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A CARTA ARGUMENTATIVA

O gênero epistolar
Dissertação e
Argumentação
Sutil diferença
Expor / Convencer
Embora não se costume fazer distinção entre
dissertação e argumentação, uma e outra têm
características próprias. Se a primeira tem como
característica principal explanar ou expor, explicar
ou interpretar idéias, a segunda visa sobretudo a
convencer, persuadir ou influenciar o leitor ou
ouvinte.
Na dissertação externamos nossa opinião sobre
determinado assunto, na argumentação, além disso,
procuramos formar a opinião do leitor ou ouvinte,
tentando convencê-lo de que a razão está conosco.
Tipo de Auditório
Universal/ Particular
A carta é portanto um subgênero da dissertação. Na
dissertação escrevemos para um leitor universal, na
carta conhecemos nosso interlocutor. Dirigimo-nos a
um auditório particular.
O enunciador fala a partir de uma determinada posição
social a alguém que também se encontra em um lugar
social. Trocam-se opiniões sobre a realidade, no
discurso circulam imagens e valores. Duas questões
merecem destaque: para quem se fala e como se fala.
Na carta, deve-se levar em conta os valores do auditório
a que se dirige.
“Se eu quiser apoiar, por exemplo, a necessidade de
uma política de prevenção da toxicomania e tiver
diante de mim, em momentos distintos, dois
públicos, um composto de professores e outro de
policiais é evidente que poderei fazer corresponder a
esta opinião (a necessidade de uma política de
prevenção) dois argumentos diferentes, não porque o
que é dito é diferente do que eu penso, mas porque é
necessário levar em conta o fato de que se fala a um
determinado auditório. Neste caso, no ato de
prevenção, para os professores, poderíamos insistir
na dimensão pedagógica que o sustenta, ao passo
que, ao falar aos policiais, insistiríamos na
diminuição dos crimes e delitos que se espera obter.”
Philippe Breton
Philippe Breton é investigador no Laboratório de Sociologia de Paris I-
Sorbonne e autor de algumas obras relativas à comunicação e à
informática
Características de uma
boa correspondência
Clareza: consiste na expressão exata de um
pensamento. Um estilo é claro, quando apresenta
coerência e evidência tal que não é possível deixar
de entender o texto.
Concisão: consiste em dizer muito com poucas
palavras, evitando digressões inúteis, as palavras
supérfluas, a adjetivação desmedida e os períodos
extensos e emaranhados.
Cortesia: “Mesmo que o assunto encerre
reclamação, severidade cabe ao redator não baixar
o nível de sua carta. Podem-se dizer coisas severas
numa linha de absoluta cortesia e superioridade.
Sempre a palavra serena será irmã do êxito”.
Enéas Martins de Barros (Cartas Comerciais)
O tom
Sobre a importância da cortesia na interação
verbal, diz o linguista:

“Com vinagre não se apanham moscas! Este


provérbio popular contém uma bela lição para
quem quer escrever bem: não é com maus modos,
com secura ou aspereza que vamos atrair a
simpatia dos outros”.
Izidoro Blikstein
As regras da carta
1. Cabeçalho – local e data;
2. Vocativo – adequar ao interlocutor;
3. Corpo da carta – conteúdo subdividido em § §;
4. Saudação – despedida, agradecimento;
5. Assinatura - iniciais.
Cabeçalho

Separar o local – Itapetininga – da data por vírgula. Depois da


data utiliza-se ponto final. Não se deve escrever o nome da
cidade abreviadamente. Não se coloca zero antes dos
números de 1 a 9. O nome do mês deve ser escrito em letra
minúscula. Localizar o cabeçalho no alto e no canto direito do
texto.

Itapetininga, 24 de maio de 2009.


Vocativo
Abrev. Tratamento Usado para:
O vocativo deve ser
seguido preferencialmente V. A. Vossa Alteza Príncipes, arqueduques,
duques
de dois-pontos.
V. Em.ª Vossa Eminência Cardeal

Na dúvida, o termo Senhor V. Ex. ª Vossa Excelência No Brasil: altas


autoridades do governo
(a) é sempre respeitoso. e oficiais das forças
armadas.

Ex. V. Mag. ª Vossa Magnificência Reitores das


Universidades
V. M. Vossa Majestade Reis, Imperadores

Senhor Diretor: V. Ex. ª Rev.ma Vossa Excelência Bispos e Arcebispos


reverendíssima
Senhor Redator:
V. Rev. ª ou V. Rev.ma Vossa Reverência ou Sacerdotes em geral
Vossa Reverendíssima

V. S. Vossa Santidade Papa

V. S. ª Vossa Senhoria Funcionários públicos


graduados; oficiais até
coronel; pessoas de
cerimônia
Saudação
Quanto aos chamados “fechos de cortesia”(despedida), deve-se colocar
vírgula para separar o advérbio (“atenciosamente”, “respeitosamente”,
etc.) ou expressão de despedida (“saudações”, “um grande abraço”, etc.)
do nome próprio. Deve-se também separar com vírgula o nome próprio de
seu aposto (termo que o esclarece: “diretor”, “representante comercial”,
etc.). Depois do aposto, usa-se ponto final.

Ex.

Respeitosamente ,
Ataulfo de Menezes Coutinho,
Relações públicas.
Estética da carta
EXEMPLO I
A estética é a distribuição do texto São Paulo, 14 de fevereiro de 1994.
no papel. Há vários modelos. O
mais tradicional é o chamado Senhor empresário:
“estilo endentado ou semibloco”:
à esquerda são colocados o Iniciamos este ano a comercialização de cartões de
destinatário e a saudação, a data e Natal confeccionados pelas crianças abrigadas na Fundação
a assinatura devem ficar à direita. Estadual do Bem-Estar do Menor – Febem.
Tal iniciativa se prende a uma postura de incentivo
à criatividade infanto-juvenil, de integração do menor à
Dê espaço entre o local e data e o sociedade por meio da arte e de auxílio por meio do trabalho.
vocativo; entre o vocativo e o Convidamos Vossa senhoria a participar desse
início do texto; entre o fim do processo de integração social, cumprimentando seus amigos,
texto e a saudação; e entre a familiares e conhecidos com cartões da Febem.
saudação e a assinatura. Agradecemos, em nome dos menores, a preferência
que V. Sa. nos dará.

Atenciosamente,

Ana Teodoro Nery,


Diretora Social.
Estética da carta
Com o advento do texto EXEMPLOII
redigido em computador, a
estética da carta ganhou São Paulo, 14 de fevereiro de 1994.
nova possibilidade, todo o
texto é alinhado pela
esquerda. Senhor empresário:

Iniciamos este ano a comercialização de cartões de Natal


Dê espaço entre o local e confeccionados pelas crianças abrigadas na Fundação Estadual do
data e o vocativo; entre o Bem-Estar do Menor – Febem.
vocativo e o início do texto; Tal iniciativa se prende a uma postura de incentivo à
entre o fim do texto e a criatividade infanto-juvenil, de integração do menor à sociedade por
saudação; e entre a meio da arte e de auxílio por meio do trabalho.
saudação e a assinatura. Convidamos Vossa senhoria a participar desse processo de
integração social, cumprimentando seus amigos, familiares e
conhecidos com cartões da Febem.
Agradecemos, em nome dos menores, a preferência que V.
Sa. nos dará.

Atenciosamente,

Ana Teodoro Nery,


Diretora Social.

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