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PSICOLOGIA E ÉTICA NA

ENFERMAGEM DO
TRABALHO
Sumário
1. SOCIOLOGIA E ANTROPOLOGIA PARA ENTENDIMENTO DO PROCESSO
SOCIAL DO TRABALHO ........................................................................................... 3
2. ASPECTOS SOCIAIS E AMBIENTAIS .................................................................. 4
3. CONDIÇÕES DE VIDA DOS TRABALHADORES ................................................. 7
4. SAÚDE EMOCIONAL ............................................................................................. 8
5. ESTRESSE OCUPACIONAL ................................................................................ 13
6. DOENÇAS PSICOSSOMÁTICAS ........................................................................ 18
7. MARKETING PESSOAL....................................................................................... 29
REFERÊNCIAS......................................................................................................... 36

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1. SOCIOLOGIA E ANTROPOLOGIA PARA ENTENDIMENTO
DO PROCESSO SOCIAL DO TRABALHO

Inicialmente vamos diferenciar estas duas ciências sociais que são de extrema
importância para todas as culturas. Qual é a diferença entre Antropologia e
Sociologia?
Há muitas diferenças em relação a objeto, abordagem e metodologia de
sociólogos e antropólogos.
Embora existam subdivisões em antropologia como a antropologia física, a
antropologia linguística, arqueologia e antropologia cultural, sociologia foca em
estudar o efeito da sociedade no indivíduo e as relações dos seres humanos e suas
sociedades.
A diferença fundamental entre a sociologia e a antropologia é que, enquanto
sociólogos estudam as sociedades, os antropólogos estudam culturas.
Não há como entender os processos de trabalho sem fazer uma incursão por
estas ciências sociais, elas que irão determinar uma linha de coerência entre o
passado e a contemporaneidade.
Autores e reflexões sobre a sociologia do trabalho
Dois autores influenciaram fortemente os estudos relativos à sociologia do
trabalho. O francês Émile Durkheim (1858 – 1917) e o alemão Karl Marx (1818 –
1883), que figuram entre os principais autores da sociologia. Eles já tratavam de
questões relacionadas ao tema, como a luta de classes, a vida dos operários e as
relações sociais oriundas desse mundo.
A corrente marxista observa o trabalho como a forma que o homem se conecta
à natureza, além de ser o processo pelo qual ele garante o seu sustento. Sendo assim,
o trabalho se coloca como elemento central para o homem, sendo que a relação do
indivíduo com a natureza é intermediada pelo trabalho, proporcionando a
humanização da natureza.
Já a corrente durkheimiana vai por outro caminho. O autor atesta que o trabalho
representa um processo de racionalização em que os indivíduos compreendem, de
maneira solidária, a divisão do trabalho como um processo mais eficaz. Nesse sentido,
a solidariedade é um item importantíssimo para a vida coletiva e do trabalho.
A divisão do trabalho, portanto, é um vínculo primordial da ordem social para
garantir a vida em sociedade, além de ajudar a dar um sentido de coletividade e de
pertencimento perante essa mesma sociedade.

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E a antropologia? A antropologia, por seu lado, procura identificar as formas
originais das culturais, identificar de forma precisa o não-europeu, ou qualquer outra
influência, tendo o movimento de desmistificar uma falsa imagem da cultura europeia,
que está bem distante da cultura de nosso país. Não podemos confundir influências
com determinismos. Os antropólogos foram pontuais em trazer a luz está falsa
uniformidade da vida social vinda da Europa, esclarecendo a que em nossa
realidade existiam inquestionáveis e insuperáveis diferenças.
Sem a antropologia e a sociologia não compreenderíamos os modos de
trabalho, como se estabelecem hoje. São estas duas ciências que estabeleceram os
lugares dos homens na pirâmide social do trabalho; dos processos de subserviência,
de escravização, até os processos modernos. A antropóloga Lilia Schwarcz, é
categórica em afirmar que:
“(...) O Brasil é um país de paradoxos, porque, ao mesmo tempo que nós
carregamos esse tremendo pessimismo, que foi do século XIX até os anos 1930,
depois convivemos com um grande otimismo: raça sempre deu muito o que falar no
Brasil, para o bem e para o mal, como elemento de detração ou como elemento de
positivação. Esse senso comum, ele já foi ciência, ou seja, o preconceito já foi
conceito. (...)”
Desta forma podemos pontuar que a antropologia vai permear juntamente com
a sociologia toda perspectiva da história do trabalho, frente a todos os conceitos que
compõem uma sociedade, e óbvio a sociedade brasileira.

2. ASPECTOS SOCIAIS E AMBIENTAIS

Os aspectos sociais e ambientais, sempre se mostraram áridos no universo do


trabalho, toda a sociedade inclusive as internacionais, estipularam universos muito
profícuos para quem tinha/tem posses e universos absurdamente precários para
quem se instala abaixo do topo do ter. Se pensarmos historicamente estas relações
se estabeleceram nos antigos feudos europeus e perduram até hoje, século XXI. A
busca por visibilidade trabalhista, por direitos civis dos trabalhadores, bem como
salários dignos, jornadas dignas é focal a partir da Revolução Industrial (século XVIII)
até os dias de hoje. Realidades como moradias sem condições, assim como as
necessidades básicas ainda serem temas de discussão, territórios que levam os
sujeitos a precariedade, veem lado a lado com a história do homem na condição de
existência e sobrevivência.
Para pontuar a Revolução Industrial (meados do século XVIII) mudou
completamente o modo de produção de mercadorias, a forma de organização a força
de trabalho, a relação entre capital e trabalho, e marca na história o domínio do
homem sobre novas formas de energia aplicadas à produção industrial. As mudanças

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dos modos de produção geraram também as mudanças de caráter, sociais e
ambientais.; surgem fábricas, as mulheres começam a ingressar os universos do
trabalho, a necessidade de creches e/ou cuidadores aparecem, outras modalidades
de empregos e subempregos tornam-se pontuais, temos então desde o século XVIII,
toda uma nova perspectiva das relações de trabalho.
Segue aqui uma descrição pontual dos modos e condições de trabalho na
Revolução Industrial:
1. O salário paga apenas uma parte do seu tempo de trabalho, o restante
é apropriado pelo capitalista.
2. Os operários eram submetidos a condições desumanas de trabalho. As
fábricas geralmente eram quentes, úmidas, sujas e escuras. As jornadas
de trabalho chegavam a 14 ou 16 horas diárias, com pequenas pausas
para refeições precárias.
3. Muitos trabalhadores adquiriram doenças respiratórias por causa do ar
poluído que vinha das máquinas.
4. Os movimentos repetitivos dos braços desgastavam as articulações do
corpo e causavam intensas dores.
5. Alguns operários sofriam graves acidentes de trabalho e ficavam
incapacitados para o resto da vida.
6. Os patrões incentivavam o trabalho infantil, pois, as crianças recebiam
salários mais baixos e eram mais obedientes (o trabalho de crianças a
partir de seis anos era comum nas fábricas inglesas).
7. Mulheres e crianças recebiam um terço do salário de um homem.
Todos estes movimentos opressivos, levam os operários a se organizarem em
grupos, estabelecendo discussões que mais tarde iriam gerar os grupos de confronto
para a alteração destas leis tão absurdamente abusiva. Movimentos operários no
século XIX.
Diante de tamanha exploração, os operários ingleses passaram a se organizar
para contestar as condições de vida e trabalho que levavam. Buscavam não só
jornadas de trabalho menores e melhoria nos ambientes de trabalho, mas também
exigiam maior poder de participação nas decisões políticas.
As discussões que permeiam a partir de meados do século XX dizem respeito
a qualidade de vida dos trabalhadores, os pontos focais mesmo não tendo respostas
com a efetividade que gostaríamos, não apenas os modos de trabalho como
significativos, mas o trabalhador. Ainda temos muito que construir. O ideal é não deixar
esta construção de lado.
Primeiramente, o termo “condições de vida” refere-se a um campo de estudos
existente ao menos há dois séculos (desde o surgimento dos problemas sociais com
o advento da Revolução Industrial), que passou a receber atenção das pesquisas
acadêmicas especialmente a partir do século XX.

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Vamos entender um pouco mais o é qualidade de vida: Qualidade de vida indica
o nível das condições básicas e suplementares do ser humano. Estas condições
envolvem desde o bem-estar físico, mental, psicológico e emocional, os
relacionamentos sociais, como família e amigos, e também a saúde, a educação e
outros parâmetros que afetam a vida humana (OMS).
Existe um método científico utilizado para medir a qualidade de vida das
pessoas. Por exemplo, a Organização Mundial da Saúde (OMS) elaborou um
questionário para verificar o nível da qualidade de vida dos diferentes grupos sociais,
de diferentes países e culturas.
Esse questionário é composto por seis domínios centrais: o físico, o
psicológico, o do nível de independência, o das relações sociais, o do meio ambiente
e o dos aspectos religiosos.
O IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) é um modo de medir a qualidade
de vida nos países, comparando a riqueza, a qualidade do processo de alfabetização,
a educação, a expectativa média de vida, o índice de natalidade e mortalidade, entre
outros fatores.
Qualidade de vida foi um conceito criado pelo economista John Kenneth
Galbraith, em 1958, que veicula uma visão diferente das prioridades e efeitos dos
objetivos econômicos de tipo quantitativo.
De acordo com este conceito, as metas político-econômicas e sociais não
deveriam ser perspectivadas tanto em termos de crescimento econômico quantitativo
e de crescimento material do nível de vida, mas sim de melhoria em termos
qualitativos das condições de vida dos homens.
Porém, isso só seria possível através de um melhor desenvolvimento de
infraestrutura social, ligado à supressão das disparidades, tanto regionais como
sociais, à defesa e conservação do meio ambiente, etc.
Ainda hoje, em diversas disciplinas (como História, Sociologia, Antropologia,
Economia, estatística, entre outras), o tema das condições de vida das pessoas é
abordado a partir de diversas perspectivas teóricas. Foram utilizadas diversas
expressões para tratar desse tema (situação, questão social, padrão de vida, etc.),
mas, atualmente, se é difícil encontrarmos uma definição precisa sobre quais
elementos compõem as condições de vida, ao menos existe um aparente consenso
em torno do uso do termo, restrito à designação das formas pelas quais as pessoas
vivem para além das suas atividades de trabalho. Portanto, em uma palavra,
“condições de vida” é um amplo campo de estudos de diversas áreas das ciências.
É muito difícil construir um processo histórico da qualidade de vida dos
trabalhadores brasileiros já que, é que as fichas do Censo de 1938 estão estocadas
em depósitos esquecidos nas dependências do Ministério do Trabalho (na sede ou
nas delegacias regionais). Mas os pesquisadores utilizaram outro grupo de

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documentos semelhante, que são as Pesquisas de Padrão de Vida, realizadas (ao
menos) em São Paulo, Rio de Janeiro e Porto Alegre a partir dos anos 1930. E, porque
fazer uma busca tão anterior para ponderar estas relações? Para percebermos que
esta discussão existe há algum tempo e que as realidades de qualidade de vida dos
trabalhadores, ainda continuam densas, contraditórias e abusivas.
Finalmente, para acompanhar a questão da saúde, é recomendável recorrer a
variados tipos de fontes. Em todo caso, aqui abordarei apenas aqueles produzidos
por órgãos ligados aos governos. Nesse sentido, nos anos 1940, é frutífero perceber
o panorama da medicina brasileira conferindo as discussões do campo no contexto
do após-guerra, bem como acompanhar o desenvolvimento da “medicina do trabalho”,
que passou a desempenhar papel fundamental com a criação das leis trabalhistas.
Além disso, os programas de educação popular em saúde ganhariam fôlego desde os
anos 1940 e devem ser estudados localmente para chegarmos a um patamar mais
nítido da realidade nacional. Em geral, os programas de educação popular em saúde
estavam ligados a centros de saúde públicos ou de empresas, cuja abordagem
histórica também se faz necessária.

3. CONDIÇÕES DE VIDA DOS TRABALHADORES


Apesar de se constituir em uma temática “tradicional” nas ciências humanas,
as condições de vida dos trabalhadores ainda não vêm sendo abordadas pela
historiografia brasileira de forma satisfatória, salvo raros estudos, que nem sempre
dialogam com a produção teórica.
Para avaliarmos o tipo de vida que as pessoas levam é a chave para não
reduzirmos nosso esforço à descrição das condições de vida. Com o avanço dos
estudos relativos às ações estatais sobre a vida dos trabalhadores desde os anos
1930, abre-se a possibilidade de nos reapropriarmos de fontes já utilizadas e
inquirirmos algumas novas.
Sem Condições apropriadas de existência, sem qualidade de vida como fica o
sujeito.
Vamos considerar que em meados da década de 1970, os movimentos feitos
por todos os agentes da saúde no Brasil, incentivaram um documento chamado Saúde
e Democracia, que teve como uma das conquistas a realização da 8ª Conferência
Nacional de Saúde, em 1986. Essa foi a primeira CNS aberta à sociedade. Tal evento
entrou para a história como o momento em que foi feito esboço do Sistema Único de
Saúde, então podemos afirmar considerando as datas que esta discussão é muito
recente no país.
Além de estipular os princípios que norteiam as ações do SUS, em seu artigo
7º a Lei Orgânica da Saúde garante o “direito à informação, às pessoas assistidas,
sobre sua saúde” e a “participação da comunidade”. A Lei nº 8.142 é mais específica
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quanto à participação popular e estipula as Conferências de Saúde e o Conselho de
Saúde como as instâncias colegiadas às quais a sociedade civil tem direito (e dever)
de comparecer. O termo “instâncias colegiadas” se refere à forma de gestão na qual
uma decisão é tomada por um grupo. As pessoas que constituem esses órgãos detêm
autoridade igual entre si e devem representar todas as categorias com direito de
participação: prestadores de serviço, profissionais da saúde, representantes do
governo e usuários do SUS.
Ainda é essencial que em meio aos representantes da população haja a
participação dos grupos sociais historicamente sub-representados nos processos de
tomada de decisão política: as minorias. Exemplos de minorias são a população
LGBT, a população negra, povos indígenas, mulheres, entre outros. Estudantes,
aposentados e moradores do campo também são grupos que geralmente se
organizam para levar reivindicações mais específicas às suas necessidades até os
órgãos competentes.
Se pensarmos nesta amplitude da lei, fica muito claro qual é a necessidade da
população em um geral; estar inserida não apenas nas discussões sobre saúde, mas
ter acesso as estas possibilidades.
Estabelecer uma política e fazer com ela aconteça é determinante quando
consideramos a realidade dos sujeitos, querer sujeito-cidadãos sem estabelecer o
mínimo de direitos é uma falácia que deve ser evitada; pois, mesmo com todas as
garantias legais que possibilitam o controle social do SUS, nada disso adianta se não
houver um real engajamento da população. Falar de participação popular ou controle
social nas políticas públicas de saúde não significa apenas a implantação de ações
que lidem com desperdícios, desvios e corrupção. O controle social vai além da função
de vigilância e envolve também o dever de cobrar e auxiliar na efetividade e no
comprometimento daqueles que fornecem os serviços de saúde. Vamos considerar
uma citação da Organização Mundial de Saúde – OMS, de 1946 e reeditada em
01/02/2021: “(...) a saúde é um estado de completo bem-estar físico, mental e social
e não apenas a ausência de doença.”. Apoiados a isso podemos afirmar que saúde é
para além das ações estabelecidas por diagnósticos e medicamentos.
Cidadania também é estabelecer um debate logico e real. Se não temos meios
que possibilitem a cidadania com certeza ficaremos aquém dos direitos, ficando
aquém dos direitos com certeza ficaremos doentes, física e psicologicamente doentes.

4. SAÚDE EMOCIONAL
Sujeitos que se encontram em um universo de restrições, de carências, no
sentido de privações, é óbvio, ficarão doentes como já afirmamos, e se não ficarmos
doentes fisicamente, ficaremos emocionalmente doentes. Pouco se fala sobre os
processos de saúde emocional, faz pouco tempo que as doenças emocionais tiveram
lugar em nossos debates, mídia, etc. A visibilidade destes processos emocionais bem
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como falar sobre a deterioração da saúde mental é pontual, pois, toda questão
traumática nos remete a estes processos, o pós pandemia, o desemprego, a fome,
etc. O caos social nos leva para um lugar de sofrimento e consequentemente a uma
maior fragilidade psíquica.
Vamos pensar aqui não apenas na questão do outro, mas direcionando para
os profissionais de saúde, enfermeiros, melhor pontuando; sem saúde emocional
perdemos a nossa capacidade de controlar e administrar as mudanças de
comportamento que interferem nas atividades do dia a dia, estas mudanças podem
vir da equipe, da instituição onde estamos, mas com certeza elas veem dos pacientes
atendidos. Se estabelecermos o que é esta saúde emocional, podemos afirmar que
de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS) saúde emocional é “um
estado de bem-estar onde o indivíduo realiza suas próprias habilidades, lida com os
fatores estressantes normais da vida, trabalha produtivamente e é capaz de contribuir
com a sociedade”.
Para termos este envolvimento, necessitamos de sentimentos que estão
diretamente ligados à motivação, aos objetivos pessoais e profissionais, entre outros.
Ou seja, ao considerar o território abrangente de Saúde Mental que nos cerca,
precisamos considerar também a nossa saúde mental – saúde emocional.
Ao afirmarmos sobre resiliência devemos observar se conseguimos ser
resiliente em nossos processos, entendendo os sentimentos que você sente em
relação aos acontecimentos que ocorrem no dia a dia e, assim, conseguir considerar
aspectos relevantes que geram grande impacto em seu estado mental e no modo
como se conforta, principalmente no local de trabalho. Mapear nossos sentimentos e
o lugar que damos a eles, é um ótimo exercício de saúde mental, pois, ao perceber
que temos dificuldade, que estamos esgotados, ou que nossas histórias individuais
estão assumindo um lugar de desgaste, devemos procurar um profissional para nos
dar auxílio para alterar este panorama. Nunca devemos nos colocar em uma posição
de onipotência, este tipo de super-herói fica bem apenas nos quadrinhos. Por esse
motivo, fique mais atento aos seus sentimentos e a relacioná-los com as experiências
vivenciadas. Por exemplo, quando você está no trabalho e percebe uma piora no
estado de saúde do seu paciente, que emoção sente quanto a isso? Ter a prática de
nomear o que sente como angústia, tristeza, entre outros, é um passo para melhorar
a sua saúde emocional e óbvio conhecer-se cada vez mais.
Certo. E quando não percebemos estes universos de adoecimento em nós para
onde podemos caminhar? Vamos caminhar um pouco por este labirinto do adoecer
no trabalho. Vamos considerar os dados da Organização Mundial de Saúde – OMS
de 2021.
Segundo dados da OMS, os transtornos mentais e comportamentais estão
entre as principais causas de perdas de dias de trabalho no mundo. Os casos leves
causam em média perda de quatro dias de trabalho/ano e os graves cerca de 200 dias
de trabalho/ano.
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Atualmente, mais de 300 milhões de pessoas sofrem ao redor do mundo com
a depressão, sendo esta a principal causa de incapacidade laboral. Mais de 260
milhões vivem com transtornos de ansiedade. Muitas dessas pessoas vivem com
ambos os transtornos.
Uma pesquisa realizada pela OMS estimou que os transtornos depressivos e
de ansiedade custam 1 trilhão de dólares da economia global a cada ano em perda
de produtividade.
Segundo a Organização Mundial de Saúde, os transtornos mentais comuns
acometem 30% dos trabalhadores ocupados e serão a principal causa de
incapacidade até 2025. Além disso, são a terceira causa de benefício previdenciário
auxílio-doença no Brasil.
A maior parte dos gastos relacionados aos transtornos mentais no ambiente de
trabalho são os indiretos. Os gastos indiretos correspondem àqueles que não ocorrem
especificamente como resultado dos transtornos, mas como consequências deles.
Estes correspondem às mortes prematuras, à perda de produtividade no
trabalho, à menor escolaridade e ao uso de benefícios sociais como moradia e
despesas judiciais. A maior parcela dos gastos indiretos se concentra no setor laboral,
pelo absenteísmo, presenteísmo afastamento e aposentadoria precoce.
Temos de considerar que a maior parte do nosso tempo é dedicado ao nosso
trabalho. Se uma pessoa trabalha 8h diariamente, não dá para ficar exercendo suas
funções ao mesmo tempo em que lida com transtornos mentais no ambiente de
trabalho, afinal boa parte dos quadros de doenças físicas são estabelecidos por
quadros de questões emocionais.
As frustrações no ambiente de trabalho são comuns e acontecem o tempo todo.
Seja pela ameaça da perda do emprego, pelo desempenho não reconhecido, por
falhas cotidianas, por relacionamentos complicados, pela insatisfação com o serviço
ou pressões de produtividade.
Entretanto, todas essas aflições podem ser amenizadas em um ambiente que
fornece as condições necessárias para a saúde mental.
O trabalho em si, é ótimo para a saúde mental, mas um ambiente de trabalho
negativo pode levar a sérias complicações, como vimos nos resultados da pesquisa
citada acima. Saúde mental e trabalho constituem uma relação séria e complexa.
As empresas, instituições e seus gestores devem estar atentos aos sinais de
colaboradores com possíveis transtornos psicológicos e desgastes emocionais, mas
quando os gestores ainda não se ativeram a isto, temos de olhar para nos processos
psíquicos e fazer algumas considerações, talvez considerando algumas técnicas que
possam vir a atenuar o quadro de desgaste.

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Vamos pensar em algumas técnicas laborais de relaxamento, considerando
que simples técnicas são capazes de gerar grandes resultados, os quais serão
facilmente percebidos pelo colaborador e também pelo gestor, no dia a dia da rotina
de trabalho.
Alguns benefícios são:

• Diminuição do estresse e do desconforto emocional e físico;


• Aumento no desempenho das tarefas, tornando-se mais produtivo;
• Diminui consideravelmente o surgimento de doenças provenientes do
estresse e ansiedade no ambiente de trabalho, tais como: depressão e
burnout;
• Melhora a respiração, postura física e aumenta a inteligência emocional;
• Esvazia a mente dos problemas e coloca o foco no positivo;
• Reduz os níveis de turnover e absenteísmo;
• Contribui para construção de um bom clima organizacional;
• Promove o engajamento dos colaboradores, uma vez que a empresa
adota estratégias para contribuir com o relaxamento dos seus
colaboradores;
• Melhoria nas relações interpessoais e no clima do ambiente;
• Maior disposição para o trabalho e maior bom humor.

São as técnicas:

MEDITAÇÃO
Além de diminuir o estresse, a meditação no trabalho potencializa seu
autoconhecimento, ajuda a eliminar sentimentos negativos, ajuda em seu processo
de autocura, bem na criatividade, bem-estar e plenitude. Para isso, faça uma seleção
de músicas instrumentais em seu celular e durante 10 ou 15 minutos, vá para um lugar
sem muito barulho, feche os olhos, ouça a música, inspire e respire lentamente e tente
não pensar em nada, deixe sua mente esvaziar e relaxe. Ao terminar você estará
renovado.
Você pode utilizar o ícone de meditação: 5 Minutos - Eu Medito é bem fácil e
traz benefícios pontuais.
https://www.eumedito.org

ROTAÇÃO DE CABEÇA
Para relaxar também é preciso cuidar de nosso corpo e do nosso físico. Por
isso, busque fazer exercícios de alongamento que corrijam sua postura e te deixem
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mais disposto, pois, ficar sentado o dia inteiro, também pode ser muito estressante. O
objetivo deste exercício é movimentar seu pescoço. Para isso, sentado ou de pé, olhe
para frente e movimente sua cabeça sete vezes para a esquerda e sete para a direita.

ALONGAMENTO DE BRAÇOS
estique os dois braços para frente deixando-os na altura de seus ombros. Em
seguida, vire os braços e una as palmas das mãos. Faça o movimento de abrir e fechar
os braços 10 vezes. Isso vai ajudar seu corpo a relaxar.

ALONGAMENTO DE PERNAS
De pé e encostado numa parede fixa, em posição reta e confortável, estique
sua perna para frente, volte à posição, dobre-a e alongue a parte de trás. Faça isso
cinco vezes em cada lado.

SALAS DE LAZER E RELAXAMENTO


Espaços estruturados e dedicados para fornecer relaxamento e lazer para os
colaboradores são um grande incentivo por parte de uma empresa, cumpre de modo
bastante eficaz o seu propósito e ainda é capaz de gerar satisfação e motivação por
parte dos colaboradores.

CONSTRUÇÃO DE UM BOM CLIMA ORGANIZACIONAL


Em muitos dos casos, o grande causador dos problemas responsáveis por
gerar grande estresse e ansiedade, dentro de uma empresa, não são oriundos de
questões internas, mas sim, do próprio ambiente de trabalho. Investir em pesquisas
de clima pode ajudar gestores a descobrirem qual a origem de tantos problemas e
tentar resolvê-los a partir daí.

Além disso, para construir um bom clima organizacional, empresários e


gestores podem adotar diversas alternativas como estimular o relacionamento
interpessoal por intermédio de eventos, happy hours, por exemplo, dinâmicas
interativas e integrativas (com profissionais externos que dominem do assunto), etc.
Independentemente de onde estivermos, seja em uma UPA, em um Hospital,
em uma Unidade de Saúde, etc., as boas práticas organizacionais, considerando todo
o processo de clima, equipe, funções, equipamentos, nos auxiliam de maneira pontual
a não adoecer.

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5. ESTRESSE OCUPACIONAL
Descuidos pontuais com o clima e com a equipe, levam a processos de
adoecimentos psico emocionais e entre eles o mais pontual de todos, numericamente
falando é o estresse ocupacional.
Se estamos em uma organização falaremos então, de estresse ocupacional,
porque Sempre que tratamos da palavra ocupacional, estamos falando de trabalho,
emprego, ocupação, fonte de renda e termos correlatos. Quando nos ocupamos em
discutir as patologias da ocupação, uma das mais proeminentes é o estresse.
Segundo pesquisa da Isma-BR (representante da International Stress
Management Association), 72% dos brasileiros que estão no mercado de trabalho
sofrem alguma sequela ocasionada pelo estresse. Desse total, 32% sofreriam de
Burnout.
Compreende-se por estresse um conjunto de perturbações ou instabilidade
psíquica e orgânica provocadas por diversos estímulos que vão desde a condição
climática até as emoções e condições de trabalho. Na base da compreensão do
conceito de estresse está o desequilíbrio, no caso, na relação entre trabalhador e
ocupação. Entende-se, então, estresse ocupacional como o quadro de respostas
pouco adequadas à estimulação física e emocional decorrente das exigências do
ambiente de trabalho, das capacidades exigidas para realizá-lo e das condições do
trabalhador. Em alguns casos, o estresse ocupacional não tratado pode gerar a
síndrome de Burnout, caracterizada pelo esgotamento físico e psíquico em
decorrência do trabalho.
Existem muitos estímulos que podem desencadear o estresse, entre eles, estar
exposto a condições como falta de recursos materiais, exigência física e psíquica
superior ao que corresponde à função, ambientes de trabalho com problemas de
relacionamento interpessoal ou que não garantam a saúde, o bem-estar e a
segurança do trabalhador.
Podemos pontuar que o trabalho do profissional de enfermagem, por sua
própria natureza e características, revela-se especialmente suscetível ao fenômeno
do estresse ocupacional devido à responsabilidade pela vida das pessoas e a
proximidade com os clientes em que o sofrimento é quase inevitável, exigindo
dedicação no desempenho de suas funções aumentando a probabilidade de
ocorrência de desgastes emocionais.
O desgaste emocional, a que a equipe de enfermagem se depara nas relações
com o trabalho é muito significativo, onde o estresse ocupacional caracterizado como
Síndrome de Burnout tem presença marcante na atuação do enfermeiro, pois, o
ambiente a que está exposto é altamente estressante, devido às condições caóticas
do dia a dia.

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Complemento Sobre a Síndrome de Burnout:

https://www.youtube.com/watch?v=qappNOEiKn4

A chamada Síndrome de Burnout é definida por Batista et. al (2005), como uma
das consequências mais marcantes do estresse profissional, e se caracteriza por
exaustão emocional, avaliação negativa de si mesmo, depressão e insensibilidade
com relação a quase tudo e todos.
Stacciarini e Troccoli (2001), afirmam que o Burnout é o resultado de
esgotamento, decepção e perda de interesse pela atividade de trabalho que surge nas
profissões que trabalham em contato direto com pessoas em prestação de serviço
como consequência desse contato diário no seu trabalho, estas afirmações condizem
com a maioria dos estudos feitos pela psicologia neste âmbito.
Com isso, a Síndrome de Burnout correlacionam a fadiga emocional, física e
mental, sentimento de impotência e inutilidade, falta de entusiasmo pelo trabalho, pela
vida (em geral) e baixa autoestima a estados que combinam esta síndrome.
Como se pode perceber, em uma perspectiva psicossocial, Burnout tem-se
definido como uma síndrome cujos sintomas são sentimentos de esgotamento
emocional, despersonalização e baixa realização pessoal no trabalho. Estes sintomas
podem desenvolver-se naqueles sujeitos cujo objeto de trabalho são pessoas em
qualquer tipo de atividade. No entanto, deve ser entendida como uma resposta ao
estresse laboral que aparece quando falham as estratégias funcionais de
enfrentamento que o sujeito pode empregar e se comporta como variável mediadora
entre o estresse percebido e suas consequências.
Antes de continuarmos, é vital pontuar que, cada vez mais, no século XXI estes
cuidados com os profissionais de enfermagem devem ser intensificados, pois, o
crescimento do estresse ocupacional nesta área está cada vez maior.
Se temos cada vez mais um aumento das questões emocionais vinculadas ao
trabalho, casos de Burnout, estresse, é significativo falarmos de outros pontos que
irão incorrer na saúde mental do profissional de enfermagem. Só que aqui, temos de
deixar ainda mais claro que as realidades que se apresentam são totalmente diversas
do que já foi apresentado, hoje, contemporaneidade, estamos vivendo questões para
além do posto, por exemplo, o home office, uberização, as transformações
tecnológicas nos processos de trabalho (plataformas digitais), na sociedade, na
economia e na saúde (COVID-19), entre outros fatores que a sociedade moderna nos
impõem estão tornando cada vez mais comuns os transtornos mentais relacionados
ao trabalho e um deles é a depressão no trabalho. Se não estamos envolvidos com
tudo isso, de alguma maneira estes conteúdos nos chegam pelo outro.

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Para a Organização Internacional do Trabalho (OIT), no ano de 2020, os
mercados de trabalho, principalmente, da América Latina e do Caribe, retrocederam
pelo menos 10 anos e acumularam mais de 50 milhões de pessoas desocupadas e
desempregadas.
A falta de crescimento econômico, oportunidades de emprego, as incertezas
em torno da pandemia, as taxas menores de contratação de jovens e mulheres, entre
outros fatores, deixam um rastro de alto desemprego (14,1 milhões, no 3o. trimestre
de 2020 – IBGE), precariedade laboral (informalidade) é uma preocupação ou pressão
psicológica nas pessoas, ou trabalhadores no Brasil.
Para a Psiquiatria e a Psicanálise, bem como a Psicologia, os quadros de
alteração psico emocionais, se mostram pontuais quando as pessoas se queixam da
falta de trabalho, da ameaça de perdê-lo ou das pressões a que se submetem para
preservá-lo, são sintomas ou reações de um mal-estar denominado de depressão no
trabalho.
O trabalho formal, uma profissão, uma carreira, por sua vez, também não são
garantia de um presente estável ou um futuro promissor, conforme, citado pela
Psiquiatra Silvia Jardim. Desta forma, no ambiente de trabalho a constante cobrança
por parte de lideranças, a competitividade, a necessidade de resultados, além de
problemas de acidentes de trabalho ou com a saúde ocupacional, podem acabar se
tornando fatores que provocam distúrbios depressivos em milhões de pessoas no
mundo todo.
Pesquisadores, na Revista Brasileira de Saúde Ocupacional, destacam que os
sintomas centrais da depressão são: os “transtornos de humor, interesse ou prazer
acentuadamente diminuídos por todas, ou quase todas as atividades, perda ou ganho
significativo de peso (quando não está realizando dieta), ou diminuição, ou aumento
no apetite, insônia ou hipersonia, agitação ou retardo psicomotor, fadiga ou perda de
energia, sensação de inutilidade, culpa excessiva ou inapropriada, capacidade
diminuída para pensar ou concentrar-se, ou indecisão”.
Também a psiquiatria associa a depressão com “a tristeza sem motivo
justificável, o desânimo, o desinteresse pela vida e pelo trabalho, a irritabilidade, a
inapetência e a insônia. O sentimento de vazio, de falta de sentido na vida e de
esgotamento caracterizam os casos mais graves, chegando às ideias e tentativas de
suicídio. Outro aspecto importante da depressão é o silêncio, a dificuldade de falar
que o deprimido apresenta”.
Para a Organização Mundial da Saúde (OMS) a depressão é um transtorno
mental, identificado por características como: mudanças no humor, sentimento de
culpa e baixa autoestima, perda de interesse em atividades e hobbies, privação de
sono ou sonolência, e distúrbios de apetite.

15
A OMS também aponta que a depressão atinge 5,8% da população brasileira
(11.548.577). Pesquisas realizadas pela Universidade de São Paulo (USP) também
destacam que a maior prevalência de depressão é na região Sul (4,1% de risco) e o
menor risco é na região Norte do Brasil. Os episódios depressivos podem ocorrer tanto
na população urbana (4,2%) como rural (3,4%). Entretanto, as mulheres (5,6%) tem
duas vezes mais chances de apresentar distúrbios depressivos quando comparado
com os homens (2,5%).
Ao considerar a idade é observado que a maior probabilidade de
desenvolvimento de distúrbios depressivos, estão nas pessoas com idade acima de
80 anos (6,8%), seguidas por pessoas com 50-59 (5,4%), de 70-79 (5,1%), 40-49
(4,4%), 30-39 (3,6%) e entre 18-29 anos (2,8%). Além disso, a depressão prevalece
em pessoas com menos anos na escola: 0 anos (6,3%), 1-8 anos (5,4%), 9-11 anos
(4,0%) e maior ou igual a 12 anos com 2,8% de chances.
Um grande problema que a OMS também aponta é o não reconhecimento da
depressão como uma doença. Infelizmente, em muitos casos, a depressão é encarada
apenas como um momento de tristeza, fato que interfere na busca por ajuda
especializada.
Além disso, o investimento em políticas públicas voltadas para o tratamento de
doenças como a depressão é relativamente baixo. Na América Latina, a estimativa é
de que 2% do orçamento da saúde é destinado ao tratamento destas doenças. No
brasil não temos orçamento específico para as questões de saúde emocional.
Por se tratar de um distúrbio da saúde mental, levando em conta que condições
psicológicas são muito pessoais e variam de pessoa pra pessoa, não é simples
identificar uma causa específica para a depressão.
Diversos fatores biológicos e psicológicos podem ser a causa para a
depressão, podendo até ter uma causa hereditária. O que se sabe é que a depressão
pode ser desencadeada por um episódio de grande estresse, no entanto, mesmo após
o fim deste episódio os sintomas persistem.
E apesar de ser difícil identificar uma única causa, alguns “gatilhos” podem
acabar se tornando um estopim para este problema, alguns deles são:

• Eventos estressantes;
• Situações traumáticas (podem levar ao Transtorno de Estresse Pós
Traumático que pode acarretar depressão);
• Solidão (extremamente pontual no século XXI);
• Consumo de álcool e drogas (cada vez com maior incidência entre
jovens).
A Neurociência é pontual em afirmar que, o cérebro do indivíduo deprimido
pode apresentar alterações químicas em neurotransmissores como a serotonina,
substâncias que transmitem impulsos nervosos entre as células.
16
Exigências quantitativas, a influência negativa no trabalho, a falta de
possibilidades de desenvolvimento, de apoio social dos supervisores e colegas de
trabalho e a insegurança no trabalho, isto é, riscos psicossociais provocam sintomas
depressivos graves ou de um episódio depressivo grave. Outros exemplos de riscos
psicossociais relacionados as condições de trabalho são:

• Carga de trabalho excessiva;


• Exigências contraditórias e falta de clareza na definição das funções;
• Falta de participação na tomada de decisões que afetam o trabalhador
e falta de controle sobre a forma como executa o trabalho;
• Má gestão de mudanças organizacionais, insegurança laboral;
• Comunicação ineficaz, falta de apoio da parte de chefias e colegas;
• Assédio psicológico ou sexual, violência de terceiros.
Psicólogos e Docentes da Universidade Estadual Paulista (UNESP – Bauru/SP)
também citam fatores ocupacionais que podem ser ligados a depressão ocupacional
como, por exemplo, a exposição aos riscos ocupacionais, frustações e experiência
angustiantes vividas no trabalho, a falta de reconhecimento de pessoas ou grupos que
fazem partes das suas relações socioprofissionais, o estresse, o esgotamento e a falta
de prazer e satisfação no exercício profissional.
Como podemos prevenir a depressão no trabalho:
A depressão no trabalho é um assunto de saúde ocupacional, e para a
Segurança e Saúde do Trabalho, demanda medidas preventivas e cuidados além dos
equipamentos de segurança e de estrutura física nas empresas. É necessário
construir um ambiente de trabalho que contribua para a qualidade de vida, reduza o
estresse e seja preparado para uma abordagem correta dos riscos psicossociais.
Diversas situações no trabalho podem influenciar no quadro depressivo, as
principais são: estresse, a cobrança exagerada sobre tarefas e tarefas que o
trabalhador não se sinta confortável em fazer, entre outros.
O primeiro passo é compreender que a depressão no trabalho é uma doença
ocupacional e que seus funcionários podem apresentar eventos, sintomas ou
desenvolver a doença. E, independente da situação é necessário respeita-los,
desenvolver ações preventivas, estabelecer medidas corretivas e cuidar deles para
reduzir os impactos na própria saúde ou atitudes mais drásticas.

Uma pesquisa de clima organizacional é um bom meio para identificar fatores


que contribuem para a depressão no trabalho. É uma prática que permite verificar, por
exemplo, qual a percepção dos colaboradores sobre as tarefas que executam, sua
remuneração e a relação com os líderes e demais colegas.
Os profissionais da Segurança e Saúde do Trabalho devem desenvolver
programas efetivos que permitam identificar os fatores de riscos ocupacionais, fatores
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de riscos de estresse externo ao ambiente de trabalho, assim como, os impactos na
saúde do trabalhador e no ambiente de trabalho. Também é possível fortalecer e
desenvolver a resiliência emocional dos trabalhadores para enfrentar os desafios
socioprofissionais relacionados ao trabalho e vida fora do local de trabalho.
É essencial que a área de SST se comunique estritamente com a área de
recursos humanos, pois, estas devem construir um plano que inclua assistência para
colaboradores com depressão laboral. O planejamento de uma Gestão de Riscos
Ocupacionais (GRO) deve considerar:

• Desenvolver um Programa de Gestão do Estresse;


• Ações que visem manutenção do bem-estar no trabalho;
• Avaliação e melhoria contínua do ambiente de trabalho;
• Promover e manter programas de saúde mental dos trabalhadores,
principalmente, em momentos de crise;
• Desenvolver Programa de Controle de Doenças Ocupacionais;
• Aplicação e constante avaliação da cultura organizacional;
• Incentivo e prática de feedbacks;
• Treinamento e desenvolvimento de funcionários com cursos, formações
e especializações;
• Investimento em planos de saúde;
• Se possível ter um psicólogo da empresa através do SESMT;
• Apoio para buscar ajuda profissional caso seja preciso;
• Respeito com o funcionário que está em tratamento.
Para alcançar bons resultados nas medidas propostas para enfrentar a
depressão no trabalho recomenda-se também a participação dos trabalhadores, alta
direção, profissionais da área de Segurança e Saúde do Trabalho e profissionais
especializados no tema. Além disso, promover um estilo de vida com saúde, uma
educação alimentar, promover o consumo responsável de álcool e prevenir o consumo
de drogas.
Se temos estresse e questões pontuais de saúde mental, vamos ampliando e
nos deparamos com questões ainda mais significativas e que necessitam de nosso
olhar cuidadoso. Quando ampliamos o universo das complexidades de saúde mental,
devemos também considerar as Doenças Psicossomáticas.

6. DOENÇAS PSICOSSOMÁTICAS
Na psicologia usamos outras duas nomenclaturas para designar as Doenças
Psicossomáticas, são também conhecidas como somatização ou transtorno
somatoforme, as doenças psicossomáticas são desordens emocionais ou
psiquiátricas que afetam também o funcionamento dos órgãos do corpo. Esses

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desajustes provocam múltiplas queixas físicas, e que podem surgir em diferentes
partes do corpo.
O Psicanalista francês Didier Anzieu foi pontual ao descrever as diversas
complexidades do corpo, a partir de transtornos vinculados a saúde mental, ao
estresse e ao trauma.
Os surgimentos dessas doenças admitem certa complexidade, pois, elas
podem desencadear dores generalizadas, diarreia ou constipação, tremores das
extremidades, diversos tipos de alergias, hemorragias, manchas na pele e falta de ar.
Entretanto, esses sintomas não podem ser explicados por nenhuma alteração
orgânica, já que nos exames de confirmação diagnóstica, não aparece nenhuma
doença que cause esses sinais.
Geralmente, os indivíduos com doenças psicossomáticas estão
frequentemente em consultas médicas ou prontos-socorros, sem, contudo, obter
confirmação das causas de seus problemas.
Devido a essas características típicas, geralmente os médicos têm muita
dificuldade em diagnosticar a causa dessas desordens. Por isso, na maioria dos
casos, a orientação é buscar apoio profissional por meio de terapias para reabilitação
e/ou reequilíbrio da saúde mental a fim de evitar a evolução para quadros mais graves.
As doenças psicossomáticas estão relacionadas ao controle das emoções,
sentimentos e ao modo de pensar. As emoções incontroladas, a constante
necessidade de controle e os pensamentos negativos desencadeiam desequilíbrios
mentais que, consequentemente, sobrecarregam as funções orgânicas e atrapalham
o funcionamento do corpo.
Isso ocorre por diversas questões, especialmente àquelas ligadas a
experiências ruins e traumas não superados. O estresse gerado por essas emoções
negativas, afetam a capacidade de coordenação cerebral, o que impede a liberação
das substâncias importantes para ao necessário ajuste da fisiologia do organismo.
A somatização desses fatores — de ordem emocional e física — resulta em um
ciclo vicioso que se manifesta por meio de dores e de múltiplas doenças físicas. Se
não adequadamente tratados, essas complicações podem evoluir gradativamente e
comprometer a saúde do indivíduo de forma cada vez mais intensa.

Percebe-se, então, que ainda que não sejam bem esclarecidas, a origem das
enfermidades psicossomáticas tem como base as causas emocionais e os distúrbios
psicológicos a elas associado.
Para auxiliar, na melhor compreensão do tema, listamos alguns fatores que
exercem influência considerável na origem das doenças psicossomáticas:

• Herança familiar;
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• Dificuldade de lidar com frustrações;
• Acreditar que pode ter o controle dos eventos cotidianos e das pessoas:
• Tendência à negatividade e aos distúrbios de personalidade;
• Questões genéticas e fisiológicas, como maior sensibilidade à dor;
• Influência ambiental em relação à visão da vida de forma positiva ou
negativa;
• Modo de enfrentamento dos problemas, que pode interferir na percepção
da doença e no limiar dos sintomas físicos;
• Menor controle das emoções ou dificuldade no processamento dos
problemas psicológicos, o que faz a pessoa supervalorizar a dor física;
• Como evitar atividades excessivas, o que pode aumentar seu nível de
incapacidade;
• Coexistência de fatores — como depressão, ansiedade patológica e
estresse excessivo — que facilitam o desenvolvimento da somatização
e originam as dores;
• Isolamento social, angústia e tristeza por não ter coragem de
compartilhar ou de conversar sobre os conflitos internos que alimentam
as emoções negativas;
• Hábito ou desenvolvimento de “comportamentos de dor” em resposta a
sintomas emocionais, principalmente em relação à insegurança
emocional para resolver problemas.

O transtorno somatoforme prejudica a saúde e o bem-estar do indivíduo em


diferentes aspectos. Contudo, ainda que o afetado tenha consciência de que seu
problema é de caráter emocional, ele se sente incapaz ou não crê na possibilidade de
reverter o problema. Por conseguinte, o quadro só tende a piorar e, em alguns casos,
esse desequilíbrio mental pode até levar ao suicídio.
Além desse agravante, esse transtorno está relacionado também às seguintes
complicações:

• Alcoolismo;
• Desajustes conjugais ou familiares;
• Uso casual ou abuso de drogas ilícitas;
• Troca constante de emprego ou desemprego;
• Estado geral de saúde ruim ou pouco saudável;
• Problemas para manter relacionamentos afetivos ou no ambiente de
trabalho;
• Muita dificuldade para lidar com as intercorrências ou adversidades da
vida diária;

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• Tendências a outros transtornos mentais, como ansiedade patológica,
crises depressivas ou múltiplos transtornos de personalidade;
• Risco maior para o suicídio induzido pela desmotivação quanto ao futuro
ou devido à ausência de resposta dos tratamentos contra a depressão;
• Acentuação de dívidas por causa de consultas excessivas para
tratamentos mentais ou para as doenças que julga ter.
O que é importante salientar, é que, esses distúrbios podem ser solucionados
mediante intervenção terapêutica adequada. A meta do tratamento é a reabilitação
gradativa do estado mental do paciente, de modo que ele consiga melhorar os
principais sintomas e retome a autonomia sobre a vida.
Vamos considerar as seguintes metodologias que podem ser utilizadas, na
readequação do sujeito com seu corpo, psiquismos para que ele consiga dar conta do
distúrbio somatoforme:
Apoio psicológico: como a maioria dos sintomas físicos podem estar vinculados
ao desgaste psicológico, ansiedade e depressão de alto nível, a intervenção
psicoterapêutica é a mais indicada no início do tratamento. O apoio psicológico é o
ponto de partida para minimizar os desajustes emocionais que alimentam a dor física.
O profissional de psicologia direcionará a conduta para a construção de um novo olhar
sobre a expectativa do paciente em relação aos sintomas físicos gerados por fatores
emocionais.
Tratamento psiquiátrico: os remédios para controlar os sintomas dos
transtornos somatoformes têm, entre outras funções, ação antidepressiva. Assim, eles
podem ajudar a diminuir os efeitos relacionados à depressão e que expressam os
sinais mais relevantes da doença. Óbvio que nunca sem acompanhamento
psiquiátrico.
Por isso, o acompanhamento psiquiátrico é fundamental para direcionar o
tratamento e avaliar a evolução do paciente. Outro ponto relevante é combinar alguns
medicamentos diferentes — e complementares — para aumentar a eficiência do
tratamento.
Mudança no estilo de vida: além do tratamento psicoterapêutico e das consultas
ao psiquiatra, a reabilitação mental necessária à melhora das dores físicas exige
mudanças no estilo de vida.
Mudar alguns hábitos, melhorar a qualidade do sono e a forma de pensar e de
enfrentar as adversidades da vida são medidas essenciais nesses casos. Tendo isso
em vista, é importante que a família e os amigos auxiliem o paciente, e atuem como
um suporte emocional para motivá-lo à reestruturação de sua saúde.
Quando idealizamos nossas carreiras, e fazemos um plano de ação, para isso
estes fatores de saúde mental geralmente não são contemplados em nossos
planejamentos. Mas eles são de extrema significância para ser considerados, pois,

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nosso constructo psíquico está totalmente conectado a tudo que fazemos e aos
pacientes que atendemos.
As observações sobre saúde mental não param por aqui, infelizmente. Existem
outros conteúdos estressores, que nominamos de “Fatores Psicossociais”.
Não existe um fator de risco específico para cada uma das doenças
ocupacionais psicossociais. Isso porque várias condições de trabalho podem gerar
esse tipo de transtorno. O transtorno gerado depende de uma combinação dos riscos
ambientais e características individuais dos colaboradores.
Contudo, vejamos alguma “palavras-chave” que podem se referir aos fatores
psicossociais:

• Índice de estresse;
• Cobranças e exigências excessivas;
• Bullying no trabalho;
• Privilégios desleais no trabalho;
• Sensação de medo constante;
• Sensação de estar sendo vigiado constantemente;
• Falta de reconhecimento;
• Falta de significado em sua função;
• Falta de visibilidade
• Conciliação entre vida pessoal e trabalho.
Os fatores de risco podem ser relacionados à tarefa que o seu colaborador
executa. Ele pode não ver utilidade no seu trabalho (falta de significado), para a
empresa ou sociedade. Além disso, a tarefa pode exigir competências e habilidades
que ele não possui (cobranças excessivas e desleais), ou oferecer risco à sua
integridade física.

Esses fatores também podem estar relacionados à organização do trabalho em si.


Ou seja, o seu sujeito pode estar sendo submetido a muitas horas de trabalho sem
descanso ou a uma carga horária muito alta.
Por fim, eles podem estar ligados à estrutura da organização, como falta de
reconhecimento ou participação nas decisões da empresa. Não somente isso, mas
também ambientes de trabalho “tóxicos” podem levar a todos estes fatores.
Os riscos psicossociais abrangem fatores relacionados ao ambiente de
trabalho que podem afetar a saúde mental do trabalhador, além de agentes externos
que abalam o estado emocional e psicológico do profissional e reduzem sua
capacidade produtiva. Um ambiente de trabalho tóxico pode ser considerado um risco,
muitas das vezes. Algum empregado do setor pode sofrer com algum transtorno, é
algo que ocorre com frequência.

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Situações que colocam em risco a segurança e a saúde física do trabalhador
são facilmente identificadas, ao contrário dos riscos psicossociais, que podem passar
desapercebidos. Para identificar a existência de riscos psicossociais, é necessário
fazer uma boa análise e cuidadosa análise do quadro de funcionários.
Vamos considerar aqui alguns riscos psicossociais no exercício da profissão,
que precisam ser observados e receber o devido cuidado e atendimento:
Síndrome de Burnout: Síndrome de Burnout ou Síndrome do Esgotamento
Profissional é um distúrbio emocional com sintomas de exaustão extrema, estresse e
esgotamento físico resultante de situações de trabalho desgastante, que demandam
muita competitividade ou responsabilidade.
Estresse: Os profissionais de enfermagem no processo de trabalho ficam
expostos a agentes estressores, como esses fatores: a desvalorização salarial e
profissional, recursos inadequados, números reduzidos de funcionários, sobre cargas
das atividades, inexperiência do supervisor, falhas na comunicação, também com a
vivência direta e ininterrupta do processo de dor, morte, sofrimento, desespero,
incompreensão, irritabilidade e tantos outros sentimentos e reações desencadeadas
pelo processo/doença.
Assédio Moral: A palavra assédio remete-nos quase imediatamente a duas
associações: a um conteúdo sexual e ao movimento politicamente correto norte-
americano. O contexto é muito mais amplo, atualmente, existe uma discussão de
caráter mais sutil, que revela nuances de um fenômeno que não tinha nome nem
endereço certos: o assédio moral (FREITAS, 2001).
O assédio moral consiste na exposição dos trabalhadores a situações
humilhantes e constrangedoras, geralmente repetitivas e prolongadas, durante o
horário de trabalho e no exercício de suas funções, situações essas que ofendem a
sua dignidade ou integridade física, cabe destacar que, em alguns casos, um único
ato, pela sua gravidade, pode também caracterizá-lo (SPACIL et al., 2012).
Segundo Lopes e Diniz (2004) o assédio no trabalho é qualquer conduta
abusiva que se manifesta, sobremaneira, por comportamentos, palavras, atos, gestos
e escritos. Tal situação tem como consequências imediatas lesar a personalidade, a
dignidade e/ou à integridade física, ou psíquica do agredido. Este, muitas vezes, vê a
degradação do ambiente laboral, detalhando quem é visado e quem é o autor da
agressão.
Estamos diante de um problema de grande magnitude no qual as questões
éticas e moral são fundamentais, visto que essa temática é pouco estudada
principalmente no âmbito da Enfermagem, onde o assédio moral ocorre de forma
frequente sejam em instituições públicas ou privadas.
Quando observamos que o universo do trabalho pode também estabelecer uma
falta de segurança para o psiquismo, compreendemos porque os processos de saúde

23
mental devem ser cuidados, e quando se trata do outro, o quanto este conteúdo deve
ser cuidado. Profissionais de enfermagem estão o tempo todo trabalhando com
pessoas, e isto leva a condições de sensibilidade e equilíbrio emocional, volto a
afirmar que por estas características se faz extremamente necessário estar atento aos
processos psíquicos individuais e de outrem, aqui podemos também pontuar que
observar-se é também manter-se motivado a continuar fazendo o seu melhor sem
desconsiderar seus processos internos.
Manter-se motivado antes de mais nada é reconhecer-se, e desta forma saber
o que deseja, e até onde está disposto de se colocar, pensar em motivação não é criar
um mundo irreal e paralelo, mas sim compreender um mundo possível e coerente.
Podemos também considerar que A motivação é um estado interno que induz
uma pessoa a se envolver em determinados comportamentos. Se relaciona ao
direcionamento, à intensidade e à persistência do comportamento com o tempo.
Para nos motivarmos constantemente, ou quando aparece uma crise que
questiona o nosso fazer, é estabelecer o porquê estamos ali.
Sabemos que as instituições de saúde lidam, bem como todos os campos que
envolvem profissionais de saúde, estão se relacionando com uma clientela sensível,
das plásticas corretivas, as questões de imagem (identificação), e/ou pessoas
doentes.
Considerando Motivação na como uma possibilidade para evitar o
absenteísmo, consideramos que é necessário que se encontrem mecanismos para
ajudar os profissionais de saúde a estarem bem consigo mesmos. Dessa forma eles
serão agentes de acolhimento, atendimento e tratamento dignos às pessoas, e assim
se sentirão motivados a continuar nesta construção.
Atualmente, tem-se discutido muito sobre as condições sociais dos
trabalhadores na vivência de seu cotidiano. Estas condições referem-se a muitos
aspectos como: condições familiares, condições de saúde e condições profissionais,
sendo que estes se relacionam e co-dependem, devido à impossibilidade de
separação o homem biológico do homem social.
Ao discutir sobre as condições de vida do ser humano, principalmente sob o
aspecto profissional, pois, deste dependem as condições de lazer, alimentação,
vestimenta e a participação de si e de seus familiares na sociedade. Para tal, é
importante que homens e mulheres, sintam-se satisfeitos e realizados com as
atividades que desenvolvem, assim se sentirão aptos, motivados para suas vidas
profissionais, não ficarão doentes, estressados, etc. e não faltarão ao trabalho.
O absenteísmo é um sinal de que algo vai mal com a instituição, ou com o
sujeito.
Vamos refletir sobre esta frase de Florence Nightingale:

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“A Enfermagem é uma arte, e para realizá-la como arte, requer uma devoção
tão exclusiva, um preparo tão rigoroso, quanto a obra de qualquer pintor ou escultor,
pois, o que é tratar da tela morta ou do frio mármore comparado ao tratar do corpo
vivo, o templo do espírito de Deus? É uma das artes, poder-se-ia dizer, a mais bela
das artes! “
Florence Nightingale, Florence Nightingale (Florença/Itália, 12 de maio de
1820-Londres, 13 de agosto de 1910), de nacionalidade britânica, foi a fundadora da
Enfermagem moderna. Ela foi a pioneira no tratamento de feridos em batalhas, ficando
famosa pela sua atuação na Guerra da Crimeia. Em sua homenagem, a data de seu
nascimento, 12 de maio, foi instituída como o Dia do Enfermeiro. No Brasil, comemora-
se a Semana da Enfermagem no período de 12 a 20 de maio.
Devido aos seus esforços e estudos, Florence conseguiu a fundação da Escola
de Enfermagem no Hospital St. Thomas, na cidade de Londres, em 1860, um marco
para a história da Enfermagem contemporânea, se dermos uma olhada minuciosa na
história de Florence, iremos descobrir que chegar onde ela chegou, foi um caminho
árduo e conflituoso, como é o caminho dos profissionais de saúde em nosso país, e
acredito que no mundo.
Podemos estabelecer que não ter visibilidade torna as coisas mais difíceis,
porém, não impossíveis. Por isso que definir absenteísmo vai além de um
determinismo, mas vamos defini-lo: Absenteísmo é um termo que vem do latim que
significa “estar fora, afastado ou ausente”. No mundo do RH, o absenteísmo tem a ver
com os níveis de ausência de um trabalhador na empresa. Esses índices são
baseados em ausências voluntárias ou involuntárias, que incluem:

• Saídas antes do final do expediente;


• Faltas justificadas por atestado médico;
• Faltas injustificadas por qualquer motivo;
• Suspensões;
• Licenças por INSS;
• Licenças maternidade;
• Dentre outros.

A única ausência não incluída nos índices de absenteísmo são as férias.


Bem, agora temos o termo qualificado e compreendido.
Tendo trabalhado com profissionais de saúde em hospitais gerais e também
hospitais psiquiátricos, como psicóloga e psicanalista, concordo em número, gênero
e grau com a frase de Florence. Esta ação por si só já é uma motivação, porém, temos
de ser realistas, que muitas vezes o excesso de horas trabalhadas, a falta de
visibilidade, as dificuldades com chefia, equipe, etc. nos levam ao desanimo, e é aqui
que adoecemos, é aqui que as faltas começam a acontecer, mas também é aqui que
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devemos estabelecer um auto análise para romper o espectro da doença e do
absenteísmo, nos reformularmos, talvez até mudarmos de ambiente de trabalho,
possibilitarmos um realinhamento que nos será saudável.
A única forma de deixarmos os profissionais de enfermagem distanciados dos
universos de estresse, assédio, questões de caráter emocionais e psicológicos,
tóxicos e/ou desgastantes, é considerarmos um bom funcionamento organizacional, e
é obvio que isto só pode acontecer com muita observação e planejamento.
Inicialmente podemos idealizar que, alguns movimentos são necessários,
como, o reconhecimento de:

• Caráter legal das normas e regulamentos;


• Caráter formal das comunicações;
• Caráter racional e divisão do trabalho;
• Impessoalidade nas relações;
• Hierarquia da autoridade;
• Rotinas e procedimentos;
• Competência técnica;
• Profissionalização dos participantes;
• Completa previsibilidade do funcionamento, bem como uma análise
flexível, e uma reavaliação constante.
Seguindo estes movimentos teremos inicialmente uma forma de mapear as
questões que possam surgir para além do ideal – questões como excessos, conflitos,
desgastes, que consequentemente trarão um universo de adoecimento.
Se as organizações não perceberem que podem causar o adoecimento dos
seus funcionários, significa que ela está ultrapassada e não tem a coerência pertinente
ao século XXI.
É pontual afirmar que as organizações dependem do capital humano e
intelectual para alcançar sucesso funcional e consequentemente, sucesso
organizacional.
O serviço de enfermagem abrange 70% dos profissionais de um hospital sendo
que ele deve ser dirigido por uma enfermeira, por isso é pontual afirmar que todos
devem conhecer bem o hospital, a empresa, ou instituição hospitalar e os serviços
que a mesma oferece. Para se manter um bom entrosamento entre as várias seções
e setores, é necessário que cada função seja bem definida e que haja a colaboração
de todos. Neste sentido podemos a comunicação feita de maneira clara e pontual,
auxilia em todos os processos estabelecidos e óbvio no bom andamento da instituição.
As instituições estão inseridas em um contexto dinâmico, competitivo e
complexo, onde a cultura organizacional tem influência nos objetivos da organização,
por isso ter plano de ação e compreender tanto o papel de mercado, como o lugar de
cada integrante das equipes é mais que significativo.
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Assim, torna-se imprescindível compreender a organização, a cultura
organizacional e a variação dos diferentes estilos de funcionamento organizacional –
individualista, burocrático, afiliativo e empreendedor de instituições públicas e
privadas.
O ponto focal no século XXI, é a adoção de programas de qualidade no setor
saúde para estabelecer, um melhor funcionamento interno (equipe) e externo
(clientes/pacientes) da instituição.
Estes programas de qualidade, vinculam-se a serviços, operacionais-
administrativos e processos de humanização. Se compreendemos que o processo de
humanização se produz e reproduz nas relações entre profissional e usuário, e
profissionais entre si, essas relações são estabelecidas nos ambientes de trabalho, e
é importante levarmos em consideração o contexto em que essas relações se dão.
Para tanto, precisamos saber quem são nossos usuários, quem são os profissionais
que estão atendendo, quais são as instituições que estão produzindo atos em saúde,
qual a filosofia da organização do trabalho dessas instituições, quais as instituições
que formam os profissionais que atuarão no setor saúde. Esses aspectos poderão nos
dar parâmetros para a reflexão acerca da atual forma de organização do trabalho em
saúde e a forma como a humanização deste trabalho vem sendo implementada no
cotidiano da produção das ações em saúde.
Além de considerar as relações entre os sujeitos, profissionais e usuários,
humanizar exige considerar novas formas de gestão das instituições de saúde, o que
implica sensibilização dos dirigentes das instituições e dos idealizadores das políticas
de saúde com o tema proposto. É preciso um compromisso dos dirigentes das
instituições com a qualidade da assistência, investimentos para a melhoria das
condições de trabalho, financiamento suficiente do setor saúde para resgatarmos a
qualidade da assistência, planejamento, organização e gerenciamento coletivos dos
serviços de saúde; meios que permitam a reflexão constante da prática assistencial,
utilização de mecanismos de avaliação e reorganização da assistência.
O processo de humanização propõe romper com formas cristalizadas de
organização dos processos de trabalho em saúde, traduzidos no que segue:

• Ao invés de verticalização, a horizontalização da organização por


meio de processos participativos, democráticos e solidários;
• Construção de espaços democráticos nas relações de trabalho
que facultem e estimulem a livre expressão, o debate sobre a vida
institucional, suas dificuldades, angústias frente ao mundo do
trabalho e objetivos a serem alcançados;
• A participação dos sujeitos no processo de tomada de decisões,
na definição de estratégias e na construção de projetos coletivos
acerca do seu trabalho;
• Estabelecimento de formas de comunicação e integração que
superem o mero fluxo de informes operacionais que alimentam o
27
sistema gerencial da organização, pois, essa comunicação
instrumental não dá conta da humanização. A comunicação que
tem como essência a humanização é aquela que envolve os
agentes como sujeitos do seu processo, que possibilita uma
interpretação das situações vividas na assistência e no cotidiano
do trabalho como um todo.

Assim, humanizar passa a ser responsabilidade de todos, individual e


coletivamente, jamais estará dada, sendo preciso reconstruí-la em todos os atos em
saúde, quer aqueles burocrático-administrativos (gestão), quer aqueles relacionais.
Humanizar no setor saúde é ir além da competência técnico-científica-política dos
profissionais, compreende o desenvolvimento da competência nas relações
interpessoais que precisam estar pautadas no respeito ao ser humano, no respeito à
vida, na solidariedade, na sensibilidade de percepção das necessidades singulares
dos sujeitos envolvidos.
Quando estabelecemos processos, administrativos pontuais somados a
processos humanizados, e uma equipe coerente com profissionais engajados, o que
fica faltando para uma ação realmente efetiva? O que fica aparente agora é focar no
relacionamento multidisciplinar e comportamental, de toda equipe, da presidência a
equipe de higienização da instituição, óbvio passando por todos e apenas para
pontuar pela equipe de enfermagem.
O cuidado complexo envolve necessidades bio-psico-sócio-espirituais e
afetivas e está diretamente relacionado ao processo de comunicação entre o
enfermeiro–cliente. Para haver o cuidado eficaz, ambos os sujeitos precisam
compreender os sinais que determinam as relações interpessoais, seja pelos gestos,
expressões ou palavras. Temos de identificar os fatores comportamentais que
permeiam o relacionamento entre enfermeiro, família e paciente, que não pode ser
globalizado, pois, cada instituição é uma.
A comunicação é essencial para se instituir a assistência de enfermagem
humanizada e promover o relacionamento interpessoal.
Para chegarmos neste ideal, objetivamos que há emergente necessidade de
investir na prática humanizada de enfermagem, objetivando a melhor condição de vida
possível para o paciente e seu familiar.
A comunicação é o grande fator positivo na relação equipe–paciente–família.
O equilíbrio emocional deve permear a assistência e possibilitar o desenvolvimento
de estratégias de promoção à saúde.
Como pontuado cada instituição tem um meio próprio de acordo com normas e
pontuações referente ao seu funcionamento, ou seja, cada instituição tem um código
próprio, e mesmo consideração está individualidade das instituições, sabemos que,
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existe sempre um paciente, uma família (às vezes) e claro uma equipe, ter boa
comunicação é um processo que vai do individual para o todo, por isso o primeiro
movimento é cada profissional consigo mesmo e a instituição estabelecer discussões,
treinamentos, dinâmicas para fazer a ponte do sujeito (profissional) para equipe e
finalizando o cliente/paciente.
Pensando desta forma, de acordo com a contemporaneidade, fica cada vez
mais evidente que um bom trabalho em equipe e a relação que a equipe tem entre si,
estabelecerá uma maior visibilidade da instituição, e anterior a instituição uma maior
visibilidade do profissional.
A competitividade do mercado atual gera a necessidade das organizações de
buscar parcerias que auxiliem no desenvolvimento da empresa, para assim obter os
objetivos almejados. Com isso precisam de um diferencial nesse cenário de
concorrência acirrada, que envolve os recursos necessários para favorecer as
organizações e os colaboradores. As pessoas aparecem como recurso fundamental
no auxílio de um melhor desempenho.
Como já falamos anteriormente sabemos que os processos só funcionam, se
estabelecem uma relação de ir do sujeito individual para um todo/instituição, não há
como ser diferente, pois, muitas vezes os interesses não estão alinhados, e daí ambos
estarão fazendo uma força tarefa desnecessária.
A competitividade do mercado atual gera a necessidade das organizações de
buscar parcerias que auxiliem no desenvolvimento da empresa, para assim obter os
objetivos almejados. Com isso precisam de um diferencial nesse cenário de
concorrência acirrada, que envolve os recursos necessários para favorecer as
organizações e os colaboradores. As pessoas aparecem como recurso fundamental
no auxílio de um melhor desempenho.

7. MARKETING PESSOAL
O desenvolvimento individual é uma ferramenta de gestão que aplicada
adequadamente, pode influenciar a equipe, pois, as pessoas sentem a necessidade
de buscar constantemente melhorias em sua vida, seja no âmbito profissional ou
pessoal, portanto, quando temos exemplos de melhorias individuais que atingem
nosso trabalho, temos o propósito de buscar evoluir também, para com isso, interagir,
aprender, contribuir para o desenvolvimento da organização. É um ciclo de desafios
que resulta em desempenhos melhores e mais produtivos, transformações positivas
para o ambiente organizacional.
Quando as pessoas interagem umas com as outras, o trabalho a ser executado
se torna mais prazeroso. Surge então a cooperação pelo fato de poder compartilhar
ideias, soluções que podem alavancar uma tomada de decisão. Isso influencia
positivamente no ambiente de trabalho. “O relacionamento interpessoal entre o líder
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e os membros da equipe é um dos fatores mais relevantes na facilitação ou bloqueio
de um clima de confiança, respeito e afeto, que possibilite relações de harmonia e
cooperação” (CARVALHO, 2009, p. 108)
Com o profissional consciente de si, e engajado com a instituição, podemos
então focar no trabalho em equipe.
Cada vez mais o trabalho em equipe tem sido incentivado em diversas áreas
profissionais, pois, torna o trabalho mais eficaz e enriquecedor, por se tratar de várias
pessoas pensantes que contribuem dessa forma para a melhoria da atividade a que
se propõe realizar. “Trabalhar com grupos é o meio que os gestores têm de fazer mais
com menos” (SILVERSTEIN, 2013, p. 72). Quando as pessoas entendem a
importância de realizar suas tarefas em grupo, compreendem que podem alcançar os
resultados com mais eficácia.
Percepção de si, conhecimento da instituição, coerência ao perceber os
processos de funcionamento da equipe, relacionamento interpessoal, etc. e todos os
outros conteúdos que vimos. E agora? Bom, agora temos de pensar em como fazer
uma boa comunicação para que as questões de fiquem claramente pontuadas.
E aqui seremos bem pontuais. Abaixo veremos algumas estratégias de
comunicação.

• Chamar o doente pelo nome, escutar mais do que falar e manter o


contato ocular;
• Comunicação de más notícias: É importante avaliar primeiro o estado
emocional e psicológico da pessoa e depois dar informação de forma
gradual. Neste ponto é fulcral avaliar ainda a relevância da informação e
o que a pessoa quer saber.
• E não esquecer: escutar mais do que falar e ser realista, evitando a
tentação de minimizar o problema e ajudar a manter a esperança. Não
contrariar a negação também pode evitar alguns problemas, assim como
evitar o distanciamento emocional. Não estabelecer limites nem prazos
também ajudará. Depois da comunicação será necessário assegurar
que o doente tem suporte emocional de outros e planear e garantir o
acompanhamento da pessoa. Exemplos: diagnóstico de uma doença
grave, de uma situação com repercussões negativas para o futuro.
• Intervenção com pessoa violenta: nestes casos, o primeiro passo é
procurar manter-se calmo e manter o contato ocular e depois pedir ajuda
o mais discretamente possível. Se tal não for possível, tentar então
ganhar tempo e continuar a falar, mas seguir as instruções dadas pela
pessoa, que pode ter algum objeto perigoso.
• Comunicação com pessoas com esquizofrenia: nestas situações, deve
ser promovida a orientação do doente para a realidade, utilizar a
empatia, de forma a que a pessoa sinta que é compreendida, privilegiar
a escuta, em vez da fala, e sentar-se de frente para o doente. Nunca se
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esquecer de manter o contato visual intermitente — evitar contato visual
fixo e mostrar disponibilidade.
• Comunicação com pessoas com Alzheimer :Adaptar a comunicação
verbal de acordo com a capacidade de expressão e compreensão da
pessoa. Falar devagar, de forma clara e objetiva. Chamar a pessoa pelo
nome. Utilizar a comunicação não verbal (sorriso, olhar, toque) é muito
importante, pois, reforça a linguagem verbal. Utilizar o contato, olhar nos
olhos, sentar-se com a pessoa, falar devagar, sorrir e tocar no braço e
evitar fazer movimentos bruscos. Não corrigir sistematicamente. Quando
a pessoa inventa palavras ou as substitui por outras, deve-se verificar se
está a compreender o que se pretende. Não discutir nem repreender. As
pessoas com demência não têm culpa de estarem doentes.
E a comunicação em Público? Vamos considerar 13 dicas pontuais sobre a
comunicação em Público:
1. Conheça seu público
Saber para quem você fala deve ser um dos primeiros passos na hora de montar sua
apresentação. Esse conhecimento ajuda a escolher entre uma linguagem formal ou
informal, quais tópicos precisam ser explicados e quais assuntos de interesse você
pode usar para conquistar a atenção da sua audiência.
Também dará uma ideia sobre quais ferramentas você pode utilizar e o traje mais
adequado para a ocasião.

2. Conheça a si mesmo
Este quesito é ainda mais relevante que conhecer o público, uma vez que você será
a pessoa em evidência durante o discurso. O autoconhecimento viabiliza adaptações
para que você se sinta à vontade, diminuindo as chances de erro ou de esquecer os
tópicos do roteiro.

Se você, por exemplo, se atrapalha ao passar os slides enquanto fala, pode pedir para
outra pessoa executar essa tarefa.

3. Trace um roteiro
Comentamos a importância de estruturar uma narrativa há alguns tópicos, mas nunca
é demais reforçar. Por mais simples que seja sua fala, montar um roteiro com começo,
meio e fim permite que você organize suas ideias e tenha confiança para discursar
com propriedade. Também reduz o nível de ansiedade e medo, porque tememos
aquilo que não conhecemos.

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4. Ensaie
Esta é outra estratégia que mencionamos no início do artigo, mas que merece ser
destacada. Falar em público não é uma atividade corriqueira para a maioria das
pessoas, portanto, precisa de treinamento para que os pontos fortes sejam reforçados
e os fracos, corrigidos. Comece com alguém da sua família ou um pequeno grupo de
amigos. Vale também gravar um vídeo para observar a si mesmo. O que importa é
treinar o máximo possível antes da apresentação.

5. Domine o conteúdo
Embora você não possa controlar tudo o que vai acontecer, pode estar bem preparado
e seguro sobre o que está dizendo. Para isso, é fundamental dominar o tema da sua
palestra. Leia sobre ele, converse com outras pessoas e entenda quais os pontos
chave para abordar no seu discurso.
Você pode testar se incorporou o discurso falando a respeito enquanto faz uma
atividade que não exige concentração, como uma caminhada leve.

6. Ferramentas de suporte
Por mais tentador que seja, evite levar “colas”, como papéis, para sua apresentação.
Elas podem dar a impressão de que você está despreparado.
Em vez disso, utilize slides, sons e outros recursos comuns para lembrá-lo dos
assuntos que precisa comentar. Nos slides, por exemplo, é útil inserir imagens,
palavras ou expressões que estejam no seu roteiro, pois, elas provavelmente vão
recordar o tema se der “branco” ou você se perder.
Só tenha o cuidado de não encher os slides de texto e ficar apenas lendo.
Também não perca tempo decorando ou procurando palavras. É mais sensato se
dedicar à transmissão da mensagem correta ao público.

7. Prepare-se para o inesperado


Pode parecer contraditório, mas é possível se preparar para aquilo que não está no
script. A melhor forma de fazer isso é aceitar que você não está no comando de tudo,
e que podem surgir dúvidas ou apontamentos sobre os quais não tem conhecimento.
Nesses casos, seja honesto e diga que irá pesquisar a respeito.
Podem acontecer, ainda, imprevistos quanto ao local, plateia ou ferramentas de
suporte como computadores e fiação, mas não se desespere. Faça o melhor com os
recursos disponíveis.

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8. Seja flexível
Estar preparado para imprevistos tem muito a ver com a capacidade de improvisar e
a flexibilidade. Pessoas flexíveis conseguem tirar proveito até de situações que
parecem ruins, porque sabem que sempre há diferentes modos de enxergar o que
acontece. Se o microfone não funcionar, por exemplo, a reunião pode ser adiada ou
se tornar mais intimista. Depende da forma como encara o problema.

9. Seja natural
Quanto mais espontâneo você for, mais cativante será sua abordagem, e maiores as
chances de sucesso. A naturalidade favorece a construção de um vínculo de empatia
com o seu público, que passa a se identificar com o que você está falando,
compreender melhor a mensagem e até promover contribuições importantes no final
do discurso.

10. Atenção à linguagem corporal


Não são apenas suas palavras que conversam com o público – seu corpo também
fala. Por isso, procure evitar gestos bruscos, que expressem descaso, como colocar
a mão no bolso, ou desinteresse, como manter os braços cruzados por muito tempo.
Também não é recomendado ficar estático, pois, isso transmite nervosismo e falta de
confiança quanto ao que você fala.

Outra dica é ter cuidado ao escolher o que vestir. Se for uma reunião formal de
negócios, aparecer usando camiseta e tênis pode deixar uma impressão ruim. Mais
uma vez, tudo depende da ocasião e do público para quem se fala. Se seguir a dica
de número 1, não vai ter problema aqui.

11. Frases de efeito


Citações de personalidades são bem-vindas durante uma apresentação, mas usar
“chavões” pode desestimular o público. Independentemente do tom do seu discurso,
você não precisa imitar um apresentador de programa de auditório, pedindo para o
público gritar ou repetir frases várias vezes.
Seja autêntico e peça que a plateia participe quando isso for relevante.

12. Use exemplos

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Pessoas se interessam por histórias, então, por que não atrair sua atenção usando
metáforas, exemplos e pequenas narrativas?
Além de gerar empatia, esse recurso facilita a compreensão da mensagem, pois,
agrega um aspecto prático à sua apresentação.

13. Desperte emoções nos seus ouvintes


Qualquer fala é capaz de despertar estados emocionais na audiência, e é inteligente
usar isso a seu favor durante o discurso.
Mantendo contato visual com algumas pessoas, você vai saber se estão interessadas
ou não, e poderá usar palavras, tom de voz e gestos para provocar diferentes reações.
Uma boa dica é focar na curiosidade a partir de elementos que façam parte da rotina
do público.

E para estabelecer um marco nesta discussão sobre comunicação, considere


estas dicas para todas as ações que envolvem comunicação, desta forma não terá
dificuldade, da palestra a preparação de uma cartilha, folder ou para estabelecer
práticas educativas com a Equipe, tudo é uma questão de estudo e preparo.
Fizemos um percurso razoável até aqui, tudo em nossa existência é assim, uma
construção gradativa de estudo, planejamento e cuidados.
Para finalizar nossa temática, vamos considerar o ponto circunstancial de toda
atuação profissional, “A Ética e a Enfermagem do Trabalho”.
A ética é uma constante no trabalho de qualquer profissional, o que facilita esta
discussão é que no caso da Enfermagem, os profissionais têm um código de ética
para se apoiar e dessa forma estabelecer um modo operandi.
O trabalho em si da enfermagem, pela sua própria natureza e características,
comumente comporta o enfrentamento de situações de sofrimento pelos clientes,
relacionadas às perdas, doença, frustração e morte, podendo constituir-se em fonte
de sofrimento aos trabalhadores que o executam. A situação dos clientes de
necessitarem do saber dos profissionais de saúde, comumente pode representar
sofrimento, dor, dentre outros sentimentos, reforçando o premente compromisso dos
profissionais de saúde, de respeito aos direitos dos clientes, da permanente
necessidade de reconhecimento da sua condição humana. Porém,
contraditoriamente, o trabalho da enfermagem pode ser percebido como
extremamente prazeroso, quando possível de ser realizado, na dependência dos
resultados obtidos e, também, por atender às necessidades que os trabalhadores da
enfermagem têm de se sentirem úteis e de quererem ajudar. Nesse sentido, parece
relevante destacar que "sentir-se útil" e "querer ajudar" podem constituir-se em

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condição necessária para atuar na área da saúde/enfermagem, porém, sem ser
suficiente.
Já a organização do trabalho na enfermagem e na saúde, entendida como "de
certo modo, a vontade do outro", pode constituir-se em fonte maior de sofrimento para
os trabalhadores de enfermagem, estando relacionada ao exercício de poder dos
múltiplos atores envolvidos nas instituições de saúde. Portanto, falar em poder
significa falar em exercício de poder, em poder numa concepção relacional, cuja
existência depende de uma multiplicidade de pontos de resistência. É relevante
destacar que uma relação de poder necessita ser entendida como uma ação não
sobre os outros, mas uma ação sobre a ação dos outros, sejam reais ou possíveis.
Assim, uma relação de poder não pretende a destruição do outro nem a sua anulação,
já que se fechariam todas as possibilidades relacionais, mas a sobrevivência do outro
como um sujeito de ação é fundamental para que a relação de poder se sustente e se
mantenha, possibilitando respostas, reações, construções.
Desse modo, consideramos que estratégias para uma atuação ética das
enfermeiras e demais profissionais da equipe de enfermagem, na organização do
trabalho nas instituições de saúde, apontam para a necessidade de exercício de poder
dessas profissionais, tanto na relação consigo, com os seus desejos, aspirações,
quanto na relação com os demais, clientes, profissionais de saúde, administradores
das instituições, dentre outros.
Podemos concluir que, a profissão de enfermagem e /ou técnico de
enfermagem anuncia-se para o século XXI com questões importantes a serem
debatidas e esclarecidas, não só porque tais questões afetam seu quotidiano
profissional como e principalmente porque dessas questões de ordem estratégicas
representam a reformulação da agenda política da corporação para consolidar
definitivamente o processo de profissionalização. O profissional da área não atua mais
como um coadjuvante e sim como um profissional imprescindível para a instituição.

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Endereços eletrônicos:
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https://portal.fiocruz.br/sites/portal.fiocruz.br/files/documentos/cartilha_assedio_moral
_fiocruz.pdf
• https://www.publico.pt/2016/11/06/sociedade/noticia/algumas-
estrategias-1750122

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