Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Obras:
• Lieu sacré, lieu d’images, les fresques de Bominacco (1991)
• Les justices de l’Au-delà, les représentations de l’enfer en
France et en Italie, XIIe-XVe siècles (1993)
• Le sein du père. Abraham et la paternité dans l’Occident
médiéval (2000)
Instalação de novos povos e fragmentação do Ocidente
Invasões bárbaras?
Conotação negativa dos termos “invasão” e “bárbaros”
Instalação dos povos germânicos deve ser imaginada sobretudo como uma infiltração lenta, durante
vários séculos, como uma imigração progressiva
Mesmo após a instalação dos povos germânicos, o Ocidente alto-medieval continua a ser marcado
pela instabilidade de povoamento e pela presença dos recém-chegados
A fusão romano-germânica
Efeitos da fragmentação da unidade romana e da instauração dos reinos germânicos
Desabamento do sistema fiscal romano (séc. VI) – fator que favoreceu a conquista pelos povos
germânicos
Séc. VI – declínio maciço de todos os setores do artesanato (exceto da metalurgia) e o fim das ilhas
de prosperidade econômica que tinham sido preservadas até então
Declínio das cidades – mas nunca deixaram de existir completamente/ principais atores políticos no
nível local nos séculos V e VI/ autonomia das elites urbanas e desenvolvimento da função episcopal
Ruralização – difusão lenta de certas inovações técnicas e leve expansão das superfícies cultivadas
Desaparecimento da escravidão
Transformações da estruturas sociais rurais
Mundo romano – essencial da produção agrícola assegurado no quadro do grande domínio escravista
Entre o fim Antiguidade tardia e o fim da Alta Idade Média – desaparecimento da escravidão
produtiva (permanência da escravidão doméstica)
Diminuição da separação entre livre e não-livres – reconhecimento dos escravos como cristãos
(mudança da percepção religiosa dos escravos e amenização da sua exclusão da sociedade humana)
Processo de vinculação - formação do grande domínio (reserva e manso) – assegura o poderio dos
grupos dominantes (aristocracia e Igreja)
Pierre Bonnassie – “a extinção do regime escravagista é uma longa história que se estende por toda
a Alta Idade Média”
Séculos IX e X – manifesta os últimos esforços para salvar um sistema que se tornara insustentável
Liberação dos escravos (manumissio) – passam a engrossa o pequeno campesinato livre, mas a
liberação nem sempre se dá sem restrições (manumissio cum obsequio – prevê uma ressalva de
obediência e a obrigação de prestar serviços ao senhor)
Vinculação (chasement) dos escravos – por vezes acompanhada de manumissio (não modifica
formalmente a condição jurídica do beneficiário)
Se multiplicam as situações intermediárias que tornam fluida a delimitação anterior entre livres e
não-livres – prefiguram a consolidação da categoria medieval de servidão
Novo sistema cuja forma estabilizada será claramente perceptível a partir do século XI
Conversão ao cristianismo e enraizamento da Igreja
Conversão dos reis germânicos
Poderio dos bispos e florescimento do movimento monástico
Bispos – pilares da Igreja no Ocidente cristão dos séculos V a VIII
Captam em seu benefício o que subsiste das estruturas urbanas romanas – crescimento de prestígio
e aristocratização da Igreja
Santos – cuja vida exemplar e a perfeição heroica transformam os restos corporais em um depósito
de sacralidade (canal privilegiado de comunicação com a divindade e garantia de proteção celeste)
Cada diocese tem o seu santo padroeiro – o renome do santo confere o prestígio da sede episcopal
Relíquias – bem mais preciosos que se pode possuir sobre a terra e os instrumentos indispensáveis
de contato com o mundo celeste
Não existe uma estruturação hierarquizada da Igreja ocidental – nos séculos V e VI o bispo de Roma
tem os olhos voltados principalmente para o Império do Oriente
Gregório, o Grande (papa de 590 a 604) - obra teológica e moral que dá a medida da afirmação da
instituição eclesial de seu tempo (objetivo fundamental para a sociedade cristã: a salvação de almas)
Peter Brown – distância cada vez maior entre clérigos e laicos e da posição dominante reivindicada
por um clero que pretende guiar a sociedade e enunciar as normas que convêm ao “governo das
almas”
Movimento monástico – tem seu início durante os séculos da Alta Idade Média
Século V – Ocidente
Século VI – as fundações monásticas se multiplicam assumidas com frequência pelos bispos ou, por
vezes, a título privado
Ao lado da rede urbana dos bispos, existe agora uma plantação rural de fundações monásticas
Contragolpe da formação de uma sociedade que se quer inteiramente cristã, mas se admite
necessariamente imperfeita
Refúgio de um ideal ascético em meio a um mundo que a teologia moral de Agostinho e de Gregório
entrega à onipresença do pecado
Instrumento de aprofundamento da cristianização do espaço ocidental e da penetração da Igreja no
campo
A luta contra o paganismo
Por volta de 500, o cristianismo é ainda essencialmente uma religião das cidades
É nesse momento que a palavra “pagão” recebe o significado cristão que conhecemos até hoje
Para os cristãos, os deuses antigos existem, mas são demônios, que é preciso caçar
Expulsão dos demônios – encontra-se no centro de toda narrativa de propagação da fé cristã contra o
paganismo
Dificuldades no combate contra o paganismo – sacralidade difusa do mundo natural que os pagãos
percebem como impregnado de forças sobrenaturais
Desvio – busca pontos de contato que permitem que o cristianismo recubra o paganismo de um
modo menos brutal
Importância do culto aos santos – permite a cristianização de numerosas crenças e ritos pagãos
(conferência de uma sacralidade legítima)
Carlos Magno (768-814) – política de conquista militar, consegue reunificar uma parte considerável
do antigo Império do Ocidente
Construção de uma ponte com esse novo poder e distanciamento do imperador de Constantinopla
Ruptura de uma das últimas pontes entre o Oriente e o Ocidente – distanciamento progressivo até o
cisma de 1054 entre as Igrejas católica e ortodoxa
Emergência do papado como verdadeiro poder
Aliança entre o Império e a Igreja que assegura, através de uma troca equilibrada de serviços e
apoios, o desenvolvimento conjunto de um e de outro
Autonomia judiciária e fiscal para as terras da Igreja, subtraindo-as da intervenção do poder real ou
imperial (779 – dízimo)
Esboço de traços da instituição eclesial dos séculos posteriores e de muitas das regras pelas quais a
Igreja pretende ordenar a sociedade cristã
Imagem de uma administração bem organizada e centralizada é ilusória
Controle dos territórios – repousa sobre os laços de fidelidade pessoal, solenizados por um
juramento ou pela recomendação vassálica entre o imperador e os aristocratas encarregados das
províncias
Ler e difundir os textos fundamentais do cristianismo – dispor exemplares mais numerosos e mais
confiáveis de livros essenciais (Sagradas Escrituras, mas também os manuscritos litúrgicos
indispensáveis à celebração do culto, bem como os clássicos da literatura cristã)
Dois instrumentos necessários: uma escrita de melhor qualidade (generalizam o uso da “minúscula
carolíngia”) e hábito de separar as palavras uma das outras, assim como as frases (sistema de
pontuação)
Bilinguismo que marca toda a Idade Média – de um lado, as línguas vernáculas faladas localmente
pela população e, de outro lado, uma língua erudita, aquela do texto sagrado e da Igreja, tornada
incompreensível para o comum dos fiéis
Dualidade linguística – aprofunda o fosso entre os clérigos e os laicos e assegura uma unidade
marcante à Igreja ocidental
Reforma litúrgica – grande diversidade de tradições litúrgicas; projeto de disseminação da liturgia de
Roma para o Império
Aliança entre Aix e Roma, servido aos interesses conjuntos dos dois poderes e manifestando o novo
papel e o prestígio conferido ao papa no Ocidente
Renascimento artístico – inseparável de uma visão de ordem social sob condução do poder eclesial e
imperial (vontade de fazer reviver a Antiguidade, época de esplendor do Império)
Perceber o episódio carolíngio como sendo, ao mesmo tempo, o resultado das transformações dos
séculos da Alta Idade Média e uma primeira síntese que prepara o despontar dos séculos posteriores
da Idade Média
Afirmação da Igreja
Por meio da aliança com o Império dos francos, a Igreja consolida sua organização e lança as bases
de sua posição dominante no seio da sociedade