Você está na página 1de 133

Centro de Pesquisa e Formação – SESC-SP, São Paulo, 12 de Dezembro de 2012

HC SVNT DRACONES
Cidades e Complex(c)idades
SENTIDOS TERRITORIAIS E A NECESSIDADE DE
UMA CARTOGRAFIA DO INVISÍVEL

Antonio Miguel V. Monteiro, INPE


Flávia da Fonseca Feitosa, INPE
{miguel, flavia@dpi.inpe.br}
“Nenhum homem é uma ilha isolada.”

Frase extraída de Meditação XVII que é parte do Poema Devoção XVII do poeta
inglês John Donne em seu livro Devotions upon Emergent Occasions de 1624.
A Construção destas Reflexões
Espaciais e a materialização delas em
ambientes computacionais é resultado
de contatos com um Coletivo (na falta
de melhor palavra!) ao longo do tempo.

Nem sempre constante e nunca completo


mas sempre, SEMPRE,
SEMPRE inspirador.
Ecóloga
Computeiro

Matemática
Ecóloga

Arquiteta&Urbanista Geógrafa

Arquiteta&Urbanista

MPOG

Bióloga

Economista/Demógrafo Geógrafa Computação


Eng. Cartógrafo Bióloga

Computação Engenheira

Computeiro -UFOP
Geógrafo

Núcleo FGV
Bióloga Geógrafa
Computeiro

Bióloga
Dsc00 655.j pg

Engenheiro/
Médico Computeiro
Engenheiro/ Veterinário Computeiro
Computeiro
Giovanna Mira de Espindola Computeiro
Núcleo Bióloga

Aldaiza Sposati
PUC-SP

Eng. Cartógrafa
Assistente Social Computeiro
Dirce Koga
Unicsul-SP Bióloga
Fisico

Tathiane Anazawa
Assitente Social

Fred Ramos
FGV

Computeiro

Arquiteto&Urbanista
Bacharel em Urbanista
Ciências Aquáticas Oceanólogo
Quem vai a Olinda com uma lente de
  “

aumento e procura com atenção pode


encontrar em algum lugar um ponto
não maior do que a cabeça de um
alfinete que um pouco ampliado mostra
em seu interior telhados antenas
clarabóias jardins tanques, faixas
através das ruas, quiosques nas praças,
pistas para as corridas de cavalos.
  Aquele ponto não permanece
 
imóvel:
imóvel depois de um ano, já está
grande como um limão; depois, como
um cogumelo; depois, como um prato
de sopa. E eis que se torna uma
cidade de tamanho natural,
natural contida na
primeira cidade:
cidade uma nova cidade que
abre espaço em meio à primeira
cidade e impele-a para fora.”
Italo Calvino (1923, 1985)

Escritor, Jornalista, Ativista, Cubano/Italiano, Santiago de Las Vegas/Siena


Italo Calvino,
1ª Publicação, Itália, 1972,
La Città Invisibili

Diagrama, de Evandro Ziggiatti Monteiro, acessado em 5 de Abr. De 2009,


http://www.vitruvius.com.br/resenhas/textos/resenha229.asp
As Cidades Invisíveis

"Se meu livro As cidades


invisíveis continua sendo para mim
aquele em que penso haver dito mais
coisas, será talvez porque tenha
conseguido concentrar em um único
símbolo todas as minhas reflexões,
experiências e conjeturas."
As Cidades Invisíveis
As Cidades Invisíveis

Assim se refere o próprio Italo Calvino


a este livro surpreendente, em que a
cidade deixa de ser um conceito
geográfico para se tornar o símbolo
complexo e inesgotável da existência
humana.
Foto: São José dos Campos, 8 de Fevereiro de 2011, 7:05. Leonardo Bins
Paraisopólis - SP
As Cidades Invisíveis ??

Tuca Vieira
HC SVNT DRACONES
Usada na cartografia medieval para designar territórios desconhecidos ou perigosos.
Aparece no Globo de Hunt-Lenox, ~1510, NY Library.
Como Reposicionar o Papel da
Cartografia Urbana?
Duas Visões , Duas Possibilidades, Uma
Necessidade e Muitos e Imensos Desafios.
Visão 1:
A Batalha dos Mapas

…Um aspecto decisivo do processo


modernizador foi portanto a prolongada
guerra travada em nome da reorganização
do espaço.
espaço O que estava em jogo na
principal batalha desta guerra era o direito
de controlar o ofício de cartógrafo
\

BAUMAN, Zygmunt. Globalização: As Consequências, Humanas, 34:39, ZAHAR, 1999.


Guerras Espaciais: Informe de Carreira
Visão 2:
Repensando o Cartógrafo e seu Ofício

“Sendo tarefa do cartógrafo dar língua para afetos


que pedem passagem, dele se espera basicamente
que esteja mergulhado nas intensidades de seu
tempo e que, atento às linguagens que encontra,
devore as que lhe parecerem elementos possíveis
para a composição das cartografias que se fazem
necessárias.”

O cartógrafo é antes de tudo um antropófago.


ROLNIK, Suely. Cartografia Sentimental, Transformações contemporâneas do desejo , Editora Estação Liberdade, São
Paulo, 1989
Possibilidade 1:
Eventos de Mobilidade, Zonas de Turbulência como Campos de Forças

“Seguir as mobilidades urbanas não é,


portanto, a mesma coisa que fazer a
cartografia física dos deslocamentos
demográficos. Não é tão simplesmente
fazer o traçado linear de seus
percursos (pontos de partida, pontos de chegada).”

TELLES, Vera da Silva. Trajetórias urbanas: fios de uma descrição da cidade.


cidade In Vera da Silva TELLES, e
Robert CABANES (orgs.). Nas tramas da cidade: trajetórias urbanas e seus territórios.
territórios São Paulo: Humanitas, 2006.
“Espaço e tempo são imbricados em cada
evento de mobilidade, de tal modo que
mais importante do que identificar os
pontos de partida e os de chegada, são
esses eventos que precisam ser
interrogados: pontos críticos, pontos de
inflexão, de mudança e também de
entrecruzamento com outras histórias –

TELLES, Vera da Silva. Trajetórias urbanas: fios de uma descrição da cidade.


cidade In Vera da Silva TELLES, e
Robert CABANES (orgs.). Nas tramas da cidade: trajetórias urbanas e seus territórios.
territórios São Paulo: Humanitas, 2006.
– “zonas de turbulência” em torno das
quais são redefinidas (deslocamentos,
bifurcações) práticas sociais, agenciamentos
cotidianos, destinações coletivas. E são
esses eventos que nos dão a cifra para
apreender os campos de forças operantes
no mundo urbano: a trama das relações,
de práticas, conflitos e tensões, enfim, a
pulsação da vida urbana.”

TELLES, Vera da Silva. Trajetórias urbanas: fios de uma descrição da cidade.


cidade In Vera da Silva TELLES, e
Robert CABANES (orgs.). Nas tramas da cidade: trajetórias urbanas e seus territórios.
territórios São Paulo: Humanitas, 2006.
São capazes de estabelecer, o
que Vera Telles chama de
Regimes de Visibilidade
Possibilidade 2:
Compartilhar experiências partilhando espaços

“Como disse muito bem Hans


Gadamer – em Verdade e Método -, a
compreensão recíproca é obtida
com uma “fusão de horizontes”;
horizontes cognitivos que são
traçados e ampliados acumulando-se
experiências de vida.”
\
“A Fusão que uma compreensão
recíproca exige só poderá resultar
de uma experiência compartilhada, e
certamente não se pode pensar em
compartilhar uma experiência sem
partilhar um espaço.” \

 
BAUMAN, Zygmunt. Confiança e Medo nas Cidades, Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2009.
Uma Possível Síntese... (?)
Todos vivemos com vários mapas,
mapas
Dos quais dificilmente podemos nos
desprender

Slides de Luisa Iñiguez Rojas.


Centro de Estudios de Salud y Bienestar Humanos. Universidad de La Habana.
Cuba
Uma Necessidade

Restabelecer o direito de cartografar,


cartografar
como possibilidade observação
independente das intervenções que
reorganizam e (re)configuram o espaço das
cidades que vivemos.
Nossa Vocação:
Um Projeto Representacional 1

Qual(is) a(s) Natureza (s) do Espaço e como melhor


Representá-lo em meio computacional, no
contexto do(s) Processo(s) em Observação?

1
CÂMARA, G. ; MONTEIRO, Antônio Miguel ; MEDEIROS, José Simeão de . Representações
Computacionais do Espaço: Fundamentos Epistemológicos da Ciência Da Geoinformação.
Geoinformação Geografia (Rio
Claro), Rio Claro, Brasil, v. 28, n.1, p. 83-96, 2003.
Nosso Desafio
Inovar os Instrumentos para ...

Cartografar os Territórios Invisíveis ao


simples olhar. Reincorporar processos
às cartografias do lugar.
lugar
Processo de Representação Computacional
Las
LasMeninas,
Meninas Diego
(infanta
(Conjunto)
Velásquez,
Margarita
Pablo Picasso,
1656
Maria)
– Museu
1957
Pablo–do
Picasso,
Museu
Prado,Picasso,
1957
Madri
– Museu
Barcelona
Picasso, Barcelona

A Questão da Representação
Jorge Luis Borges
(Buenos Aires, 24 de Agosto de 1899 — Genebra, 14 de Junho de 1986 )

Escritor, Ensaísta, Tradutor,Professor, Intelectual, Argentino, Universal


Borges e a Cartografia
Jorge Luis Borges¹,
em História Universal da Infâmia, Porto Alegre, Globo, 1978
Fragmento selecionado de Do Rigor na Ciência

“... Naquele Império, a Arte da


Cartografia atingiu uma tal
perfeição que o mapa duma só
Província ocupava toda uma
Cidade, e o mapa do Império, toda
¹ 1ª publicação em março de 1946 em Los Anales de Buenos Aires, año 1, no. 3, com Adolfo Bioy

uma Província.
Casares onde o texto era creditado a "Suarez Miranda, Viajes de varones prudentes, Libro IV, Cap. XLV,
Lerida, 1658“
Com o tempo, esses Mapas
Desmedidos não satisfizeram e os
Colégios de Cartógrafos
levantaram um Mapa do Império
que tinha o tamanho do Império e
coincidia ponto por ponto com ele.
Menos Apegadas ao Estudo da
Cartografia, as Gerações Seguintes
entenderam que esse extenso
Mapa era Inútil e não sem
Impiedade o entregaram às
inclemências do Sol e dos
Nosso Caminho:
Experimentos com Territórios Digitais

Inovação Metodológica:
Estratégias Mediadoras
Uma mais que Breve
Revisão para
Representação
Computacional de Dados
Territorializados…
GeoDado: Posicional
Dado Espacial  Geometria

O que diferencia um Dado de um


Dado Espacial ?

LOCALIZAÇÃO !
Processo [1]: Geocodificação
Homicídios Dolosos, segundo local de residência da vítima
Município de São Paulo

1996 1997

1998 1999 2000 2001 2002

Marcelo Nery, DPI/INPE – FAPESP, 2005 Fonte: PRO_AIM


GeoInformação: Relacional
Geometria  Arranjo Espacial

O Espaço como Categoria Analítica

Relacionamentos Espaciais
observados entre os GeoDados.
Período Endêmico Processo [2]: Análise

Slides, Izabel Reis – INPE, 2009


Período Epidêmico

Slides, Izabel Reis – INPE, 2009


Relacionamentos Espaciais
Dependência espacial
Concentrações
Persistências
Áreas de influência
Transições (Dinâmica)
Redes
Estes relacionamentos podem ter uma
expressão quantitativa através do
estudo e caracterização das suas
formas, estruturas e funções a partir
de suas distribuições no espaço e no
tempo.
Etnografia do ‘Fazer Musical’ 1

1
Giovanni Cirino. Música Brasileira Instrumental em São Paulo: Um
Estudo Etnográfico do ‘Fazer Musical’. In. Narrativas Musicais. Di-ssertação
Mestrado. Departamento de Antropologia Social, USP, 2005.
2005
Visitando Exemplos

Experimentando com
Territórios Digitais
Fase 1: Primeiros Passos...
Mapa de Inclusão/Exclusão Social de São José dos Campos
SP, 1995-1996 – O MAPA 1

Mapa de Exclusão/Inclusão Social de São Paulo.


Aldaiza Sposati (Coord.) São Paulo, EDUC, 1996 .

A Cidade que a gente não vê.


MAS COMO MEDIR AS DIFERENÇAS ?
OBSERVANDO OS “PEDAÇOS DA CIDADE”
(SETORES CENSITÁRIOS)

CADA SETOR
CONTA A
HISTÓRIA
DAS
FAMÍLIAS EM
SUAS
CASAS!!

(+/- 300 FAMÍLIAS)


SANTANA

VILA RÓDIA
LIMOEIRO

CHÁCARAS REUNIDAS
CENTRO DA CIDADE

JARDIM
ESPLANADA

Shopping Colinas

COLINAS
VILA
CORINTIANS

VILA NOVA
TATETUBA
PRIMEIRO A GENTE INVENTA UMA RÉGUA
PARA MEDIR AS DIFERENÇAS
(-1 a +1)
-1 0 +1

QUEM TEM MENOS QUEM TEM MAIS

AGORA A GENTE PODE


DAR UM VALOR PARA
CADA SETOR – INDICES
LOCAIS
MAS COMO “VER” AS DIFERENÇAS ?
ESTAS HISTÓRIAS TRANSFORMAM-SE
EM NÚMEROS E A GENTE PINTA
ESSES NÚMEROS NOS MAPINHAS
PARA QUE POSSAMOS “VER” AS
DIFERENÇAS
ONDE ESTÃO AS DIFERENÇAS ???
RENDA

-1

0.00

0.00

+1
ONDE ESTÃO AS DIFERENÇAS ???
EDUCAÇÃO = ANOS DE ESTUDO

-1

0.00

0.00

+1
MAPINHA SÍNTESE

-1

0.00

0.00

+1
ENTÃO SURGIU MAIS
UMA PERGUNTA
???
SERÁ QUE EXISTIA ALGUMA COISA
QUE ERA MAIS IMPORTANTE QUE
TODAS AS OUTRAS ???

EXISTIA !!!
Entre 1991-2000,em SJC,
(datas dos censos demográficos)
o que construiu as desigualdades de
oportunidades foi a
EDUCAÇÃO !!!
OS ANOS DE ESTUDO FAZIAM AS PESSOAS
CAMINHAREM NA RÉGUA ...

+1

MENOS ANOS
DE ESTUDO
0 MAIS ANOS
DE ESTUDO

-1
QUANDO UMA PESSOA NÃO CONSEGUIA SE
MOVER NESTA RÉGUA
ELA ENTRAVA EM UMA “ARMADILHA” DE
ONDE NÃO CONSEGUIA SAIR ...

ENTÃO AS PESSOAS
FICAVAM SEM
OPORTUNIDADES
E AS DESIGUALDADES
AUMENTAVAM
TORNANDO-AS MENOS
CONECTADAS E MAIS
-1 DESIGUAIS UMAS DAS
OUTRAS !!!
Uma Família do Morro do Regaço, SJC, em 2002
Mas Qual o Problema com Índices e
Indicadores, principalmente os
Indicadores Síntese ??
Índices e Indicadores
Mas isso significa dizer que, a rigor, os
indicadores não medem a realidade, algo
que estaria lá pronto para ser descrito:
participam da construção social da
realidade.

Vera Telles [1]

[1] Medindo coisas, produzindo fatos, construindo realidades sociais. Seminário Internacional sobre
Indicadores Sociais para Inclusão Social ,15 e 16 de maio de 2003, PUC-SP . Mesa: Indicadores sociais entre a
objetividade e a subjetividade (16/05/2003)
A Maldição dos Indicadores Síntese !
Fase 2: Novos Passos

Em Busca da Topografia Social para o Estudo das


Desigualdades Socioterritoriais Urbanas

Incorporar às Medidas os Efeitos de


Vizinhança
Medidas da Segregação
Medidas de segregação tradicionais são
não-espaciais e globais

Incapazes de considerar o
arranjo espacial das Expressa o grau de segregação da
cidades cidade como um todo,
desconsiderando suas variações
dentro da cidade (bairros, vilas,
etc)
Medidas
Medidas
Espaciais
da Segregação
da Segregação
Incapazes de distinguir os diferentes arranjos das
pessoas em seus lugares de moradia nos territórios das
cidades
Medidas Globais & Locais

Caracterizam a segregação da
cidade como um todo. É um
número. Caracterizam o grau de
segregação dos ‘pedaços da
cidade’. Com elas podemos ver a
situação de cada pedaço e de seus
vizinhos.
Diferentes dimensões da Segregação
Dispersão

Isolamento Exposição

Agrupamento
Visitando a RMSP
Região Metropolitana de São Paulo

Slides de Fred Ramos, CEDEST-INPE


EXPOSIÇÃO E FORMA URBANA
MORUMBI / PARAISÓPOLIS
ISOLAMENTO (POBREZA) E FORMA URBANA
JARDIM PARANÁ
Fase 2: Avançando...
(ainda pouco, mas alguns passos!)

Incorporar além dos efeitos de Vizinhança,


outras Dimensões e Buscar Novas Cartografias

Tathiane Mayumi Anazawa,


Anazawa, Flávia da Fonseca Feitosa e Antônio Miguel Vieira Monteiro. Vulnerabilidade socioecológica
no litoral norte de São Paulo: medidas, superfícies e perfis ativos. Geografia. (in print), 2012

Tathiane Mayumi Anazawa.


Anazawa Vulnerabilidade e Território no Litoral Norte de São Paulo: Indicadores, Perfis de Ativos e
Trajetórias. 2012. Dissertação (Mestrado em Sensoriamento Remoto) - Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais.
Uma conversa em uma cidade do país...
(22/02/2011)
PREFEITO: As
pessoas da
comunidade ajudariam a
prefeitura “não fazendo
casas ondem não devem”

MORADORA DE ÁREA DE RISCO:


“Mas a gente está
aqui porque não
tem condição de ter
uma moradia digna.” Fonte: Blog A Identidade Bentes:,Publicado em 22/2/2011:
http://www.idbentes.com.br/?tag=amazonino-mendes

PREFEITO: “Minha filha, então morra, morra!”


Fonte:Transcrição de Matéria Jornalítica GloboNews postada em YouTube:
http://youtu.be/tjGMRb83MPk
Analisando as diferentes linhas teóricas da vulnerabilidade

Estrutura de Oportunidades e Ativos (Kaztman)

“A incapacidade de uma pessoa ou de um domicílio para


aproveitar-se das oportunidades, disponíveis em distintos âmbitos
sócio-econômicos, para melhorar sua situação de bem-estar ou
impedir sua deterioração” (Kaztman, 2007)

Estado Mercado Sociedade

ATIVOS/CAPITAIS

Acessibilidade Condições de
Ativos/Capitais = recursos
Estratégias de uso Vulnerabilidade
Uma Medida Multidimensional
CAPITAL FINANCEIRO

A disponibilidade de recursos de alta


liquidez, como salários, bem como bens
materiais de menor liquidez (imóveis, etc.)

86
CAPITAL HUMANO

O capital humano representa as


habilidades, conhecimentos,
capacidade de trabalho e boa
saúde.

87
CAPITAL SOCIAL

Habilidades desenvolvidas para


garantia de benefícios através de
associações em redes de relações
sociais ou outras estruturas sociais

88
CAPITAL FÍSICO-NATURAL

Compreende os estoques de recursos


relativos à “natureza da cidade”, aqui
entendida como uma produção histórica na
qual a distinção entre objetos naturais e
objetos fabricados torna-se impossível
(SANTOS, 2002). Trata-se de recursos comuns
e indivisíveis,
indivisíveis vinculados à localização
residencial, que são relevantes para a
manutenção da segurança e bem-estar das
famílias. SANTOS, M. A Natureza do Espaço: Técnica e Tempo, Razão e Emoção
. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2002. 384 p.
CAPITAL FÍSICO-NATURAL

Exemplos:
condições locais de acesso,
serviços e infraestrutura,
qualidade do ar,
características geotécnicas do terreno,
a distância de elementos que possam
representar alguma ameaça
(indústrias de alta periculosidade, rios e córregos, barragens, áreas contaminadas, etc.).
A RÉGUA – Escala Evolutiva
Seleção de Variáveis Indicadoras
Seleção das
variáveis do IVSE

Dados Populacionais Dados Cartográficos Dados de


Sensoriamento Remoto

Censo 1991
Censo 2000

93
CAPITAL FINANCEIRO

Indicador Justificativa Cálculo


O rendimento dos chefes de família indica a capacidade de Indicador estratificado,
Renda do cobertura do orçamento doméstico, bem como a capacidade de representado pela porcentagem
Chefe de aquisição de bens e serviços (SPOSATI, 1996). de chefes de família: (1) sem
rendimento; (2) com até 2
Família salários mínimos (SM); (3) com
mais de 2 a 5 SM; (4) com mais
de 5 a 10 SM; (5) com mais de
10 a SM; (6) com mais de 20
SM.
A presença de domicílios próprios indica maior estabilidade, ou Porcentagem de domicílios
Domicílios seja, a posse de bens duráveis (CUNHA et al.,2004). próprios
próprios
CAPITAL HUMANO

Indicador Justificativa Cálculo


O grau de escolaridade do chefe de família indica as oportunidades de Indicador estratificado, representado
Educação do inclusão e acesso ao mundo do trabalho. Quanto maior o grau de pela porcentagem dos chefes de
chefe de família escolaridade do chefe de família, maiores são as habilidades e o família: (1) sem instrução ou com
conhecimento adquiridos. A educação também contribui para as menos de 1 ano de estudo (AE); (2)
possibilidades de elevação dos salários em função das perspectivas da com 1 a 3 AE; (3) com 4 a 7 AE; (4)
oferta e demanda do mercado de trabalho. (SPOSATI, 1996). com 8 a 10 AE; (5) com 11 a 14 AE
e; (6) com 15 ou mais AE.
Indivíduos que freqüentam a escola, a partir da infância, passam a adquirirPorcentagem de filhos alfabetizados
Alfabetização a sociabilidade no âmbito escolar, a noção de crescimento individual e com mais de cinco anos
dos filhos coletivo e a valorização do conhecimento formal (escolar), atributos
necessários para a formação de cidadãos capazes de atuar social,
econômica e politicamente. Filhos alfabetizados indicam sua capacitação
individual para sua inserção no mercado de trabalho, para o seu
desenvolvimento pessoal e profissional, para a continuidade de aquisição
de conhecimentos (IBGE, 2010b).
É uma forma de quantificar a população potencialmente ativa e, portanto, a Razão entre: "População 0 a 14
Razão de necessidade de geração de trabalho e renda que permita a essa população anos"+"População 60 ou mais" pelo
dependência suprir a parcela inativa. Valores elevados indicam que a população em total de "População de 15 a 59 anos"
idade produtiva deve sustentar uma grande proporção de dependentes, o
que significa consideráveis encargos assistenciais para a sociedade
(RIPSA, 2008).
CAPITAL SOCIAL

Indicador Justificativa Cálculo


Indica uma estrutura familiar complexa, uma vez que as Percentual de domicílios
Chefe de
mulheres ocupam-se de atividades domésticas não chefiados por mulheres sem
família mulher remuneradas indispensáveis para reprodução da força de instrução
sem instrução trabalho. Essa situação leva a falta de tempo para investir
em sua formação educacional e profissional, que reflete na
questão intergeracional, onde seus filhos teriam piores
resultados no desempenho escolar, limitando suas
possibilidades de sair da pobreza ao se tornarem adultos
(CARLOTO, 2005; HIRATA, 2002).
O isolamento de famílias de baixa renda costuma estar Grau de concentração de
Índice de
associado à concentração de uma série de desvantagens, famílias com renda de até 4
Isolamento da situação esta que tende a configurar relações de vizinhança salários mínimos.
Pobreza com menos capacidade de operar as pontes necessárias as
estratégias de acesso as estruturas de oportunidades,
podendo afetar o capital social das famílias e,
consequentemente sua capacidade de resposta frente a uma
perturbação (FEITOSA et al., 2007).
EXPERIMENTO: Litoral Norte de São Paulo

LITORAL NORTE PAULISTA


Turismo
Segunda residência
Migração
Localização geográfica
Porto São Sebastião
Novos empreendimentos
Terminal Marítimo Almirante Barroso (TEBAR)
Descrição da área
de estudo
Porto de São Sebastião

Unidade de Tratamento de Gás Monteiro Lobato


(UTGCA)

Litoral Norte Estado de São Paulo Orla de Caraguatatuba

Sertão de São Sebastião

98
Base
celular no
SIG

Espaço Celular

Atributos das células

99
Cartografias da Vulnerabilidade

O Conceito :
Um Painel de Observações
Painel de Observações
Caracterização de
perfis de ativos, Cartografias da Vulnerabilidade
superfícies e PAINEL DE OBERSVAÇÕES
trajetórias de
vulnerabilidade
socioecológica
Representação
Representação gráfica
gráfica Esquema gráfico
Mapa de superfície Perfil de Ativos
de vulnerabilidade

Representação
gráfica
Imagem de satélite
para verificação
remota

Representação
gráfica
Representação Fotos de registro
gráfica no campo
Mapa de
localização no
espaço celular Representação
tabular
Valores dos índices

102
Caracterização de perfis de ativos, superfícies e
trajetórias de vulnerabilidade socioecológica

Superfícies de Vulnerabilidade

103
Perfis de Ativos

104
Trajetórias de Vulnerabilidade

105
Situação 2. Maresias/São Sebastião

106
(a)
(b)
Tipologia de Trajetória 3
Declínio dos que
apresentam
vulnerabilidade
intermediária

(c)

Capital social Capital humano Capital financeiro Capital físico-natural


Trajetória Trajetória ascensão Trajetória Trajetória declínio
estabilidade moderada estabilidade acentuado
(d) (e)

1991 2000
InVCS 0,97 0,89
InVCH 0,65 0,76
InVCF 0,52 0,5
InVCF 0,61 0,31
N
IVSE 0,64 0,55 107
Maresias em 1992...

Considerada pela COMTUC (Conselho Municipal de


Turismo e Cultura de São Sebastião) como a
‘copacabana’ sem edifícios. Praia de mar aberto, com
extensão de 5 Km. Possui muitas hospedarias e casas de
veraneio, atraindo uma população turística com alto
poder aquisitivo. Praticamente não possui comércio.
Possui uma extensa planície ao fundo, onde a ocupação
está se multiplicando e tornando Maresias um núcleo
propício a expansão urbana. Já existe um grande
loteamento na Serra e está em fase inicial a construção
de um grande condomínio na areia da praia, ao lado de
um hotel e camping. Apesar desta ocupação ainda
existem muitos caiçaras vivendo da pesca artesanal e da
lavoura. (LUCHIARI, 1992, p. 89).

Maresias em 2007...

Atualmente existem condomínios de segunda residência


instalados por toda a extensão da orla da praia,
deixando apenas algumas passagens para o acesso à
mesma, modificando a paisagem natural e a relação com
que os antigos caiçaras tinham com o ambiente natural.
Nos dias atuais, a orla da praia, que possui uma extensão
de 5000 metros, se encontra totalmente parcelada por
hotéis e casas de veraneio, possuindo apenas alguns
corredores de acesso à praia, o que compromete sua
paisagem (FERNANDES, 2007, p. 27).
108
(f)

Imagem de satélite GeoEye (01/10/2009)

(g)

Foto: Tathiane Anazawa

109
Novos ( e imensos) Desafios
Como acomodar as dinâmicas para além
das medidas relacionais?

Como observar ‘comportamentos’


‘comportamentos dos
atores nas cidades?
Cidade In Vivo e Cidade In Silicon:
Modelagem, Simulação e Projeção de Cenários
Modelagem e Simulação Computacional como
Objetos de Mediação para Estudos Empíricos
Sistematizados de Vulnerabilidade Social e suas
Dinâmicas Intra-Urbanas

Em Busca de uma
Cartografia de Processos
Um contador de histórias
Modelos de simulação contam uma história
Pode ser sobre o presente, o passado ou futuro…
A história pode ser boa ou não…
Mas oferece uma outra maneira de examinar a situação!

FERRAMENTA PARA
COMPARTILHAR VISÕES,
LEVANTAR DÚVIDAS,
ESTRUTURAR DISCUSSÕES
E DEBATES
Primeiros Passos...
A CIDADE CALEIDOSCÓPICA

Flavia Feitosa&Antonio Miguel V. Monteiro. Modelos Cidade Caleidoscópica


Convenções Urbanas e Escolhas Residencias na Cidade: Perspectiva Heteroxa para a Economia Urbana
The Production of Urban Space
in Brazil
blog.opovo.com.br

São Paulo, SP, Brazil


imoveisesaojosedoscampos.com.br
São José dos Campos, SP, Brazil
Jardim Aquarius - São José dos Campos, SP
(1/7/2006)
Jardim Aquarius - São José dos Campos, SP
(9/3/2008)
Jardim Aquarius - São José dos Campos, SP
(4/17/2010)
Jardim Aquarius - São José dos Campos, SP
(9/2/2011)
NOSSO REFERENCIAL TEÓRICO:
A CIDADE CALEIDOSCÓPICA

É insuficiente denunciar as visões


dominantes sobre o mercado imobiliário.
É imperiosa a necessidade de elaborar
uma interpretação alternativa que nos
permita entender o funcionamento
desse mercado cuja compreensão é
indispensável para atuar na cidade dos
dias atuais. Em A CIDADE CALEIDOSCÓPICA,
Pedro Abramo propõe uma leitura
heterodoxa original partindo de uma
rigorosa 'destruição criativa' dos
fundamentos teóricos e conceituais em
que se apóiam as formulações
predominantes do urbanismo liberal.
PEDRO ABRAMO
A CIDADE CALEIDOSCÓPICA - COORDENAÇÃO ESPACIAL E CONVENÇÃO URBANA
Uma Perspectiva Heterodoxa para Economia Urbana, BERTRAND BRASIL, 2007
O Modelo

Convenções Urbanas e o
Ciclo de Vida das Regiões da Cidade

Transições Urbanas – Ordem e Desordem

Uma Cidade Caleidoscópica!!


Ordem & Desordem
O Modelo “Cidade Caleidoscópica”

Assim, os empreendedores não são


tomadores de preço mas sim,
FORMADORES de preço!!

Interferem no arranjo espacial das


cidades e portanto nas possibilidades e
nos sonhos de cidade!
Padrão de Segregação Gerado
Isolamento de Familias “Ricas”

Familias e suas respostas a


Agentes Imobiliários NÃO ‘Inovadores’
Padrão de Segregação Gerado
Isolamento de Familias “Ricas”

Familias e suas respostas a


Agentes Imobiliários ‘INOVADORES’
E São José dos Campos?

Fonte: ACONVAP – Associação das Construtoras do Vale do Paraíba


E São José dos Campos?

Jardim Aquários
- Convenção Urbana -

Fonte: ACONVAP – Associação das Construtoras do Vale do Paraíba


O que esta pespectiva nos revela?

Estudos e políticas desenvolvidos dentro


desta perspectiva não podem, portanto,
basear-se em previsões econômicas, e sim no
processo histórico de desenvolvimento
urbano, com a consciência de que os agentes
econômicos são capazes de tomar decisões
cruciais, capazes de redefinir o curso da
história.
Milton Santos (1926, 2001)

Geógrafo, Urbanista, Professor, Brasileiro, Bahiano


Geometrias não são
Geografias SANTOS, Milton (2000)
Por uma outra globalização - do pensamento único à consciência universal, Record, São Paulo.
Obrigado!

Você também pode gostar