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Resumo
No decorrer deste artigo encontra-se exposições de conceitos por Marx conversados em seu
Manifesto Comunista, relacionando suas ideias sobre as relações de trabalho entre burgueses e
proletários e sua luta de classes. Tópicos também importantes de sua ideologia como divisões
de trabalho, alienação e exploração são relacionados com a atual crise mundial devido a
pandemia instaurada.
Palavras-chave: Luta de classes, alienação, exploração, pandemia.
Introdução
“A história de todas as sociedades que existiram até nossos dias tem sido a história da
luta de classes” (MARX, 1848). Essa é uma de suas citações mais marcantes na história da
filosofia. Com isso, Marx queria dizer que a sociedade sempre esteve em guerra entre dois
grupos, os opressores e os oprimidos. Atualmente não é diferente, burgueses e proletariado
assumem esses papeis respectivamente na atual sociedade capitalista.
Essa diferenciação fica nítida quando se enxerga qual desses dois grupos tem sobre
sua posse os meios de produção, quem é o dono do maquinário necessário para que as
necessidades humanas sejam saciadas. Necessidades essas que não só são as biológicas, as
essenciais para sobrevivência humana, mas também as necessidades que são consequências da
existência social, produzidas pela própria interação do ser humano na natureza (trabalho).
A estrutura da sociedade depende do estado de desenvolvimento das forças de
produção da mesma, seu trabalho, que é a atividade humana básica. O conceito de forças
produtivas diz sobre as inovações na tecnologia, nos processos e modos de cooperação, na
divisão técnica do trabalho, nas habilidades e conhecimentos utilizados na produção, na
qualidade dos instrumentos e nas matérias-primas que estão à disposição da população.
Marx acreditava que essas transformações nos modos de se produzir resultavam em
mudanças nas relações econômicas principalmente, mas também interferia em várias outras
esferas da sociedade como a social, política, intelectual, cultural. Isso quer dizer que, a
infraestrutura da sociedade (condições materiais, meios e relações de produção) tem uma
relação de interdependência com a sua superestrutura (estado, religião, política, a moral, as
artes e a cultura).
Tendo isso em mente, percebe-se que os burgueses (donos de fábricas, terras e
tecnologias) dessa sociedade capitalista ocupam um papel na produção da vida material
humana, mas necessitam dos proletários (trabalhadores), pois sem sua mão de obra nada
produzem, nem sua própria existência.
Vê-se então a relação entre o empregador e o empregado é mediado pelo mercado,
onde o empregador fornece os instrumentos necessários para produção da vida material, mas
quem produz é o empregado que só tem como oferecer seu corpo e seu tempo de vida para
ocupar tal função, sem ter outra escolha pois sua sobrevivência depende do seu trabalho.
Embora aos olhos do mercado essa troca pareça justa, aprofundaremos ao decorrer deste
artigo para percebermos com mais clareza como se manifestam hoje em dia essas relações de
opressor e oprimido ainda em um cenário de terror pandêmico.
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1 COVID-19 e a burguesia
O Coronavírus é um vírus que causa síndrome respiratória de gravidade variável, do
resfriado comum à pneumonia fatal. Teve seus primeiros casos registrados em Wuhan, uma
província chinesa em meados de dezembro do ano passado (2019) afirma OMS (Organização
Mundial de Saúde). Acredita-se que seja originário de uma zoonose, ou seja, quando uma
doença infecciosa é transmitida de um animal para o homem, e essa transmissão se deu por
conta do consumo de uma iguaria feita com morcego, embora haja suspeitas em uma grande
variedade de animais na culinária chinesa que possam ter sido hospedeiros do vírus. O
morcego é considerado como um potencial reservatório para vírus possivelmente maléficos
para a humanidade, mas não é só ele, na longa caminhada da humanidade sobre o planeta
terra nos deparamos com diversas doenças transmitidas por zoonose, como é o caso da febre
amarela advinda dos macacos, do HIV vindo dos chimpanzés ou da influenza de aves
silvestres para as domesticas até chegar no ser humano. Essa é a prova viva que posso citar
para se tornar mais perceptível o pensamento de Marx, quando fala sobre como o homem em
um ciclo infinito de interferência na natureza, cria novas necessidades que estão além de suas
prisões biológicas.
A fome é a fome, que se satisfaz com carne cozinhada, comida com faca e garfo,
não é a mesma fome que come a carne crua, servindo-se das mãos, das unhas, dos
dentes. Por conseguinte, a produção determina não só o objeto do consumo, mas
também o modo de consumo, e não só de forma subjetiva. Logo, a produção cria o
consumidor (MARX, 1859, p.220).
3 Corona-proletariado
Como consequência do crescimento do capitalismo, as aglomerações nas cidades
ficaram inevitáveis devido a busca pelo trabalho, submetendo o campo à cidade. Os
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trabalhadores inseridos nesse processo foram se multiplicando cada vez mais e se alocando
em espaços cada vez menores, reflexo das desigualdades sociais também mediadas pelas
formas de relações de trabalho. Durante esse período de pandemia que estamos enfrentando,
vários problemas vieram à tona, como a impossibilidade de prevenção através do
distanciamento social.
Corona pode ser transmitido de formas bem simples através do contato humano, como
o toque do aperto de mão, gotículas de saliva, espirro, tosse, ou superfícies contaminadas em
que o vírus resiste por horas. Como se controla a proliferação de um vírus como esse aqui no
Brasil quando se tem boa parte da população concentrada em pequenas regiões com casas
contendo em média cinco moradores? O contágio entre familiares fica muito facilitado, pondo
em risco aqueles que são os mais atingidos, os idosos. Outro ponto importante nesse cenário é
a precária situação do saneamento básico de muitos desses espaços, onde os indivíduos não
tem acesso nem a água encanada, item fundamental para manutenção da saúde da população.
Como se proteger do COVID-19 dessa forma?
Em meio a essa problemática da pandemia e a necessidade de evitar aglomerações, foi
decretado, capital por capital, o fechamento de vários pontos urbanos, como instituições de
ensino, restaurantes, estabelecimentos, postos de gasolina, etc. A economia do país
logicamente sofreu e sofre grandes complicações devido à quebra na rotatividade do capital,
grandes empresas fechadas e consumo drasticamente reduzido. Mas quem mais sofre com isso
tudo não são os donos das empresas com a redução do seu lucro exacerbado, mas sim
trabalhadores autônomos ou desempregados.
O Presidente Bolsonaro juntamente com sua equipe econômica apresentou algumas
medidas, que teve o foco apenas nos benefícios de burgueses. Propôs medidas que permitiam
as empresas pagar seus funcionários apenas metade do seu salário nesse período de
quarentena, ou suspender por quatro meses seus salários, ou até mesmo demitirem seus
funcionários temporariamente (porém sem trazer garantia alguma ao trabalhador de retorno ao
emprego) ignorando seus direitos trabalhistas. Estima-se que essa crise deixe certa de 12,6
milhões de desempregados.
Trabalhadores autônomos nesse contexto ou são obrigados continuar trabalhando
normalmente se expondo ao vírus, ou ficam totalmente a mercê do auxilio do estado para
manter suas famílias, pois, seu sustento depende unicamente de sua presença em suas funções,
onde sempre precisou driblar as barreiras para sobreviver que o próprio sistema lhe impôs.
Fica mais explícito o capitalismo desenfreado nesses tempos de crise quando o Presidente da
República põe como prioridade a economia do país em vez da saúde e bem-estar da
população, deixando claro que apoia o funcionamento dos comércios no país mesmo com
todo esse cenário de óbitos em massa.
4 Considerações finais
Marx acreditava que a razão humana não é apenas um instrumento de interpretação da
história, mas sim um meio de transforma-la, na busca de obter uma sociedade mais justa,
capaz de possibilitar a realização de todo o potencial existente na humanidade. Essa barreira
paralisadora precisa ser transcendida.
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A compreensão da realidade é um fato importante para a mudança, mas não nos
deixemos levar pelo comodismo. Conhecimento sem movimento é apenas mais sofrimento,
conhecimento com ação é sabedoria. Busquemos a justiça que tanto reclamamos.
5 Referências
MARX, K. O Capital: Crítica da Economia Política. 1867
MARX, K. Contribuição à Critica da Economia Política. 2. ed. São Paulo: Expressão Popular,
2008
MARX, K.; Engels, F. O Manifesto Comunista. ed. Ridendo Castigat Moraes. 1848
MARX, K.; Engels, F. A Ideologia Alemã. ed. Ridendo Castigat Moraes. 1845
CORONA VIRUS E SINDROMES RESPIRATORIAS AGUDAS ( COVID-19, MERS E
SARS). Disponível em:
< https://www.msdmanuals.com/pt/profissional/doen%C3%A7as-infecciosas/v%C3%ADrus-
respirat%C3%B3rios/coronav%C3%ADrus-e-s%C3%ADndromes-respirat%C3%B3rias-agudas-
covid-19,-mers-e-sars>. Acesso em: 13-abril-2020