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URCA

• Cartografia experimental
• Prof. Rodrigo
“Os manuais de cartografia enfatizam o lado matemático da ciência:
cálculos, coordenadas, fusos horários, conveções cartográficas, escalas –
corremos os risco de ficarmos presos na malhas dos meridianos e
paralelos.” SEEMAN, 2012, p. 13

“Trabalhar com mapas significa pensar, representar e interpretar o espaço


de uma maneira gráfica e não se deve restringir-se à leitura superficial dos
mapas. Aquele olhar de cinco ou dez segundos para identificar o objeto na
nossa frente como um mapa não é suficiente. Que tal passar cinco minutos
lendo os detalhes e literalmente esfregando o nariz nos rios, morros ou
estradas?” SEEMAN, 2012, p. 19-20

“Vale salientar que os mapas não devem ser inseridos exclusivamente na


concepção cartesiana do espaço com a sua fria geometria(freqüentemente
anunciando como objetivo da aprendizagem em muitos livros didáticos e
publicações acerca da educação cartográfica), mas como instrumentos
criativos e artísticos dentro de um projeto cultural mais amplo de (re) criar e
(re) construir o mundo.” SEEMAN, 2012, p. 89
“Os mapas representam não apenas os elementos visíveis da
realidade, mas também fenômenos da mente. Fronteiras, divisas,
limites, fusos horários, paralelos e meridianos parecem ser marcas
verdadeiras tanto no papel como na paisagem, embora sejam apenas
linhas imaginárias,isto é, construções da mente humana, que se
tornam “naturais” e fatos consumados no discurso dos livros didáticos
de geografia e os manuais de cartografia” SEEMAN, 2012, p. 41

“O significado das escalas, não é meramente matemático. O uso da escala


sempre implica a tentativa de se aproximar do real, sendo a escala a
relação entre a dimensão de um objeto ou fenômeno observado e a sua
representação no sentido de uma aproximação do real.” SEEMAN, 2012, p.
65

“Diante de tantos mapas diferentes do mesmo espaço, pois existem


centenas de projeções cartográficas para a representação da superfície
terrestre, qual é o mapa correto? Existe um mapa correto? A resposta é
não. A utilização de uma determinada projeção depende das finalidades da
representação.”SEEMAN, 2012, p. 69
“O “mapa invertido” do artista uruguaio [...] mostra um “mapa” da
América do sul de “cabeça para baixo” [...] o mapa convencional , por
sua vez, transmite a impressão de que a Europa fica no centro e a
América do sul lá em baixo, gerando uma sensação de superioridade do
velho continente.” SEEMAN, 2012,p.75-76

“Por muito tempo, os mapas foram vistos como representação objetiva da


realidade. O modelo normativo da cartografia cientifica apresentava os
mapas como documentos não ideológicos e livres de valores e arbítrios.
Conforme esta visão positivista, a realidade poderia ser expressa em
termos matemáticos e os objetos mapeados seriam reais e objetivos,
existindo independente do cartógrafo. SEEMAN, 2012, p. 90

“é preciso adotar uma ótica mais humanista para “relativizar” a forma e os


conteúdos dos mapas para mostrar como o espaço é percebido, concebido,
compreendido e representado por pessoas e sociedades diferentes em
contextos, tempos e espaços diferentes.”SEEMAN, 2012, p. 91
“O mapa turístico de Fortaleza contem enfeites e detalhes como pára-
sóis, caranguejos, surfistas, coqueiros e veleiros na orla marítima. As
ruas da principal área de interesse turístico (centro, praia de iracema,
meireles e aldeota) foram ampliadas desproporcionalmente, enquanto
os outros bairros da cidade parecem como um prado verde desabitado.
O que chama mais atenção é a zona oeste da cidade que
simplesmente sumiu do mapa. Um turistca mal informado poderia ter a
ideia de visitar o berço da colonização do ceará, localizado as margens
do Rio Ceará e caminhar a pé o trecho entre o hotel de luxo mais
próximo e a Barra do Ceará, porque, acreditando no mapa, a
caminhada seria um pulo do gato. Mas na verdade é uma distancia de
mais de oito quilômetros atravessando uma área não muito segura –
pelo menos para turistas com máquinas fotográficas, roupas
espalhafatosas e pochetes que parecem cofres ambulantes.” SEEMAN,
2012, p. 92-93

“trata-se do uso de uma linguagem que não apenas expressa fatos, mas
também emoções, visões e atitudes. Como metáfora, o mapa se aproxima do
cotidiano, do corpo humano e dos nosso ódios e amores, convidando-nos a
traçar nossas próprias cartografias.”SEEMAN, 2012, p.99
Mapas como linguagem para
leitura do espaço
• Definição linguagem segundo dicionário: “Faculdade que têm os homens
de comunicar-se uns com os outros”

• como se comunicar sobre o espaço? Através de mapas... Vamos restringir


a leitura da linguagem espacial apenas a matemática?

• definição tradicional - “a ciência e a arte de expressar graficamente a


superfície da terra”,

• Para além, pensarmos a cartografia como a “ciência e a arte de expressar


graficamente o espaço em suas múltiplas dimensões percebida, vivida e
concebida...”

• Afinal, qual objeto de estudo da geografia – superfície terrestre ou espaço


geográfico?
Os mapas psicogeográficos

• Esses mapas, experimentais e rudimentares, desprezam os parâmetros


técnicos habituais pois estes não levam em consideração aspectos
sentimentais, psicológicos ou intuitivos, e que muitas vezes caracterizam
muito mais um determinado espaço do que os simples aspectos
meramente físicos, formais, topográficos..
• Deriva é o exercício prático da psicogeografia e, além de ser também uma
nova forma de apreensão do espaço, ela seguia uma tradição artística
desse tipo de experiência.
• A psicogeografia estudava o ambiente urbano, sobretudo os espaços
públicos, através das derivas, e tentava mapear os diversos
comportamentos afetivos diante dessa ação, basicamente do caminhar na
cidade.
• A psicogeografia seria então uma geografia afetiva, subjetiva, que buscava
cartografar as diferentes ambiências psíquicas provocadas basicamente
pelos passeios urbanos que eram as derivas situacionistas.
Levantamento de todos os trajetos
feitos por uma estudante
parisiense durante um ano
Ele é composto por vários recortes do mapa de Paris em preto e branco, que
são as unidades de ambiência, e setas vermelhas que indicam as ligações
possíveis entre essas diferentes unidades. As unidades estão colocadas no
mapa de forma aparentemente aleatória, pois não correspondem à sua
localização no mapa da cidade real, mas demonstram uma organização
afetiva desses espaços ditada pela experiência da deriva.
Cartografia experimental
• Olho no detalhe

• Aguçar a percepção do espaço mediante a visualização da paisagem


como ferramenta fundamental para o geógrafo e quiça o cidadão que
pretende lutar contra as dominações e exploração grafadas no espaço, que
negam a experiência afetiva e a apropriação do espaço vivido, como nos
casos de planejamento estatal do espaço em grandes obras como
transposição do rio são Francisco e as obras para a copa do mundo
Mapeamento psicogeográfico e a
crítica da vida cotidiana
• Na escala do corpo (como no exemplo do sem teto), sentimos as
contradições do espaço cotidianamente nesse sentido, uma crítica da
vida cotidiana pode ser expressa através do uso da linguagem espacial
• Somos uma sociedade passiva, que aceita e não tem costume de tomar
uma posição ativa na sociedade
• um primeiro passo seria representar o espaço e suas contradições a partir
do básico, que esquecemos ou não observamos! Na cartografia escolar
devemos incentivar os estudantes da escola a perceber o espaço para se
tornarem seres sociais críticos da sua vida...
• Essa seria uma das grandes potencialidades do mapeamento
psicogeográfico não devemos esperar apenas do mapas técnicos ou dos
livros didáticos (leitores de mapas), mas devemos representar e criar
mapas...
• podemos ver claramente na paisagem as contradições do espaço, trata-se
de cartografar o que vemos (percebido) e vivemos (vivido), além da crítica
do planejado (concebido), aquele que está longe da experiência cotidiana e
projeta ações sobre o espaço de forma abstrata (cartografia tradicional)
• MUDANÇA NA AV2:
• Fazer um mapeamento psicogeográfico da sua cidade!

• Vamos fazer um desvio do google maps: print scream e recortar a cidade no


paint... IMPRIMIR SUA CIDADE NO FORMATO A2 (+ - tamanho cartolina)
• Uma variável básica(obrigatória na avaliação) será o uso e ocupação do
solo área residencial de alta renda ou baixa renda... Área comercial...
Qual comercio? Áreas de lazer da cidade... Área industrial... Fazer legenda
básica com um uso de coloração diferenciada para diferenciar as áreas...
• Sob o levantamento básico, fazer um mapeamento experimental afetivo das
áreas vividas na cidade, quais áreas você costuma freqüentar... Na qual em
conjunto com o mapa de uso e ocupação vamos poder saber mais um
pouco da sua convivência... Faremos essas duas primeiras etapas em sala
– depois vamos organizar a terceira etapa...
• Na terceira camada do mapa, além das dimensões citadas acima, usar sua
CRIATIVIDADE para eleger um elemento/variável fundamental que você vai
querer aprofundar no seu artigo... Qual detalhe lhe chama/chamou atenção
das vivencias e contradições do espaço para seu mapa psicogeográfico?
• Seria as desigualdades sociais? seria um tipo de vivencia em determinado
espaço público? Local de namoro? Local de conversas? Territorialidade
religiosa? Territorialidade escolar? O que acontece na paradas de ônibus?
Jogo de futebol? Uma grande arvore da cidade que gera uma grande
sombra, o que acontece lá? É possível encontrar/diferenciar elementos de
outras escalas geográficas ( corpo, casa, bairro, comunidade, cidade,
regional, nacional, global?)

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