Domiciliar ...................................................... 75

Por meio da procura do paciente e/ou cuidador ........................................................... 75

Por meio da indicação pelo médico assistente.............................................................. 78

Por meio da alta hospitalar para internação domiciliar ................................................ 78

Por meio da Solicitação da Auditoria Hospitalar dos convênios ................................. 78

Exemplo de Protocolo para Indicação ao Serviço de Home Care ................................ 79

AUTORIZAÇÃO DO PLANO DE SAÚDE ............................................................... 82

Esclarecimento a paciente e familiares ......................................................................... 84

Seleção do Paciente e Visita Domiciliar ...................................................................... 84


Plano de Atendimento no Cuidado Domiciliar (PAD) ................................................. 91

Internação Domiciliar ................................................................................................... 96

Desmame do Serviço de Home Care ............................................................................ 99

Alta do Atendimento Domiciliar .................................................................................. 99

Fases do Serviço de Home Care ................................................................................. 100

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 109


O TRABALHO, O HOMEM E A SAÚDE

O trabalho hoje em dia ocupa um espaço muito importante na vida de todos nós.
Quase todo mundo trabalha, e uma grande parte de nossas vidas é passada dentro de
organizações. Desta forma, qualquer tipo de atividade organizada está relacionada ao
conceito histórico e à posição que o trabalho tem ocupado em nossas vidas com o passar
do tempo.
Para entendermos melhor as atividades específicas, no que diz respeito a Home
Care, é importante que tenhamos conhecimento da evolução e da inserção do homem
como integrante e criador do trabalho a partir das necessidades evolutivas, assim como
com a preocupação referente à saúde do indivíduo, que constituem ações concomitantes.
Marx (1980) afirma que o trabalho é um processo do qual participam o homem e
a natureza, em que o ser humano impulsiona, regula e controla seu intercâmbio material
com a natureza. Nesse processo os envolvidos compartilham alguns elementos
essenciais: a atividade, a matéria, o objeto de trabalho e o instrumental.
A trajetória de evolução do homem compreende o desenvolvimento do trabalho
desde as comunidades pré-industriais até as sociedades pós-industriais. Por isso, é
impossível falar do trabalho sem incluir a evolução do próprio ser humano que é
responsável pelas modificações ocorridas no decorrer dos séculos ao se tratar do
binômio homem – trabalho.
Na primeira fase, nos milhões de anos que precederam a sociedade
mesopotâmica, o homem dedicou suas energias a técnicas que pudessem garantir sua
sobrevivência, na defesa e no ataque contra agruras da natureza e outros seres vivos
hostis, sendo a caça e a pesca seus principais meios de alimentação.
O homem de Neanderthal começa a elaborar sistemas culturais mais refinados,
como o culto aos mortos e a magia, objetivando, principalmente, compensar as
frustrações, dores e insegurança. Nesta época o erotismo também passou a ter maior
evidência, assim como o acúmulo exibicionista de bens de produção.
No final desta longa fase evolutiva, o homem aprendeu a caminhar em posição
ereta, transformando os membros superiores em ágeis utensílios e produtores de
utensílios; aprendeu a cultivar a terra, em vez de esperar a disponibilidade dos frutos;
aprendeu a dominar o fogo; facilitou os transportes, aprendendo a desfrutar do menor
atrito dos corpos redondos quando giram em torno de um eixo.
O desenvolvimento psíquico do ser humano teve, como consequência, o impulso

4
gerador de invenções materiais, organizações de comunidades e avanços tecnológicos
que surgiram basicamente para suprir anseios do homem de antigamente. Foram
fundadas as primeiras cidades e as primeiras escolas e inventadas a escrita, a
matemática e a astronomia, atingindo-se um nível de progresso científico que
permaneceria praticamente imutável por dezenas de séculos.
Com o desenvolvimento das cidades, houve uma modificação organizacional.
Segundo Masi (2000), na base desta transformação surgem obras de irrigação,
agricultura intensiva, artes especializadas como a cerâmica e a metalúrgica e o controle
de uma burocracia, uma magistratura e um sacerdócio letrados. A civilização exigia
uma hierarquia social e economia estratificada.
Daí em diante, a supremacia da cidade sobre o campo afirma-se com
preponderância. As atividades do homem neste período restringiam-se à política, ao
estudo e à ginástica, enquanto o trabalho braçal era destinado às mulheres que viviam
em casa e aos 300 mil escravos que compunham o cenário daquele tempo.
As invenções tecnológicas como o relógio, a bússola, o moinho d’água, os
modernos arreios de cavalo, a pólvora, a vela moderna e a imprensa substituíram a mão-
de-obra ocasionando a libertação de boa parte dos escravos; aliados a esse progresso, o
crescimento demográfico e o êxodo rural favoreceram o surgimento das indústrias.
No final do século XVIII, surge a indústria e milhões de camponeses e artesãos
transformam-se em trabalhadores ‘subordinados’. Os tempos e os locais de trabalho
passam a não depender mais da natureza, mas das regras empresariais e dos ritmos da
máquina. Durante este período a preocupação residia na racionalização do trabalho a
partir de métodos científicos, no qual o objetivo maior era a elevação da produtividade
e, consequentemente, maiores ganhos aos detentores do capital (RODRIGUES, 1999).
Malthus (1946,) afirma que o trabalhador do século XVIII vivia em condições
desumanas, as jornadas de trabalho chegavam a 18 horas diárias, fazendo com que o
trabalhador possuísse aversão ao trabalho. Suas necessidades básicas no trabalho não
eram consideradas como prioridade e sim a sua capacidade de produção, de resultados
frente à atividade desenvolvida.
Após a guerra civil em 1968, o mercado e a expectativa para o consumo de
produtos industrializados, interna ou externamente, já existiam. A mão-de-obra não
especializada era abundante e barata. Mas havia um problema: os processos produtivos.
Segundo Coriat (1980, ) a arte de fazer não era propriedade da indústria, e os artesãos,
que também eram chamados de trabalhadores profissionais, tinham o conhecimento

5
total do fazer e constituíam um grupo dominante da indústria.
Foi durante este período de crise na produtividade mundial que Frederick
Winslow Taylor encontra um cenário ideal para aplicar suas ideias sobre produtividade
de produção. A filosofia proposta era a racionalização da produção, trazendo como
produtos finais a produtividade e a motivação econômica do trabalhador.
A respeito da prosperidade do trabalhador na administração científica, Taylor
(1987) afirma que significa, além de salários mais altos do que os recebidos pelos
obreiros de sua classe, o aproveitamento mais eficiente dos homens de moda,
habituando-os a desempenhar os tipos de trabalhos mais elevados, para os quais tenham
aptidões naturais e atribuindo-lhes, sempre que possível, esses gêneros de trabalhos.
A partir destes conceitos o homem começa a ser visto não só como meio de
produção, mas também como um ser integrado que possui uma vida fora do seu local de
trabalho, cujas satisfação e motivação estão diretamente relacionadas com a sua
produtividade.
Em síntese, a industrialização interveio lentamente em toda a milenária ordem
rural e artesanal da sociedade: do trabalho à família, da fábrica à cidade; o que
permanece até os dias atuais e com mais veracidade, pois o atual cenário de
industrialização e tecnologia avançadas ocasiona uma preocupação maior do ser
humano em relação ao trabalho.
Milhões de pessoas se desesperam por estarem excluídas do exercício de alguma
atividade da qual, mesmo que não gostem ou, às vezes, até detestem, os insere no que as
estatísticas oficiais consideram como trabalho. Essas pessoas têm bons motivos para se
desesperar, porque a organização social da atualidade evoca dependência do exercício
do trabalho, ou seja, o direito a viver de um modo decente e independente, ter casa e
filhos, ser bem aceito no convívio social.
Pode-se verificar que no conjunto das transformações que chamamos de
progresso permanecem, segundo Masi (2000), oito percursos a que o gênero humano se
mantém fiel na busca de domesticar a natureza por meio da cultura: da operação manual
ao uso na tecnologia; da simplicidade à complexidade; da causalidade à planificação
intencional de curto e longo prazo; da aproximação à precisão profissional; da mera
execução à criação.
Com o rápido desenvolvimento tecnológico e a constante corrida pela
subsistência vivenciada nos dias de hoje por trabalhadores e organizações cresce a
necessidade de uma profunda reformulação na maneira de ver a pessoa, que constitui o

6
principal agente na estratégia para garantir a sobrevivência das instituições em meio aos
desafios encontrados.
Weil (2000) caracteriza o fator humano nas organizações podendo ser entendido
em três partes principais: adaptação do homem ao trabalho, adaptação do trabalho ao
homem e adaptação do homem ao homem. Sendo que o ideal deve ser expresso quando
o indivíduo aumenta a sua satisfação e motivação e, consequentemente, sua
produtividade por meio de uma adequada adaptação ao trabalho e a si próprio.
Conforme Masi (2000), o desafio do século XXI é inventar e difundir uma nova
organização que tenha como objetivos principais o aumento da produtividade com
elevação da qualidade de vida e do trabalho, e, por conseguinte, favorecendo a
expressão de desejo e felicidade do ser humano.
Graziano (2000) ressalta que nas duas últimas décadas tem aumentado o número
de empresas que investem no bem-estar e na satisfação de seus funcionários,
beneficiando amplamente o delicado campo dos relacionamentos e adaptação às funções
e, por consequência, a produtividade.
A preocupação com o fator humano nas empresas ocasiona uma seleção restrita
por parte de administradores no momento das contratações. De acordo com Goleman
(1999) já não importa somente o quanto somos inteligentes ou nosso grau de
especialização, mas também a maneira como lidamos com nós mesmos e com os outros.
Por meio desta descrição percebe-se que a inserção do trabalho na vida do
homem foi entendida, primeiramente, como a capacidade de produção com esforço
físico e cumprimento de horários, o que permanece até hoje. Porém tal visão aprimora-
se a cada dia, e o trabalhador passa a ser visto com um ser pensante e passível de
adaptação.
Apesar de existir uma preocupação com o fator humano, nos países
subdesenvolvidos é difícil unir a teoria à prática, uma vez que a crise econômica
restringe a escolha do homem pelo seu trabalho, transformando a adaptação em algo
irreal, pois alguns indivíduos trabalham para sobreviver.
As mudanças ocorridas, historicamente relacionadas ao homem e ao trabalho,
contribuem e muito para o cuidado com a saúde dos indivíduos, já que estes começam a
ser vistos como trabalhadores e produtores de um resultado. Assim, amplia-se a gama
de ações voltadas à atenção dos trabalhadores e consequentemente de todos os
indivíduos.
Alguns trabalhos em saúde surgem quando o sistema industrial se instala e se

7
desenvolve a ponto de exigir trabalhadores mais habilitados. Neste período, os sistemas
de assistência à saúde ampliam seus objetivos de modo a dar conta de uma necessidade
social que desponta: a de preservar a mão-de-obra treinada para os postos de trabalho
então existentes.
Segundo Vaz (1996) a saúde, enquanto produto das relações sociais do homem,
é um universo concreto que se expressa nas formas biológicas do indivíduo e nas
estruturas das ações coletivas. Essas ações, por se situarem essencialmente na
exterioridade do mundo dado, são, ao mesmo tempo, expressão e condição de
desenvolvimento das formas biológicas, postas na individualidade do sujeito
estruturalmente social.
Com isso, a prática em saúde tem suas origens nas necessidades determinadas
socialmente e se volta para o atendimento delas. Como trabalho, por intermédio de seus
agentes, transforma a natureza para satisfazer carências e constrói o mundo da saúde e
suas teorias, nas suas infinitas particularidades. O conjunto de práticas que se
institucionalizam para intervenção no processo saúde-doença são diversidades da
unidade trabalho em saúde.
Leopardi et al (1999) ressalta que o trabalho em saúde é um trabalho essencial
para a vida humana e é parte do setor de serviços. É um trabalho da esfera da produção
não-material que se completa no ato da sua realização. Não tem como resultado um
produto material, independente do processo de produção e comercializável no mercado.
O produto é indissociável do processo que o produz, é a própria realização da atividade.
Formulando o processo de trabalho segundo as bases teóricas de Marx (1980),
citadas anteriormente, pode-se considerar que o processo de trabalho dos profissionais
da saúde tem como finalidade a ação terapêutica de saúde, como objetivo dos indivíduos
ou grupos doentes, sadios ou expostos a risco, e como instrumental de trabalho as
condutas que representam o nível técnico do conhecimento que é o saber de saúde.
Nesse percurso, o produto final é a própria prestação da assistência de saúde que é
produzida no mesmo instante em que é consumida.
Num primeiro momento, as estruturas hospitalares estavam voltadas ao abrigo
de indigentes e pobres, locais onde alguns que estavam acometidos de “pragas” eram
jogados a fim de não disseminar a doença para os demais indivíduos, e não tinha
objetivo de cura.
Conforme Foucault (1978) o hospital que funcionava na Idade Média não era,
por nenhum conceito, um meio de cura, nem havia sido concebido para curar. Na

8
história do cuidado do doente no Ocidente, o hospital era uma instituição de assistência
aos pobres e ao mesmo tempo um local de separação e exclusão.
A instalação do capitalismo necessitava do corpo como força do trabalho, e,
assim, iníciou-se a reestruturação do conceito e dos objetivos dos hospitais. O objetivo
começou a ser a cura, e o médico passa a dirigir todas as práticas advindas da divisão do
trabalho no hospital, com o desenvolvimento concomitante da enfermagem no alcance
das ações terapêuticas ao paciente.
No Brasil, as primeiras políticas de saúde aparecem como preocupação do
governo com a formação das cidades, a aglomeração das pessoas nas precárias
condições de vida e a proliferação das doenças infectocontagiosas. Como proposta de
saúde pública, o movimento sanitarista, vigente nas duas primeiras décadas deste
século, apresentou para a sociedade um projeto de intervenção: o campanhista-policial
(MEHRY apud RIZZOTTO, 1999).
Embora as intervenções sociais tivessem alguma eficiência, foram contestadas
pela população, devido ao autoritarismo empregado nas ações, como, por exemplo, na
vacinação obrigatória e no confinamento dos doentes. Neste contexto, surgiu a
enfermagem profissional na qual, segundo Germano (1985), o currículo adotado, na
época, priorizava as disciplinas vinculadas à Saúde Pública, porém era exigido que as
alunas trabalhassem em instituições hospitalares.
O movimento da Reforma Sanitária e o processo de construção do Sistema
Único de Saúde (SUS) marcam momentos significativos no processo de resgate da
cidadania dos brasileiros no campo de saúde. Foi ao longo das últimas quatro décadas
que se implantou a ideia da equidade, integralidade, universalidade e intersetoriedade
como princípios orientadores de nossas práticas assistenciais em saúde.
Em termos jurídicos, as reorientações no setor de saúde tornam-se
particularmente importantes após a promulgação da constituição de 1988 e da Lei
Orgânica da Saúde (Lei 8.080), de 19 de setembro de 1990, complementada pela Lei
8.142, de 28 de dezembro de 1999, a qual trata da participação e do controle social.
Nesta evolução o direito à saúde dos cidadãos é sancionado, proporcionando
uma demanda elevada na procura dos serviços de atendimento à saúde. As políticas
públicas, entretanto, não são suficientes para contemplar todo esse aporte, e, com isso,
ocorrem a organizações dos planos de saúde privados e empresas de prestação de
serviços.
Dentre estas opções surge o Home Care como uma linha de atendimento

9
organizado à saúde em caráter domiciliar. Na maioria das vezes custeada de forma
particular pelos seus usuários ou mesmo pelo convênio de saúde que o paciente faz
parte, o cuidado domiciliar é vertente importante para compreendermos melhor a
estruturação de um serviço de Home Care, bem como sua trajetória.
O cuidado domiciliar também foi focalizado a partir da formulação e
implantação do Programa de Saúde da Família – PSF, como política pública que
culminou no atendimento domiciliar às famílias pelo Sistema Único de Saúde,
incorporando-se parcialmente alguns objetivos comuns entre Home Care e o PSF, no
que se refere a cuidados domiciliares.

Cuidado domiciliar

Muitos registros na área da saúde demonstram, historicamente, a inserção do


cuidado domiciliar como sendo uma prática antiga e acreditada por vários estudiosos
que, com o passar dos anos, tornou-se uma modalidade de atendimento organizada
implementada em vários países.
No século XIII a.C no Egito Antigo, um médico chamado Imhotep atendia os
pacientes no domicílio e em seu consultório e também era responsável pelo atendimento
no palácio ao Faraó. Desde esta época, as primeiras referências da medicina apontam
para um cuidado domiciliar.
Na Grécia Antiga, o médico Asklépios atendia no domicílio dos pacientes e seus
denominados seguidores atendiam os indivíduos nos templos. Nesses locais havia
medicamentos e materiais para proporcionar o tratamento e a cura aos indivíduos
enfermos – alguns registros apontam que estas estruturas são consideradas futuramente
como hospitais.
Hipócrates, no século V a.C., descreveu a importância e a eficiência do cuidado
no domicílio. Segundo ele essa forma de atendimento trazia êxito ao tratamento dos
enfermos, como expõe no “Tratado sobre os ares, as águas e os lugares”.
Samuel Hanneman, fundador da Homeopatia, no final do século XVII visitava
os doentes no domicílio por acreditar que o médico era responsável pelo tratamento e
cura das enfermidades, fazendo questão de permanecer junto ao leito dos doentes no
domicílio a maior parte do tempo possível.
Antes do surgimento dos grandes hospitais e da modalidade de assistência
ambulatorial, no final do século XVIII, na Europa, os cuidados de enfermagem já eram

10
largamente empregados. Especificamente no campo de enfermagem, Florence
Nigthingale, ao se referir à saúde como estilo de vida, afirmou, em 1963, que os doentes
se recuperariam melhor em suas casas do que nas instituições hospitalares.
Independente do contexto vivenciado por Florence, do viés histórico –
ideológico que permearam sua atuação, bem como as diferenças entre o ecossistema do
século XIX e o do tempo atual, o que se advoga no campo da saúde domiciliar já era
preconizado, quando esta enfermeira deu início à revolução científica na enfermagem
mundial.
Segundo Barreira (1992) a prestação de cuidados domiciliares no Brasil no
início do século foi valorizada e tida como atividade prioritária no combate às grandes
endemias que assolaram os grandes centros. Este cuidado era feito por intermédio de
visitas domiciliares.
A partir deste fato foi reconhecida a necessidade de formação de profissionais
para este exercício. Conforme Oliveira (1996) esta formação estava direcionada à
prestação do cuidado para o doente ou para os fatores de risco de determinados agravos
e não para a família como grupo social.
Com a institucionalização do Sistema Único de Saúde – SUS, a partir da Lei
Federal nº 8080/90 (BRASIL, 1990), algumas estratégias foram pensadas e
implementadas para a consolidação do seu modelo. Uma delas foi a proposta do
Ministério da Saúde, em 1994: O Programa de Saúde da Família – PSF (Fundação
Nacional de Saúde, 1996).
O PSF, na forma com que foi concebido, surge como resposta às propostas de
atenção primária de saúde que ocorreram na década de setenta e ao movimento da
Reforma Sanitária, que ocorreu na década de oitenta, culminando com a implantação do
SUS.
Neste cenário, a construção de um novo modelo assistencial embasado em
estratégias do PSF propõe a organização das práticas de saúde voltadas para atenção a
família. Um dos pressupostos das estratégias do PSF elege a família e seu espaço social
como foco da atenção à saúde (Ministério da Saúde, 1996).
Segundo Elsen (1994) a família constitui uma unidade de saúde para seus
componentes, apesar dos estudos que abordam as funções da família não incluírem de
forma explícita o cuidado com a saúde de seus membros. Entretanto, a autora destaca
que esta unidade nem sempre é eficiente no desempenho deste papel e apenas é
considerada saudável quando cuida da saúde de seus componentes de forma adequada.

11
Assim, o domicílio é considerado o cenário onde ocorrem as relações sociais
geradoras de conflitos e de outros fatores de risco de adoecer, sendo também o local
privilegiado para o desenvolvimento de ações e da atuação na busca pela promoção e
manutenção da saúde.
O cuidado dispensado à saúde no domicílio propicia a inserção dos profissionais
no cotidiano do paciente; identificando demandas e potencialidades da família, em um
clima de parceria terapêutica. Para isso concorrem fatores como a humanização do
cuidado, a ausência de riscos iatrogênicos de origem hospitalar, o resgate das formas de
cuidar calcadas nas práticas tradicionalmente usadas pela população, embasadas na
bagagem cultural.
O desenvolvimento das ações propostas pelo PSF está relacionado
prioritariamente à prevenção primária, ou seja, aquela prevenção realizada antes mesmo
que a doença ocorra no paciente, não excluindo também a atuação na prevenção
secundaria e terciária, tratamento e reabilitação respectivamente.
No caso do atendimento domiciliar realizado pelos serviços de Home Care, na
maioria das vezes há mais ações voltadas para a atenção secundária e terciária, que
consistem no tratamento do agravo, até mesmo internações domiciliares e
acompanhamento na reabilitação do paciente.
É importante também identificar que o PSF é um programa de política pública
de atendimento à população pelo Sistema Único de Saúde, enquanto o Home Care é
uma empresa constituída que obedece a normas regidas pelo sistema nacional, mas que
atende na maioria das vezes pacientes particulares ou com planos de saúde, tendo
também possibilidade de atender ao SUS, constituindo um serviço terceirizado.
Atendimento domiciliar conceitua-se como o conjunto de procedimentos
hospitalares passíveis de serem realizados no ambiente domiciliar do paciente,
englobando ações de saúde de equipe multiprofissional, baseadas em diagnóstico da
realidade que o paciente vive, buscando a promoção, manutenção e reabilitação da
saúde (Fabrício et al, 2004).
A atenção ao atendimento domiciliar, segundo Moura e Nakamura (2003), inclui
procedimentos simples de enfermagem, internações domiciliares e até mesmo
assistência no domicílio daqueles pacientes considerados pelos médicos como fora das
possibilidades terapêuticas. Um paciente considerado fora das possibilidades
terapêuticas, ou também denominado paciente terminal, é aquele onde as possibilidades
de cura não existem, o tratamento passa a ser paliativo e o prognóstico é o óbito.

12
Este diagnóstico é feito pelo médico depois de esgotados os recursos de cura
para determinada doença.
Collopy et al, citado por Mendes (2001), descreve que na modalidade de
assistência domiciliar estão envolvidos procedimentos como cuidados dos clientes em
suas atividades cotidianas, administração de medicamentos, realização de curativos,
cuidados com estomas e até mesmo o uso de alta tecnologia hospitalar com a presença
de equipe multiprofissional de permanência 24 horas/dia.
A equipe multiprofissional que compõe um cuidado domiciliar formal deve ser
composta por médico, enfermeiro, técnico de enfermagem, nutricionista e
fisioterapeuta. Conforme a complexidade do atendimento ao paciente, sua patologia e
prognóstico, os profissionais em conjunto devem estipular as condutas de tratamento a
serem seguidas e a possível necessidade de outro profissional.
O trabalho em equipe multiprofissional consiste numa modalidade de trabalho
coletivo que se configura como uma relação recíproca entre as múltiplas intervenções
técnicas e a interação dos agentes de diferentes áreas profissionais. Por meio da
comunicação, ou seja, da mediação simbólica da linguagem, dá-se a articulação das
ações multiprofissionais e a cooperação (PEDUZZI, 1998).
O cuidador é o indivíduo que presta cuidados ao enfermo sendo que pode ou não
ter vínculo familiar. Existem dois tipos de cuidadores: o formal e o informal (BRASIL,
1999b). O cuidador formal é um profissional preparado em uma instituição de ensino
para prestar cuidados no domicílio, segundo as necessidades específicas do cliente
(REJANE & CARLETTE, 1996); o cuidador informal, no entanto, é um membro da
família ou da comunidade que presta cuidado de forma parcial ou integral. Este
indivíduo deve ser alfabetizado e possuir noções básicas sobre o cuidado do cliente e
terá a função de auxiliar e/ou realizar a atenção adequada às pessoas que apresentam
limitações para as atividades básicas e instrumentais da vida diária, estimulando a
independência e respeitando a autonomia destas (BRASIL, 1999b).
Duarte (1997) afirma que o cuidador é a pessoa que realiza suas atividades aos
indivíduos com necessidades de atenção no domicílio. Leitão e Almeida (2000, p. )
descrevem o cuidador como a pessoa que assume a responsabilidade em cuidar
proporcionando suporte e visando a melhoria da qualidade de vida da pessoa a ser
cuidada.
Mendes (1998) expõe que o cuidador domiciliar se constitui no indivíduo que
possui vínculos de parentesco com o doente, e classifica como cuidador principal aquele

13
com maior responsabilidade sobre os cuidados do paciente e o cuidador secundário
como aquele que realiza cuidados complementares.

CONCEITO E HISTÓRICO DE HOME CARE

Home Care é uma expressão inglesa na qual Home significa “Lar” e Care
“Cuidados”. Traduz-se, desta forma, como cuidados no lar. O Home Care surgiu
primeiramente nos Estados Unidos (EUA) no período pós-guerra, mediante a
necessidade dos familiares de cuidar de seus doentes em casa. Após essa fase inicial
houve a inserção dos profissionais especializados para este cuidado.
A procura excessiva por serviços de saúde e a intencionalidade para internações
hospitalares em conjunto com a escassez destes serviços propiciou e colaborou para a
transformação do cuidado domiciliar. Esta modalidade de atendimento tornou-se
gradativamente organizada.
Em 1796 o Home Care começou a ser arranjado, primeiramente prestando
cuidados aos pobres e enfermos, nos Estados Unidos da América, objetivando o
tratamento destes pacientes em casa, ao invés de hospitalizá-los. Nesta mesma época o
hospital ainda era considerado um local insalubre, onde os acometidos por pestes e os
pobres aguardavam a morte.
A primeira referência da forma organizada da Assistência Domiciliar em Saúde
(ADS) foi o Dispensário de Boston, em 1976, hoje denominado New England Medical
Center. Liderado por Lílian Wald, foi criado em 1850 o programa que mais tarde
denominou-se Public Health Nurse, o seja, Enfermeira da Saúde Pública.
No período de 1900 a 1905, nos EUA, havia uma preocupação com a imigração,
a industrialização e o aumento de doenças infecto-contagiosas. Neste mesmo período
algumas enfermeiras faziam visitas aos pobres em sua residência, informando-lhes
sobre os cuidados básicos de saúde e prevenção do alastramento das enfermidades,
sendo empregadas por associações.
Esta função denominada como enfermeira visitante foi vista como uma saída
para o controle das doenças que estavam tomando conta das cidades e as destruindo.
Até o período de 1905, quatrocentos e cinquenta e cinco enfermeiras estavam
empregadas por associações e realizando as visitas à toda a população.
Também existia o trabalho das enfermeiras de forma autônoma que realizavam

14
acompanhamento contínuo dos enfermos nos domicílios, nas 24 horas do dia, prestando
cuidados em sua convalescença. Recebiam de forma particular, geralmente nos casos de
enfermos da classe média e pessoas influentes.
Em 1909, com o investimento público nas ações de saúde e educação, o sistema
de saúde domiciliar dos EUA passou por mudanças. A enfermeira começou a ensinar às
pessoas nas escolas um estilo de vida saudável, incluindo hábitos de higiene pessoal,
métodos de tratamento e a responsabilidade do auto-cuidado dos indivíduos.
Segundo Orem (1971, p.80) auto-cuidado é utilizado como sinônimo de cuidar
de si próprio, ou seja, são todas as ações que o indivíduo executa em seu próprio
benefício. É um comportamento que implica no papel ativo do cliente no
desenvolvimento de atividades com o objetivo de manter a vida, a saúde e o bem-estar.
Esta função da enfermeira foi denominada de comunitária, pois ensinava
também aos indivíduos os conceitos de doença; neste mesmo período o plano de saúde
“Metropolian Life Insurance Company” contratou enfermeiras visitantes para tratar dos
seus usuários em casa durante a fase da enfermidade.
A Metropolian Life Insurance Company conhecida também com MetLife é uma
das mais antigas companhias de seguros dos Estados Unidos, criada em 1863 por um
grupo de empresários em Nova York. No início esta empresa oferecia somente seguros
de assistência à vida, mais tarde incluiu serviços dentários.
O Plano de Saúde Metropolian Life Insurance Company aceitou este desafio
mediante a ideia de Lílian Wald, enfermeira que iníciou o serviço de enfermeiras
visitadoras em Nova York e colaborou com a abertura da primeira escola de
enfermagem em tempo integral, ela acreditava que as enfermeiras visitantes poderiam
contribuir na redução dos gastos com usuários enfermos.
A Cruz Vermelha ampliou o programa de enfermeiras visitantes para a área
rural, em 1912. O final da I Guerra Mundial propiciou o aumento das enfermeiras
visitantes em todos os países, e a Cruz Vermelha ampliou esta função para todas as suas
filiais. O plano de saúde Metropolian Life Insurance Company contratou várias
enfermeiras para o desempenho desta atividade.
No primeiro momento de atuação da enfermagem no domicílio dava-se ênfase às
doenças contagiosas. A partir de 1950 as doenças contagiosas, diante do trabalho
realizado pelas enfermeiras visitantes e comunitárias, diminuíram expressivamente. O
foco do trabalho então começou a ser os doentes crônicos.
As doenças crônicas inviabilizavam a vida do indivíduo, que na maioria das

15
vezes necessitava longa permanência no leito, acarretando uma total dependência no
desenvolvimento de ações, surgindo com isso problemas sociais e econômicos, e
principalmente de saúde.
Em 1922 a enfermagem tornou-se profissão no Brasil por meio da fundação da
Escola de Enfermeiras do Departamento Nacional de Saúde Pública, que possuía o
mesmo padrão da Escola Florence Nightingale na Inglaterra, em 1926 esta mesma
escola passou a se chamar Ana Nery.
No período compreendido entre os anos de 1925 e 1929 a taxa de mortalidade
urbana e as doenças infectocontagiosas começam a diminuir nos EUA, e a principal
causa de mortalidade passa a ser as doenças crônicas degenerativas.
Os hospitais começam a ficar lotados por estes pacientes que optam pela
internação para tratamento de tais moléstias. O Home Care ainda é uma opção de
tratamento, mas progressivamente neste período diminui e muito seus serviços, sendo
substituído pela permanência dos pacientes em hospitais.
Houve a centralização e o aumento de pacientes nos hospitais, principalmente no
período entre 1930 a 1954 nos EUA, o que fez com que o trabalho das enfermeiras
comunitárias e visitantes foi declinando. O Plano de Saúde Metropolian Life cancelou o
programa de enfermeiras visitantes e a Cruz Vermelha também.
A partir do ano de 1955 até 1964 houve um grande questionamento sobre os
custos dos pacientes para os Planos de Saúde. Como as internações aumentaram,
verificou-se que os custos para manter um paciente internado eram superiores àqueles
para mantê-lo em tratamento domiciliar.
Paralelamente ao aumento das internações, a taxa de doenças crônicas na
população aumentava consideravelmente e o número de pacientes idosos também. Neste
contexto, mais uma vez o Home Care aparece como uma modalidade de assistência à
saúde da população, demonstrando qualidade nos serviços com um menor custo.
Em 1965 o plano de saúde Medicare, nos EUA, por meio de sua legislação,
começou a prever aos seus usuários os serviços de Home Care especializados e terapias
de natureza curativa ou de reabilitação para os idosos. O serviço de Home Care
oferecido pelo Medicare era contratado por uma empresa terceirizada.
No ano de 1968 os serviços domiciliares no Brasil estavam em sua maioria
restritos à vigilância epidemiológica materno-infantil. O Hospital do Servidor Público
Estadual de São Paulo estruturou-se e iniciou suas atividades de visitação em domicílio.
O Home Care, nos EUA, começou a ser visto pelos planos de saúde como uma

16
forma de reduzir custos com seus usuários. Assim no período de 1970 a 1985 muitas
outras empresas de Home Care foram abertas e em 1982 foi fundada a Associação
Nacional para Home Care. Esta associação objetivava defender os interesses das
empresas credenciadas. Promoveu esclarecimento à população na mídia frente ao
tratamento do paciente em Home Care. Observou-se que quanto menos dias os
pacientes permaneciam internados mais os serviços de Home Care eram utilizados pela
população. O conhecimento frente ao Home Care também aumentou muito por parte da
população.
Em 1986 é fundada no Brasil a primeira agência de Home Care, chamada
“Geriátricas Home Care”. Localizada no Rio de Janeiro e dirigida pelo Dr. Ricardo
Rodrigues, inicia seus atendimentos com exclusividade para o Plano de Saúde Amil.
Quatro anos depois, em 1990, é aprovada a Lei 8.080, em 19 de setembro, que
trata das condições para promoção, proteção e recuperação da saúde da população,
como também a organização e o funcionamento de serviços correspondentes, dando
outras providências e regulamentando a assistência domiciliar no Brasil.
Em 1994 foi criada a Fundação de Home Care pela Volkswagen no Brasil e em
1995 foi fundada a Associação das empresas de Medicina Domiciliar – ABEMID. Um
ano depois, em 1996, constituiu-se o NADI (Núcleo de Assistência Domiciliar
Interdisciplinar) do Hospital de Clínicas de São Paulo.
A atenção em torno da assistência domiciliar foi aumentando gradativamente, e
em 1998 ocorreu o I Simpósio Brasileiro de Assistência Domiciliar – SIBRAD. Neste
encontro foram discutidos os aspectos mais importantes relacionados à assistência
domiciliar e pela primeira vez houve um debate sobre os modelos de assistência
domiciliar nos setores público e privado.
Com a expansão dos serviços de atendimento domiciliar, passou a existir a
necessidade de emissão de resoluções sobre a adequação dos profissionais para
realização da função. Em 2002 o Conselho Federal de Enfermagem e o Conselho
Federal de Farmácia e em 2003 o Conselho Federal de Medicina aprovam resoluções
referentes à assistência domiciliar.
Também em 2002 o Conselho Federal de Enfermagem aprovou a resolução
número 270 que definiu a regulamentação para que as empresas prestassem serviços de
enfermagem domiciliar Home Care. No mesmo ano, o Conselho Federal de Farmácia
edita a resolução número 386, em 12 de novembro, na qual dispõe sobre as atribuições
do farmacêutico no âmbito da assistência domiciliar.

17
Posteriormente, em 2003 o Conselho Federal de Medicina aprovou a resolução
número 1.668/2003 que dispôs sobre as técnicas necessárias à assistência domiciliar de
paciente, definindo as responsabilidades e a interface multidisciplinar neste tipo de
assistência.
No mesmo ano de 2003, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA)
publica a Consulta Pública número 81, de 10 de outubro de 2003, relacionada com a
prática da assistência domiciliar no Brasil. E, em 2006, a ANVISA publica a resolução
RDC nº 11, que estipula as regras para o funcionamento de serviços de saúde que
prestam atendimento domiciliar.
A partir da publicação da RDC nº 11 os serviços de saúde com atendimento
domiciliar começaram a ser fiscalizados e consequentemente melhor estruturados, já
que passaram a seguir normas de funcionamento.

Perspectivas para o Home Care


Frente ao atual quadro de políticas de saúde, questões demográficas e sociais
encontradas no Brasil, pode-se dizer que alguns fatores contribuem para o crescimento
da atenção à saúde prestada em domicílio, são eles:

O aumento da população idosa


Segundo a Organização Mundial de Saúde – OMS – a população idosa é
definida como aquela possui no mínimo 60 anos de idade, limite de idade válido para os
países em desenvolvimento, no caso dos países desenvolvidos admite-se o limite de
idade de 65 anos.
Carvalho e Andrade (2000) descrevem o envelhecimento como o aumento do
número de anos vividos em conjunto com a evolução cronológica do indivíduo. Existem
fenômenos de natureza biopsíquica e social, que proporcionam a percepção da idade e
do envelhecimento. O envelhecimento é associado, algumas vezes, com a saída da vida
produtiva pela vida de aposentadoria.
Segundo estudos do IBGE (2002) as estimativas para os próximos 20 anos
indicam que a população idosa poderá exceder 30 milhões de pessoas, chegando a
representar quase 13% da população brasileira. Os estudos mostram que a população de
idosos vem crescendo mais rapidamente que a população de crianças.
Concomitante a isso, estudos apresentados pelo Ministério da Saúde apontam
que em nosso país mais de 85 % dos idosos apresentam uma enfermidade crônica e

18
cerca de 15% dos idosos apresentam pelo menos 5 enfermidades crônicas, resultando na
procura constante ao atendimento à saúde (IBGE, 2002).

O aumento da incidência de Doenças Crônicas


O aumento das doenças crônicas na população acarreta uma demanda de
pacientes com necessidades de tratamento constante. O Home Care, neste sentido, evita
a internação deste paciente, já que os cuidados a serem realizados na maioria das
patologias consideradas como crônicas podem ser desenvolvidos no domicílio.

O alto custo no uso de tecnologias diagnósticas e de tratamento

Cada vez mais o investimento na área de saúde preventiva e curativa vem


aumentando os custos das tecnologias diagnósticas, aumentando, consequentemente, os
valores para manter o tratamento de pacientes no ambiente hospitalar, ou mesmo em
forma ambulatorial de atendimento em hospitais ou centros diagnósticos.
Quando um Home Care está ligado a um plano de saúde ocorre a redução dos
custos pelos usuários do plano mantendo uma qualidade de vida adequada sem interferir
no desenvolvimento de ações para diagnóstico e tratamento. O Home Care pode agir de
forma preventiva, focalizando os riscos das doenças antes que a mesma se instale no
paciente, diminuindo custos com tecnologia diagnóstica, já que estará envolvido na
saúde preventiva.

O aumento do interesse de cuidados próprios

Mesmo não sendo tão conhecida pelos pacientes, por ainda haver o paradigma
de que sempre a internação hospitalar é o melhor caminho, a modalidade de
atendimento domiciliar Home Care vem mostrando, principalmente nos maiores centros
do país, a facilidade e resolutividade no atendimento domiciliar.
Com a conscientização, tanto familiares como os próprios pacientes
compreendem esta forma de gerenciar o cuidado como uma maneira mais humanizada,
já que, na maioria das situações os pacientes possuem um cuidador informal, alguém
que está presente por todo o tempo no domicílio e que será responsável pela detectação
de sinais e sintomas.
• Os recursos financeiros insuficientes destinados à saúde pelo governo

19
Quanto menos recursos são destinados à saúde pelo governo menos necessidades
da população são atendidas. Com isso, muitos indivíduos buscam apoio na saúde
privada, inserido-se neste contexto as empresas de Home Care e os Planos de saúde.
Alguns hospitais que atendem pelo Sistema Único de Saúde utilizam como
estratégia de ação o atendimento domiciliar para diminuir seus custos com pacientes
internados, sendo uma maneira de direcionar o cuidado qualificando sem, contudo,
intervir na terapêutica.

• As dificuldades nas instituições hospitalares


Atualmente, diante das dificuldades das instituições hospitalares, tem-se tentado
focalizar o paciente que realmente possui a necessidade de permanecer dentro desta
instituição para tratamento, enquanto os demais podem e devem ser encaminhados para
um serviço de atendimento domiciliar.

• A necessidade de gerenciamento de custo de riscos pelos planos de


saúde.
A atuação do Home Care nos Planos de Saúde está diretamente relacionada à
qualidade de vida dos usuários e à diminuição dos custos relacionados às internações
e/ou aos tratamentos empregados nas situações de diagnóstico e tratamento. Nesta visão
utilizam-se ações preventivas de acompanhamento de usuários mediante os riscos no
aparecimento de doenças.

Objetivos do Home Care

Segundo Floriani e Schramm (2004) os principais objetivos de um serviço de


Atendimento Domiciliar são:
• Contribuir para a otimização dos leitos hospitalares e do atendimento
ambulatorial, visando a redução de custos;
• Reintegrar o paciente ao seu núcleo familiar e de apoio;

• Proporcionar assistência integrada e humanizada por meio de uma maior


aproximação da equipe de saúde com a família;

20
• Estimular uma maior participação do paciente e de sua família no
tratamento proposto;
• Promover educação em saúde;
• Ser um campo de ensino e pesquisa.

Economicamente está comprovado que o atendimento domiciliar reduz os custos


com internação de pacientes nos hospitais, como também otimiza a utilização de leitos
por aqueles que realmente necessitam estar em ambiente hospitalar, ou seja, não são
pacientes potenciais para Home Care.
A integração com a família é importante para restabelecer o paciente. Também
nesse contexto pode-se citar a presença do cuidador como indispensável para melhor
recuperação e acompanhamento do paciente em seu tratamento domiciliar. Mesmo com
a atuação da equipe de atendimento domiciliar é importante sempre identificar um
componente como sendo a referência em cuidador.
O Projeto Lei do Congresso Nacional nº (descrito na íntegra no Anexo 1) cria a
profissão do cuidador: de acordo com o proposto neste projeto, o profissional
“cuidador” tem por finalidade o serviço domiciliar extra-institucional de saúde, prestado
a pessoas cuja saúde debilitada, idade avançada ou limitação temporária ou crônica
impeçam-nas de realizar tarefas básicas da vida, como locomoção, alimentação e
higiene.
O exercício desta profissão só poderá ser feito, segundo o projeto de lei, por
meio da conclusão do Ensino Fundamental e de curso de qualificação básica para
formação de cuidador, sendo que o conteúdo do curso será elaborado e estabelecido
pelo Ministério da Saúde. As atividades dos cuidadores citados neste projeto não
compreendem atividades privativas dos profissionais de saúde. O projeto está sendo
analisado pela câmara de deputados.
O atendimento domiciliar proporciona à equipe que presta este serviço, um
conhecimento maior frente à realidade de vivências de seus pacientes, podendo propor
ações dentro desta realidade, o que torna o cuidado mais eficiente, no sentido de evitar
danos e futuras reiternações.

Benefícios do Home Care

Os mesmos autores relacionam como benefícios de um atendimento domiciliar:


21
• Diminuição das reinternações e dos custos hospitalares;
• Redução dos riscos de infecção hospitalar;
• Manutenção do paciente no núcleo familiar;
• Aumento da qualidade de vida dele e de seus familiares.

Regulamentação em Home Care

Para qualificar o entendimento sobre o Home Care é importante conhecer as


principais resoluções vigentes sobre o assunto, dentre elas citam-se a RDC n° 11 e n° 07
que regulamentam tecnicamente os serviços que prestam atendimento domiciliar, bem
como as resoluções de categorias profissionais que descrevem as funções no
atendimento junto à equipe multiprofissional.

➢ Resolução da Diretoria Colegiada – RDC n°11 de 26 de janeiro de


2006.

No dia 26 de janeiro de 2006 a Agência Nacional de Vigilância Sanitária


(ANVISA) publicou a RDC (Resolução da Diretoria Colegiada) nº 11 que regulamenta
a atividade de Assistência Domiciliar no Brasil. Em seu Regulamento Técnico descreve
os principais fundamentos para o funcionamento de tais empresas, como pode ser
observado no anexo 1.

➢ RDC n° 11 – Anexo “Regulamento Técnico para o funcionamento de


Serviços de Atenção Domiciliar”

1. Objetivo

Estabelecer os requisitos de funcionamento para os Serviços de Atenção


Domiciliar.
2. Abrangência do Regulamento
Esta resolução é aplicável a todos os Serviços de Atenção Domiciliar, públicos
ou privados, que oferecem assistência e ou internação domiciliar.

22
3. Definições
3.1 Admissões em Atenção domiciliar: processo que se caracteriza pelas
seguintes etapas: indicação, elaboração do Plano de Atenção Domiciliar e início da
prestação da assistência ou internação domiciliar.
3.2 Alta da Atenção domiciliar: ato que determina o encerramento da
prestação de serviços de atenção domiciliar em função de: internação hospitalar, alcance
da estabilidade clínica, cura, a pedido do paciente e/ou responsável, óbito.
3.3 Atenções domiciliar: termo genérico que envolve ações de promoção à
saúde, prevenção, tratamento de doenças e reabilitação desenvolvidas em domicílio.
3.4 Assistências domiciliar: conjunto de atividades de caráter ambulatorial,
programadas e continuadas desenvolvidas em domicílio.
3.5 Cuidador: pessoa com ou sem vínculo familiar capacitada para auxiliar o
paciente em suas necessidades e atividades da vida cotidiana.
3.6 Equipes Multiprofissionais de Atenção Domiciliar – EMAD:
profissionais que compõem a equipe técnica da atenção domiciliar, com a função de
prestar assistência clínico-terapêutica e psicossocial ao paciente em seu domicílio.
3.7 Internação Domiciliar: conjunto de atividades prestadas no domicílio,
caracterizadas pela atenção em tempo integral ao paciente com quadro clínico mais
complexo e com necessidades de tecnologia especializada.
3.8 Plano de Atenção Domiciliar – PAD: documento que contempla um
conjunto de medidas que orienta a atuação de todos os profissionais envolvidos de
maneira direta e ou indireta na assistência a cada paciente em seu domicílio desde sua
admissão até a alta.

3.9 Serviço de Atenção Domiciliar – SAD: instituição pública ou privada


responsável pelo gerenciamento e operacionalização de assistência e/ou internação
domiciliar.
3.10 Tempo de Permanência: período compreendido entre a data de admissão
e a data de alta ou óbito do paciente.
4. Condições Gerais
4.1 O SAD deve possuir alvará expedido pelo órgão sanitário competente.

4.2 O SAD deve possuir como responsável técnico um profissional de nível


superior da área da saúde, habilitado junto ao respectivo conselho profissional.

23
4.3 O SAD deve estar inscrito no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de
Saúde – CNES.
4.4 O SAD deve possuir um regimento interno que defina o tipo de atenção
domiciliar prestada e as diretrizes básicas que norteiam seu funcionamento.
4.5 O SAD deve elaborar manual e normas técnicas de procedimentos para a
atenção domiciliar, de acordo com a especificidade da assistência a ser prestada.
4.6 A atenção domiciliar deve ser indicada pelo profissional de saúde que
acompanha o paciente.
4.7 O profissional de saúde que acompanha o paciente deve encaminhar ao
SAD relatório detalhado sobre as condições de saúde e doença do paciente contendo
histórico, prescrições, exames e intercorrências.
4.8 A equipe do SAD deve elaborar um Plano de Atenção Domiciliar –
PAD.
4.9 O PAD deve contemplar:
4.9.1. A prescrição da assistência clínico-terapêutica e psicossocial para o
paciente;
4.9.2. Requisitos de infra-estrutura do domicílio do paciente, necessidade de
recursos humanos, materiais, medicamentos, equipamentos, retaguarda de serviços de
saúde, cronograma de atividades dos profissionais e logística de atendimento;
4.9.3. O tempo estimado de permanência do paciente no SAD considerando a
evolução clínica, superação de déficits, independência de cuidados técnicos e de
medicamentos, equipamentos e materiais que necessitem de manuseio de profissionais;
4.9.4. A periodicidade dos relatórios de evolução e acompanhamento.
4.10 O PAD deve ser revisado de acordo com a evolução e acompanhamento do
paciente e a gravidade do caso.
4.10.1 A revisão do PAD deve conter data, assinatura do profissional de saúde
que acompanha o paciente e do responsável técnico do SAD.
4.11 O registro dos pacientes em atenção domiciliar e o PAD devem ser
mantidos pelo SAD.
4.12 O SAD deve manter um prontuário domiciliar com o registro de todas as
atividades realizadas durante a atenção direta ao paciente, desde a indicação até a alta
ou óbito do paciente.

24
4.12.1 O prontuário domiciliar deve conter identificação do paciente, prescrição
e evolução multiprofissional, resultados de exames, descrição do fluxo de atendimento
de Urgência e Emergência, telefones de contatos do SAD e orientações para chamados.
4.12.2 O prontuário deve ser preenchido com letra legível e assinado por todos
os profissionais envolvidos diretamente na assistência ao paciente.
4.12.3 Após a alta ou óbito do paciente o prontuário deve ser arquivado na sede
do SAD, conforme legislação vigente.
4.12.4 O SAD deve garantir o fornecimento de cópia integral do prontuário
quando solicitado pelo paciente ou pelos responsáveis legais.
4.13 O SAD deve fornecer aos familiares dos pacientes e/ou cuidadores
orientações verbais e escritas, em linguagem clara, sobre a assistência a ser prestada,
desde a admissão até a alta.
4.14 O SAD deve prover por meio de recursos próprios ou terceirizados,
profissionais, equipamentos, materiais e medicamentos de acordo com a modalidade de
atenção prestada e o perfil clínico do paciente.
4.15 O SAD deve observar, como critério de inclusão para a internação
domiciliar, se o domicílio dos pacientes consta com suprimento de água potável,
fornecimento de energia elétrica, meio de comunicação de fácil acesso, facilidade de
acesso para veículos e ambiente com janela, especifico para o paciente, com dimensões
mínimas para um leito e equipamentos.
4.16 O SAD deve controlar o abastecimento domiciliar de equipamentos,
materiais e medicamentos conforme prescrição e necessidade de cada paciente, assim
como meios para atendimento a solicitações emergenciais.
4.17 O SAD deve assegurar o suporte técnico e a capacitação dos
profissionais envolvidos na assistência ao paciente.
4.18 O SAD deve estabelecer contrato formal, quando utilizar serviços
terceirizados, sendo que estes devem ter obrigatoriamente Alvará Sanitário atualizado.
4.19 O SAD deve elaborar e implementar um Programa de Prevenção e
Controle de Infecções e
Eventos Adversos (PCPIEA) visando a redução da incidência e da gravidade
desses eventos.
4.20 O SAD deve possuir sistema de comunicação que garanta o acionamento
da equipe, serviços de retaguarda, apoio ou suporte logístico em caso de urgência e
emergência.

25
4.21 O SAD deve garantir aos pacientes que estão em regime de internação
domiciliar, a remoção ou retorno à internação hospitalar nos casos de urgência e
emergência.
5.5 Condições Específicas
5.1 O SAD deve assegurar os seguintes serviços básicos de retaguarda de acordo
com a necessidade de cada paciente e conforme estabelecido no PAD:
5.1.1 referência para atendimento de urgência e emergência e internação
hospitalar formalmente estabelecida;
5.1.2 referência ambulatorial para avaliações especializadas, realização de
procedimentos específicos e acompanhamento pós alta.
5.2 O SAD deve assegurar os seguintes suportes diagnósticos e terapêuticos de
acordo com o PAD:
5.2.1 exames laboratoriais, conforme RDC/ANVISA nº 302 de 2005;
5.2.2 exames radiológicos, conforme Portaria SVS/MS nº 453 de 1998;
5.2.3 exames por métodos gráficos;
5.2.4 hemoterapia, conforme RDC/ANVISA nº 153 de 2004;
5.2.5 quimioterapia, conforme RDC/ANVISA nº 220 de 2004;
5.2.6 diálise, conforme RDC/ANVISA nº 154, de 2004;
5.2.6.1 na realização de hemodiálise o dialisador deve ser de uso único.
5.2.7 assistência respiratória com oferta de equipamentos, materiais e gases
medicinais compreendendo procedimentos de diferentes graus de complexidade;
5.2.7.1 a ventilação mecânica invasiva só é permitida na modalidade de
internação domiciliar com acompanhamento do profissional da Equipe
Multiprofissional de Atenção domiciliar – EMAD;
5.2.7.1.1 caso o equipamento seja acionado por energia elétrica o domicílio
deve ser cadastrado na companhia de fornecimento de energia elétrica local;
5.2.7.1.2 deve haver sistema alternativo de energia elétrica ligado ao
equipamento com acionamento automático em no mínimo 0,5 segundos;
5.2.7.2 quando houver instalação de sistemas de suprimento de gases medicinais
canalizada, esta deve estar de acordo com a NBR 12.188;
5.2.7.3 O enchimento dos cilindros de gases medicinais não deve ser realizado
no domicílio do paciente.
5.2.8 Nutrição Parenteral conforme Portaria SVS/MS nº 272 de 1998;
5.2.8.1 compete a EMAD verificar e orientar as condições de conservação da

26
nutrição seguindo as exigências do regulamento do item 5.2.8.
6. Recursos humanos
6.1 O SAD deve possuir EMAD que atenda ao seu perfil de demanda e ser
dimensionada para o atendimento de cada paciente conforme o PAD.
6.2 O SAD deve garantir educação permanente para a EMAD.
6.2.1 As capacitações devem ser registradas contendo nome do responsável,
especificação de conteúdo, lista de participantes assinada, data e tempo de duração das
atividades.
6.3 O SAD que mantiver em estoque medicamentos sujeitos ao controle especial
deve contar com farmacêutico habilitado, conforme Portaria SVS/MS nº 344, de 1998.
6.3.1 caso o SAD esteja inserido em um serviço de saúde, pode contar com o
apoio do profissional da farmácia do mesmo.
6.4 O SAD deve garantir o fornecimento e orientar o uso de Equipamento de
Proteção Individual (EPI), conforme as atividades desenvolvidas.
7. Infra-estrutura física
7.1 O domicílio do paciente deve possibilitar a realização dos procedimentos
prescritos no PAD.
7.2 Infra-estruturas da Sede do SAD
7.2.1 O SAD deve possuir infra-estrutura física conforme a RDC/ANVISA nº 50
de 2002; com os seguintes ambientes:

7.2.1.1 recepção;
7.2.1.2 área de trabalho para a equipe administrativa com arquivo;
7.2.1.3 área de trabalho para a EMAD;
7.2.1.4 almoxarifado;
7.2.1.5 instalações de conforto e higiene;
7.2.2 O SAD que estiver inserido em um serviço de saúde pode compartilhar os
ambientes descritos no item 7.3.1.
8. Equipamentos, medicamentos e materiais
8.1 O SAD deve prover equipamentos, medicamentos e materiais conforme
definido no PAD.
8.2 Os equipamentos, medicamentos e materiais devem estar regularizados
junto à ANVISA/MS, conforme legislação vigente.

27
8.3 O SAD deve possuir um sistema de controle que permita a
rastreabilidade dos equipamentos, dos medicamentos e dos materiais.
8.4 O transporte de equipamentos, medicamentos e materiais deve ser
efetuado conforme orientação do fabricante, de forma a garantir sua integridade.
8.5 Os equipamentos devem estar calibrados periodicamente, conforme
instruções do fabricante.
8.6 O SAD deve garantir a manutenção preventiva e corretiva dos
equipamentos e manter registros das mesmas.
8.7 Para a instalação dos equipamentos no domicílio, o SAD deve:
8.7.1 Verificar as condições de instalação conforme manual de operação do
fabricante;
8.7.2 Realizar os testes de funcionamento dos equipamentos;
8.7.3 Orientar o paciente, os familiares e cuidadores quanto ao manuseio dos
equipamentos e os riscos a eles associados.
8.8 O SAD deve substituir prontamente os equipamentos com problemas de
operação.
8.9 O SAD deve fornecer bateria dos equipamentos de suporte a via.

9. Procedimentos de suporte técnico e logístico


9.1 O SAD deve garantir a implantação das normas e rotinas de limpeza e
desinfecção de artigos, superfícies e equipamentos utilizados diretamente na assistência
ao paciente, sob supervisão do responsável pelo PCPIEA.
9.2 O responsável técnico do SAD deve elaborar e implantar o plano de
gerenciamento de resíduos de serviços de saúde – PGRSS, conforme RDC/ANVISA nº
306, de 2004.
10. Avaliação da assistência domiciliar
10.1 Compete ao SAD a realização continuada de avaliação do desempenho e
padrão de funcionamento global.
10.2 A avaliação referida no item 10.1 deve ser realizada levando em conta os
indicadores abaixo:

28
Nº Indicador Fórmula e Unidade Frequência de
Produção

1 Taxa de (Número de óbitos de pacientes em Mensal


mortalidade para internação domiciliar no mês / Todos
a modalidade os pacientes que receberam atenção na
internação modalidade internação
domiciliar domiciliar no mês) * 100 (%)
2 Taxa de (Número de pacientes em atenção Mensal
internação após domiciliar
atenção que necessitaram de internação
domiciliar hospitalar no mês / Todos os pacientes
que receberam atenção domiciliar no
mês) * 100(%)
3 Taxa de infecção (Número de pacientes em internação Mensal
para a domiciliar com episódios de infecção
modalidade no mês / Todos os pacientes que
internação receberam atenção na modalidade
domiciliar internação domiciliar no mês) *
100 (%)
4 Taxa de alta da (Número de pacientes em assistência Mensal
modalidade domiciliar que receberam alta no mês /
assistência Todos os pacientes que receberam
domiciliar atenção na modalidade assistência
domiciliar no mês) *
100 (%)
5 Taxa de alta da (Número de pacientes em internação Mensal
modalidade domiciliar que receberam alta no mês /
internação Todos os pacientes que receberam
domiciliar atenção na modalidade internação
domiciliar no mês) * 100 (%)

29
1 – Pacientes que receberam atenção domiciliar no mês: considerar o número de
pacientes do dia 15 de cada mês.

10.3 O SAD deve encaminhar à Vigilância Sanitária local o consolidado dos


indicadores do semestre anterior em todos os meses de janeiro e julho.
10.4 O consolidado do município deverá ser encaminhado à Secretaria
Estadual de Saúde e o consolidado dos estados à ANVISA.
11. Disposições transitórias
11.1 O SAD já em funcionamento têm prazo máximo de 365 dias após a
publicação, para se adequar às disposições deste regulamento.
11.2 Para o início ou reinício das atividades os serviços devem atender na
íntegra as disposições deste regulamento.
O PAD – Plano de Atendimento Domiciliar que se refere a RDC nº 11 é um dos
principais mecanismos de acompanhamento da assistência programada e realizada ao
paciente enquanto este estiver sob atenção domiciliar. Tanto nos casos de assistência
domiciliar como internação domiciliar.

A visita domiciliar realizada pela equipe multiprofissional de saúde é primordial


e essencial, para que, observando a realidade do ambiente em que o paciente reside,
possa concluir sobre a eficiência do atendimento domiciliar e a perspectiva que o
paciente terá neste domicílio.
O paciente na admissão do atendimento domiciliar recebe primeiramente, visita
da equipe multiprofissional de atendimento domiciliar, e após conforme o
preenchimento dos requisitos (de domicílio e complexidade), e conversa entre os
membros da equipe é considerado paciente possível desta modalidade ou não.
Nos casos de internação domiciliar, o paciente poderá estar em regime de
internação hospitalar, a EMAD realiza a visitação ao paciente no hospital (em
concordância com o médico assistente, se este não fizer parte da EMAD) e no domicílio
para verificar as condições de infra-estrutura.
A família deve sempre participar do processo de admissão do paciente ao
atendimento domiciliar, já que neste momento de conversa e visitação ao domicílio, a
EMAD também identificará um potencial cuidador, que será a pessoa responsável por

30
passar informações a respeito do paciente (sinais, sintomas).

➢ Resolução da Diretoria Colegiada - RDC Nº. 7, DE 2 de fevereiro de


2007
Prorroga prazo da Resolução RDC nº. 11, de 26 de janeiro de 2006, que dispõe
sobre o Regulamento Técnico de Funcionamento de Serviços que prestam Atenção
Domiciliar.
A Diretoria Colegiada da Agência Nacional de Vigilância Sanitária,
considerando a necessidade de adequação do sistema do Cadastro Nacional de
estabelecimentos de saúde para o a inscrição dos serviços de atenção domiciliar, adota a
seguinte Resolução:
Art. 1º Prorrogar, até 31 de dezembro de 2007, o prazo previsto no item “11.
Disposições Transitórias” da Resolução - RDC nº. 11, de 26 de janeiro de 2006, para
que os Serviços que prestam Atenção Domiciliar - SAD atendam o disposto no item 4.3
do mesmo Regulamento Técnico, referente à inscrição no Cadastro Nacional de
Estabelecimentos de Saúde- CNES.
Após a divulgação da RDC nº 11 de 2006 as empresas de Home Care foram
obrigadas a realizar a inscrição no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde –
CNES. Entretanto, o Ministério da Saúde e ANVISA não reconheciam as empresas
como estabelecimentos de saúde, não sendo possível a realização da inscrição.
Neste sentido, a RDC nº 7 foi criada para prorrogar a inscrição no Cadastro
Nacional de Estabelecimentos de Saúde – CNES. Frente a este impasse, a ANVISA,
Ministério da Saúde e ANS, formaram uma comissão para estudar o cadastramento e
classificação destas empresas. Até julho de 2008 este estudo e classificação estavam em
andamento, impossibilitando a inscrição do Home Care no CNES.

Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990

A Lei nº 8.080 de 19 de setembro de 1990 dispõe sobre as condições para a


promoção, proteção e recuperação da saúde como também descreve a organização e o
funcionamento dos serviços correspondentes e dá outras providências. Em seu capítulo
VI descreve sobre o Subsistema de atendimento e internação domiciliar, conforme
consta a seguir:

31
Art. 19-I. São estabelecidos, no âmbito do Sistema Único de Saúde, o
atendimento domiciliar e a internação domiciliar. (Artigo acrescentado pela Lei nº
10.424, de 15.4.2002) § 1o Na modalidade de assistência de atendimento e
internação domiciliares incluem-se, principalmente, os procedimentos médicos, de
enfermagem, fisioterapêuticos, psicológicos e de assistência social, entre outros
necessários ao cuidado integral dos pacientes em seu domicílio. (Parágrafo acrescentado
pela Lei nº 10.424, de 15.4.2002);
§ 2o O atendimento e a internação domiciliares serão realizados por equipes
multidisciplinares que atuarão nos níveis da medicina preventiva, terapêutica e
reabilitadora. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 10.424, de 15.4.2002)
§ 3o O atendimento e a internação domiciliares só poderão ser realizados por
indicação médica, com expressa concordância do paciente e de sua família. (Parágrafo
acrescentado pela Lei nº 10.424, de
15.4.2002).

➢ Portaria SUS

Em outubro de 2006 o Ministério da Saúde publicou a Portaria nº 2529, de 19 de


outubro de 2006, que institui a Internação Domiciliar no Âmbito do Sistema Único de
Saúde além de outras disposições, inclusive sobre o funcionamento das equipes
multiprofissionais de atendimento domiciliar e seus recursos, conforme esta descrito no
anexo x:

➢ Portaria nº 2529 de 19 de outubro de 2006 – Institui a Internação


Domiciliar Hospitalar no âmbito do SUS.

Art. 1º Instituir a Internação Domiciliar no âmbito do Sistema Único de Saúde -


SUS.
Art. 2º Definir como Internação Domiciliar, no âmbito do SUS, o conjunto de
atividades prestadas no domicílio a pessoas clinicamente estáveis que exijam
intensidade de cuidados acima das modalidades ambulatoriais, mas que possam ser
mantidas em casa, por equipe exclusiva para este fim.
Art. 3º Definir que os Serviços de Internação Domiciliar são compostos de:

32
I - Equipes Multiprofissionais de Internação Domiciliar, compostas, no
mínimo, por médico, enfermeiro e técnico ou auxiliar de enfermagem; e
II - Equipes Matriciais de Apoio, podendo ser compartilhadas por várias
equipes ou serviços de Internação Domiciliar, ou mesmo com a rede de serviços de
saúde, composta por outros profissionais de nível superior, levando em consideração o
perfil da atenção a ser prestada e os protocolos firmados.
Art. 4º Definir que uma Equipe Multiprofissional de Internação Domiciliar
esteja referida a uma população mínima de 100.000 (cem mil) habitantes.
Parágrafo único. Os municípios poderão habilitar uma equipe por grupo
populacional de referência de 100.000 (cem mil) habitantes.
Art. 5º Definir como meta a média de 30 (trinta) internações/mês por equipe,
com média de permanência de até 30 (trinta) dias.
Art. 6º Definir que os Serviços de Internação Domiciliar garantam retaguarda
no período da noite e finais de semana para as pessoas sob cuidado das equipes.
Art. 7º Estabelecer, de acordo com os Anexos I e II a esta Portaria o roteiro e as
condições mínimas para credenciamento dos Serviços de Internação Domiciliar que
deverão ser explicitadas na elaboração dos programas locais de internação domiciliar.
Art. 8º Estabelecer como prioridade de eleição os seguintes grupos
populacionais:
I - idoso;
II - portadores de doenças crônico-degenerativas agudizadas;
III - portadores de patologias que necessitem de cuidados paliativos; e

IV - portadores de incapacidade funcional, provisória ou permanente.


Parágrafo único. Outras prioridades, além das definidas, poderão ser
estabelecidas localmente.
Art. 9º Definir a exclusão de usuários, dada a complexidade do modelo
proposto:
I - com necessidade de ventilação mecânica;
II - com necessidade de monitorização contínua;
III - com necessidade de enfermagem intensiva;
IV - com necessidade de propedêutica complementar com demanda
potencial de realização de vários procedimentos diagnósticos em sequência com
urgência:

33
V - em uso de medicação complexa com efeitos colaterais potencialmente
graves, ou de difícil administração;
VI - com necessidade de tratamento cirúrgico em caráter de urgência; e
VII - que não tenham cuidador contínuo identificado.
Parágrafo único. Outros critérios de exclusão definidas pelos protocolos locais.
Art. 10. Estabelecer que os serviços que preencherem os requisitos constantes
nesta Portaria passem a dispor das condições necessárias para se integrarem ao Sistema
Único de Saúde e receberem a remuneração por equipe em funcionamento, de acordo
com os tetos financeiros previstos pelo Ministério da Saúde para os estados, o Distrito
Federal e os municípios.
Art. 11. Estabelecer recursos no montante de R$ 20.000,00 (vinte mil reais) por
equipe, por mês, a serem incorporados aos limites financeiros anuais dos estados, do
Distrito Federal ou dos municípios.
Parágrafo único. Não serão admitidas superposições de equipes em uma mesma
base territorial ou populacional.
Art. 12. Instituir incentivo financeiro para implementação e funcionamento das
equipes de internação domiciliar em parcela única, no valor de R$ 50.000,00 (cinquenta
mil reais) por equipe.
Art. 13. Estabelecer que os recursos orçamentários, objeto desta Portaria,
corram por conta do orçamento do Ministério da Saúde, devendo onerar o Programa de
Trabalho 10.302.1220.8585-0035
Atenção à Saúde da População nos Municípios Habilitados em Gestão Plena do
Sistema e nos Estados Habilitados em Gestão Plena Avançada.

Art. 14. Caberá à Secretaria de Atenção à Saúde (SAS/MS) a regulamentação


desta Portaria, bem como a adoção das medidas necessárias ao fiel cumprimento do que
nela está disposto.
Art. 15. Esta Portaria entra em vigor na data da sua publicação,.
Ar. 16. Fica revogada a Portaria nº 2.416/GM, de 23 de março de 1998,
publicada no Diário Oficial n° 58, de 26 de março de 1998, página 106, Seção 1.
A internação domiciliar realizada pelo SUS poderá ser executada mediante o
credenciamento da instituição de saúde e/ou empresa de atendimento domiciliar que
esteja vinculada ao Sistema Único de Saúde e que atenda as exigências constantes na
portaria.

34
➢ Recursos Humanos
Tanto a RDC nº 11 como a Portaria nº 2529, caracterizam como indispensável a
presença de Equipe Multiprofissional de Atendimento Domiciliar no desenvolvimento
de ações em caráter de domicílio. Conforme estas regulamentações os profissionais
exigidos são o médico, o enfermeiro e o técnico de enfermagem, sendo que a partir do
diagnóstico e ações adotadas serão identificados os demais agentes que poderão intervir
nesta atividade.

➢ Conselho Federal de Medicina


A Resolução nº 1.668/2003 do Conselho Federal de Medicina Publicada no
D.O.U em 03 de junho de 2003, Seção I, pg.84 dispõe sobre as normas técnicas
necessárias à assistência domiciliar de paciente definindo as responsabilidades do
médico, hospital, empresas públicas e privadas e a interface profissional neste tipo de
assistência, conforme segue abaixo:
Art. 1º - Todas as empresas públicas e privadas prestadoras de assistência à
internação domiciliar deverão ser cadastradas/registradas no Conselho Regional do
estado onde operam.
Parágrafo 1º - Este cadastro/registro deve ser acompanhado da apresentação do
Regimento Interno que estabeleça as normas de funcionamento da empresa, o qual
deverá ser homologado pelo Conselho Regional.
Parágrafo 2º - As empresas, hospitalares ou não, devem ter um diretor técnico,
necessariamente médico, que assumirá, perante o Conselho, a responsabilidade ética de
seu funcionamento.

Parágrafo 3º - As empresas, hospitalares ou não, responsáveis pela assistência a


paciente internado em regime domiciliar devem ter, por força de convênio, contrato ou
similar, hospital de retaguarda que garanta a reinternacão nos casos de agudização da
enfermidade ou intercorrência de alguma condição que impeça a continuidade do
tratamento domiciliar e exija a internação formal, que deve ser preferencialmente feita
no hospital de origem do paciente.
Art. 2º - As empresas ou hospitais que prestam assistência em regime de
internação domiciliar devem manter um médico de plantão nas 24 horas, para
atendimento às eventuais intercorrências clínicas.

35
Art. 3º - As equipes multidisciplinares de assistência a pacientes internados em
regime domiciliar devem dispor, sob a forma de contrato ou de terceirização, de
profissionais de Medicina, Enfermagem, Fisioterapia, Terapia Ocupacional,
Fonoaudiologia, Serviço Social, Nutrição e Psicologia.
Parágrafo único - As equipes serão sempre coordenadas pelo médico, sendo o
médico assistente o responsável maior pela eleição dos pacientes a serem contemplados
por este regime de internação e pela manutenção da condição clínica dos mesmos.
Art. 4º - A assistência domiciliar somente será realizada após avaliação médica,
registrada em prontuário específico.
Art. 5º- A atribuição dos demais membros da equipe multidisciplinar deverá ser
estabelecida pelo conselho profissional de cada componente.
Art. 6º- As normas de funcionamento às quais se refere o parágrafo primeiro do
artigo primeiro devem contemplar os protocolos de visitas e o número de pacientes
internados sob a responsabilidade de cada equipe.
Parágrafo 1º - Os protocolos de visitas devem estabelecer o número mínimo de
visitas de cada componente da equipe ao paciente internado no domicílio.
Parágrafo 2º - O número máximo de pacientes internados no domicílio sob a
responsabilidade de um médico, não poderá exceder a quinze.
Art. 7º - O médico assistente de paciente internado em instituição hospitalar e
que quer submeter-se à internação domiciliar tem a prerrogativa de decidir se deseja
manter o acompanhamento no domicílio.

Parágrafo único - Em caso de recusa, o médico assistente deve fornecer ao novo


médico que irá prestar assistência domiciliar todas as informações concernentes ao
quadro clínico do paciente, sob a forma de laudo circunstanciado, nos termos do artigo
71 do Código de Ética Médica.
Art. 8º - O hospital ou empresa responsável por pacientes internados em
domicílio deve(m) dispor das condições mínimas que garantam uma boa assistência,
caracterizadas por:
I - Ambulância para remoção do paciente, equipada à sua condição clínica;

II - Todos os recursos de diagnóstico, tratamento, cuidados especiais,


matérias e medicamentos necessários;
III - Cuidados especializados necessários ao paciente internado;

36
IV - Serviço de urgência próprio ou contratado, plantão de 24 horas e
garantia de retaguarda, nos termos do parágrafo 3º do artigo 1º e do artigo 2º desta
resolução.
Art. 9º - Em caso de óbito durante a assistência domiciliar, o médico assistente
do paciente assumirá a responsabilidade pela emissão da competente declaração.
Art.10 - A assistência domiciliar poderá ser viabilizada após anuência expressa
do paciente ou de seu responsável legal, em documento padronizado que deverá ser
apensado ao prontuário.
Art.11 - O profissional médico, em conjunto com o diretor técnico da instituição
prestadora da assistência, deverá tomar medidas referentes à preservação da ética
médica, especialmente quanto ao artigo 30 do Código de Ética Médica, que veda
delegar a outros profissionais atos ou atribuições exclusivos da profissão médica.
Art. 12 - Esta resolução entra em vigor na data de sua aprovação.
O Conselho Federal de Medicina regulamenta o médico como responsável
técnico da atividade de atendimento domiciliar, e, por conseguinte, o responsável por
optar o paciente que está dentro das possibilidades para internação domiciliar. Um
médico poderá atender no máximo 15 pacientes em regime de internação domiciliar. E
todo o serviço de Home Care deverá ter um médico de plantão 24 horas para atender as
urgências/emergências.
Esta Resolução também adiciona a figura de outros profissionais como o
nutricionista, fisioterapeuta, fonoaudiólogo, terapeuta ocupacional, psicólogo e
assistente social, além da equipe de enfermagem e médica, para constituir a Equipe
Multiprofissional de Atendimento Domiciliar.

Conselho Federal de Enfermagem – COFEN


O Conselho Federal de Enfermagem, na Resolução nº 267/2001, aprova as
atividades de Enfermagem em Domicílio - Home Care, e dispõe sobre as atividades do
profissional de enfermagem no cuidado domiciliar, conforme descrito no anexo abaixo:

Anexo da RESOLUÇÃO COFEN Nº 267/2001

Define-se por "ENFERMAGEM EM DOMICÍLIO-HOME CARE" a prestação


de serviços de saúde ao cliente, família e grupos sociais em domicílio, e de acordo com

37
a RESOLUÇÃOCOFEN Nº 256 de 12 de julho de 2001, esta modalidade assistencial
exprime, significativamente, a autonomia e o caráter liberal do profissional
enfermeiro.

Estas atividades estão previstas nos seguintes níveis de complexidade:


- menor complexidade: Neste nível está caracterizado a investigação do
processo saúde/doença. O cliente necessita de procedimentos técnico-científicos de
Enfermagem relacionada às prevenções, promoção e manutenção do estilo de vida
saudável;
- média complexidade: Neste nível não se dá a caracterização de uma
doença em curso.
Entretanto, o cliente necessita de procedimentos técnico-científicos de
Enfermagem que definirá o modelo assistencial aplicado à clientela visando a
deliberação do dano, invalidez e a reabilitação da mesma com retorno ao seu estado de
vida;
- alta complexidade: Neste nível o cliente apresenta uma doença em curso,
cujo atendimento em domicílio deverá ser multiprofissional, ocorrendo a internação
domiciliar, ficando assegurado à complexidade do especialista em Enfermagem em
Domicílio.
I- É da competência privativa do Enfermeiro em Domicílio- Home Care atuar
nas seguintes funções: assistencial, administrativa, educativa e de pesquisa: a) Função
Assistencial:
- Identificar, diagnosticar, prescrever e avaliar sobre a prestação do
cuidado de saúde e enfermagem a ser realizada em domicílio do cliente, família e/ou
grupo social;
- Organizar, dirigir, planejar, coordenar e avaliar os serviços de saúde
realizados pela enfermagem em domicílio;
- Fazer o prognóstico de enfermagem de acordo com os níveis de
complexidade do cliente no domicílio, atendendo as interfaces de intercorrências
clínicas;
- Assumir, como prerrogativas as atividades da responsabilidade de
planejar, executar, delegar, supervisionar e avaliar a assistência de Enfermagem através
do SAE (Sistematização do Atendimento de Enfermagem) de instrumentos de controle
de qualidade das assistências realizadas;

38
- Identificar e classificar as condições que predispõem a riscos de saúde,
fazendo referências do caso clínico, através de pareceres sistemáticos, cabendo-lhe a
delegação de responsabilidades assistenciais ao pessoal de enfermagem;
- Analisar a ergonomia ambiental e suporte tecnológico no domicílio,
estabelecendo ação integrada de correção de risco de educação familiar;
- Decidir sobre normas e execução de procedimentos de diagnóstico,
terapêutica e cuidados nos níveis de complexidade, aplicando a sistematização da
assistência de Enfermagem.
b) Função Administrativa:
- Conceber e organizar a assistência de Enfermagem em serviços de saúde
público e privado na área de Home Care;
- Definir funções e normas do pessoal de enfermagem, nos serviços de
saúde público e privado, na área de enfermagem em Domicílio-Home Care;
- Avaliar o planejamento e a execução das atividades de Enfermagem em
Domicílio-Home Care junto ao cliente em Residência;
- Promover o cuidado contínuo e de suporte ao cliente em Domicílio,
utilizando o sistema de referência entre os serviços e recursos humanos de saúde;
Delegar aos técnicos e auxiliares de enfermagem, responsabilidades de
assistência de Enfermagem, segundo a complexidade do estado de saúde e dos recursos
existentes;
- Utilizar metodologia participativa interpretando e avaliando o modelo
assistencial aplicado às necessidades do cliente, família e/ou grupo social, à luz da
Enfermagem em Domicílio-Home Care. c) Função de Pesquisa:
- Aplicar metodologia de investigação atendendo ao Código de Ética da
Enfermagem;
- Implementar os resultados de investigação considerados aplicáveis em
concordância com o Código de Ética em Pesquisa com seres humanos, submetendo-os à
Sociedade Brasileira de Enfermagem em
Home Care;
- Efetuar investigações de elementos de risco ocupacional nos processos
de trabalho e educação continuada, que afetem a assistência de Enfermagem em
Domicílio-Home Care;
- Colaborar com outros profissionais em investigações dentro do campo de
Enfermagem em DomicílioHome Care.

39
d) Função Educativa:
- Conceber e promover processos construtivos, que visem a melhoria da
qualidade de vida do cliente, família e/ou grupo social em domicílio;
- Participar e desenvolver com a equipe multiprofissional processos
educativos, que visem o aprimoramento e desenvolvimento técnico-científico da
Enfermagem em Domicílio-Home Care;
- Atuar na formação, preparo e qualificação de pessoal de enfermagem na
especialidade de Enfermagem em Domicílio-Home Care.
II- Havendo registro no Conselho Federal de Enfermagem da Sociedade
Brasileira de Enfermagem em
Home Care de Caráter Nacional, as demais Organizações Regionais deverão
seguir o princípio Estatutário e Regimental da Sociedade Brasileira de Enfermagem em
Home Care.
III-Os casos omissos serão resolvidos pelo Conselho Federal de Enfermagem.

A resolução 267 de 2001 do Conselho Federal de Enfermagem descreve as


principais atividades do enfermeiro no atendimento domiciliar, trabalhando juntamente
com a EMAD. As atividades do enfermeiro domiciliar são classificadas por intermédio
do grau de complexidade, isso é importante para traçar os planos de cuidados de
enfermagem do paciente e também sistematizar a assistência programada e prestada.

Resolução 270/02 – COFEN


O Conselho Federal de Enfermagem através da Resolução 270 de 2002 aprova a
Regulamentação das empresas que prestam Serviços de Enfermagem Domiciliar –
Home Care e descreve no anexo desta Resolução a incorporação do enfermeiro como
profissional indispensável no funcionamento do cuidado domiciliar, como segue:

I – Toda empresa de prestação de serviços de Enfermagem Domiciliar


e/ou Filiais, deve ser dirigida por Profissional Enfermeiro devidamente inscrito e em dia
com suas obrigações junto ao Conselho Regional de sua área de atuação.
II – Toda empresa de prestação de serviços de Enfermagem Domiciliar
e/ou filiais, é obrigada a ter em seus quadros:
- 1 enfermeiro responsável por turno.

40
- 1 enfermeiro responsável técnico, pela coordenação das atividades de
Enfermagem
III - As equipes de Enfermagem, das Empresas prestadoras de serviços de
Enfermagem Domiciliar, deverão ser compostas "exclusivamente" por Enfermeiros,
Técnicos de Enfermagem e Auxiliares de Enfermagem, devidamente registrados e em
dia com as obrigações junto aos Conselhos Regionais que jurisdicionam suas áreas de
atuação.
IV – Todos os profissionais de enfermagem deverão ser cadastrados na
empresa e a listagem atualizada devera ser enviada ao COREN de sua jurisdição,
conforme resolução COFEN nº 139/92.
V - Toda empresa de prestação de serviços de Enfermagem Domiciliar
deverá pautar desenvolvimento de suas atividades, tomando como prerrogativa a
Resolução COFEN Nº 267/2001e seu anexo.
VI - Quaisquer casos omissos deverão ser resolvidos pelo Conselho
Regional da jurisdição pertinente, depois de ouvido o COFEN.
A resolução 270 de 2002 do Conselho Federal de Enfermagem torna a presença
do enfermeiro obrigatória nos serviços de atendimento domiciliar, ocasionando a
segurança do trabalho de enfermagem prestado ao paciente, uma vez que o enfermeiro
responde pela assistência de enfermagem prestada, tanto no que diz respeito a questões
técnicas como administrativas.
Como já foi tratado anteriormente, a RDC nº 11 e a Portaria do SUS, que tratam
do atendimento domiciliar e da internação domiciliar, consecutivamente, a presença de
uma equipe multidisciplinar é obrigatória para o desenvolvimento de ações neste nível.
Desta forma, mesmo fazendo parte da enfermagem, é necessário que se tenha
conhecimento sobre as funções dos demais profissionais.
A seguir considera-se o que dizem alguns conselhos sobre tais questões.

➢ Conselho Federal de Farmácia

O Conselho Federal de Farmácia também elaborou portaria para o


desenvolvimento das funções do farmacêutico enquanto integrante da equipe
multidisciplinar de atendimento domiciliar. A Portaria prevê que estes pacientes,
principalmente nas internações domiciliares, estão sujeitos ao tratamento com nutrição

41
parental, entre outras administrações de medicações de preparo mais complexo.

➢ Resolução nº 386, de 12 de novembro de 2002


Ementa: Dispõe sobre as atribuições do farmacêutico no âmbito da assistência
domiciliar em equipes multidisciplinares.
O Conselho Federal de Farmácia, no uso de suas atribuições legais e
regimentais, Considerando o disposto no artigo 5º, XIII da Constituição Federal, que
outorga liberdade de exercício, trabalho ou profissão, atendidas as qualificações que a
lei estabelecer;
Considerando que o Conselho Federal de Farmácia, no âmbito de sua área
específica de atuação e como Conselho de Profissão Regulamentada, exerce atividade
típica do Estado, nos termos dos artigos 5º, XIII; 21, XXIV e 22, XVI todos da
Constituição Federal;
Considerando que é atribuição do Conselho Federal de Farmácia expedir
resoluções para eficácia da lei federal nº 3.820/60 e ainda, compete-lhe o múnus de
definir ou modificar a competência dos profissionais farmacêuticos em seu âmbito,
conforme o Artigo 6º, alíneas “g” e “m”, da Lei Federal nº 3.820, de 11 de novembro de
1960;
Considerando, ainda a outorga legal ao Conselho Federal de Farmácia de zelar
pela saúde pública, promovendo ações que implementem a assistência farmacêutica em
todos os níveis de atenção à saúde, conforme alínea “p”, do artigo 6º, da Lei Federal nº
3.820/60 com as alterações da Lei Federal nº 9.120/95;
Considerando ainda, o disposto na Lei Federal nº 8.078/90 (Código de Defesa do
Consumidor);
Considerando que o medicamento permeia as ações profiláticas, preventivas e
curativas;
Considerando que a atividade de Nutrição Parenteral e Enteral se dá nos
Estabelecimentos de Saúde em nível hospitalar, público, privado e conveniado,
pequenas clínicas, indústrias e centros especializados no preparo, para administração em
regime hospitalar, ambulatorial ou domiciliar;
Considerando a necessidade de assegurar condições adequadas de formulação,
preparo, armazenamento, conservação e de transportes de medicamentos; Resolve:
Artigo 1º - São atribuições do farmacêutico no exercício da sua profissão em
assistência domiciliar atuando em equipe multidisciplinar ou não:

42
a) prestar orientações quanto ao uso, a guarda, administração e descarte de
medicamentos e correlatos, com vistas à promoção do uso racional de medicamentos ;
b) participar ativamente nas equipes multidisciplinares de terapia
nutricional e equipes multidisciplinares de assistência domiciliar diversas, tais como:
Programa de Saúde da Família (PSF), Comissão de Terapia Oncológica (CTO),
Comissão de Ensino e Pesquisa (CEP), Comissão de Suporte
Nutricional (CNS), Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH) e
outras;
c) acompanhar os pacientes com suporte nutricional domiciliar, terapia
oncológica e outras que requerem a prestação de cuidados farmacêuticos;
d) diluir e preparar soluções de medicamentos de uso intravenoso para
administração no domicílio do paciente;
e) monitorar as terapias com antiagregantes plaquetarias, anticoagulantes
(derivados da heparina, cumarina, e outros), bem como os parâmetros bioquímicos;
f) orientar quanto aos procedimentos de limpeza, assepsia, antissepsia,
desinfecção de superfícies e esterilização de equipamentos, e materiais, bem como, a
calibração dos mesmos;
g) prestar informações sobre os medicamentos e problemas relacionados
aos mesmos, propondo aos demais membros da equipe de saúde, as mudanças
necessárias à obtenção do resultado desejado;
h) orientar os familiares e/ou paciente no momento da alta;
i) realizar levantamento de indicadores relacionados ao uso de
medicamentos e correlatos;
j) realizar ou participar de pesquisas no âmbito de assistência domiciliar,
respeitado o estabelecido na Comissão Nacional de Ética e Pesquisa.

Artigo 2º - Esta Resolução entra em vigor, na data de sua publicação,


revogando-se as disposições em contrário.

Conselho Federal de Nutrição

A Presidente do Conselho Regional de Nutricionistas – 3ª Região, no uso de


44
suas atribuições legais, que lhe conferem a Lei Federal nº 6583/78 e o Decreto
Federal nº 84444/80 e, considerando as Resoluções CFN nos 141/93 (Código de Ética),

43
200/98 (atribuições principal e específicas), 223/99 (atuação em Nutrição Clínica) e
236/99 (solicitação de exames laboratoriais), considerando os profissionais que exercem
suas funções em empresas que recebem paciente de hospitais e/ou que prestam
assistência a pacientes em outras empresas, DEFINE as atribuições e procedimentos que
deverão nortear a atuação técnica e ética do Nutricionista na área de Nutrição Clínica
em nível domiciliar (HOME CARE), procurando-se definir as seguintes terminologias:
Home Care: provedor de cuidados que fornecem serviços, equipamentos e/ou
produtos aos pacientes que necessitam de terapia nutricional no domicílio.
Assistência Domiciliária: assistência especializada de um profissional e/ou
equipe interdisciplinar no domicílio do paciente.
Internação Domiciliar: tipo de assistência fornecida a pacientes no seu domicílio,
similar ao que receberia se estivesse em ambiente hospitalar, necessitando de
equipamentos e atenção de profissionais.
Atendimento Domiciliário: tipo de assistência em que os profissionais visitam
periodicamente o paciente, porém a necessidade do uso de equipamentos se restringe
aqueles que podem ser manipulados pelo familiar ou responsável.
Após essas definições, o CRN-3 resolve que o Nutricionista deverá nessa área de
atuação:

Artigo 1º: Receber o encaminhamento do médico e/ou do


nutricionista e/ou de outro profissional por escrito, com
identificação e número de registro no respectivo Conselho.

Artigo 2º: Participar com a equipe interdisciplinar do processo de


indicação, evolução e avaliação da nutrição oral, enteral e/ou
parenteral.

Artigo 3º: Classificar o atendimento segundo níveis de assistência em


Artigo 4º: Nutrição (primário, secundário e terciário), conforme
necessidades dietoterápicas e/ou fatores de riscos individuais e
ambientais;
Planejar, desenvolver e avaliar o programa de educação
nutricional destinado ao paciente e aos seus familiares, como

44
forma de promover a adesão ao tratamento prescrito pela
equipe, a fim de obter melhores resultados e reduzir o tempo
para a alta em nutrição.

Artigo 5º : Sistematizar o atendimento de nutrição, efetuando


levantamentos de dados, diagnósticos e condutas, incluindo
prescrições e orientações, segundo a(s) patologia(s) e demais
fatores que envolvam a dietoterapia, durante o tratamento e o
momento da alta em nutrição;

Artigo 6º: Avaliar o estado nutricional do paciente, utilizando medidas


antropométricas e exames laboratoriais, solicitados pelo
próprio Nutricionista, ou por outro profissional da equipe, a
partir dos diversos métodos e técnicas cientificamente
comprovados, considerando os aspectos clínicos;

Artigo 7º : Avaliar a dieta, através de diferentes métodos, diagnosticando


sua adequação frente às necessidades nutricionais e
dietoterápicas, considerando o aporte por via oral e/ou enteral
e/ou parenteral, e aos hábitos alimentares, incluindo padrão
alimentar quanto ao número, tipo e composição das refeições,
disciplina, restrições e preferências alimentares e aceitação;

Artigo 8º: Avaliar os hábitos e as condições alimentares da família, com


vistas ao apoio dietoterápico, em função da disponibilidade de
alimentos, condições, procedimentos e comportamentos em
relação ao preparo, conservação, armazenamento, higiene e
administração da dieta;

Artigo 9º: Caso seja detectado, no decorrer do tratamento, que o paciente


não tem condições favoráveis para o início e/ou seguimento
dos procedimentos preconizados, recomenda-se o
encaminhamento à outra instância adequada de tratamento.

45
Quando a equipe interdisciplinar constatar que o paciente não
está apto a fazer o devido seguimento da dieta prescrita, seja
por condições físicas , mentais e/ou sociais, deverá ter uma
pessoa responsável que pode ser um membro da família ou
não.
Parágrafo único:
No caso de existir a pessoa responsável, o mesmo deverá ser
treinado e monitorado, a cada visita, pelo Nutricionista, no que
diz respeito à conduta nutricional do paciente.
Efetuar a prescrição dietética, baseada nos diagnósticos
nutricionais, considerando diagnósticos e condutas dos demais
profissionais da equipe interdisciplinar;

Artigo 10: Avaliar sistematicamente, com base na classificação de Níveis


de Assistência em Nutrição, a aceitação e adequação
nutricional da dieta, a evolução do estado nutricional e clínico
do paciente, fazendo alterações na prescrição dietética e demais
condutas, se necessário;
Emitir relatório do atendimento ao profissional e/ou entidade
responsável pelo encaminhamento.
Parágrafo único:
Fica proibido o atendimento e a prescrição por meio das
diversas mídias, conforme determina o Código de Ética do
Nutricionista, Artigo 9º, inciso XI (Resolução CFN nº 141/93).

Artigo 11: Fica proibido o atendimento e a prescrição por meio das


diversas mídias, conforme determina o Código de Ética do
Nutricionista, Artigo 9º, inciso XI (Resolução CFN nº 141/93).

Artigo 12: Registrar e assinar no prontuário, com identificação e número


de registro profissional (CRN), todo atendimento de nutrição
prestado ao paciente, possibilitando o acompanhamento da

46
evolução nutricional por todos os integrantes da equipe;

Avaliar sistematicamente, com base na classificação de Níveis


de Assistência em Nutrição, a aceitação e adequação
nutricional da dieta, a evolução do estado nutricional e clínico
do paciente, fazendo alterações na prescrição dietética e demais
condutas, se necessário;
Emitir relatório do atendimento ao profissional e/ou entidade
responsável pelo encaminhamento.
Parágrafo único:
Fica proibido o atendimento e a prescrição por meio das
diversas mídias, conforme determina o Código de Ética do
Nutricionista, Artigo 9º, inciso XI (Resolução CFN nº 141/93).
Registrar e assinar no prontuário, com identificação e número
de registro profissional (CRN), todo atendimento de nutrição
prestado ao paciente, possibilitando o acompanhamento da
evolução nutricional por todos os integrantes da equipe;

Participar do desenvolvimento de protocolos de pesquisas


juntamente com a equipe interdisciplinar; Dar alta em
nutrição, verificando se todos os objetivos da assistência
nutricional foram alcançados dentro do plano de tratamento
estipulado pela equipe;
Em todos os procedimentos a serem efetuados junto ao
paciente e seus familiares, o Nutricionista deve pautar a sua
conduta no Código de Ética da categoria, devendo:
Artigo 13: a. Agir de modo criterioso e transformador, de acordo
com os padrões sócio-culturais do meio em que estiver
Artigo 14: atuando, acatando os preceitos legais e respeitando os direitos
do paciente, sem praticar discriminação de qualquer natureza;
Artigo 15: b. Utilizar sempre, no exercício da profissão, seu número
de registro no CRN;
Artigo 16: c. Assumir responsabilidade somente por atividades para

47
as quais esteja devidamente habilitado e capacitado pessoal e
profissionalmente;
d. Divulgar e propagar os conhecimentos básicos de
nutrição, prestando esclarecimentos com finalidade educativa e
de interesse social;
e. Agir de modo criterioso e transformador, de acordo
com os padrões sócio-culturais do meio em que estiver
atuando, acatando os preceitos legais e respeitando os direitos
do paciente, sem praticar discriminação de qualquer natureza;
f. Utilizar sempre, no exercício da profissão, seu número
de registro no CRN;
g. Assumir responsabilidade somente por atividades para
as quais esteja devidamente habilitado e capacitado pessoal e
profissionalmente;
h. Divulgar e propagar os conhecimentos básicos de
nutrição, prestando esclarecimentos com finalidade educativa e
de interesse social;
i. Assumir seu papel na determinação de padrões
recomendáveis de ensino e de exercício da profissão;
j. Respeitar as rotinas domiciliares da família do paciente,
no que tange a hábitos religiosos e culturais;
k. Não permitir a interferência de pessoas leigas em seus
trabalhos e decisões profissionais;
l. Dar ciência ao CRN-3 de atos atentatórios a qualquer
dos dispositivos descritos no Código de Ética do Nutricionista.

m. Respeitar os princípios da Bioética.

Artigo 17: O profissional deve se manter atualizado, e em constante


aperfeiçoamento técnico-científico e legal para o desempenho
dessa função, considerando os métodos, técnicas e
procedimentos para avaliação da evolução do tratamento
dietoterápico, em consonância com o plano global de

48
tratamento estipulado pela equipe interdisciplinar.
Esta Portaria entra em vigor, na data de aprovação em Reunião
Plenária, revogando-se as disposições em contrário.

Estas resoluções e portarias do CFM, COFEM, CFF e Conselho Regional da 3º


Região, que descrevem o atendimento domiciliar, apresentam algumas das funções
descritas pelos Conselhos Profissionais, das quais existe a publicação. A interação entre
a Equipe Multidisciplinar de Atendimento Domiciliar é de suma importância para o
desenvolvimento do cuidado.
A participação de cada profissional e o envolvimento técnico na busca pela
elaboração do Programa de Atendimento Domiciliar é o que vai definir as diretrizes de
uma assistência eficiente, conforme as necessidades apresentadas pelo paciente, além do
fato de que o bom relacionamento e a comunicação entre os membros desta equipe
resultam no sucesso no desenvolvimento das ações.

TRABALHO EM EQUIPE MULTIPROFISSIONAL

As variáveis e a complexidade de diversas situações concebidas pela sociedade


atualmente exigem o engajamento de dois ou mais grupos profissionais na intervenção
de um mesmo problema, possibilitando a atuação conjunta com objetivos comuns frente
à demanda de necessidade da população. O trabalho em Equipe Multiprofissional
parece, se olharmos apenas as questões resolutivas, um trabalho fácil. Seria o mesmo
que cada profissional ler as determinações de seu conselho profissional e depois cumprir
o que foi previsto. Entretanto, em se falando do trabalho em saúde, essa questão é bem
mais complexa, uma vez que a produção e o produto destas relações são subjetivos.
Mas, afinal, por que é importante entender um pouco sobre o trabalho em Equipe
Multiprofissional? Basicamente porque em Home Care a enfermagem não irá trabalhar
sozinha, além da atuação da equipe da categoria específica, composta pelos técnicos de
enfermagem, trabalham, ainda, o médico, o psicólogo, o fisioterapeuta, o nutricionista,
entre outros.
Conhecendo a função e a atuação de cada profissional é possível verificar qual é
mais indicado para atender a cada uma das necessidades do paciente. Geralmente
porque a primeira visita ao paciente para avaliação quanto ao atendimento domiciliar é
49
realizada pelo médico e pelo enfermeiro, que irão em conjunto determinar quais
cuidados os pacientes irão necessitar em casa, inclusive de outros profissionais.
A partir destas determinações os demais profissionais serão chamados a realizar
o acompanhamento; mesmo quando não há indicação direta de um profissional, este
pode e deve realizar a visitação e apresentar seu próprio diagnóstico a respeito das reais
necessidades do paciente. Desta forma, sempre que se pense em Home Care, trabalho
domiciliar, inclui-se o trabalho em Equipe.
As definições sobre Equipe de Saúde são raras. Nas produções teóricas
predomina a concepção de equipe baseada na perspectiva do senso comum, na qual a
equipe é representada por um conjunto de profissionais em situação comum de trabalho.
No trabalho em saúde, no entanto, a noção de equipe sempre fará referência a um
trabalho relativo à obtenção de bens ou produtos para a atenção das necessidades
humanas.
O trabalho em Equipe na Enfermagem foi proposto na década de 50, nos Estados
Unidos, por meio de experiências realizadas no Teacher’s College da Universidade da
Columbia, nas quais Elenor Lambertsen preconizava a organização do trabalho em
enfermagem com base na equipe.
No Brasil os resultados desta proposta foram divulgados em 1996, pela
Associação Brasileira de Enfermagem, com o livro intitulado “Equipe de Enfermagem
Organização e Funcionamento”. A partir de então surgem experiências na enfermagem
com o objetivo de melhorar o aproveitamento do pessoal da área.
Lambertsen (1996) propõe a organização do serviço de enfermagem com base
no trabalho em equipe, objetivando voltar o cuidado para o paciente tomando como base
a utilização do pessoal de enfermagem com a máxima economia e eficácia. Esse modelo
de organização do trabalho de enfermagem expressou:
• Crítica ao trabalho centrado na tarefa (modelo funcional);
• Tentativa de solução para a escassez dos recursos humanos de
enfermagem nos hospitais norte-americanos no período após a II Guerra Mundial.
Pela necessidade de extensão na cobertura dos serviços de saúde, na década de
70, no Brasil, a proposta do trabalho em equipe multiprofissional ganha ênfase pela
atuação das condutas de Medicina Comunitária e Medicina Preventiva, enfatizando o
trabalho em equipe como racionalização dos serviços.
No primeiro momento as equipes de saúde trabalhavam com o médico e os
atendentes de enfermagem, considerada uma composição inadequada. Em 1980, com

50
ampliação na formação de profissionais de nível médio e superior (não médicos),
diversificou-se a equipe de saúde. Dessa maneira, a Equipe Multiprofissional começou a
ser composta por profissionais de diferentes áreas como: enfermeiros, fisioterapeutas,
fonoaudiólogos, psicólogos, nutricionistas, médicos, entre outros.
A atuação de uma Equipe Multiprofissional é permeada pelo alcance de
resultados comuns, no caso específico da Saúde, o atendimento e resolução das
necessidades apresentadas pelo paciente nos diferentes níveis de intervenção.
A obtenção de resultados em um trabalho de Equipe Multiprofissional pode ser
interferida pelos seguintes fatores:
• Atenção integral às necessidades de Saúde da População, em que os
serviços especializados tendem à fragmentação do cuidado com a saúde do indivíduo; as
ações realizadas por diferentes profissionais necessitam de articulação; nenhum
profissional de saúde em separado tem possibilidades de atender às demandas de saúde
do paciente;
• Comunicação como forma de promover consenso entre os profissionais,
possibilitando a articulação entre diversas ações realizadas em um setor, integrando
setores e serviços entre si.

O trabalho em equipe multiprofissional é uma prática na qual a comunicação


entre os profissionais faz parte do cotidiano. A articulação entre as ações se dá pelo uso
da linguagem em um processo permeado pela interação entre os agentes, em uma
relação recíproca entre o trabalho e a interdisciplinaridade que caracterizam a atuação
em equipe.
Peduzzi (1998; 2001), em seus estudos sobre conceito e tipologia do trabalho em
Equipe Multiprofissional de Saúde, afirma que esta modalidade de trabalho coletivo
deve estar centrada na reciprocidade entre trabalho e interação, em que as principais
dimensões do trabalho em equipe são a articulação das ações e a interação de seus
agentes. Sobre essa articulação a estudiosa descreve os momentos em que os
profissionais ativamente colocam em evidência as conexões existentes entre as distintas
ações e os variados conhecimentos técnicos. Assim, a interação como uma prática
comunicativa, por meio da qual os envolvidos se colocam de acordo quanto a um
projeto comum; é capaz de promover a cooperação e integração na equipe.
Ainda sobre essa temática, Minelli (2004) considera que as respostas da
interação dos grupos profissionais vão desde aspectos relativos aos olhares

51
diferenciados para um determinado processo, até uma possibilidade de ganho na
qualidade e eficiência da resposta recebida.
O trabalho em Equipe Multiprofissional também é caracterizado por
complexidade advinda da convivência entre os diferentes processos de trabalho, objetos
de trabalho, saberes específicos, instrumentos utilizados para realização e
desenvolvimento do trabalho.
A principal problemática visualizada na Equipe de Trabalho Multiprofissional é
a inexistência de integração entre os profissionais que a compõem. A noção de equipe
que predomina nos serviços de saúde se restringe à coexistência de vários profissionais
numa mesma situação de trabalho, compartilhando o mesmo espaço físico, e a mesma
clientela, porém sem integração.
Para Peduzzi (1998; 2001) a tipologia do trabalho em equipe pode ser
distinguida em duas modalidades:

JUSTAPOSIÇÃO DAS AÇÕES


EQUIPE AGRUPAMENTO
AGRUPAMENTO DOS AGENTES

ARTICULAÇÃO DAS AÇÕES


EQUIPE INTEGRAÇÃO
INTERAÇÃO DOS AGENTES

Em ambas as modalidades propostas estão presentes as diferenças técnicas dos


trabalhos especializados e a desigualdade de valor atribuído a estes trabalhos. Também
estão presentes tensões entre as diversas concepções quanto à autonomia dos trabalhos
especializados ou a sua complementaridade objetiva.
Existem alguns critérios de reconhecimento da modalidade do trabalho em
equipe, os quais classificam a equipe em agrupamento ou integração, conforme mostra a
tabela a seguir:

52
Tabela – Critérios de Reconhecimento da modalidade de trabalho em Equipe:
TIPOLOGIA

Parâmetros Equipe Integração Equipe


Agrupamento
Comunicação externa ao trabalho X

Comunicação Estritamente X
Pessoal
Comunicação Intrínseca ao X
Trabalho
Projeto Assistencial Comum X

Diferenças Técnicas entre X X


trabalhos especializados

Arguição da desigualdade dos X


trabalhos especializados

Especificidades dos trabalhos X X


especializados

Flexibilidade da divisão do X
trabalho
Autonomia técnica de caráter X
interdependente

Autonomia técnica plena X

Ausência de Autonomia X
Técnica
Fonte: Peduzzi, 2001.

Diante destes conceitos e tipologias, algumas das principais problemáticas


apresentadas no desenvolvimento do trabalho em Equipe Multiprofissional de Saúde

53
são:
• Falta de responsabilidade coletiva pelos resultados dos trabalhos;
• Ações e intervenções desarticuladas e independentes;
• Baixo grau de interação entre os profissionais;
• Dificuldade de atuar de forma coesa e integrada;
• Desarticulação de ações de caráter curativo, administrativo e preventivo.

Os resultados de um trabalho em Equipe Multiprofissional dependem


diretamente da integração das ações dos profissionais envolvidos. Trata-se, pois, de uma
interação entre saberes e relacionamento, em que o sucesso no atendimento ao paciente
é possível quando abrange a Equipe Multiprofissional, sendo que o maior desafio destes
profissionais é atingir a integração nas práticas de saúde oferecidas ao cliente.
Em uma Equipe de Home Care, na qual há a necessidade e obrigatoriedade de
diversos profissionais de saúde, é de suma importância ter conhecimento e
discernimento para trabalhar com responsabilidade, compreendendo e respeitando as
funções e campo de atuação de cada profissional.
A equipe de enfermagem, em especial os enfermeiros, constitui-se em grande
potencial articulador na busca pela integração da equipe, até por permanecer mais
tempo na prestação do cuidado junto ao paciente, identificando as necessidades mais
frequentes, direcionando-as aos profissionais envolvidos.
A prática adequada da atuação da Equipe Multiprofissional de Saúde deve
abranger também a interação entre os técnicos de enfermagem e enfermeiros que
formam a Equipe de Enfermagem. Por intermédio do bom relacionamento e das práticas
assistenciais adequadas estas duas categorias contribuem e muito para a eficiência do
cuidado prestado ao paciente.

No atendimento domiciliar, na maior parte do tempo, quem interage com o


paciente é a Equipe de Enfermagem, já que nos casos de internação domiciliar estarão
durante as 24 horas do dia ao lado do paciente, atuando na realização dos
procedimentos.
Neste contexto, identifica-se na enfermagem a precursora da detectação das
necessidades do paciente, não só no momento da visita domiciliar, mas no
acompanhamento e na busca ativa junto ao paciente e cuidador de sinais e sintomas
apresentados.

54
Os demais profissionais da Equipe Multiprofissional, na maioria das vezes,
possuem a visão de que a enfermagem, por estar mais tempo junto ao paciente, adquiriu
maior responsabilidade na comunicação de necessidades específicas de serviços.
Contudo, é importante salientar que, mesmo diante da comunicação, a responsabilidade
diagnóstica de cuidados que não são específicos da enfermagem cabe aos profissionais
habilitados que não devem eximir-se desta conduta.
Desse modo, para uma Equipe Multiprofissional Trabalhar de forma integrada é
necessário:
• Flexibilizar a Divisão do Trabalho;
• Preservar as diferenças técnicas entre os trabalhos especializados;
• Questionar a desigualdade na valorização dos distintos trabalhos e
respectivos profissionais;
• Descentralizar a tomada de decisão na equipe, favorecendo o partilhar de
decisões sobre questões relacionadas à dinâmica do trabalho;
• Exercer a autonomia profissional levando em consideração a
interdependência das diversas áreas profissionais;
• Construir um projeto assistencial comum.

Assim, o trabalho em equipe consistirá em uma prática na qual a comunicação


entre os profissionais faz parte do exercício cotidiano do trabalho e os agentes operam a
articulação das intervenções técnicas por meio da mediação simbólica da linguagem.
Neste sentido, consideram-se duas dimensões inerentes ao trabalho em equipe: a
articulação das ações e a interação dos profissionais.
Quando a equipe é multiprofissional, a articulação refere-se à recomposição de
processos de trabalho distintos e, portanto, a consideração das conexões e interfaces
existentes entre as intervenções técnicas peculiares de cada área profissional, bem como
a preservação das respectivas especificidades.
A integração da equipe demanda, simultaneamente, preservar as diferenças
técnicas e flexibilizar as fronteiras entre as áreas profissionais. A complexa conjunção
entre especificidade, flexibilidade e articulação torna-se ainda mais desafiadora na
medida em que, para além das técnicas entre as áreas distintas, expressa desigualdade
entre o trabalho realizado.
A interação é, aqui entendida, como uma prática comunicativa por meio da qual
os envolvidos colocam-se de acordo quanto a um projeto comum. Os sujeitos constroem

55
consensos sobre um plano de ação por meio de uma modalidade de comunicação
dialógica – de mão dupla – em que os envolvidos partilham os enunciados que proferem
e as normas e valores que subjazem esses proferimentos, ou seja, colocam-se de acordo
quanto ao que dizem e aos valores pressupostos, compartilhando valores éticos
(Habermas, 1989).
Fortuna e Mishima, em estudos de Fortuna (1999), comentam sobre o trabalho
em equipe identificando três vertentes distintas: a interdisciplinaridade, os resultados e
as relações. Nos estudos que identificam os resultados a equipe é interpretada como
recurso para aumento da produtividade e da racionalização dos serviços. Ao tratar das
relações faz referência aos conceitos da psicologia, analisando as ações das equipes, os
relacionamentos interpessoais e os processos psíquicos. Sobre a interdisciplinaridade
centra-se a articulação dos saberes e a divisão do trabalho em saúde, a especialização do
trabalho em saúde.
Sob qualquer olhar é possível concluir que o trabalho em Equipe
Multiprofissional vai além da mera avaliação do paciente e da elaboração de condutas
por diferentes profissionais. São atitudes de cunho pessoal e profissional que irão
estabelecer o processo de interação (feed-back = retroalimentação) entre os membros da
equipe e os pacientes; já a integração refere-se à proposição das ações e à articulação
para que tais atividades sejam realizadas de maneira ordenada e adequada.
No contexto considerado, nota-se que na enfermagem o “saber lidar” com o
trabalho em Equipe é uma questão desafiadora e necessária, uma vez que em qualquer
situação de atividade não se obtém resultados positivos sem a atuação de outro
profissional, quer seja da mesma categoria ou de outra, constituindo-se, desta forma, em
conhecimento necessário para uma atuação eficiente.

DIREITO DOS PACIENTES

A atuação dos profissionais de saúde está articulada à normas, resoluções,


portarias e conselhos de classe. Ao se trabalhar com os pacientes em qualquer atividade
de desenvolvimento e promoção da saúde é importante que se tenha conhecimento não
só das legislações, mas também dos direitos dos pacientes, conforme descrito na
Portaria do Ministério da Saúde, que pode ser observada no anexo x.

56
Portaria do Ministério da Saúde nº 1286 de 26/10/93 – art 8° e nº 74 de
04/05/94

1. O paciente tem direito a atendimento humano, atencioso e respeitoso, pôr


parte de todos os profissionais de saúde. Tem direito a um local digno e adequado para
seu atendimento.
2. O paciente tem direito a ser identificado pelo nome e sobrenome. Não
deve ser chamado pelo nome da doença ou do agravo à saúde, ou ainda de forma
genérica ou quaisquer outras formas impróprias, desrespeitosas ou preconceituosas.
3. O paciente tem direito a receber do funcionário adequado, presente no
local, auxílio imediato e oportuno para a melhoria de seu conforto e bem-estar.
4. O paciente tem direito a identificar o profissional por crachá preenchido
com o nome completo, função e cargo.
5. O paciente tem direito a consultas marcadas, antecipadamente, de forma
que o tempo de espera não ultrapasse a trinta (30) minutos
6. O paciente tem direito de exigir que todo o material utilizado seja
rigorosamente esterilizado, ou descartável e manipulado segundo normas de higiene e
prevenção.
7. O paciente tem direito de receber explicações claras sobre o exame a que
vai ser submetido e para qual finalidade irá ser coletado o material para exame de
laboratório.
8. O paciente tem direito a informações claras, simples e compreensivas,
adaptadas à sua condição cultural, sobre as ações diagnósticas e terapêuticas, o que pode
decorrer delas, a duração do tratamento, a localização, a localização de sua patologia, se
existe necessidade de anestesia, qual o instrumental a ser utilizado e quais regiões do
corpo serão afetadas pelos procedimentos.
9. O paciente tem direito a ser esclarecido se o tratamento ou o diagnóstico
é experimental ou faz parte de pesquisa, e se os benefícios a serem obtidos são
proporcionais aos riscos e se existe probabilidade de alteração das condições de dor,
sofrimento e desenvolvimento da sua patologia.
10. O paciente tem direito de consentir ou recusar a ser submetido à
experimentação ou pesquisas. No caso de impossibilidade de expressar sua vontade, o
consentimento deve ser dado por escrito por seus familiares ou responsáveis.

57
11. O paciente tem direito a consentir ou recusar procedimentos,
diagnósticos ou terapêuticas a serem nele realizados. Deve consentir de forma livre,
voluntária, esclarecida com adequada informação. Quando ocorrerem alterações
significantes no estado de saúde inicial ou da causa pela qual o consentimento foi dado,
este deverá ser renovado.
12. O paciente tem direito de revogar o consentimento anterior, a qualquer
instante, pôr decisão livre, consciente e esclarecida, sem que lhe sejam imputadas
sanções morais ou legais.
13. O paciente tem o direito de ter seu prontuário médico elaborado de forma
legível e de consultá-lo a qualquer momento. Este prontuário deve conter o conjunto de
documentos padronizados do histórico do paciente, princípio e evolução da doença,
raciocínio clínico, exames, conduta terapêutica e demais relatórios e anotações clínicas.
14. O paciente tem direito a ter seu diagnóstico e tratamento por escrito,
identificado com o nome do profissional, de saúde e seu registro no respectivo Conselho
Profissional, de forma clara e legível.
15. O paciente tem direito de receber medicamentos básicos, e também
medicamentos e equipamentos de alto custo, que mantenham a vida e a saúde.
16. O paciente tem o direito de receber os medicamentos acompanhados de
bula impressa de forma compreensível e clara e com data de fabricação e prazo de
validade.
17. O paciente tem o direito de receber as receitas com o nome genérico do
medicamento (Lei do Genérico), e não em código, datilografadas ou em letras de forma,
ou com caligrafia perfeitamente legível, e com assinatura e carimbo contendo o número
do registro do respectivo Conselho Profissional.
18. O paciente tem direito de conhecer a procedência e verificar antes de
receber sangue ou hemoderivados para a transfusão, se o mesmo contém carimbo nas
bolsas de sangue atestando as sorologias efetuadas e sua validade.
19. O paciente tem direito, no caso de estar inconsciente, de ter anotado em
seu prontuário, medicação, sangue ou hemoderivados, com dados sobre a origem, tipo e
prazo de validade.
20. O paciente tem direito de saber com segurança e antecipadamente,
através de testes ou exames, que não é diabético, portador de algum tipo de anemia, ou
alérgico a determinados medicamentos (anestésicos, penicilina, sulfas, soro antitetânico,
etc.) antes de lhe serem administrados.
58
21. O paciente tem direito a sua segurança e integridade física nos
estabelecimentos de saúde, públicos ou privados.
22. O paciente tem direito de ter acesso às contas detalhadas referentes às
despesas de seu tratamento, exames, medicação, internação e outros procedimentos
médicos. (Portaria do Ministério da Saúde nº1286 de 26/10/93- art.8º e nº74 de
04/05/94).
23. O paciente tem direito de não sofrer discriminação nos serviços de saúde
por ser portador de qualquer tipo de patologia, principalmente no caso de ser portador
de HIV / AIDS ou doenças infecto- contagiosas.
24. O paciente tem direito de ser resguardado de seus segredos, através da
manutenção do sigilo profissional, desde que não acarrete riscos a terceiros ou à saúde
pública. Os segredos do paciente correspondem a tudo aquilo que, mesmo desconhecido
pelo próprio cliente, possa o profissional de saúde ter acesso e compreender através das
informações obtidas no histórico do paciente, exames laboratoriais e radiológicos.
25. O paciente tem direito a manter sua privacidade para satisfazer suas
necessidades fisiológicas, inclusive alimentação adequada e higiênicas, quer quando
atendido no leito, ou no ambiente onde está internado ou aguardando atendimento.
26. O paciente tem direito a acompanhante, se desejar, tanto nas consultas,
como nas internações. As visitas de parentes e amigos devem ser disciplinadas em
horários compatíveis, desde que não comprometam as atividades médico / sanitárias.
Em caso de parto, a parturiente poderá solicitar a presença do pai.
27. O paciente tem direito de exigir que a maternidade, além dos
profissionais comumente necessários, mantenha a presença de um neonatologista, por
ocasião do parto.
28. O paciente tem direito de exigir que a maternidade realize o "teste do
pezinho" para detectar a fenilcetonúria nos recém-nascidos.
29. O paciente tem direito à indenização pecuniária no caso de qualquer
complicação em suas condições de saúde motivadas por imprudência, negligência ou
imperícia dos profissionais de saúde.
30. O paciente tem direito à assistência adequada, mesmo em períodos
festivos, feriados ou durante greves profissionais.
31. O paciente tem direito de receber ou recusar assistência moral,
psicológica, social e religiosa.

59
32. O paciente tem direito a uma morte digna e serena, podendo optar ele
próprio (desde que lúcido), a família ou responsável, por local ou acompanhamento e
ainda se quer ou não o uso de tratamentos dolorosos e extraordinários para prolongar a
vida.
33. O paciente tem direito à dignidade e respeito, mesmo após a morte. Os
familiares ou responsáveis devem ser avisados imediatamente após o óbito.
34. O paciente tem o direito de não ter nenhum órgão retirado de seu corpo
sem sua prévia aprovação.
35. O paciente tem direito a órgão jurídico de direito específico da saúde,
sem ônus e de fácil acesso.

Anexo 1 – Projeto de Lei nº 2880, de 2008.


Regulamenta a Profissão de Cuidador de Pessoa, delimita o âmbito de atuação,
fixa remuneração mínima e dá outras providências.
O Congresso Nacional decreta:
Art.1º Esta Lei regulamenta o exercício da Profissão de Cuidador de Pessoa.
Parágrafo único – Considera-se cuidador, o profissional responsável por cuida da
pessoa doente ou dependente, facilitando o exercício de suas atividades diárias, tais
como alimentação, higiene pessoal, além de aplicar a medicação de rotina e acompanhá-
la junto aos serviços de saúde, ou outros requeridos no seu cotidiano, excluindo para tal
técnicas ou procedimentos identificados como exclusivos das outras profissões sob sua
responsabilidade.
Art. 2º O cuidador só poderá exercer sua função mediante orientações prescritas
por profissionais de saúde responsáveis pelo tratamento e acompanhamento clínico do
indivíduo sob sua responsabilidade.
Art. 3º Para exercer sua atividade profissional, o cuidador deverá ter sido
aprovado em curso regular para cuidadores, promovido por instituição de ensino
superior ou instituição da sociedade civil, desde que, neste caso, sejam oficialmente
supervisionadas por instituição de ensino profissional que regularmente ofereça cursos
na área de saúde.
Art. 4º Não poderá o profissional cuidador, executar os serviços exclusivos de
outras profissões da área de saúde legalmente regulamentadas, particularmente às da
área da enfermagem e da medicina.

60
Art. 5º Fica instituído o valor de 1,5 salários mínimo como piso nacional de
categoria, que poderá ser corrigido anualmente pelo Índice Nacional de Preços ao
Consumidor Amplo – IPCA, calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística – IBGE, ou outro índice que o venha substituir.
Art. 6 º Esta lei entra em vigor na data de sua publicação.

JUSTIFICAÇÃO
A importância da presença do Cuidador de Pessoa na sociedade é hoje uma
realidade indiscutível. Sejam idosos, adultos, jovens ou crianças, o Cuidador cada vez
mais se faz necessário para garantia de uma melhor qualidade de vida àqueles que
necessitam de apoio para um conjunto grande de atividades no seu cotidiano. É preciso,
portanto, fortalecer essa atividade profissional que é em si um fator de humanização
para a sociedade.
No que diz respeito aos nossos idosos, em especial, os cuidadores tem exercido
um papel muito relevante, afinal o envelhecimento da população, além de
estatisticamente comprovado por dados dos últimos censos demográficos, pode ser
facilmente percebido, e cada vez mais as famílias lançam mão do apoio profissional.
A população mundial, de um modo geral, esta envelhecendo e o Brasil caminha
neste mesmo sentido. Temos hoje cerca de 13 milhões de idosos e as projeções
demográficas apontam que alcançaremos mais de 30 milhões de pessoas com 60 anos
de idade ou mais na década de 40, alcançou em 2000 o patamar de 68 anos para homens
e 72 para mulheres.
Há ainda, um grande quantitativo de pessoas com deficiência que são objeto de
ação dos cuidadores. Esta transição demográfica certamente trará em seu bojo o
aumento das pessoas crônico – degenerativas com suas consequências inevitáveis,
causando limitações em seus portadores, que passam a necessitar de ajuda temporária
ou permanente para suas atividades de vida diária. No entanto, estas pessoas, que são
designadas para prestar tais cuidados, sejam familiares ou contratados, a maioria das
vezes não está preparada para tal, o que pode dificultar o restabelecimento do idoso ou
até mesmo causar piora na sua evolução, trazendo desgaste e stress intenso para ambos,
paciente e cuidador, com consequências danosas.
Entende-se por cuidador, pessoas que cuidam de bebês, crianças, jovens e
adultos, a partir de objetivos estabelecidos por instituições especializadas ou pelos
responsáveis diretos, zelando pelo bem–estar, saúde, alimentação, higiene pessoal,

61
educação, cultura, recreação da pessoa atendida.
Trata-se de profissão reconhecida e inserida na Classificação Brasileira de
Ocupações do Ministério do Trabalho e Emprego com o código 5162-10 (Cuidador de
Pessoas Idosas e dependentes e Cuidador de Idosos Institucional). Esta capacitação é
exigida aos profissionais que trabalham em Instituições de Longa Permanência para
Idosos. Contudo é preciso fortalecer o respaldo jurídico que a matéria requer, elevando-
a ao status de Lei.
Até hoje, mesmo nos países mais ricos, a maioria dos idosos, cerca de 95%,
continua a ser cuidada pela sua família. Um vídeo para orientação de cuidadores
produzido nos Estados Unidos, nos anos oitenta, dizia que as funções de cuidar uma
pessoa idosa exigem por dia, quatro horas adicionais de trabalho da cuidadora.
Imaginem a mulher brasileira que já enfrenta a dupla jornada de trabalho... Além de
sobrecarga de trabalho, a falta de preparo, de apoio e de orientação têm sido
responsáveis pelo estado de exaustão de muitas cuidadoras, o que pode levar a
internações desnecessárias de idosos em ILPIs ou a atos de violência contra a pessoa
cuidada.
No contexto familiar, até a pouco e menos no presente, é muito comum a
empregada doméstica, além de realizar serviços domésticos em geral, cuidar de idosos
ou dependentes. Outras passaram a ser contratadas, especificamente para cuidar do
idoso, tendo ou não recebido alguma formação, sendo denominadas acompanhantes.
Nas instituições de longa permanência de idosos (ILPI) passou a existir uma funcionaria
conhecida como atendente de idosos.
Mas a questão passa pela qualificação para o desempenho eficaz da atividade do
cuidador. Essa função tornou-se tão necessária e presenta em nossa sociedade que
ganhou codificação da Classificação Brasileira de Ocupações – CBO, editada pelo
Ministério do Trabalho e Emprego.
Há que se relevar o fato de que a aprovação da proposta trará benefícios não
apenas para o assistido, mas também para sua família. Isso porque muitas vezes é um
membro da família que fica responsável pela assistência ao parente adoentado, podendo
comprometer tanto a saúde do idoso quanto a do próprio familiar.
Estudo levado a efeito pela Faculdade de Medicina da Universidade de São
Paulo – USP demonstrou que a falta de amparo social provoca um aumento substancial
na carga emocional suportada pelo cuidador, levando-o, muitas vezes, ao
desenvolvimento de doenças psiquiátricas, quadro esse que é mais corriqueiro quando

62
se trata de um familiar, pelas razões óbvias de fundo emocional.
Nesse aspecto, temos uma clara distinção entres cuidador formal e o cuidador
informal. Esse vem a ser justamente o familiar que assume funções de cuidador e
relação a um parente seu. O projeto não se refere a esse tipo de atuação.
O nosso objetivo é regulamentar, justamente, a ação do cuidador formal, ou seja,
o profissional que recebeu uma preparação adequada em uma instituição de ensino com
a finalidade última de prestar os cuidados exigidos ao assistido em seu domicílio ou fora
dele. Deve se exigir desse profissional que possua estruturadas noções sobre como lidar
com o idoso e com as suas peculiaridades.
A existência de um profissional mais bem preparado trará maior segurança à
família no momento em que tiver de contratar alguém para exercer as atribuições de
cuidador. Ao mesmo tempo, nada basta de um membro da família se qualificar –
tornando-se Cuidador Profissional – para apoiar seu ente querido, sem remuneração.
Este projeto pretende lançar luz ao problema, propondo a qualificação e a
regulamentação do exercício profissional, dando à sociedade parâmetros mínimo para a
contratação e para a ação destes trabalhadores. Além disso, ela vem ao encontro do
princípio norteador da política nacional do Idoso, implementada pela Lei nº 10.741, de
1º de outubro de 2003 – no momento em que lhe proporciona viver com o mínimo de
dignidade aceitável na convivência de seus entes familiares.
Aliás, essa é uma categoria profissional que deveria, institucionalmente, integrar
os quadros do serviço público, seja ao nível federal, estadual ou municipal. Afinal, cabe
ao estado prover o cidadão de apoio necessário à fruição do seu direito à saúde. (Art. 6º
C.F.) e a qualidade de vida.
Diante de todos os motivos expostos, e estando evidente o alcance da medida
pleiteada, esperamos contar com o apoio de nossos ilustres Pares para a aprovação do
projeto de lei nets oportunidade apresentado.
Deputado OTAVIO LEITE Trata-se de projeto apresentado por esta pessoa?
Não está claro onde exatamente tem início o texto do deputado.

Anexo 2 – Código de Ética em Home Care


O código de Ética em Home Care abaixo descrito foi elaborado por Edvaldo O.
Leme, RNC no ano de 1993, autor do Portal Home Care com mais de 25 anos de
experiência em Home Care.

63
1. Agir de uma maneira que inspire segurança, confiança, honestidade e respeito
dos pacientes, dos empregados, dos colegas profissionais, das organizações, do público
em geral e do sistema de entrega de serviços de saúde.
2. Proteger e preservar os direitos humanos de cada paciente, acreditando
que os direitos do ser humano são edificados com uma base fundamental de princípios:
• Respeito pela vida: todas as vidas são preciosas e devem ser respeitadas.
• Autonomia: todas as pessoas têm o direito de determinação própria.
• Beneficente: nós devemos tentar fazer o bem.
• Non-maleficiente: o dever de não causar danos físicos, morais e ou
espirituais.
• Fidelidade e devoção: fiel às responsabilidades profissionais e à lealdade
incondicional.
• Justiça Distributiva: todas as pessoas devem ser tratadas com justiça;
pessoas não podem ser objeto de discriminação sem uma justa causa.
3. Interagir com o paciente de uma forma honesta dando valor à dignidade
humana baseada no respeito, simpatia e compaixão, sempre procurando suprir as
necessidades físicas, psicológicas e espirituais do paciente.
4. Cumprir com todas as leis e regulamentos que governam esta
modalidade de serviços, atividades profissionais e as leis da nação.
5. Tratar todos os funcionários com dignidade e respeito, e prover
oportunidades profissionais baseado em competências de trabalho, sem discriminação
de raça, cor, religião, nacionalidade, sexo, idade ou deficiência física.
6. Manter empregados competentes e proficientes por intermédio da
promoção e desenvolvimento profissional, apoiado por um programa eficaz de educação
continuada.
7. Respeitar o sigilo profissional.
8. Manter o mais alto padrão de integridade pessoal e profissional, de uma
maneira que reflita positivamente a modalidade de Serviços Extra-hospitalares de Saúde
ou Home Care.
9. Ser honesto em todas as formas de informação pública e privada; evitar
informações falsas, enganosas, antiéticas e grosseiras, ou que gerem decepções.
10. Evitar a exploração de relacionamentos profissionais com fins de ganho
próprio ilícito.
11. Lutar para o engrandecimento do ser humano.
64
12. Agir com transparência e honestidade para com o próximo.
13. Respeitar e promover a dignidade de nossos pacientes e colegas de
trabalho.
14. Utilizar o que existe de melhor na prática profissional, aplicar princípios
baseados na melhor e mais forte evidência médica e científica para a melhora da
condição de vida de nossos pacientes.
15. Manter a honra e respeito que o Home Care adquiriu no decorrer de mais
de duas décadas de serviços aos seus pacientes e clientes corporativos.

ENFERMAGEM NO HOME CARE

Segundo a RDC n° 11 e a Resolução do COFEN n°270 de 2002 a presença da


Equipe de Enfermagem é obrigatória nas empresas de prestação de cuidados
domiciliares, tanto nas empresas públicas como nas privadas. Assim, enfermeiro e
técnico de enfermagem formam em conjunto com os demais profissionais – a Equipe
Multiprofissional de Atendimento Domiciliar (EMAD).
A atuação do enfermeiro no Home Care, como descrita na Resolução do
COFEN 267/02, vai desde ações técnicas a administrativas e de pesquisa. Desta forma o
enfermeiro é o responsável pela elaboração de todas as rotinas que englobam a
prestação do cuidado técnico, como também os controles e indicadores do Home Care.
Segundo Lacerda (2000) as principais atribuições do enfermeiro em Home Care
é ensinar, cuidar ensinando e ensinar a cuidar. Cruz (2001) aponta as seguintes
atribuições do enfermeiro em Home Care:
• Avaliar as condições do ambiente do paciente, de seu domicílio, durante
todo o atendimento domiciliar, assim como averiguar sobre o cuidador do paciente;
• Planejar o número de visitas que atenderão às necessidades do paciente;
• Deixar claro a todos os familiares e pacientes sobre as condutas do
atendimento domiciliar;
• Buscar uma relação de ajuda mútua entre família e paciente;
• Capacitar o cuidador nas ações que condizem com suas habilidades,
educar o cuidador para o atendimento ao paciente;
• Realizar a cada visita o histórico de enfermagem, revisando os dados
para possíveis alterações de condutas;

65
• Revisar e acrescentar, conforme a necessidade, os diagnósticos de
enfermagem a cada visita domiciliar;
• Encaminhar o paciente, quando necessário, a serviços especializados;
• Prescrever o Plano de Cuidados e revisá-lo periodicamente observando
as respostas do paciente às intervenções, conforme a reposta do cliente ao tratamento
prepará-lo para alta do atendimento domiciliar;
• Prestar a assistência domiciliar que não pode ser realizada pelo cuidador;
• Observar e direcionar as ações referentes à alta do serviço domiciliar;

• Avaliar os resultados de o cuidado domiciliar junto ao cuidador;


• Manter o paciente e seus familiares informados sobre o diagnóstico, as
respostas e a evolução do paciente sobre o tratamento domiciliar;
• Deixar claro sobre o contato (a Unidade de Saúde) ao qual o serviço está
vinculado;
• Manter preenchidos e atualizados os registros no prontuário do paciente
e demais documentação de reembolso;
• Coordenar call center;
• Orientar o cuidado e o cliente por meio do call center;
• Liderar a equipe de enfermagem e dar suporte à equipe de saúde;
• Elaborar os relatórios para fins de reembolso;
• Apoio logístico ao cuidador (materiais e recursos humanos).

A enfermagem domiciliar diferencia-se da enfermagem hospitalar uma vez que


assume um paciente em seu domicílio, não possuindo todas aquelas rotinas de horários,
higiene de aposento e demais normas técnicas de funcionamento das instituições
hospitalares, deparando-se, ainda, com preceitos culturais e vivências do paciente,
relação entre o paciente e sua família, crenças e percepções distintas.
Segundo Brunner e Suddarth (1998) para a enfermagem ter sucesso com os
pacientes domiciliares é importante não expressar juízo de valor e respeitar as crenças,
mesmo quando elas diferem muito das da enfermagem. Pode ser difícil para os
profissionais da enfermagem quando a vida do paciente envolve atividades que são
consideradas por estes profissionais como inaceitáveis, como o hábito de consumir
bebidas alcoólicas ou drogas.
Talvez as questões que permeiam os conceitos éticos e culturais constituam um

66
dos maiores desafios da atuação do enfermeiro domiciliar, pois como profissional
institucionalizado, tanto em hospitais como em postos de saúde, o enfermeiro consegue,
em sua atuação, manter a organização dos serviços e principalmente não permitir atos
que infrinjam os preceitos éticos do cuidado ao paciente.
No domicílio, o enfermeiro poderá deparar-se com situações que fogem da
organização pessoal e estrutural das instituições, causando certo desconforto, já que está
dentro do domicílio do paciente, em seu habitat, tendo o direito de intervir apenas por
meio do aconselhamento a pacientes e familiares, conduto possuindo justificativas
somente para fatores que estejam relacionados ao ato do cuidar.
Mas, então, frente às situações inadequadas em ambiente familiar, como brigas,
uso de drogas, prostituição, falta de higiene, entre outros fatores, como agir enquanto
enfermeiro domiciliar?
Uma das soluções mais eficazes é munir-se dos demais profissionais da EMAD,
nestes casos específicos a presença do Assistente Social, Psicólogo e Terapeuta
Ocupacional tornam-se essenciais para o alcance dos resultados esperados pelo
atendimento domiciliar.
Sobre a limpeza do domicílio, também se deve considerar que os padrões serão
diferentes daqueles adotados no hospital. É importante avaliar que a casa do paciente
não segue as mesmas rotinas, nem deverá seguir, contudo são necessários alguns
critérios de limpeza que proporcionem os cuidados ao paciente e não o exponham a
riscos.
Segundo Brunner e Suddarth (1998) a limpeza da casa do paciente pode não
estar de acordo com o padrão do hospital. A enfermeira pode oferecer ensino sobre
pontos específicos relativos à manutenção da limpeza, sendo que o paciente e a família
são os responsáveis por determinar se seguirão estes padrões ou não, devendo o
enfermeiro aceitar a realidade da situação e liberar a assistência.
Obviamente, em conjunto com a EMAD, é importante verificar se o domicílio
do paciente não estará expondo o mesmo a riscos maiores nos casos de uma conduta de
limpeza ineficaz. Orientar a família e o paciente é o melhor caminho, explicando
principalmente as consequências que as más condições de limpeza trarão ao paciente.
O controle das infecções é outro processo desafiador na área da atuação
domiciliar, uma vez que diferentemente do hospital, o domicílio e as pessoas que nele
moram não seguem e nem conhecem, na maioria das vezes, rotinas de controle de
infecção.

67
Conforme Fernandes e Ribeiro Filho (2000) cerca de 20,6% dos pacientes em
atendimento domiciliar possuem infecções ocorrendo na proporção de ¼ durante o
atendimento domiciliar e ¾ existindo previamente, assim é imprescindível que a equipe
de saúde realize orientação sobre procedimentos contra as infecções.
Orientar família e paciente quanto aos cuidados com a manipulação do leito, tais
como troca de roupas, limpeza, respeito às normas de biossegurança e precaução
padrão, norteando o manejo dos resíduos, além de explicar sobre os cuidados com a
água, caso não haja saneamento básico e quanto ao descarte de secreções, excreções e
demais dejetos é fundamental (FERNANDES E RIBEIRO FILHO, 2000).
Na avaliação para admissão ao cuidado domiciliar o enfermeiro deve observar os
procedimentos assépticos que o paciente irá necessitar em seu domicílio e concluir
sobre a realização destes procedimentos no domicílio, atentando para as precauções
contra infecções, pensando sempre no bem-estar do paciente. Quando possível as
técnicas assépticas poderão ser realizadas ainda no hospital antes da alta do paciente.
Brunner e Suddarth (1998) ressaltam que em qualquer situação é importante
lavar as mãos antes depois de intervir com o paciente, mesmo no domicílio que não
dispõe de água corrente. Na necessidade de realizar uma técnica asséptica no domicílio,
é essencial planejar esta ação antes de leválo para casa. Dessa forma, avaliar as
condições para o tratamento e recuperação do paciente é fundamental para garantir o
sucesso no desenvolvimento das ações no atendimento domiciliar; o ambiente que se
diferencia da caracterização daquela encontrada no hospital, deve ser avaliado sob
outros aspectos.
De acordo com Veiga e Crosseti (1998) o meio ambiente terapêutico é o que
ajuda o paciente a melhorar, a aprender e recuperar a saúde. É uma atmosfera na qual o
indivíduo se vê reforçado na percepção de si mesmo como uma pessoa de estima,
possibilitando uma atmosfera em que o paciente é capaz de resolver problemas e tomar
decisões.
Algumas percepções sobre o ambiente do paciente dizem respeito à iluminação,
acomodação do paciente, como por exemplo, a presença de uma cadeira próxima ao
leito, principalmente nos casos de pacientes acamados, para que tenham a possibilidade
de serem colocados sentados por alguns instantes, se a patologia permitir.
O barulho excessivo no domicílio e a presença de muitas pessoas atrapalham o
descanso do paciente – sobre este aspecto a família recebe orientação principalmente
para respeitar o horário de sono do paciente. No momento da visita domiciliar ao

68
paciente deve-se atentar para a presença de muitas pessoas que possam interferir na
prestação da assistência, além do paciente devem permanecer a EMAD e os cuidadores.

O Enfermeiro no Home Care

O trabalho de enfermagem vem acompanhando as tendências mundiais de


prestação do cuidado; historicamente o enfermeiro já participou, mesmo antes da
profissionalização, do cuidado domiciliar. Noutras épocas tornou-se mais
institucionalizado e atualmente necessita de um conhecimento amplo, já que há uma
diversidade no campo de atuação da enfermagem.
Neste sentido, no Brasil, ainda temos poucas especializações voltadas para o
trabalho domiciliar. Com o Programa de Saúde da Família, do Ministério da Saúde, a
atuação do enfermeiro na saúde pública se fortaleceu; contudo, a abordagem maior é
dada para a inserção neste programa, que tem como foco principal a promoção e
prevenção da saúde no nível primário.
Ao se falar do cuidado do Home Care, como estruturação da empresa
propriamente dita, assim como da rotina, da assistência e da internação domiciliar, ainda
não existem diversidades de cursos preparatórios com este foco. Mesmo em sua
formação, com todos os conhecimentos adquiridos, o enfermeiro que trabalhar apenas
em hospital e migrar para uma empresa de Home Care poderá ter dificuldades de
adaptação pela diferenciação do serviço, por isso a importância de se qualificar nesta
especificidade da enfermagem.
A organização do serviço de enfermagem no atendimento ao paciente deve ser
feita com abordagem total a todas as necessidades do paciente. O enfermeiro, em sua
atuação, torna-se o profissional que concentra as informações sobre o estado do
paciente, os resultados das ações frente ao trabalho desempenhado e também sobre as
modificações que deverão ser implementadas.
O pressuposto do trabalho de enfermagem em qualquer nível de atenção é
direcionado por meio da Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE), a saber:
histórico (entrevista e exame físico); diagnóstico; prescrição de enfermagem e evolução;
mantendo este processo sempre registrado em prontuário.
A SAE, no atendimento domiciliar, é um instrumento de grande valia para o
desempenho das ações de maneira eficiente. O Plano de Cuidados Domiciliares, exigido

69
pela RDC nº 11, no que se refere à enfermagem, pode ser elaborado por meio da
Sistematização da Assistência de Enfermagem.

SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM

A modernização da enfermagem buscou um embasamento científico para


permear suas ações.
Desta forma, surgiram teorias de enfermagem com o intuito de abordar os
assuntos relacionados aos cuidados prestados ao paciente a partir do conhecimento e
sistematização.
Nesta concepção há a aplicação da teoria à prática que se dá com a implantação
do Processo de Enfermagem. Este processo, para que seja aderido pelo pessoal de
enfermagem e para que se constitua de um processo organizado, é realizado por
intermédio da sistematização da assistência.
Ao tratar do assunto, Lefevre (2000) afirma que a sistematização da assistência
de enfermagem utilizando a aplicação do processo de enfermagem traz como essência, o
conhecimento, as habilidades e o cuidado. Unindo estas três linhas; esta união constitui-
se em força matriz do atendimento de qualidade.
Além disso, Daniel (1979) complementa considerando que a sistematização da
assistência de enfermagem requer do profissional interesse em conhecer o paciente
como indivíduo, utilizando para isso seus conhecimentos e habilidades, além da
orientação da equipe de enfermagem para a realização das ações sistematizadas.
A implantação da sistematização da assistência de enfermagem é obrigatória em
todas as instituições, públicas e privadas, de acordo com a Resolução do COFEN nº
272/2002 (Anexo 1), e também se constitui de orientação da lei do exercício
profissional (Lei 7.498 de 25 de julho de 1986).
Para Lewis (1970) o processo de enfermagem consta de três fases: levantamento,
intervenção e avaliação, sendo que na primeira fase inclui-se o diagnóstico. Para a
Associação das Enfermeiras Americanas, o processo de enfermagem constitui-se da
coleta de dados, diagnóstico de enfermagem, revisão da coleta de dados e do plano.
Assim, existem vários modelos de processos de enfermagem, cada um
favorecendo as rotinas para adequação e desenvolvimento, operacionalizando-se
diferentemente, contudo sem perder as essências do conceito e finalidades do programa.

70
Na busca ativa por vários modelos de processos de enfermagem, algumas fases,
com terminologias diferentes, mas com objetivos comuns, podem-se considerar as
seguintes: histórico de enfermagem; diagnóstico de enfermagem; planejamento da
assistência de enfermagem (plano de cuidados); implementação do plano de cuidados e
avaliação da assistência de enfermagem.
A seguir enumeram-se as fases dos processos de enfermagem acima
mencionados, aprofundando seus aspectos fundamentais:

1. Histórico de Enfermagem: a primeira fase do processo de enfermagem


consiste na observação e avaliação clínica do paciente.
Smeltzer (2002) conceitua o histórico de enfermagem como a coleta
sistematizada de dados que determinam o estado de saúde do paciente e identificam
quaisquer problemas de saúde reais ou potenciais.
Ao tratar dessa fase, Fernandes (2000) descreve quatro tipos de dados que
devem ser coletados:
• Dados Subjetivos: percepções e sensações do cliente (como a dor,
angústias, sentimentos, etc..);
• Dados Objetivos: consistem em dados palpáveis ou observáveis durante
o exame físico no cliente;
• Dados Históricos: situações passadas vivenciadas pelo paciente
(internações, cirurgias, etc...);
• Dados Atuais: acontecimentos do presente (alteração de pressão, êmese,
etc...).
Diante dessas informações e levando o histórico de enfermagem para o caráter
de Atendimento Domiciliar, considera-se dentre os dados objetivos a visualização da
estrutura domiciliar em que o paciente reside, fator importante para elaboração futura do
plano de cuidados.
Também é importante na coleta de dados para o atendimento domiciliar, nas
informações subjetivas, buscar a adequação do paciente diante de seu domicílio, ou seja,
questionar sobre os locais em que mais permanece durante o dia, os locais que mais
gosta de ficar, embasando assim, um plano de cuidados humanizado, com estratégias
para aperfeiçoar o tratamento e incentivar o autocuidado.
A realização do histórico de enfermagem é feita por meio de entrevista e exame
físico. A entrevista, no atendimento domiciliar, diz respeito à própria visita domiciliar,

71
enquanto o paciente estiver internado, nos casos de avaliação para Home Care.
Ao tratar dos aspectos básicos dessa fase, Jesus (2002) considera que o histórico
de enfermagem é um momento importante de interação com o paciente e para ser
organizado deve conter um instrumento de coleta de dados, que irá subsidiar o
enfermeiro; a realização do histórico inclui a entrevista, o exame físico e os resultados
de exames laboratoriais e testes diagnósticos.
2. Diagnóstico de Enfermagem: após a realização de todo o histórico do
paciente faz-se o diagnóstico de enfermagem. Nesta fase, o enfermeiro realiza os
diagnósticos das necessidades apresentadas pelo paciente, após a verificação dos dados
por meio do Histórico de Enfermagem, para a elaboração do Plano de Cuidados.
Sobre isso, Carpenitto (1997) comenta que o Diagnóstico de Enfermagem é uma
afirmativa que descreve a resposta humana de um indivíduo ou grupo de pessoas, e a
partir dessa fase a enfermeira pode identificar legalmente e ordenar a intervenção
definida visando a manter o estado de saúde, ou a reduzir, a eliminar ou a prevenir as
alterações.
Em março de 1990 foi aprovada pela North American Nursing Diagnosis
Association (NANDA) – Associação Norte Americana de Diagnósticos de Enfermagem
– a definição sobre diagnóstico de enfermagem que descreve esta fase como:
- O diagnóstico de enfermagem é um julgamento clínico sobre as respostas
do indivíduo, família ou comunidade aos problemas de saúde/processos vitais reais ou
potenciais. O diagnóstico de enfermagem proporciona a base para a seleção das
intervenções de enfermagem, visando o alcance dos resultados pelos quais a enfermeira
é responsável;
- O diagnóstico de enfermagem é um julgamento clínico sobre as respostas
do indivíduo, família ou comunidade aos problemas de saúde reais ou potenciais ou aos
processos vitais (NANDA, 1990, p. ).
Na denominação dos diagnósticos de enfermagem utilizam-se os chamados
sistemas de classificação. Segundo NANDA (2001) consiste no arranjo sistemático de
fenômenos relacionados em grupos ou categorias baseados em características que os
objetos têm em comum.
Citam-se aqui as duas classificações mais usadas de diagnósticos de
enfermagem:

72
- NANDA: em 1987 foi oficialmente encarregada pelos sistemas de
classificação dos diagnósticos de enfermagem. A Taxomia I publicada em 1989 e em
1990 a Taxomia II;
- CIPE/ICNP: consiste numa relação de fenômenos e resultados que
descreve a prática da enfermagem (CIPE, ICNP 2000). Durante o Conselho
Internacional de Enfermagem (CIE) foi iniciado um projeto para desenvolver a CIPE.
Os diagnósticos de enfermagem são de suma importância para a elaboração do
plano de cuidados, que, no atendimento domiciliar, também é inserido como forma de
sistematizar o trabalho de enfermagem, apresentando o diagnóstico e todas as demais
fases que contemplarão uma assistência adequada.
No que se refere especificamente ao atendimento domiciliar e aos diagnósticos
de enfermagem, não se pode esquecer as questões como o domicílio do paciente versus
as técnicas que o mesmo necessita, a presença de um cuidador, assim como sua relação
com este cuidador, além de fatores como ambiente, acomodação, entre outros.

3. Planejamento da Assistência de Enfermagem ou Plano de Cuidados: por


meio das informações obtidas no Histórico e no Diagnóstico, esta fase consiste na
elaboração das ações que deverão ser desenvolvidas pela enfermagem no intuito de
proporcionar ao paciente o atendimento de suas necessidades.
Quando na elaboração do diagnóstico de enfermagem é possível que várias
necessidades sejam detectadas, entretanto nesta fase de elaboração de condutas, o
enfermeiro terá a responsabilidade de verificar quais são de ação imediata,
determinando inclusive os espaços de tempo para alcance das metas propostas, ou seja,
curto, médio ou longo prazo.
Swmeltzer e Bare (2000) descrevem a fase do planejamento como o conjunto de
ações, criação de metas e de um plano de cuidados destinado a ajudar o paciente a
resolver os problemas detectados e alcançar as metas identificadas.
As metas, os objetivos e as prescrições de enfermagem consistem no plano de
cuidados; as metas referem-se ao que se pretende alcançar; os objetivos são condições
necessárias para que as metas ocorram e a prescrição de enfermagem são as ações que
deverão ser desenvolvidas.
Encontram-se três tipos de prescrição de enfermagem:
• As prescrições de enfermagem dependentes: são aquelas elaboradas a
partir da prescrição médica;

73
• As prescrições de enfermagem interdependentes: são aquelas que o
enfermeiro realiza com a colaboração de outro membro da equipe;
• As prescrições de enfermagem independentes: que podem ser executadas
sem a recomendação médica.

Em seus estudos, Bachion (2000) afirma que as prescrições de enfermagem são


validas por até 24 horas nos serviços hospitalares, exceto nos setores de alto risco,
nestes casos devem ser reavaliadas num período menor de tempo. Há casos em que
podem vigorar por mais tempo, como na prestação do atendimento domiciliar e em
programas de saúde da família.
O plano de cuidados do atendimento domiciliar, que é obrigatório segundo a
RDC nº 11, poderá seguir os itens do processo de enfermagem, tendo o cuidado para
abordar todas as necessidades que o paciente apresente, não esquecendo que o paciente
está em domicílio, desta forma é imprescindível a verificação do real alcance dos
objetivos durante e após a implantação do plano de cuidados.

4. Implementação do Plano de Cuidados de Enfermagem: esta fase


caracteriza-se pela intervenção da enfermagem através das ações delimitadas no Plano
de Cuidados. Participam desta fase os técnicos de enfermagem e enfermeiros,
desenvolvendo ações conforme o grau de complexidade.
Conforme descreve Fernandes e Fontes (2002) a implementação do Plano de
Cuidados inclui:
• Estabelecimento das prioridades diárias: concentra-se nas ações que
devem ser realizadas conforme as prioridades;
• Investigação e Reinvestigação: é a coleta de dados realizada
continuamente no momento da realização das técnicas;
• Realização das intervenções e modificações necessárias: na realização do
cuidado observar a resposta do cliente, no caso de respostas inadequadas verificar os
motivos e intervir se necessário, registrando no plano de cuidados.
No que se refere à implementação do Plano de Cuidados no paciente sob
atendimento domiciliar, é importante ter em mente que alguns cuidados de baixa
complexidade serão realizados pelo cuidador, sendo necessário que ele tenha ciência
dos procedimentos que irá realizar, como por exemplo: mudança de decúbito, auxílio no
banho, alimentação, etc...

74
A avaliação da assistência de enfermagem dar-se-á por intermédio dos
resultados obtidos na recuperação ou reabilitação do paciente; mesmo durante a
implementação do plano de cuidados é essencial a verificação de como estão as
respostas do cliente ao tratamento. Com estes subsídios será possível readequar a
assistência e o plano de cuidados, implementando ações que promovam resultados
melhores.

Rotinas no atendimento domiciliar

As principais rotinas envolvidas com o atendimento domiciliar dizem respeito à


admissão do paciente, tipo de assistência a ser prestada, plano de cuidados e à alta do
serviço. Neste contexto também está o gerenciamento da equipe de enfermagem, dos
técnicos de enfermagem, como por exemplo, a elaboração das escalas de serviços.

Indicação do Paciente ao Atendimento Domiciliar

A indicação do paciente ao cuidado domiciliar pode ser feita:

Por meio da procura do paciente e/ou cuidador


A procura pelo serviço de atendimento domiciliar pode ser feita por intermédio
do próprio paciente, cuidador e/ou familiar. Nestes casos geralmente o paciente é
portador de uma doença crônica e necessita ser assistido por profissionais de saúde,
incluindo a realização de procedimentos como: curativos, aplicação de injeções,
administração de dietas ou cuidados com ostomias.
Esta modalidade do atendimento domiciliar é chamada de assistência domiciliar,
na qual os profissionais acompanham o paciente em seu domicílio conforme a
necessidade demonstrada em cada visita domiciliar, realizando a programação das
demais visitas para a prestação do cuidado. O paciente possui o cuidador em seu
domicílio, mas os procedimentos técnicos são desenvolvidos pelos profissionais de
saúde.
A assistência à saúde ao paciente em seu domicílio constitui-se em cuidados de
baixa complexidade, não necessitando da presença do enfermeiro ou técnico nas 24
horas do dia; a presença do enfermeiro e técnico é necessária apenas no momento da

75
realização das técnicas de enfermagem e nas visitas domiciliares.

Mesmo nos casos da realização de procedimentos de baixa complexidade, se o


paciente evoluir negativamente em sua patologia, a EMAD poderá encaminhar o
paciente à Internação Domiciliar ou Hospitalar, conforme o caso e complexidade
apresentada.
A realização de curativos é um dos procedimentos que é muito realizado em
Home Care. O paciente que necessita dos curativos pode ser portador de uma patologia
Crônica, como é o caso dos pacientes diabéticos com lesão de difícil recuperação,
pacientes sequeledos de AVC que adquiriram úlceras de pressão em casa ou mesmo
aqueles submetidos a cirurgias ou acidentes. Cabe ao enfermeiro, na primeira visita
domiciliar ao paciente que necessita de curativos, prescrever os cuidados de
enfermagem a serem realizados, identificando objetivamente o cuidador e o instruindo
quanto às medidas de higiene, conforto e intervalos nas trocas dos curativos.
As medidas de higiene referem-se ao banho, à lavagem ou não da ferida e aos
produtos utilizados. O Conforto está relacionado às mudanças de decúbito, posição do
paciente e do local onde se encontra a ferida, uso de colchões e/ou coxins; o intervalo
das trocas dos curativos será estipulado conforme a complexidade da ferida.
A realização dos curativos no caso de paciente em atendimento domiciliar será
feita pelo enfermeiro ou técnico de enfermagem, dependendo da complexidade
apresentada. Cabe ao enfermeiro na prescrição de enfermagem descrever a técnica de
enfermagem a ser realizada na troca dos curativos.
Juntamente com o médico integrante da EMAD o enfermeiro irá estipular os
produtos a serem utilizados na realização dos curativos. A presença e avaliação do
profissional Nutricionista quanto ao estado nutricional do paciente também é muito
válida, já que a recuperação das feridas está diretamente relacionada a uma boa
nutrição.
A aplicação de injeções (medicamentos por via parenteral) também consta como
um item procurado em Home Care, no que se refere aos pacientes que realizam
aplicação contínua de medicamentos por alguma patologia, como nos casos de Diabetes,
Trombose, tratamento da Dor Crônica, entre outros.
A aplicação de injeções deve prever o descarte correto das seringas e agulhas,
mesmo em domicílio. Deve haver local adequado e preconizado para o descarte de
perfurocortantes, tendo o cuidado para que este recipiente não se encontre ao alcance de

76
crianças ou animais domésticos.
O uso das medicações parenterais, sob qualquer via, será supervisionado e
prescrito diretamente pelo médico da EMAD, sendo a aplicação realizada pelo
enfermeiro ou técnico de enfermagem dependendo da complexidade técnica
apresentada.
As administrações de dietas incluem as dietas enterais, por sondas de
alimentação, quer sejam Sondas Nasoenterais ou Gastrostomias. Uma gama de
pacientes apresenta a necessidade de se alimentar por sondas de alimentação.
Os cuidados de enfermagem neste caso são avaliados mediante a visita do
enfermeiro à casa do paciente para instruir o cuidador quanto aos cuidados a serem
realizados na administração da dieta enteral, manejo com sondas de alimentação, e
estoma, no caso da gastrostomia.
Neste sentido a presença do Nutricionista também é necessária, já que este
profissional deverá acompanhar a evolução nutricional do paciente e reformular e/ou
adequar as dietas a serem administradas, os produtos, quantidades e intervalos.
As trocas das sondas de alimentação serão realizadas pelo enfermeiro no
domicílio do paciente. Na prescrição de enfermagem o enfermeiro deverá estipular as
datas das trocas, bem como a sonda a ser utilizada. A pesagem do paciente nestes casos
é muito importante e também deverá estar descrita na prescrição de enfermagem, em
sintonia com as necessidades do Nutricionista.
Os pacientes com ostomias formam um grupo de atendimento em Home Care,
na maioria das vezes composto pelos Colostomizados. Neste sentido, os cuidados de
enfermagem estão centrados no manejo das bolsas de colostomia, ensino ao paciente e
cuidador sobre o manejo das bolsas de colostomias, trocas, tipos de bolsas e limpeza,
incentivo ao autocuidado e cuidados com a pele e o estoma.
As trocas das bolsas de colostomias, bem como a limpeza do estoma e das
bolsas, devem ser ensinadas pela equipe de enfermagem ao paciente e ao cuidador. Nos
casos de cuidados específicos com estomas e a pele, estes devem ser realizados pela
Equipe de Enfermagem domiciliar.
Aos pacientes colostomizados inclui-se o atendimento psicológico com a
atuação do Psicólogo sobre a auto-imagem e concepção do paciente frente ao uso da
colostomia. Também a avaliação Nutricional para identificar os alimentos consumidos
que provocarão um aumento de odores e/ou dificuldades de absorção e evacuação.

77
Por meio da indicação pelo médico assistente
O médico que assiste o paciente por intermédio das consultas ambulatoriais pode
indicar um serviço de Home Care que inclui os atendimentos assistenciais domiciliares
e/ou a internação domiciliar. Neste caso, os médicos assistentes juntamente com o
Médico do Home Care decidem sobre a possibilidade e viabilidade do atendimento
domiciliar evitando assim internação hospitalar ou reinternação.
O enfermeiro, juntamente com o médico do Home Care, realiza a visita
domiciliar e detecta os cuidados de enfermagem que o paciente necessita. Assim como
os demais profissionais da EMAD, que juntos decidirão sobre a viabilidade do paciente
ser atendido em caráter domiciliar.

Por meio da alta hospitalar para internação domiciliar


No momento em que o paciente está internado em instituição hospitalar, o
médico assistente poderá direcionar o atendimento ao domicílio. Nesta situação, o
médico assistente e o médico do Home Care realizam o diagnóstico das necessidades do
paciente entrando em consenso sobre a internação domiciliar ou não.
O médico assistente poderá ou não ser o responsável por este paciente em
domicílio, conforme descreve o CFM na Portaria 1.668 de 2003. No caso de optar por
não ser o responsável, o médico assistente passará esta responsabilidade a outro médico
ou ao médico do Home Care. O enfermeiro participa deste processo realizando a
visitação ao paciente e ao domicílio do mesmo.
A visita ao paciente hospitalizado identificará os cuidados de enfermagem que
serão desenvolvidos em casa, englobando as ações que o médico irá manter. A visita ao
domicílio é importante para visualizar se o ambiente é viável para uma internação
domiciliar.
Um protocolo de visita domiciliar com os principais itens a serem detectados é
de suma importância para concretizar a internação hospitalar e principalmente contribuir
para uma futura eficiência no recebimento do paciente no domicílio, evitando que
retorne ao hospital.

Por meio da Solicitação da Auditoria Hospitalar dos convênios


O atendimento domiciliar proporciona uma redução de custos dos convênios no
tratamento de seus usuários. Desta forma, o auditor do plano de saúde que acompanha a

78
internação hospitalar do paciente poderá considerar a viabilidade da prestação de
serviço ser realizada no domicílio.
O auditor do convênio entra em contato com o médico assistente do paciente e
conversa sobre a possibilidade do tratamento ser realizado no domicílio. A partir daí
entra a atuação da Equipe do Home Care que irá concluir se paciente realmente será
encaminhado ao serviço domiciliar.
Alguns planos de saúde possuem um Home Care próprio que incentiva a
desospitalização com responsabilidade, enquanto outros têm um serviço terceirizado
contratado. Em qualquer uma das formas, o Home Care diminui e muito os custos dos
convênios com seus usuários.
Segundo Tavolari (2000) a assistência domiciliar reduz em torno de 52% os
custos em relação à assistência hospitalar. Além disso, Pereira (2001) indica que o
maior número de leitos, a redução dos riscos da infecção hospitalar e a humanização no
atendimento e uma sensível redução de custos favorece o crescimento dos serviços
domiciliares.

Exemplo de Protocolo para Indicação ao Serviço de Home Care


Este primeiro exemplo de protocolo de Indicação ao Serviço de Home Care
pode ser utilizado em qualquer um dos casos mencionados, tanto na assistência como na
internação domiciliar, constituindo-se de questionamento básico sobre o paciente, o
estado de saúde-doença, o domicílio e o cuidador, e serve para organizar o serviço de
agendamento da visita domiciliar.
Este protocolo poderá ser respondido objetivamente pelo paciente ou familiar e
questionado pelo enfermeiro do Home Care, servindo de embasamento para a EMAD
saber algumas características do paciente antes da visitação e identificando as reais
necessidades. Entretanto, o plano de atendimento domiciliar somente será realizado
após a visita ao paciente e domicílio. É importante que tal protocolo fique arquivado, no
serviço de Home Care.
Se a demanda do serviço de Home Care é grande, é necessário que se tenha um
protocolo de agendamento de visitas para manter a organização da equipe de
atendimento domiciliar, e verificar quais profissionais deverão fazer parte da visita ao
paciente e domicilio, além do médico e do enfermeiro. Por exemplo, se já está descrito
no protocolo que o paciente faz uso de sonda de alimentação, o agendamento da visita

79
pode incluir o profissional nutricionista, e assim por diante, conforme as necessidades
descritas.
A não participação de um profissional na primeira visita ao paciente não exclui a
possibilidade deste profissional realizar acompanhamento ao paciente, já que o plano de
atendimento domiciliar será realizado somente após a visitação, por meio da
visualização dos profissionais de saúde.
Segue exemplo do Protocolo de Indicação para Atendimento Domiciliar:

Protocolo de Indicação para o Atendimento Domiciliar

1- Caracterização do Paciente

Nome:

Idade:

Estado Civil:

Endereço:

Convênio: Autorização:

2 – Estado Saúde / Doença

Patologia Principal:

Patologias Associadas:

Últimas Internações Hospitalares (Motivos):

Atendimento Domiciliar (Motivos e Modalidade):

Uso de Medicações Contínuas (citar medicamento e periodicidade):

Médico Assistente:

80
Data da Última Consulta Médica:

Consultas com demais profissionais ou participação em grupos:

3 – Motivos e Necessidades

Mobilidade do Paciente:

Necessidades Fisiologias (vias):

Necessidades alimentares (vias):

Nível de Resposta (responde a estímulos):

Verbalização:

Presença de Feridas (quantidade e locais):

Verbalização:

Presença de Feridas (quantidade e locais):

Necessidades respiratórias:

4 – Domicílio

Consultas com demais profissionais ou participação em grupos:

3 – Motivos e Necessidades

Mobilidade do Paciente:

Necessidades Fisiologias (vias):

Necessidades alimentares (vias):

81
Nível de Resposta (responde a estímulos):

Material constituído:

Número de peças (quais):

Número de moradores:

Cômodo do paciente:

Escadas:

Sistema de água e esgoto:

Sistema elétrico:

5 – Cuidador

Presente ou Ausente:

Identificação do cuidador:

6 – Agendamento da Visita Domiciliar para: Data: / /

Respondido por: __________________________________________________

Data: ___/___/___

Enfermeiro: ______________________________________________________

AUTORIZAÇÃO DO PLANO DE SAÚDE

82
Muitos pacientes possuem Planos de Saúde, e, desta forma, é necessário que no
momento da indicação a esta modalidade o pessoal do Serviço de Home Care tenha
ciência de que necessita da cobertura para este atendimento, por meio da autorização
para o atendimento domiciliar.
A autorização será emitida pelo Plano de Saúde por intermédio da previsão da
empresa de Home Care sobre quais os procedimentos que serão realizados. No caso da
assistência domiciliar, os procedimentos e o número de profissionais envolvidos são
descritos no formulário da solicitação.
Já na internação domiciliar, os dias previstos para a permanência do paciente
neste serviço e a justificativa são descritos pelo médico assistente no formulário de
solicitação. Nos casos de haver maior permanência é necessário que o médico assistente
descreva sempre a justificativa, os dias previstos e os possíveis diagnósticos que
causaram a continuidade do cuidado a domicílio.
No caso dos pacientes que serão atendidos em caráter particular, é importante
também esclarecer aos familiares e pacientes, quando possível, sobre os custos com o
tratamento domiciliar, já estipulando uma forma de negociação e pagamento, conforme
o médico assistente indique a permanência do paciente em Home Care.

83
Esclarecimento a paciente e familiares

É de suma importância que os familiares e o paciente (quando possível) sejam


orientados sobre todas as rotinas e programações que envolvem o atendimento
domiciliar, e, principalmente, que concordem com estas condutas para que as demais
fases sejam seguidas.
A autorização da família e/ou paciente frente à modalidade de atendimento
domiciliar deve ser feita por meio de formulário impresso com as assinaturas do
envolvidos (familiar ou responsável e/ou paciente).

Seleção do Paciente e Visita Domiciliar

A captação do paciente para o atendimento domiciliar, como visto


anteriormente, pode ser realizada por algumas vertentes. Entretanto, nem sempre todos
os pacientes que são recomendados para um serviço domiciliar serão selecionados.
Mendes (2001) afirma que o profissional enfermeiro tem papel fundamental nas
etapas que antecedem o atendimento domiciliar, ou seja, na detectação de que o
paciente enquadra-se nos critérios de seleção para tratamento em seu domicílio. Após a
recomendação tem-se a fase de seleção.
Duarte e Diogo (2000) estabelecem alguns dos critérios que poderão ser
seguidos para a seleção dos pacientes para o atendimento domiciliar. São eles:
• Estabilidade clínica;
• Rede de Suporte Social: que é composta pelo cuidador, família, amigos e
voluntários;
• Ambiente apropriado;
• Avaliação Profissional das demandas existentes;
• Suporte Financeiro.

Seguindo os preceitos citados, a estabilidade clínica estará envolvida


diretamente com as necessidades que o paciente apresentar em seu estado de saúde-
doença e com a possibilidade de adequar-se no atendimento domiciliar, possibilitando
um tratamento que permitirá sanar as necessidades e ampliar sua qualidade de vida.
A presença do cuidador na família torna-se referência para um tratamento de

84
continuidade e segurança no desenvolvimento das ações; a família e os amigos
proporcionam o suporte psicológico e incentivador de mudanças necessárias no
domicílio e na vida do paciente em sua casa.
O domicílio do paciente é avaliado para a adequação das condutas necessárias e
intercorrências que possam vir a ocorrer. Nem sempre a casa do paciente é adequada
para a realização do tratamento domiciliar, fazendo-se necessária uma averiguação
profunda sobre a estrutura física para que não ocorram riscos ou danos ao bem estar do
paciente.
A atuação da EMAD com a avaliação do estado do paciente e as condutas
tomadas pelos profissionais, bem como a necessidade da presença destes profissionais,
define a probabilidade do paciente estar nos critérios para o atendimento em Home
Care, ou não.
A situação financeira do paciente ou suporte financeiro no momento do
atendimento domiciliar diz respeito ao pagamento do ônus à empresa do Home Care,
quando está é privada, e também à manutenção e atendimento das necessidades básicas
do paciente, como a alimentação.
A seleção do paciente é uma das etapas que irão determinar o sucesso no
atendimento domiciliar, desta forma é imprescindível que seja feita de forma séria por
profissionais habilitados, pensando que uma boa seleção trará bons resultados, evitando
reinternações hospitalares e possíveis complicações não enquadradas no
prognóstico do paciente.
Toda a EMAD deve participar na seleção do paciente que será admitido no
Home Care, e por meio da utilização dos múltiplos saberes contemplar a assistência que
o paciente necessitará. Entretanto a decisão final sobre a seleção deste paciente é
realizada pelo médico, responsável técnico pelo atendimento, conforme descreve a
Resolução 1668/2003 do CFM em seu artigo nº3.
Toda a avaliação para o atendimento domiciliar será realizada por intermédio de
a visita domiciliar ao paciente. A visita domiciliar é considerado como o processo de
visitação à casa do paciente com o propósito de diagnosticar a situação do paciente,
domicílio e família.
Coelho (2002) descreve duas formas de intervenção na visita domiciliar. A visita
domiciliar fim, com objetivos específicos de atendimento domiciliar terapêutico,
incluindo pacientes acamados; e a visita domiciliar meio na qual se realiza a busca
ativa, prevenção e promoção à saúde, por meio da educação individualizada em saúde.

85
Tendo em vista estes conceitos para o processo do Home Care, pode-se
considerar que a primeira visita domiciliar ao paciente é considerada meio por incluir a
busca ativa da situação e as posteriores como fim por enquadrar ações terapêuticas.
Kawamoto et al (1995) afirma que a visita domiciliar é um agrupamento de
ações de saúde direcionadas para o atendimento educacional e também assistencial; a
realização da visita no ambiente domiciliar do paciente favorece uma dinâmica e uma
melhor adesão aos programas relacionados à atenção e à saúde.
A presença da EMAD na casa do paciente torna o ambiente mais agradável
intensificando a integração do paciente e as orientações propostas pelos profissionais,
uma vez que cabe aos profissionais adequar suas ações à realidade do paciente,
diferentemente do hospital.
Segundo Takahashi (2001) a visita domiciliar é uma atividade exercida com o
objetivo de fornecer subsídios para elaboração e intervenção em um processo de saúde-
doença da população ou na implementação de ações visando à promoção da saúde e da
coletividade.
É por meio de a visita domiciliar que o profissional de saúde conseguirá
identificar situações envolvidas direta e indiretamente com o processo saúde-doença do
paciente, atuando in loco.

A visita domiciliar para avaliação e seleção do paciente ao Home Care deverá


ser feita pelo enfermeiro e demais profissionais da EMAD, sendo programada e
agendada antecipadamente com o paciente e a família.
Geralmente os convênios de saúde realizam o pagamento de a primeira visita
domiciliar chamada de avaliação para atendimento domiciliar; neste caso a empresa de
Home Care irá verificar se a primeira visita está autorizada ou não, antes de realizá-la.
Após a realização de a primeira visita domiciliar e elaboração do Plano de
Atendimento Domiciliar, que engloba o número de profissionais envolvidos e o número
de visitas necessárias, bem como a modalidade (assistência ou internação), o convênio
irá avaliar e autorizar, ou não, a continuidade do tratamento.
Ao chegar à casa do paciente alguns itens devem ser considerados, tais como:
• Apresentação do Profissional Enfermeiro;
• Histórico de Enfermagem;
• Exame Físico do Paciente;
• Anotações sobre o estado do paciente e hábitos;

86
• Ambiente domiciliar;
• Evolução de Enfermagem sobre a visita ao paciente;
• Diagnósticos de Enfermagem e Prescrição de Enfermagem;
• Classificação do Paciente: refere-se ao tempo em que o paciente
necessitará de enfermagem: 24 horas, 12 horas ou enfermagem somente para realização
de procedimentos. Neste item também podemos enquadrar a verificação da presença do
cuidador junto ao paciente, o tempo que permanece junto ao paciente e a verificação dos
conhecimentos frente às necessidades do paciente.

Exemplo de Roteiro para Visita Domiciliar de Enfermagem:

Roteiro para Visita Domiciliar de Enfermagem


1. Aspectos Gerais
Enfermeiro Visitante: Data: / /
Nome do Paciente:
Endereço:
Telefone:
Convênio: Autorização para Visita Domiciliar:
Horário do Início da Visita:

Horário do Término da Visita:


Presença do Familiar: Nome:
2. Histórico de Enfermagem
Patologia Principal:
Patologias Associadas:
Internações Hospitalares Anteriores e Motivos:
Uso de Medicação Contínua:
Médico Assistente:
Periodicidade nas consultas médicas: (última consulta)
3. Exame Físico
Mobilidade do Paciente:
Comunicação:
Cabeça, Pescoço e Face: (uso de sondas, cateteres, condições dos dentes, etc...)

87
Acuidade Auditiva:
Acuidade Ocular:
Tórax e Abdômen (Ausculta, Palpação, Percussão e Inspeção):
Membros Superiores:
Sistema Genito-Urinário (vias normais, uso de sondas vesicais, uso de fraldas etc...)
Membros Inferiores:
Verificação dos Sinais Vitais: (PA. Respiração, Temperatura, Pulso)
Medidas Antropométricas: (Peso e Altura)
4. Hábitos do Paciente
Horários de Alimentação:
Horários de Sono:
Local da casa que mais permanece:
Distrações:
5. Ambiente Domiciliar
Acesso ao domicílio:
Sistema de água e esgoto:
Eletricidade:
Cômodo do Paciente:
Banheiro:
Geladeira e Fogão:
6. Cuidador
Formal ou Informal:
Tempo de Permanência com o Paciente:
Nível de Conhecimento sobre as necessidades do paciente:
Identificação:
Evolução de Enfermagem:

Assinatura Enfermeiro/Coren Assinatura Paciente e Responsável

Exemplo Descritivo da utilização do roteiro para Visita Domiciliar de


Enfermagem:

Visita Domiciliar de Enfermagem

88
1. Aspectos Gerais
Enfermeiro Visitante: Maria Fonsa Data: 22 /10/2008
Nome do Paciente: João Silva
Endereço: Rua Imigrantes nº 312 São Paulo - SP
Telefone: (11) 3125452
Convênio: Plus Saúde Autorização para Visita Domiciliar: deferida
Horário do Início da Visita: 16h00
Horário do Término da Visita: 17h30
Presença do Familiar: Sim Nome: Nádia Barreto (filha)
2. Histórico de Enfermagem
Idade: 62 anos
Patologia Principal: Diabetes Mellitus descoberta a 3 anos, em tratamento.
Patologias Associadas: Hipertensão Arterial descoberta a 5 anos, em tratamento.
Internações Hospitalares Anteriores e Motivos: Cirurgia de Varizes Bilateral a 10
anos com alta melhorada.
Uso de Medicação Contínua: Glibenclamida 2 x ao dia e Captopril 25 mg 1 x ao dia.
Médico Assistente:
Dr José Augusto Haus (Endocrinologista);
Dr. Cláudio Mattioni (Cardiologista).
Periodicidade nas consultas médicas: a cada 6 meses com o Endocrinologista (última
em 03/04/08) Cardiologista última consulta há 1 ano.
3. Exame Físico
Mobilidade do Paciente: deambula, sem problemas.
Comunicação: eficaz.
Cabeça, Pescoço e Face: sem alterações.
Acuidade Auditiva: diminuída à esquerda.
Acuidade Ocular: uso de óculos há 5 anos, continuamente.
Tórax e Abdômen: normal.
Membros Superiores: sem alterações.
Sistema Genito-Urinário: Vias Normais sem alterações.
Membros Inferiores: Membro Inferior Esquerdo sem alterações. Membro Inferior
Direito
com presença de lesão no dorso do pé ocasionada por queda de objeto de peso com

89
presença de secreção purulenta em média quantidade, sem suturas, segundo
paciente está realizando curativo 3 x ao dia com Neomicina, sem orientação médica.
Apresentou períodos de febre 38º há dois dias e desde o acidente até agora são 7
dias.
Verificação dos Sinais Vitais: PA: 130/80 mm Hg P: 82 R: 19 T: 37ºC
Medidas Antropométricas: 72 kg 1, 78 m
4. Hábitos do Paciente
Horários de Alimentação: 08h00 12h00 19h00 mais lanches sem açúcar
Horários de Sono: 22h00 às 07h00 e 13h00 às 14h00
Local da casa que mais permanece: jardim
Distrações: chimarrão, leitura e televisão
5. Ambiente Domiciliar
Acesso ao domicílio: adequado
Sistema de água e esgoto: sim
Eletricidade: sim
Cômodo do Paciente: sozinho, cama de casal, poltrona
Banheiro: próximo ao quarto do paciente
Geladeira e Fogão: sim
Serviço de Saúde Próximo: Hospital de Caridade a 5 km do domicílio
6. Cuidador
Formal ou Informal: formal
Tempo de Permanência com o Paciente: moradora do mesmo domicílio, em casa a
partir das 18 h.
Nível de Conhecimento sobre as necessidades do paciente: razoável
Identificação: Nádia Barreto
Evolução de Enfermagem:
Visita ao Domicílio do Paciente J. S, 62 anos, portador de Diabetes Mellitus
descoberta
há 3 anos, em tratamento, associada à Hipertensão Arterial Crônica, presença de
lesão em dorso do pé direito a sete dias, vinha realizando curativo 3 x ao dia com
neomicina com piora acentuada do quadro, há três dias apresentou hipertermia de
38º C, controlada com antitérmicos (paracetamol 750 mg), não procurou serviço de
saúde. Último exame glicêmico realizado há seis meses com valor de 120 g/dl em

90
jejum. Realizou Teste de HGT: 230 g/dl, paciente em Jejum de 1 hora. Domicílio
adequado para recebimento do atendimento domiciliar. Converso com filha e
paciente e oriento sobre as próximas rotinas que serão implementadas.
Necessidade de Enfermagem: Somente para Procedimentos
Assinatura do Enfermeiro e Coren Assinatura Paciente

Plano de Atendimento no Cuidado Domiciliar (PAD)


O Plano de Atendimento Domiciliar é obrigatório segundo a RDC nº 11 e
consiste no planejamento e execução de ações de saúde pelos profissionais da EMAD,
conforme as necessidades apresentadas pelo paciente no momento das visitas
domiciliares. O enfermeiro poderá desenvolver seu plano de cuidados utilizando o
Processo de Enfermagem.
Primeiramente por meio do Histórico de Enfermagem (Anamnese e Exame
Físico) realiza a coleta de dados, após os diagnósticos de enfermagem e a partir destas
verificações o Plano de Cuidados Domiciliares – Prescrição de Enfermagem. Seguindo
estas fases terá a complementaridade das ações no atendimento domiciliar.

Exemplo de Plano de Cuidados Domiciliares do Enfermeiro

Plano de Cuidados Domiciliares do Enfermeiro

Nome do Paciente:
Endereço:
Data de Entrada no Serviço:
Idade:

91
Diagnósticos de Enfermagem
-
-
-
-
-
-
-
Data:___/___/___
Enfermeiro/Coren:

Tempo De Permanência da Enfermagem no Domicílio:

Tempo de Permanência do Cuidador no Domicílio:

Prescrição de Enfermagem no Atendimento Domiciliar

Prescrição ao Cuidador
-
-
-
Prescrição para Equipe de Enfermagem
-
-
-

Data: __/__/__
Enfermeiro/Coren
Evolução de Enfermagem
Data – Evolução – Assinatura/Coren

92
Primeiramente o Plano de Cuidados é composto pela identificação do paciente,
em seguida pelo diagnóstico de enfermagem, que relaciona os problemas potenciais e as
necessidades do paciente encontradas na visitação ao domicílio, que serão de suma
importância para a realização da prescrição de enfermagem.
Posteriormente, o tempo de permanência que a enfermagem deverá permanecer
no domicílio do paciente. Este item será avaliado pelo enfermeiro conforme as
necessidades apresentadas pelo paciente e também pelo tratamento proposto pelo
médico em domicílio.
A resolução do COFEN 293/2004 estabelece que para atividades assistenciais de
pequena complexidade e de autocuidado são necessárias 3,8 horas de enfermagem por
cliente. Conforme a dimensão do serviço, o COFEN estabelece uma proporcionalidade
de 33 a 37 % de enfermeiros (mínimo de 06) e os demais técnicos de enfermagem.
Pensando na Resolução 189/96 do COFEN (Anexo 2), calcula-se que em um
serviço de assistência domiciliar no nível de atenção primária, com 06 enfermeiros e 16
técnicos de enfermagem, deverá ter sob sua responsabilidade 78 clientes/famílias, caso a
jornada de trabalho seja de 40 horas.
No nível secundário de atenção, que se caracteriza pela prestação de cuidados
que necessitam de técnicas de profissionais habilitados, podendo ser a internação
domiciliar, o COFEN preconiza como nível intermediário de assistência uma média de
5.6 horas de enfermagem, mantendo a mesma proporção do nível primário para a
composição da equipe de enfermagem. Neste nível, a razão enfermeiro/cliente deve ser
de 1:8 para a assistência domiciliar.
Nas atividades de nível terciário, que incluem a prestação do cuidado semi-
intensivo em domicílio, educação familiar e o planejamento da alta, o COFEN (2004)
preconiza uma média de 9.4 horas de enfermagem por cliente para a assistência semi-
intensiva, com uma proporção de 40% de enfermeiros e 60% de técnicos na composição
da equipe de enfermagem.
Borges (2002) cita a permanência da enfermagem nos pacientes atendidos em
domicílio como:
Pacientes com enfermagem 24 horas
Pacientes com enfermagem 12 horas
Pacientes com enfermagem de procedimentos
Pacientes com acompanhantes

93
O tempo de permanência do cuidador no domicílio é muito importante para
detectar por quais ações o mesmo poderá ficar responsável. O enfermeiro é o
responsável por avaliar o grau de instrução e habilidade do cuidador frente à realização
de procedimentos.
A prescrição de enfermagem para o cuidador pode ser feita separadamente, para
que não haja enganos quanto aos procedimentos designados ao pessoal de enfermagem
e ao cuidador. Em todos os aspectos o enfermeiro deverá certificar-se que as ações
prescritas ao cuidador estão sendo realizadas.
No caso de realizar a prescrição ao cuidador, é necessário antes de qualquer
ação, educá-lo para o desenvolvimento dos procedimentos, mesmo que o cuidador relate
que já realizou a tarefa e que tem conhecimento acerca dela, é importante para o
respaldo do enfermeiro, que instrua o cuidador e faça com que o mesmo realize o
cuidado na sua frente e que ainda deixe sempre um material informativo ao cuidador
nos casos de dúvidas.
Alguns dos procedimentos que são designados ao cuidador são banhos de leito,
higiene oral, mudança de decúbito, massagem de conforto, auxílio na deambulação,
auxilio na alimentação, entre outros, de leve complexidade. Os demais procedimentos
são designados à equipe de enfermagem do atendimento domiciliar.
A prescrição de enfermagem no atendimento domiciliar pode durar mais de 24
horas, dependendo da complexidade e avaliação do enfermeiro sobre a evolução do
paciente e também o caráter de atendimento domiciliar, internação ou apenas
assistência.
Os diagnósticos de enfermagem devem continuamente ser revistos, já que o
paciente poderá na progressão do tratamento deixar de apresentar algumas necessidades
ou nos casos em que não há um bom resultado poderá regredir, necessitando de novas
implementações para adequação do plano de cuidados.
A evolução sobre o estado do paciente e sobre as ações realizadas no
atendimento domiciliar são realizadas diariamente para aqueles pacientes em caráter de
internação domiciliar, e a cada visita nos casos de pacientes sob assistência domiciliar.
Em quaisquer umas das formas de intervenção o prontuário do paciente é
documento obrigatório que comprova a assistência de enfermagem prestada bem como
os planos de cuidados dos demais membros da EMAD, condutas, ações e evolução do

94
paciente.
A necessidade de visitas posteriores ao paciente deve ser prevista, isso auxilia o
gerenciamento de pessoal de enfermagem e também proporciona segurança ao cliente e
familiares no acompanhamento dos cuidados prestados e o alcance dos objetivos no
plano de atendimento domiciliar.
Brunner e Suddarth (1998) descrevem alguns fatores que a enfermeira deverá
levar em consideração no julgamento para visitas futuras:
• O estado de saúde atual do paciente;
• O nível de habilidade de autocuidar-se;
• O nível de necessidade dos cuidados de enfermagem;
• O prognóstico;
• As necessidades de educação do paciente;
• O estado mental;
• O ambiente domiciliar;
• O nível de aderência ao tratamento.

Borges (2000) relata que o gerenciamento das visitas domiciliares realizadas


pelo enfermeiro pode obedecer aos seguintes critérios:

Visitas do enfermeiro a pacientes com acompanhamento de enfermagem:

Enfermagem Programação das visitas

24 horas Duas visitas semanais

12 horas Uma visita semanal

Procedimento Uma visita semanal

Visitas do enfermeiro a pacientes com acompanhamento de cuidadores

Pacientes com cuidadores Uma visita quinzenal

Esses critérios são utilizados apenas como embasamento para a realização do

95
serviço e o gerenciamento dos enfermeiros, mas o protocolo é individual e segue a
necessidade específica de cada paciente, a modalidade do atendimento domiciliar –
assistência ou internação – e a conclusão da EMAD sobre as ações e resultados
detectados.

Internação Domiciliar

A Internação Domiciliar consiste em um conjunto de ações caracterizadas pela


atenção em tempo integral para paciente em quadro clínico complexo, e com
necessidades de tecnologia especializada de recursos humanos, equipamentos,
materiais, medicamentos, atendimento de urgência, emergência e transporte.
Segundo Duarte (2000) a internação domiciliar é uma opção de atendimento
para determinados tipos de pacientes, pacientes estes que mesmo após a estabilização do
quadro clínico necessitam de cuidados especializados dos profissionais de saúde e
outros recursos.
A internação domiciliar tem como objetivo a promoção, manutenção e/ou
restauração da saúde do paciente, e o desenvolvimento e adaptação de suas funções de
maneira a proporcionar o restabelecimento de sua independência e a preservação de sua
autonomia.
Villar (2002) aponta que os critérios na admissão em internação domiciliar são,
muito diversos, pois estão diretamente relacionados ao tipo de serviço que a empresa de
Home Care oferece ou o Hospital prestador do serviço se propõe a realizar.
A ANVISA (2003) conceitua o termo “Critérios de Elegibilidade” como um
conjunto de informações que permite avaliar o enquadramento do paciente na
“Assistência Domiciliar” disponível pelo serviço de Atendimento Domiciliar.
Barros (1999) preconiza três requisitos para internação hospitalar:
• Circunstância individual do enfermo;
• Condições ambientais;
• Características do grupo familiar.

A internação domiciliar diz respeito à modalidade de atendimento domiciliar em


que o paciente necessita de acompanhamento contínuo da equipe de enfermagem.
Geralmente nestes casos o paciente estava internado em hospital e foi transferido para a

96
internação domiciliar.
O acompanhamento contínuo e diário de atendimento de enfermagem na
internação domiciliar exige que o profissional que realiza o cuidado tenha sempre uma
central de referência para tirar as dúvidas frente a qualquer intercorrência que possa
acontecer no domicílio do paciente.
Esta central de atendimento deve funcionar 24 horas e ter médicos e enfermeiros
capacitados para esclarecer as dúvidas do técnico que está atendendo o paciente. Cabe
ao enfermeiro organizar as escalas de serviços dos técnicos que atenderão o paciente.
A portaria do SUS, que regulamenta a Internação Domiciliar no SUS, descreve
que os pacientes de média ou alta complexidade não estão enquadrados nos critérios de
inclusão da internação domiciliar:
Art. 9º Definir a exclusão de usuários, dada a complexidade do modelo proposto:

I - com necessidade de ventilação mecânica;


II - com necessidade de monitorização contínua;
III - com necessidade de enfermagem intensiva;
IV -com necessidade de propedêutica complementar com demanda potencial
de realização de vários procedimentos diagnósticos em sequência com urgência:
V - em uso de medicação complexa com efeitos colaterais potencialmente
graves, ou de difícil administração;
VI - com necessidade de tratamento cirúrgico em caráter de urgência; e
VII - que não tenham cuidador contínuo identificado.

Parágrafo único. Outros critérios de exclusão definidas pelos protocolos locais.

Os protocolos do Home Care para inclusão do paciente em internação hospitalar


envolvem a verificação da complexidade da patologia, do domicílio do paciente,
adequação de equipamentos necessários no domicílio do paciente para o
desenvolvimento das ações terapêuticas.
A avaliação é feita em conjunto com o médico assistente e o médico do Home
Care, assim como com os demais membros da EMAD, contudo, a responsabilidade
técnica será sempre do médico, assim como nos casos das internações hospitalares,
portanto este deverá decidir sobre a viabilidade ou não de internar em domicílio.
O paciente sob os cuidados médicos domiciliares e cuidados de enfermagem

97
deve possuir o Plano de Atendimento Domiciliar. Necessariamente este Plano conterá
as condutas de enfermagem e médicas; o profissional de enfermagem que atende o
paciente deverá seguir tais orientações.
O Plano de Atendimento Domiciliar de Enfermagem já foi descrito por meio da
utilização do processo de enfermagem e sistematização da assistência; nos casos de
internação hospitalar é essencial a prescrição médica que será realizada pelo médico
responsável pelo paciente na modalidade de Home Care.
O médico assistente fica responsável pelo paciente em Home Care e pode optar
por esta condição, caso não queira ficar responsável pelo paciente deverá indicar outro
médico. De qualquer forma a empresa de Home Care deverá manter um médico 24
horas, sete dias da semana, para atender possíveis urgências e emergências, ou também
visitar o paciente a pedido do médico assistente.
O paciente em regime de internação domiciliar primeiramente será avaliado pelo
médico assistente sobre esta possibilidade, o médico assistente tem a opção de
conversar com o médico do Home Care, após a decisão de internação domiciliar, esta
solicitação será encaminhada ao convênio do paciente.
Após a autorização do convênio do paciente para internação domiciliar, o
médico assistente realizará a prescrição médica que indica as condutas a serem tomadas
frente ao atendimento durante a internação domiciliar. O enfermeiro do Home Care
responsabiliza-se pela visitação do paciente ainda enquanto este está no hospital, assim
como no domicílio.
Realizando o histórico de enfermagem e os diagnósticos o enfermeiro irá
preparar a vinda do paciente ao domicílio, com todos os equipamentos e condições
adequadas para a prestação da assistência domiciliar. Mediante a prescrição do médico
o enfermeiro irá detectar os itens necessários, como, por exemplo, suportes de soro,
bombas de infusão, cama específica, entre outros.
A prescrição médica é documento obrigatório para a internação hospitalar e deve
ser seguida rigorosamente. A prescrição fica junto aos demais formulários, resultados de
exames, evoluções, etc. que compõem o prontuário do paciente. O prontuário do
paciente em internação domiciliar fica no domicílio do paciente disponível aos
profissionais que integram a EMAD.

98
Exemplo de Formulário de Prescrição Médica

PRESCRIÇÃO MÉDICA
Identificação do Paciente
Condutas (Administração de Medicamentos, Requisição de Exames, Avaliação por outros
serviços especializados – nutrição, fisioterapia, entre outros -).
-
-
-
-
-
Assinatura e CRM – do Médico Data: ___/ ___/____

Diagnóstico Médico:

Indicação para Internação Domiciliar:

Desmame do Serviço de Home Care

O desmame do serviço de Home Care relaciona-se ao ato de programar ações


que visam futuramente à alta hospitalar, Neste sentido a enfermagem atua no auto
cuidado do paciente e a capacitação do cuidador frente a ações de menor complexidade.
Outras questões serão avaliadas neste contexto pelo médico assistente, como por
exemplo, resultado dos exames, condição clínica do paciente, substituição de medicação
endovenosa por oral, etc. conforme a avaliação deste profissional. Os demais membros
da EMAD também dentro de sua especificidade avaliarão as condutas no desmame.

Alta do Atendimento Domiciliar


A alta ou desligamento do atendimento domiciliar será dado quando a EMAD
comprovar em todas as especificidades que o cliente alcançou os resultados esperados
frente às metas propostas. No caso de internação domiciliar a alta é realizada pelo
médico assistente do paciente que poderá indicá-lo à assistência domiciliar antes do

99
desligamento completo.
Haverá dois tipos de pacientes em atendimento domiciliar, aqueles com
possibilidade de desligamento do serviço e aqueles que não têm possibilidades de
desligamento do serviço, devido, muitas vezes, ao prognóstico não ser positivo frente à
patologia apresentada.
A estabilidade clínica do paciente é um dos principais fatores para a alta do
serviço domiciliar. O processo de ensino-aprendizagem direcionado ao paciente e
cuidador é muito importante prevendo a alta do Home Care e garantindo a continuidade
de cuidados.
Todo o processo de desligamento do paciente do serviço deve ser
minuciosamente registrado e evoluído; principalmente constando o estado do paciente
no momento da alta hospitalar, resultados das metas propostas, as instruções e a
educação proporcionada ao paciente e cuidador.
As operadoras de planos de saúde sempre estarão em contato com a empresa de
Home Care para identificar a previsão de dias que o paciente irá permanecer internado
ou sob assistência domiciliar; cabe a empresa de Home Care ter sempre certeza sobre as
autorizações dos procedimentos, internações e assistência na modalidade domiciliar
para garantir os pagamentos pelos serviços prestados.
Desta forma o mais conveniente sempre é estar em relação contínua com a
operadora dos planos de saúde, recebendo as autorizações para a realização das ações
em domicílio, estabelecendo sempre em contrato, quando empresa terceirizada, todos os
elementos que permeiam a atuação do atendimento em domicílio.

Fases do Serviço de Home Care

Como foi visto até agora através das portarias e resoluções que permeiam o
atendimento do paciente no serviço de Home Care, resumindo para o maior
entendimento, este serviço divide-se em fases, que vão desde a indicação até a alta ou
desligamento.
Abaixo estão descritas as fases do Serviço de Home Care:
• Indicação do paciente ao Home Care;
• Autorização do Plano de Saúde;

100
• Familiar e paciente são esclarecidos sobre o programa, valores e
autorização;
• Visita Técnica ao paciente (em domicílio);
• Elaboração e Implantação do Plano de Atendimento Domiciliar;
• Planejamento do Desmame;
• Alta do Serviço.

A enfermagem atua em todas as fases do serviço de Home Care desde a inserção


do paciente até sua alta, por isso é muito importante ter conhecimento acerca de todas as
fases para prestar uma assistência de qualidade ao paciente neste caráter de
atendimento.

Anexo 1 - Resolução 272 Conselho Federal de Enfermagem/ 2002 dispõe


sobre a Sistematização da Assistência de Enfermagem nas Instituições de Saúde
Brasileiras

O Conselho Federal de Enfermagem - COFEN, no uso de suas atribuições legais


e regimentais;

CONSIDERANDO a Constituição Federativa do Brasil, promulgada em 05 de


outubro de 1998 nos artigos 5º, XII e 197;

CONSIDERANDO a Lei nº 7.498/86 c.c. o Decreto nº 94.406/86,


respectivamente no artigo 11, alíneas "c", "i" e "j" e artigo 8º, alíneas "c", "e" e "f";

CONSIDERANDO o contido no Código de Ética dos Profissionais de


Enfermagem, aprovado pela Resolução COFEN 240/2000;

CONSIDERANDO o disposto nas Resoluções-COFEN nº. 195/1997, 267/2001


e 271/2002;

CONSIDERANDO que a Sistematização da Assistência de Enfermagem - SAE,


sendo atividade privativa do enfermeiro, utiliza método e estratégia de trabalho

101
científico para a identificação das situações de saúde/doença, subsidiando ações de
assistência de Enfermagem que possam contribuir para a promoção, prevenção,
recuperação e reabilitação da saúde do indivíduo, família e comunidade;

CONSIDERANDO a institucionalização da SAE como prática de um processo


de trabalho adequado às necessidades da comunidade e como modelo assistencial a ser
aplicado em todas as áreas de assistência à saúde pelo enfermeiro;

CONSIDERANDO que a implementação da SAE constitui, efetivamente,


melhora na qualidade da Assistência de Enfermagem;

CONSIDERANDO os estudos elaborados pela CTA/COFEN, nos autos do


PAD-COFEN Nº 48/97; RESOLVE:

Art. 1º - Ao Enfermeiro incumbe:

I - Privativamente: A implantação, planejamento, organização, execução e


avaliação do processo de enfermagem, que compreende as seguintes etapas:

Consulta de Enfermagem: Compreende o histórico (entrevista), exame físico,


diagnóstico, prescrição e evolução de enfermagem.

Para a implementação da assistência de enfermagem, devem ser considerados os


aspectos essenciais em cada uma das etapas, conforme descriminados a seguir:

Histórico: Conhecer hábitos individuais e biopsicossociais visando a adaptação


do paciente à unidade de tratamento, assim como a identificação de problemas.

Exame Físico: O Enfermeiro deverá realizar as seguintes técnicas: inspeção,


ausculta, palpação e percussão, de forma criteriosa, efetuando o levantamento de dados
sobre o estado de saúde do paciente e anotação das anormalidades encontradas para
validar as informações obtidas no histórico.

Diagnóstico de Enfermagem: O Enfermeiro após ter analisado os dados

102
colhidos no histórico e exame físico, identificará os problemas de enfermagem, as
necessidades básicas afetadas e grau de dependência, fazendo julgamento clínico sobre
as respostas do indivíduo, da família e comunidade, aos problemas, processos de vida
vigentes ou potenciais.

Prescrição de Enfermagem: É o conjunto de medidas decididas pelo


Enfermeiro, que direciona e coordena a assistência de Enfermagem ao paciente de
forma individualizada e contínua, objetivando a prevenção, promoção, proteção,
recuperação e manutenção da saúde.

Evolução de Enfermagem: É o registro feito pelo Enfermeiro após a avaliação


do estado geral do paciente. Desse registro constam os problemas novos identificados,
um resumo sucinto dos resultados dos cuidados prescritos e os problemas a serem
abordados nas 24 horas subsequentes.
Artigo 2º - A implementação da Sistematização da Assistência de Enfermagem -
SAE - deve ocorrer em toda instituição da saúde, pública e privada.

Artigo 3º - A Sistematização da Assistência de Enfermagem - SAE deverá ser


registrada formalmente no prontuário do paciente/cliente/usuário, devendo ser composta
por:

-Histórico de enfermagem
-Exame Físico
-Diagnóstico de Enfermagem
-Prescrição da Assistência de Enfermagem
-Evolução da Assistência de Enfermagem
-Relatório de Enfermagem

Parágrafo único: Nos casos de Assistência Domiciliar - HOME CARE - este


prontuário deverá permanecer junto ao paciente/cliente/usuário assistido, objetivando
otimizar o andamento do processo, bem como atender o disposto no Código de Defesa
do Consumidor.

Artigo 4º - Os CORENS, em suas respectivas jurisdições, deverão promover

103
encontros, seminários, eventos, para subsidiar técnica e cientificamente os profissionais
de Enfermagem, na implementação da Sistematização da Assistência de Enfermagem -
SAE;

Artigo 5º - É de responsabilidade dos CORENS, em suas respectivas jurisdições,


zelar pelo cumprimento desta norma.

Artigo 6º - Os casos omissos serão resolvidos pelo COFEN.

Artigo 7º - A presente resolução entra em vigor na data de sua publicação,


revogando disposições em contrário.

Rio de Janeiro, 27 de agosto de 2002.


GILBERTO LINHARES TEIXEIRA
COREN-RJ Nº 2.380
PRESIDENTE

Anexo 2 - Resolução Conselho Federal de Enfermagem 293/2004 – Dispõe


sobre o Dimensionamento do Quadro de Profissionais de Enfermagem nas Unidades
Assistenciais de Saúde e Assemelhados

O Conselho Federal de Enfermagem - COFEN, no uso de suas atribuições legais


e regimentais;
CONSIDERANDO o artigo 8º, incisos IV, V e XIII; artigo 15, inciso II, III, IV,
VIII e XIV, da Lei nº 5.905/73;
CONSIDERANDO a Resolução COFEN nº 242/2000, que aprova o Regimento
Interno da Autarquia, o disposto nos seus artigos 10, inciso I, alínea a, artigo13, incisos
IV, V, XI, XIII e XVIII, e cumprindo deliberação do Plenário em sua 322ª Reunião
Ordinária;
CONSIDERANDO inexistir matéria regulamentando as unidades de medida e a
relação de horas de enfermagem por leito ocupado, para estabelecer o quadro de
profissionais de enfermagem;
CONSIDERANDO haver vacância na lei sobre a matéria;
104
CONSIDERANDO a necessidade requerida pelos gerentes e pela comunidade
de Enfermagem, da revisão dos parâmetros assistenciais em uso nas instituições, face
aos avanços verificados em vários níveis de complexidade do sistema de saúde e às
atuais necessidades assistenciais da população;
CONSIDERANDO a necessidade imediata, apontada pelos gestores e gerentes
das instituições de saúde, do estabelecimento de parâmetros como instrumento de
planejamento, controle, regulação e avaliação da assistência prestada;
CONSIDERANDO a necessidade de flexibilizar nas instituições de saúde
públicas e privadas do país, a aplicação de parâmetros que possibilitem os ajustes
necessários, derivados da diferença do perfil epidemiológico e financeiro;
CONSIDERANDO a ampla discussão sobre o estabelecimento de parâmetros de
cobertura assistencial no âmbito da enfermagem, que possibilitou a participação efetiva
da comunidade técnico-científica, das entidades de classe, dos profissionais de saúde,
dos gerentes das instituições de saúde, na sua formulação, através da Consulta Pública
COFEN nº 01/2003, e a deliberação do Plenário do Conselho Federal de Enfermagem;
CONSIDERANDO que o caráter disciplinador e fiscalizador dos Conselhos de
Enfermagem sobre o exercício das atividades nos Serviços de Enfermagem do país,
aplica-se também, aos quantitativos de profissionais de Enfermagem nas instituições de
saúde;
CONSIDERANDO que, para garantir a segurança e a qualidade da assistência
ao cliente, o quadro de profissionais de Enfermagem, pela continuidade ininterrupta e a
diversidade de atuação depende, para seu dimensionamento, de parâmetros específicos;
CONSIDERANDO os avanços tecnológicos e a complexidade dos cuidados ao
cliente, quanto às necessidades físicas, psicossomáticas, terapêuticas, ambientais e de
reabilitação;
CONSIDERANDO que compete ao Enfermeiro estabelecer o quadro
quantiqualitativo de profissionais, necessário para a prestação da Assistência de
Enfermagem,
RESOLVE:
Art. 1º - Estabelecer, na forma desta Resolução e de seus anexos I, II, III e IV, os
parâmetros para dimensionar o quantitativo mínimo dos diferentes níveis de formação
dos profissionais de Enfermagem para a cobertura assistencial nas instituições de saúde.
§ 1º - Os referidos parâmetros representam normas técnicas mínimas,
constituindo-se em referências para orientar os gestores e gerentes das instituições de

105
saúde no planejamento, programação e priorização das ações de saúde a serem
desenvolvidas;
§ 2º - Esses parâmetros podem sofrer adequações regionais e/ou locais de acordo
com realidades epidemiológicas e financeiras, desde que devidamente justificados e
aprovados pelos respectivos Conselhos Regionais de Enfermagem e, posteriormente,
referendados pelo COFEN.
Art. 2º - O dimensionamento e a adequação quantiqualitativa do quadro de
profissionais de Enfermagem devem basear-se em características relativas:
I - à instituição/empresa: missão; porte; estrutura organizacional e física;
tipos de serviços e/ou programas; tecnologia e complexidade dos serviços e/ou
programas; política de pessoal, de recursos materiais e financeiros; atribuições e
competências dos integrantes dos diferentes serviços e/ou programas e indicadores
hospitalares do Ministério da Saúde.
II - ao serviço de Enfermagem: - Fundamentação legal do exercício
profissional (Lei nº 7.498/86 e Decreto nº 94.406/87); - Código de Ética dos
Profissionais de Enfermagem, Resoluções COFEN e Decisões dos CORENs; - Aspectos
técnico- administrativos: dinâmica de funcionamento das unidades nos diferentes
turnos; modelo gerencial; modelo assistencial; métodos de trabalho; jornada de
trabalho; carga horária semanal; padrões de desempenho dos profissionais; índice de
segurança técnica (IST); taxa de absenteísmo (TA) e taxa ausência de benefícios (TB)
da unidade assistencial; proporção de profissionais de Enfermagem de nível superior e
de nível médio, e indicadores de avaliação da qualidade da assistência.
III -à clientela: sistema de classificação de pacientes (SCP), realidade sócio-
cultural e econômica.
Art. 3º - O referencial mínimo para o quadro de profissionais de Enfermagem,
incluindo todos os elementos que compõem a equipe, referido no Art. 2º da Lei nº
7.498/86, para as 24 horas de cada Unidade de Internação, considera o SCP, as horas de
assistência de Enfermagem, os turnos e a proporção funcionário/leito.
Art. 4º - Para efeito de cálculo, devem ser consideradas como horas de
Enfermagem, por leito, nas 24 horas:
- 3,8 horas de Enfermagem, por cliente, na assistência mínima ou
autocuidado;
- 5,6 horas de Enfermagem, por cliente, na assistência intermediária; - 9,4
horas de Enfermagem, por cliente, na assistência semi-intensiva;

106
- 17,9 horas de Enfermagem, por cliente, na assistência intensiva.
§ 1º - Tais quantitativos devem adequar-se aos elementos contidos no Art. 2º
desta Resolução.
§ 2º - O quantitativo de profissionais estabelecido deverá ser acrescido de um
índice de segurança técnica (IST) não inferior a 15% do total.
§ 3º - Para o serviço em que a referência não pode ser associada ao leito-dia, a
unidade de medida será o sítio funcional, com um significado tridimensional:
atividade(s), local ou área operacional e o período de tempo ( 4, 5 ou 6 horas ).
§ 4º - Para efeito de cálculo deverá ser observada a cláusula contratual quanto à
carga horária.
§ 5º - Para unidades especializadas como psiquiatria e oncologia, deve-se
classificar o cliente tomando como base as características assistenciais específicas,
adaptando-as ao SCP.
§ 6º - O cliente especial ou da área psiquiátrica, com intercorrência clínica ou
cirúrgica associada, deve ser classificado um nível acima no SCP, iniciando-se com
cuidados intermediários.
§ 7º - Para berçário e unidade de internação em pediatria, caso não tenha
acompanhante, a criança menor de seis anos e o recém-nascido devem ser classificados
com necessidades de cuidados intermediários.
§ 8o - O cliente com demanda de cuidados intensivos deverá ser assistido em
unidade com infraestrutura adequada e especializada para este fim.
§ 9º - Ao cliente crônico com idade superior a 60 anos, sem acompanhante,
classificado pelo SCP com demanda de assistência intermediária ou semi-intensiva
deverá ser acrescido de 0,5 às horas de Enfermagem especificadas no Art.4º.
Art. 5º - A distribuição percentual do total de profissionais de Enfermagem, deve
observar as seguintes proporções e o SCP:
1 - Para assistência mínima e intermediária: de 33 a 37% são Enfermeiros
(mínimo de seis) e os demais, Auxiliares e/ ou Técnicos de Enfermagem;
2 - Para assistência semi-intensiva: de 42 a 46% são Enfermeiros e os
demais, Técnicos e Auxiliares de Enfermagem;
3 - Para assistência intensiva: de 52 a 56% são Enfermeiros e os demais,
Técnicos de Enfermagem.
Parágrafo único - A distribuição de profissionais por categoria deverá seguir o
grupo de pacientes de maior prevalência.

107
Art. 6º - Cabe ao Enfermeiro o registro diário da(s):- ausências ao serviço de
profissionais de enfermagem; presença de crianças menores de 06 (seis) anos e de
clientes crônicos, com mais de 60 (sessenta) anos, sem acompanhantes; e classificação
dos clientes segundo o SCP, para subsidiar a composição do quadro de enfermagem
para as unidades assistenciais.
Art. 7º - Deve ser garantida a autonomia do enfermeiro nas unidades
assistenciais, para dimensionar e gerenciar o quadro de profissionais de enfermagem.
§ 1º - O responsável técnico de enfermagem da instituição de saúde deve
gerenciar os indicadores de performance do pessoal de enfermagem.
§ 2º - Os indicadores de performance devem ter como base a infraestrutura
institucional e os dados nacionais e internacionais obtidos por “benchmarking”.
§ 3º - Os índices máximo e mínimo de performance devem ser de domínio
público.
Art. 8º - O responsável técnico de enfermagem deve dispor de 3 a 5% do quadro
geral de profissionais de enfermagem para cobertura de situações relacionadas à
rotatividade de pessoal e participação de programas de educação continuada.
Parágrafo único - O quantitativo de Enfermeiros para o exercício de atividades
gerenciais, educação continuada e comissões permanentes, deverá ser dimensionado de
acordo com a estrutura da organização/empresa.
Art. 9º – O quadro de profissionais de enfermagem da unidade de internação
composto por 60% ou mais de pessoas com idade superior a 50 (cinquenta) anos, deve
ser acrescido de 10% ao IST.
Art. 10 - O Atendente de Enfermagem não foi incluído na presente Resolução,
por executar atividades elementares de Enfermagem não ligadas à assistência direta ao
paciente, conforme disposto na Resolução COFEN nº 186/1995
Art. 11 - O disposto nesta Resolução aplica-se a todas as instituições de saúde e,
no que couber, às outras instituições.
Art. 12 - Esta Resolução entra em vigor após sua publicação, revogando as
disposições em contrário, em especial a Resolução 189 de 25 de março de 1996.

108
REFERÊNCIAS

ANVISA. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Consulta Pública n° 81, de


10 de outubro de 2003.
Diário Oficial da União, Porto Alegre, 14 out. 2003 .
BACHION, M. Planejamento, Implementação e Avaliação da Assistência de
Enfermagem In: FÓRUM DE ENFERMAGEM SISTEMATIZAR O CUIDAR, III ,
2002, Uberlândia. Anais... Uberlândia: Universidade Federal de Uberlândia, 2002.
BARROS, S.R.T.P. de; BRÁZ, M.G.; CRUZ, I.C.F. Da Pós-graduação em
Home Care: uma exigência pela qualidade. Revista Brasileira de Home Care, p. 34-36,
dez. 1999.
BORGES, N. Papel do Enfermeiro no gerenciamento de enfermagem no
atendimento domiciliar da Rede ESHO. Rio de Janeiro, 2002.
BRASIL, Câmara dos Deputados Federais. Projeto de Lei nº 2880, de 2008.
Regulamenta a Profissão de Cuidador de Pessoa, delimita o âmbito de atuação, fixa
remuneração mínimo e dá outras providências.
BRASIL, Conselho Federal de Enfermagem. Resolução nº 267/2001: aprova as
atividades de Enfermagem em Domicílio Home Care.
BRASIL, Conselho Federal de Enfermagem. Resolução nº 270 de 2002: aprova
a Regulamentação das empresas que prestam Serviços de Enfermagem Domiciliar.
BRASIL, Conselho Federal de Farmácia. Resolução nº 386, de 12 de novembro
de 2002: Dispõe sobre as atribuições do farmacêutico no âmbito da assistência
domiciliar em equipes multidisciplinares.
BRASIL, Conselho Federal de Medicina. Resolução nº 1.668/2003: Dispõe
sobre as normas técnicas necessárias à assistência domiciliar de paciente definindo as
responsabilidades do médico, hospital,
empresas públicas e privadas e a interface profissional neste tipo de assistência.
Publicada no Diário Oficial da União, Porto Alegre, 03 jun. 2003.
BRASIL, Conselho Regional de Nutricionistas – 3ª Região. Define as
atribuições e procedimentos que deverão nortear a atuação técnica e ética do
Nutricionista na área de Nutrição Clínica em nível domiciliar (HOME CARE).
BRASIL, Ministério da Saúde. Portaria nº 1286 de 26/10/93 – art 8° e nº 74 de
04/05/94.

109
BRASIL, Ministério da Saúde. Portaria nº 2529 de 19 de outubro de 2006.
Institui a Internação Domiciliar no Âmbito do Sistema Único de Saúde e da outras
disposições.
BRASIL, Resolução do COFEN 272. Dispõe sobre a Sistematização da
Assistência de Enfermagem nas Instituições de Saúde Brasileiras.
BRASIL, Resolução do COFEN 293/2004. Dispõe sobre o Dimensionamento do
Quadro de Profissionais de Enfermagem nas Unidades Assistenciais de Saúde e
Assemelhados.
BRASIL. Lei nº 8.142, de 28/12/1999. Dispõe sobre a participação da população
na gestão dos recursos financeiros para a saúde. Diário Oficial da União 28 de
dezembro de 1999.
BRASIL. Ministério da Saúde. Saúde da Família: uma estratégia de organização
dos serviços de saúde. Brasília – DF, 1996.
BRASIL. Lei nº 8080 de 19/09/1990. Dispõe sobre as condições para a
formação, proteção e recuperação da saúde, da organização e funcionamento dos
serviços correspondentes e da outras providencias. Diário Oficial da União, Porto
Alegre, 20 set. 1990.
BRASIL/ANVISA RDC nº 11, de 2006. Determina o Regulamento técnico de
funcionamento de serviços que prestam atenção domiciliar nas modalidades de
assistência ou internação domiciliar no Brasil.
BRASIL/ANVISA RDC nº 7, de 2007. Determina a prorrogação do prazo da
RDC n°11 sobre o Regulamento Técnico de Funcionamento de Serviços que prestam
Atenção Domiciliar no Brasil.
BRUNNER, S.; SUDDARTH,B. Tratado de Enfermagem Médico-Cirúrgica.
8.ed. Rio de Janeiro: Guanabarra Koogan S.A, 1998.
CARPENITTO, L. J. Diagnóstico de enfermagem: aplicação à prática clínica.
6.ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 1997.
CARVALHO E ANDRADE (2000). Código de Ética em Home Care.
Disponível em: Portal do Home Care <http://www.portalhomecare.com.br> Acesso em:
10 nov. 2008 as 22:32.
COELHO, C. Impacto provocado pela implantação do Programa de Saúde da
Família sobre as ações dos agentes comunitários de Saúde: O caso de Sobral/CE.
CIDADE, 2002, NÚMERO DE FOLHAS. Monografia (Especialização em ) -
Universidade do Vale do Acaraú.

110
DIAGNÓSTICOS de Enfermagem da NANDA: definições e classificação. Porto
Alegre: Artmed, 1999 – 2000.
CORIAT, B. A. Gerência Científica e a Dimensão Estratégica do Taylorismo.
1.ed. Belo Horizonte: Cedeplar/UFMG, 1980.
CRUZ, I.C.F. da; BARROS, S.R.T.P. de. Atendimento Domiciliar na Ótica do
Enfermeiro Especialista. In: 3o. Encontro COREN-SP e Sociedades de Especialistas em
Enfermagem, São Paulo, 2000.
CRUZ, I; BARROS, S. Enfermagem em Home Care e sua inserção nos níveis de
atenção à saúde: a experiência da Escola de Enfermagem da Universidade Federal
Fluminense. Revista Enfermagem Atual, Rio de Janeiro, v.1, n. 4.
DANIEL, L. F. A Enfermagem Planejada. São Paulo:EPU/DUSP, 1979.
DUARTE, Y.A. O; DIEGO, M.J.E. Atendimento Domiciliário - um enfoque
gerontológico. São Paulo: Atheneu, 2000.
ELSEN, I. Desafios da Enfermagem no cuidado de famílias. In: ELSEN, Ingrid;
et al.(Org).
Marcos para a prática de enfermagem com famílias. Florianópolis: Editora da
UFSC, 1994.
Fabrício, S.C.C. et al. Assistência domiciliar: a experiência de um hospital
privado do interior paulista.
Revista Latino Americana de Enfermagem, v.12, n.5, p. 721- 726, set.-out. 2004.
FERNANDES, A. T. ; RIBEIRO-FILHO, N. Infecção em Queimados. In:
FERNANDES, A. T.;
FERNANDES, M. O. V. ; RIBEIRO FILHO, N. Infecção Hospitalar e suas
Interfaces na Área da Saúde.
São Paulo: Atheneu, 2000, v. 1, p. 657-669.
FERNANDES, M; FONTES, W. Metodologia da Assistência de Enfermagem:
texto roteiro. João Pessoa: 2000.
FLORIANI, C.A.; SCHRAMM F. R. Atendimento domiciliar ao idoso:
problema ou solução? Rio de Janeiro: Escola Nacional de Saúde Pública, Fundação,
2004.
FORTUNA, C.M. O trabalho de Equipe numa unidade básica de
saúde:produzindo e reproduzindose em subjetividades: em busca do desejo, do devir e
de singularidades. Ribeirão Preto, 1999.
Dissertação (Mestrado) – Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto,

111
Universidade de São Paulo.
FOUCAULT, M. Incorporación del Hospital em la tecnologia moderna:
Medicina e história. Washington: OPS, 1987.
GERMANO, R. M. Educação e Ideologia de Enfermagem no Brasil. São Paulo:
Cortez, 1985.
GOLEMAN, D. Trabalhando com a Inteligência Emocional.1.ed. Rio de
Janeiro: Objetiva Ltda, 1999.
GRAZIANO, R. Atuando com lógica e intuição. São Paulo: Inteligência
Emocional, 2000, n.2.
HABERMAS, J. Consciência moral e o agir comunicativo. Rio de Janeiro:
Tempo Brasileiro, 1989.
JESUS, C. Sistematização da Assistência de Enfermagem: evolução histórica e
situação atual. In: Fórum de Enfermagem Sistematizar o Cuidar, III, Uberlândia. Anais
Uberlândia: Universidade Federal de Uberlândia, 2002.
LEWIS, L. This I believe. Nurs outlook, v. 16, n.5, 1986.
KAWAMOTO, E.E.; SANTOS, M.C.H.; MATOS, T.M. Enfermagem
Comunitária: visita domiciliária. São Paulo: EPU, 1995.
LACERDA M.R. Instrumentos do cuidadohumanizado de enfermagem: uma
reflexão teórica. Revista Cogitare Enfermagem, v. 8, n. 1, p. 59-64, jan./jun. 2003.
157 LAMBERTSEN, E. Equipe de Enfermagem: organização e funcionamento.
Rio de Janeiro: ABEn, 1966.
LEFREVE, R. Aplicação de Processo de Enfermagem: um guia passo a passo.
Porto Alegre: Artes Médicas, 2000.
LEOPARDI, M. R. et al. O processo de trabalho em saúde: Organização e
Subjetividade. 1.ed. Florianópolis:Editora Papa-Livros, 1999. p. 29 – 87.
MASI, D. O futuro do Trabalho. 5.ed.Rio de Janeiro: Universidade de Brasília,
2000. p. 62-69.
MALTHUS, T. Princípios da economia política. 1.ed. México: fundo de Cultura
Econômica, 1946.
MARX, Karl. O Capital. Tradução de Reginaldo Sant’Ana. 5 ed. Rio de Janeiro:
Civilização Brasileira, 1980. vol. 1.
MENDES JÚNIOR, W., V. Assistência Domiciliar: uma modalidade de
assistência para o Brasil? Rio de Janeiro, 2000. 97 p. Dissertação - Universidade do
Estado do Rio de Janeiro: Instituto de Medicina Social.

112
MINELLI, D.S. Profissional de Educação Física e a Intervenção em Equipes
Multidisciplinares.
Londrina, 2005. Monografia (TCC em Educação Física).Centro de Educação
Física e Desporto, Universidade Federal de Londrina.
MOURA, P.H.R; NAKAMURA, E.K. Modelo Ideal para Implantação de Home
Care no Brasil, Relatório
de Pesquisa do Curso de Graduação em Enfermagem. UNIANDRADE, 2005.
PEDUZZI, M. Equipe Multiprofissional de Saúde: a interface entre trabalho e
interação. Campinas, 1998. Tese (Doutorado) – Faculdade de Ciências Médicas,
Universidade Estadual de Campinas.
REJANE, M. I.; CARLETI, S. M. da M. Atenção domiciliaria ao paciente idoso.
In: NETTOPAPALÉO, M. Gerontologia. São Paulo: Ed. Atheneu, 1996, p.415-438.
RIZZOTO, Maria Lúcia F. História da Enfermagem e sua relação com a saúde
pública. Goiânia: AB,1999.
TAKASHIMA, G. O desafio da política de atendimento à família: dar vida às
leis – uma questão de postura. In: KALOUSTIAN, S. Família Brasileira: a base de tudo.
São Paulo: Cortez; Brasília, DF: UNICEF, 1994.
TAYLOR, F. Princípios de Administração Científica. 7.ed. São Paulo: Atlas,
1987.
VAZ, M. R. C. Conceito e Prática de Saúde: adequação no trabalho de controle
de tuberculose.
Florianópolis, 1996.Tese (Doutorado em Filosofia da Enfermagem) - Programa
de Pós – Graduação em Enfermagem, Universidade Federal de Santa Catarina.
VEIGA, D; CROSSETTI,M. Manual de Técnicas de Enfermagem. 8.ed. Porto
Alegre: Sagra Luzzatto,1998.
WEIL, P. Relações Humanas na Família e no Trabalho. 49.ed. Rio de Janeiro:
Vozes, 2000.
TAVOLARI, C. O desenvolvimento do Health Care no Brasil. Revista ADM em
Saúde, 2000.

113
OBRIGADO POR ESTUDAR CONOSCO!
REALIZE A AVALIAÇÃO NO SITE PARA OBTER O SEU CERTIFICADO.

WWW.VENES.COM.BR

Você também pode gostar