Piabay

Leitura
visual
Autoria e edição de
imagens

EDUCAMÍDIA
 Sobre este tema
Toda imagem é resultado de escolhas feitas por seu autor, que decide o que mostrar, e como. As
escolhas incluem desde o ângulo e recorte da foto até o retoque ou a manipulação da imagem.
O autor pode interferir em uma imagem para melhorá-la, mas também para ocultar ou ressaltar
informações de forma a provocar diferentes sentimentos e interpretações em quem vê.
Representar determinados grupos de pessoas de forma incompleta ou estereotipada é também
uma escolha que interfere na nossa compreensão de mundo.

Algumas das perguntas que vamos explorar são:

— De que forma a manipulação de uma imagem pode causar desinformação? E de que forma
pode ajudar na compreensão dos fatos?
— Até que ponto a manipulação de uma imagem é aceitável no contexto jornalístico? E nas
mídias sociais?
— Qual o papel da ilustração nos veículos de comunicação?
— Como as imagens que vemos podem perpetuar exclusão ou preconceitos?

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 Twitter
O QUE VOCÊ VÊ?

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 Observando e inferindo
Observe atentamente a imagem no slide anterior. Em uma folha de papel, faça três colunas e
responda:
Descreva apenas o que você vê na
imagem, sem interpretações.
Comece com “Eu vejo…”
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O que você pensa que está
acontecendo nessa imagem? O
que, nessa imagem, leva você a
pensar assim? Se quiser utilize a
frase: “Ao observar X, eu penso
Y.”
Que outras perguntas ou ideias
surgiram a partir do que você
observou?
O que mais gostaria de saber?
 Edição e manipulação
A fotografia digital fez com que seja muito simples tratar imagens – ou seja, manipular cor e
luz, retocar detalhes, e até apagar ou inserir elementos. Quais são os limites dessa prática no
jornalismo? E na fotografia artística ou pessoal?

Fourandsix.com

Antes restrito aos profissionais, o uso de softwares ou
filtros para corrigir a luz e a cor das fotos é cada vez
mais comum. Essa prática é aceitável no jornalismo? E
nas fotos pessoais?
Fourandsix.com
Em 2008 o governo iraniano divulgou imagens que
mostravam um lançamento de mísseis totalmente bem-
sucedido - mas na realidade um dos lançadores tinha falhado,
e a falha foi ocultada na foto. Qual o problema de retoques
que mascaram a realidade em contexto de decisões políticas?
E retoques que melhoram a leitura ou a estética da foto, como
por exemplo a remoção de um fio – são aceitáveis?
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 Censura e propaganda
Ao longo da história são muitos os exemplos de
imagens alteradas para esconder a realidade. A
imprensa ou líderes políticos podem ocultar
determinados acontecimentos através de uma edição
cuidadosa das imagens, ou mesmo apagar
personagens da história ao sabor das alianças. A isso
podemos chamar de censura.

Já a propaganda, em termos de imagens, consiste em

alterar determinadas fotos e simular coisas que não
aconteceram para atiçar preconceitos ou medos do
público, e assim influenciar ideias e escolhas.

Hoje em dia, com as redes sociais, é mais fácil

espalhar esse tipo de coisa, mas é também mais fácil
O líder russo Josef Stalin e seus aliados: a mesma foto em
encontrar as versões originais. várias versões, com rivais políticos sendo removidos.
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 Marina Amaral
O QUE VOCÊ VÊ?

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 Intervenção artística
A interferência visual em uma imagem pode às vezes ser
considerada uma forma de comentário. A manipulação
artística de imagens pode ser feita com o objetivo de
ressaltar, ampliar ou até modificar algum aspecto,
provocando reflexão.

Considere a foto histórica ao lado, um retrato de um

escravo liberto no Brasil, e sua versão colorizada. Como
você se sente em relação a cada uma das imagens? Veja
se consegue responder:

— Quem fez a imagem? É possível saber onde e quando? Retrato colorizado de um escravizado liberto brasileiro. Imagem Marina
Amaral, https://marinamaral.com/
— A imagem foi manipulada? Com que intenção?
— Que escolhas técnicas ou estéticas foram feitas para
concretizar essa intenção?
— Alguma coisa importante ficou de fora?
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 Ilustração como comentário
A charge é uma forma de
comentário visual, muito
usada em veículos de
comunicação. Seus autores
são considerados colunistas,
pois as imagens representam
uma opinião. Experimente
escrever, com suas palavras,
a mesma ideia que está
sendo transmitida em cada
uma das charges ao lado. Ilustrações Eduardo Foresti

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 Expressando conceitos
A ilustração criativa é uma
forma de representar
conceitos abstratos muito
utilizada em revistas e
jornais. As duas imagens
ao lado ilustraram matérias
durante o isolamento
imposto pela pandemia de
Covid-19. O que você “Isolamento” - Beth Godoy,
2020 - NYTimes
sente ao ver cada uma?
Que elementos levam você
“O que aprendemos na
a sentir isso? quarentena” - Brian Rea, 2020,
NYTimes

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 Informando e esclarecendo
A ilustração científica é o emprego da arte para
comunicar e esclarecer os achados da ciência,
seja para um público leigo, seja para os
próprios pesquisadores. Nesse tipo de imagem,
a capacidade de comunicar claramente os
fenômenos naturais é mais importante até do
que a qualidade estética. A ilustração também
pode “tornar o invisível visível”, dando forma a
coisas que não podemos ver, como moléculas,
o interior do corpo humano ou animais
extintos. Que outras utilidades você consegue
imaginar para a ilustração científica? Em quais
situações ela pode ser preferível à fotografia?
Alcide Dessalines D’Orbigny / Domínio público

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As muitas
realidades

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 Wikimedia Commons
O QUE VOCÊ VÊ?

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 Como você é representado?
As imagens às quais estamos expostos nas

Pixabay

Globo / Igor Tripolli

mídias – incluindo livros didáticos, games e
até embalagens de produtos – têm o poder
de moldar a nossa percepção de mundo. E
também podem reforçar estereótipos sobre
determinados grupos, ou pior, nem mostrá-
los, privando-os de sua visibilidade e seus
direitos.

Compare as duas imagens de indígenas

brasileiros nas fotos ao lado. Qual delas
representa o que você se acostumou a ver
na mídia e nos livros escolares? Qual é a
consequência disso?

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 Que imagens a gente não vê?
É importante
naturalizar a presença
de pessoas diversas em
posições de poder e
sucesso profissional, ou
em situações
cotidianas, e não
apenas em situações de
exclusão, conflito ou
violência.
Instagram Maju Coutinho
Imagem William Bullard, 1904, em Gama Revista

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 Quem escolhe o que vemos?
Os resultados das nossas buscas
sofrem a ação de alguns fatores:

– a chamada “personalização
algorítmica” leva em consideração
nosso histórico de buscas e outras
informações que deixamos ao
navegar na internet;

– o buscador também considera o

contexto, como nossa localização
geográfica e que buscas são mais
populares naquele momento em Imagem William Bullard, 1904, em Gama Revista

nossa região.
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O QUE VOCÊ VÊ?

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Elliott Higgings - Imagem criada com IA

 Realidades sintéticas
As novas ferramentas de criação que incorporam
inteligência artificial – as chamadas IAs
generativas – estão se desenvolvendo
rapidamente. O público, ainda pouco
familiarizado com essas tecnologias, muitas
vezes é enganado quanto à autenticidade das
cenas ali representadas.

A imagem do Papa Francisco com uma roupa

estilosa viralizou e chegou a ser publicada em
veículos jornalísticos. Se encontrasse essa
imagem nas redes, sem conhecer a sua origem,
diria que ela é falsa ou verdadeira? Por que?

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 Sintético = falso?
O contexto em que a imagem é publicada, bem
como a bagagem de conhecimentos de quem vê
a imagem, determinam como essas imagens
serão recebidas.

Reflita: sintético é a mesma coisa que falso? O

que muda se essa imagem estiver em um site de
notícias ou em uma galeria de arte digital? Se a
mesma imagem hiper realista do Papa estivesse
em outra mídia, como uma pintura por exemplo,
seria problemática da mesma forma? Por que?

Como podemos estabelecer os limites entre

liberdade criativa e responsabilidade
jornalística?

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 Ciência ou imaginação?

Como o uso da IA pode apoiar a divulgação

científica e a educação? Como você acha que
o autor obteve essas imagens? Você diria que
elas são conceituais ou reais?
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 Conceitos fundamentais:
— Toda imagem é fruto de decisões tomadas por seu autor e portanto
carrega uma mensagem e um ponto de vista;
— A interpretação da imagem depende do contexto social, geográfico ou
histórico em que ela é publicada, bem como do repertório cultural,
contexto social e crenças de quem a vê;
— Técnicas como uso de cor, corte ou manipulação da imagem impactam
a nossa percepção, influenciam nossos sentimentos e ajudam a atingir o
propósito do autor;
— Toda imagem pode e deve ser questionada quanto à sua autenticidade,
bem como presença de preconceito, representações estereotipadas ou até
ausências.
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