Você está na página 1de 25

Texto dissertativo-argumentativo

Parágrafo de introdução
Notícia e reportagem
• Não possuem a obrigatoriedade de expor
alguma tese ou ponto de vista de maneira
imediata, apesar de conter uma ideia-núcleo.
Apaporu em trânsito
O homem que se fez antropófago
Felipe Fortuna

Foi numa tarde de quarta-feira que o Abaporu decolou


do Aeroporto de Ezeiza, em Buenos Aires, rumo a Brasília.
Era a terceira vez que deixava a Argentina, agora a pedido
do governo brasileiro. Símbolo maior da Antropofagia, a
corrente estética do modernismo teorizada por Oswald de
Andrade, o quadro de Tarsila do Amaral faz parte do
acervo do Museu de Arte Latino-americana de Buenos
Aires, o Malba. Quem o comprou, em 1995, foi o
empresário argentino Eduardo Costantini, por 1,5 milhão
de dólares – uma bagatela, se for considerada uma oferta
recente, recusada, de 40 milhões de dólares.
Introdução dissertativa
• Espécie de trailler cinematográfico: apresenta
recortes concatenados e convidativos sobre o
tema e sobre possível posicionamento /
debate ou direcionamento oferecido em
relação ao assunto.
Análise de introdução de reportagem

MARCADORES DE
INFORMALIDADE/ORALIDADE
Você tem cinco minutos?
Acredite, é o que basta para aprender a se livrar dessa doença moderna: a falta de
tempo (por Rodrigo Vergara)

Em primeiro lugar, obrigado. Se você está lendo esta reportagem, é


porque me emprestou cinco minutos do seu tempo. É uma honra. Eu
sei, a reportagem tem oito páginas, parece durar mais que isso, mas,
acredite, dá para falar o essencial em cinco minutos. Mas espere! Não
comece a contar ainda. Se eu só disponho de cinco minutos da sua
atenção, quero ela toda para mim. Para me certificar de que você vai
estar todo ouvidos, peço que tire o relógio, por favor. Sim, senão você
vai olhar para ele o tempo todo. Prometo que quando der cinco
minutos eu aviso. Se não é pedir demais, tire também o telefone do
gancho, desligue o computador e a TV, peça às crianças que brinquem
para lá e avise a quem estiver por perto para não o solicitar nem
incomodar. Se puder ir a um local próximo onde ninguém atrapalhe,
melhor. Vamos lá, são só cinco minutos. Olha, para facilitar, eu abro um
parágrafo. Prepare isso tudo que eu disse e nos encontramos na
Doença do nosso tempo
Mariana Sgarioni

Você deve estar pensando: gente teimosa


e turrona existe desde que o mundo é mundo.
Por que só agora se percebeu que isso é um
transtorno de personalidade que deve ser
tratado? Porque a vida nunca foi tão difícil
para os perfeccionistas.
Jargões, frases feitas, ditos populares, clichês e outros elementos
intertextuais considerados senso comum.

A INTRODUÇÃO NO ARTIGO DE
OPINIÃO
Com que livro eu vou?
Tony Belloto
Esqueçam o cachorro. O livro é o melhor amigo do
homem. Costumo levar livros comigo para tudo quanto é
canto. O segredo é encontrar o livro certo para cada
ocasião. Nesse sentido os livros são como roupas, há que
existir uma adequação entre o livro e a situação em que
será usado. Em consultórios médicos, recomenda-se uma
leitura ligeira – tanto no sentido de conteúdo como no
de tamanho mesmo -, e a definição engloba desde um
Nero Wolfe básico ou uma das histórias do rabino David
Small, até livros de poesia, como O ex-estranho, do Paulo
Leminski, ou os poemas eróticos de John Donne.
*
PARÁGRAFO PADRÃO
• “Em geral, o parágrafo-padrão, aquele de estrutura mais
comum e mais eficaz, – o que justifica seja ensinado aos
principiantes – consta, sobretudo na dissertação e na
descrição, de duas e, ocasionalmente, de três partes: a
introdução, representada na maioria dos casos por um ou
dois períodos curtos iniciais, em que se expressa de
maneira sumária e sucinta a ideia-núcleo (é o que
passaremos a chamar daqui por diante de tópico frasal ou
frase-núcleo); o desenvolvimento, isto é, a explanação
dessa ideia-núcleo; e a conclusão, mais rara, mormente
nos parágrafos pouco extensos ou naqueles em que a
ideia central não apresenta maior complexidade.”
(Othon Garcia. Comunicação em prosa moderna. RJ: FGV,
1988, p.206)
ESTRUTURA DO PARÁGRAFO-PADRÃO

- tópico frasal ou frase-núcleo: contém a


síntese da ideia central de todo o parágrafo.

- frases de desenvolvimento: são utilizadas


para comentar, exemplificar, desenvolver,
ampliar o tópico frasal.

- frases de conclusão: são utilizadas para


fechar o parágrafo, arrematando a ideia.
A IMPORTÂNCIA DO TÓPICO FRASAL
O tópico frasal é de suma importância tanto para quem
escreve quanto para quem lê o parágrafo.

• Para quem escreve, é importante para não “se perca”


ao escrever, pois terá aquela ideia como base do
parágrafo, evitando assim um aglomerado de ideias
soltas. O tópico frasal será o seu “norte”.

• Para o leitor, é importante porque, ao iniciar a leitura


do parágrafo tópico frasal, ele já sabe que ideia irá
encontrar ao longo do parágrafo.
EXEMPLOS DE PARÁGRAFOS PADRÃO
“Viver é mesmo uma ginástica. O coração se contorce
para bombear o sangue que, por sua vez, corre o corpo
inteiro. A respiração estica e encolhe os pulmões. O aparelho
digestivo se dobra e desdobra com o alimento. Tudo na vida
animal é movimento - músculos que se contraem, músculos
que se estendem. Graças a cerca de 650 músculos o homem
pode, além de viver, ficar em pé, andar, dançar, falar, piscar
os olhos, cair na gargalhada, prorromper em lágrimas,
expressar no rosto suas emoções, escrever e ler este texto.
Portanto, o desempenho da musculatura é muito mais forte
que mera força bruta.” (Revista Superinteressante, n.2, 1988)
Todos sabem que a cada dia se torna mais difícil
trafegar pelas ruas da capital amazonense. Com a
facilidade que existe hoje para se adquirir um automóvel,
o número de veículos em circulação vem crescendo em
larga escala. Só que a cidade não foi preparada para essa
nova realidade. Cresceu rápida e desordenadamente nas
últimas décadas, sem ruas e bairros planejados para a
grande demanda de carros. Isso, somado à falta de
preparo de motoristas e pedestres, resultou no trânsito
confuso e estressante de hoje. (Carlos Guedelha)
Quatro funções básicas têm sido atribuídas aos
meios de comunicação: informar, divertir, persuadir e
ensinar. A primeira diz respeito à difusão de notícias,
relatos e comentários sobre a realidade. A segunda
atende à procura de distração, de evasão, de
divertimento por parte do público. A terceira procura
persuadir o indivíduo, convencê-lo a adquirir certo
produto. A quarta é realizada de modo intencional ou
não, por meio de material que contribui para a formação
do indivíduo ou para ampliar seu acervo de
conhecimentos. (Samuel P. Netto)
O Brasil tem 31 milhões de crianças, destas,
apenas três milhões terminarão o curso
secundário. É uma forma de abandono disfarçado,
mesmo daquelas que não dormem na rua. Um
programa educacional para todas essas crianças
não se fará pela lógica do crescimento econômico,
mas sim usando um crescimento econômico que
seja subordinado e compatível com a educação.
(Cristovan Buarque, Humanidades, n. 1, 1992. pp.
10-12)
A globalização é o estágio supremo da
internacionalização. O processo de intercâmbio entre
países, que marcou o desenvolvimento do capitalismo
desde o período mercantil dos séculos XVII e XVIII,
expande-se com a industrialização, ganha novas bases
com a grande indústria nos fins do século XIX e, agora,
adquire mais intensidade, mais amplitude e novas
feições. O mundo inteiro torna-se envolvido em todo
tipo de trocas: técnicas, comerciais, financeiras,
culturais. (Milton Santos, Folha de S. Paulo, 5 abr. 1996)
IDENTIFICAÇÃO DOS ELEMENTOS
CONSTITUINTES DE UM PARÁGRAFO
Observe:
a) A relação do título com alguma palavra ou ideia núcleo
do parágrafo inicial;
b) O percurso – ainda que não sistematizado ou
compulsório – das etapas internas de introdução,
desenvolvimento e conclusão do parágrafo;
c) Os marcadores de formalidade e informalidade e os
efeitos semânticos que eles produzem em relação ao
assunto e ao modo estilístico de abordá-lo;
d) Os elementos implícitos/ explícitos que o tópico frasal
indicará e os efeitos de sentido produzidos.
Sertão de contrastes
Zirlene Lemos
Quando o assunto é o sertão e o sertanejo,
emergem as ideias de escassez, rusticidade, atraso,
miséria. Essa visão, ainda que dotada de sentido,
não expressa a complexidade de uma região como
o Vale de Jequitinhonha. Outros modos de olhar
para esse lugar e sua gente serão mostrados no
seminário Visões do Vale 5 – Jequitinhonha:
desenvolvimento e sustentabilidade, que será
realizado nesta quarta e quinta-feira, 9 e 10 de
junho, na UFMG.
Bastidores dos filmes "Harry Potter" serão
abertos aos fãs
Julie Jammot
O sonho se tornará realidade na primavera
para os fãs de Harry Potter: o de visitar os
bastidores dos oito filmes do herói, percorrer
seus passos, descobrir o ministério da magia e
a cabana do gigante Hagrid, entender como o
jovem bruxo voa... Tudo isso nas proximidades
de Londres.
Vida de índio: prós e contras
Roberto Pompeu de Toledo
É bom ser índio? Índio está na moda, daí a pergunta: é bom
ser índio? Há vantagens. Vive-se livre da tensão da vida
chamada civilizada. Entre os índios ninguém se aflige por causa
da "carreira". Nem os jovens nem os velhos se preocupam com
o mercado de trabalho. Não há desemprego. Também não há
vestibular. Os pais não se angustiam com a educação dos
filhos. Devo ou não castigá-lo? Até que horas deixá-lo assistir à
televisão? Como lhe falar de sexo? Como mantê-lo longe das
drogas? Os pais índios não se põem tais questões. Não
precisam consultar psicólogas. Haverá conforto maior, para um
pai, ou mãe, do que viver num ambiente onde se está
dispensado de consultar psicólogos?
Turista enfrenta 'via-crúcis' e abandono na capital do Maranhão
Carolina Costa

Viajar para a cidade de São Luís é exercício


de devoção. A capital do Maranhão, que
recebe cerca de 2 milhões de turistas
anualmente, maltrata aquele que se aventura
por suas calçadas históricas.
A força do pilates
Rachel Costa
No mundo do fitness, a explosão de novas modalidades é uma constante. Mas,
normalmente, com a mesma velocidade com que surgem, elas desaparecem após
poucos meses. Quando resistem, tornam-se aqueles fenômenos que mudam a história
da malhação e a maneira como enxergamos a atividade física. Foi assim com o
surgimento da aeróbica, com a expansão da musculação e assim está sendo com o
Pilates. Criado pelo alemão Joseph Pilates durante a Primeira Guerra Mundial (1914-
1918), o método rapidamente caiu no gosto dos bailarinos, que o usavam como
complemento ao treino. Mas foi só a partir da década de 90 que se popularizou,
atraindo milhares de adeptos em todo o mundo e tornando-se a maior revolução do
fitness dos últimos anos. Só nos Estados Unidos, primeiro país a receber um estúdio com
aulas da modalidade (ministradas pelo próprio Pilates em Nova York), estima-se que
cerca de dez milhões de pessoas o pratiquem. No Brasil, não há dados precisos, mas o
crescimento pode ser observado pela grande quantidade de estúdios e de pessoas que
se confessam fãs do Pilates. “A rápida percepção dos resultados incentiva cada vez mais
gente a aderir à técnica”, analisa a fisioterapeuta Solaine Perini, presidente da
Associação Brasileira de Pilates. “Isso faz dele o método de condicionamento físico que
mais ganha adeptos no mundo.”

Você também pode gostar