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A arte em tempos de crise

PROFESSORA CONSUELO HOLANDA


@CONSUELOHOLANDA
Crise.

O primeiro sentido oferecido pela etimologia grega (krisis)


corresponde à fase decisiva de uma doença. Mais geralmente, um
momento de desequilíbrio sensível. Quer se trate na história de uma
ciência do questionamento de noções ou princípios que parecem
bem estabelecidos (assim falou-se de uma “crise do determinismo”),
quer, nos campos psicológico ou moral, um indivíduo ou um grupo
constate que os valores admitidos precisam ser modificados, ou,
mais globalmente, o conjunto de uma cultura ou de uma civilização
questione sua história e seu futuro (evoca-se com frequência, sob
esse aspecto, uma “crise do Ocidente” no século XX).
De múltiplas maneiras se pode A arte moderna tem como principal
manifestar a crise e, do ponto de característica o rompimento com os
vista filosófico e sociológico, é padrões vigentes. Tal aspecto se dá
particularmente importante a principalmente por conta de seu
crise histórica, que se pode momento histórico.
traduzir em crise na vida Aconteceu em um período de grandes
espiritual de um povo, quando as conquistas tecnológicas (como o invento
formas de arte, literatura, da fotografia e do cinema), além da
filosofia, moralidade etc entram Revolução Industrial, a Primeira
em declínio, devido ao Guerra Mundial e posteriormente a
enfraquecimento das crenças em Segunda Guerra Mundial.
que repousam e despontam novas Assim, a arte também se transforma e
formas correspondentes a passa a exercer cada vez mais um papel
aspirações e necessidades que contestador, expressando de alguma
começam a fazer-se sentir. forma as incertezas e dilemas da
contemporaneidade.
 Características do Surrealismo:
 pensamento livre;
 expressividade espontânea;
 influência das teorias da psicanálise;
 criação de uma "realidade paralela";
 criação de cenas irreais;
 valorização do inconsciente.
A Criança Geopolítica Observa o Nascimento do Novo Homem – Salvador Dali - 1943
Crise. O primeiro sentido oferecido pela etimologia grega (krisis) corresponde à fase decisiva de uma doença.
Mais geralmente, um momento de desequilíbrio sensível. Quer se trate na história de uma ciência do
questionamento de noções ou princípios que parecem bem estabelecidos (assim falou-se de uma “crise do
determinismo”), quer, nos campos psicológico ou moral, um indivíduo ou um grupo constate que os valores
admitidos precisam ser modificados, ou, mais globalmente, o conjunto de uma cultura ou de uma civilização
questione sua história e seu futuro (evoca-se com frequência, sob esse aspecto, uma “crise do Ocidente” no
século XX).
Em Economia, pode ocorrer uma crise por insuficiência da produção ou, ao contrário, por superprodução
(crise de 1929). Marx admitia que o capitalismo seria por natureza gerador de crises que acabariam por lhe
ser fatais. Porém, a história recente também pode ser interpretada no sentido contrário: para o capitalismo, a
crise seria então “uma condição de sua possibilidade de funcionamento” (Lyotard). (2)
Crise. Do grego krisis, significa "juízo", como decisão final
sobre um processo e ainda, generalizando, decisão de um
acontecer num sentido ou noutro. Em medicina e em ciência
militar, crise exprime aquele momento de viragem, dificilmente
situável, em que tem lugar a decisão sobre a vida ou a morte,
sobre a vitória ou sobre a derrota. De um modo geral, crise
designa uma fase ou uma situação perigosa, da qual pode
resultar algo benéfico ou algo pernicioso para o indivíduo ou
para a comunidade que por ele passa um estado transitório de
incerteza e dificuldades, mas também cheio de possibilidades de
renovação. De múltiplas maneiras se pode manifestar a crise e,
do ponto de vista filosófico e sociológico, é particularmente
importante a crise histórica, que se pode traduzir em crise na
vida espiritual de um povo, quando as formas de arte, literatura,
filosofia, moralidade etc entram em declínio, devido ao
enfraquecimento das crenças em que repousam e despontam
novas formas correspondentes a aspirações e necessidades que
começam a fazer-se sentir.
A noção de crise encontra-se atualmente muito difundida nas linguagens filosófica e
sociológica e mesmo na linguagem comum. A sua origem parece remontar segundo alguns
estudiosos a Saint-Simon, que, em L'introduction aux travaux scientifiques du XIXe siècle
(1807), distingue entre épocas orgânicas e épocas críticas. As primeiras repousam num sistema
de crenças bem estabelecidas e desenvolvem-se de acordo com esse sistema. Acontece, porém,
que para além das variações particulares de crenças dentro do contexto da crença fundamental
organizadora de uma época orgânica, o progresso desta última leva à alteração dessa crença
central em que se apoia, determinando o início de uma época crítica. A Reforma, por exemplo,
e a nova ciência da natureza puseram em crise a época medieval, dando início à época
moderna, época preponderantemente crítica. Essa ideia de épocas orgânicas e épocas críticas
foi recolhida por Augusto Comte (o estado metafísico como estado crítico e não orgânico,
transição do estado teológico para o positivo) e por outros positivistas que admitem não ter
ainda a época moderna alcançado a organização definitiva em torno de um princípio extraído
da ciência positiva, mas encontrando-se inevitavelmente em vias de a alcançar.
A crise renascentista é a passagem da época medieval para a época moderna.
A ideia de época orgânica transforma-se, por vezes, um ideal, num mito, numa espécie de Idade
de Ouro, onde as incertezas, as tensões, as injustiças serão eliminadas numa utopia em que
inevitavelmente se crê venha a se transformar em eutopia e que podendo acompanhar a
diagnose da crise, origina as mais variadas ideologias. (3)
Crise. Falamos de "crise" em relação a sujeitos, a uma vida ou a uma forma de vida, a um
sistema ou uma "esfera" de ação. As crises decidem se uma coisa perdura ou não. O caso
paradigmático de crise é a crise de vida, na qual, se levada ao extremo, está se tratando de vida
ou morte. Em toda crise os envolvidos confrontam-se com a questão hamletiana: ser ou não ser.
(4)

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