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UNIVERSIDADE EDUARDO MONDLANE – Faculdade de Engenharia

Capitulo 6
Analise de Massa e de
Energia de Volume de
Controlo
2023
1
Conteúdo

 Análise Termodinâmica de Volumes de


Controlo;
 Escoamento em Regime Permanente;
 Alguns dispositivos de escoamento em
regime permanente

Prof. Doutor Engº Jorge Nhambiu 2


4.1 Análise Termodinâmica de Volumes
de Controlo
Um grande número de problemas de engenharia
envolve o escoamento de massa de e para o sistema
sendo modelados como volumes de controle. Um
radiador de automóvel, uma turbina, um compressor
envolvem todos escoamento de massa devendo ser
analisados como volumes de controlo (sistemas
abertos) em vez de massas de controlo (sistemas
fechados). Em geral qualquer região arbitrária no
espaço pode ser seleccionada como volume de
controlo.

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4.1 Análise Termodinâmica de Volumes
de Controlo
As fronteiras de um volume de controlo, são
chamadas superfícies de controlo, podendo ser
reais ou imaginárias.
Existem dois termos que se usam na
caracterização dos volumes de controlo:
permanente - a invariabilidade no tempo e o
oposto transiente
Uniforme - o termo uniforme implica
invariabilidade com a localização numa região
especificada.
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4.1.1 Principio de conservação de massa

A conservação de massa é um dos princípios os mais


fundamentais na natureza. Todos estão familiarizados
com este princípio, e não é difícil de o entender. As
equações químicas são balanceadas na base do
princípio de conservação da massa. A massa tal e qual
a energia é uma propriedade de conservação, e não
pode ser criada ou destruída durante um processo.
Entretanto a massa m e a energia E podem ser
convertidas uma na outra de acordo com a fórmula bem
conhecida proposta por Albert Einstein (1879-1955):

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4.1.1Principio de conservação de massa

E  mc 2 (4.1)

onde c é a velocidade da luz no vácuo, que é igual c


=2,9979 x 108 m/s. Esta equação sugere que a massa
de um sistema irá variar quando sua energia se
alterar. Contudo para todas as interacções de energia
encontradas na prática, à excepção das reacções
nucleares, a alteração na massa é extremamente
pequena e não pode ser detectada mesmo com
instrumentos muito sensíveis.
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4.1.1 Principio de conservação de massa

Quando 16 quilogramas do oxigénio reagem com 2


quilogramas do hidrogénio, são formados 18
quilogramas de água. Num processo do electrolise, a
água produz 2 quilogramas de hidrogénio e 16
quilogramas do oxigénio.

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4.1.1 Principio de conservação de massa

Para sistemas fechados o


princípio da conservação de
massa é usado implicitamente
ao requerer que a massa do
sistema permaneça constante
durante um processo. Para
volumes do controle,
entretanto, a massa pode
atravessar as suas fronteiras,
sendo assim necessário
conhecer as quantidades que
entram e que saiem do volume
de controlo.

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4.1.1 Principio de conservação de massa

O principio de conservação de massa pode ser


expresso do seguinte modo: o balanço de massa
transferida de ou para o sistema durante um processo
é igual a variação (aumento ou decréscimo) da massa
total durante o processo, ou seja:
Massa total que Massa total que Variação total da
- =
entra no sistema sai do sistema massa do sistema

ou

madm  msai  msistema  kg  (4.2)

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4.1.1Principio de conservação de massa

Podendo ser expresso na forma de taxa

madm  msai  msistema  kg s  (4.3)

Em que madm e msai são caudais totais de escoamento da


massa para dentro e para fora do sistema e ∆msistema é a
taxa da variação da massa no interior das fronteiras do
sistema. Estas relações são vulgarmente referidas como
balanço de massa, sendo aplicadas a qualquer tipo de
sistema sujeito a qualquer tipo de processo.

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4.1.2 Caudais Mássicos e
Volúmicoss A quantidade de massa que escoa através
de uma secção por unidade de tempo é
chamada a taxa de fluxo mássico e
representa-se por m. O ponto sobre um
símbolo é usado para indicar que a
quantidade é por unidade de tempo. Um
líquido flui geralmente para fora de um
volume do controle através de tubeiras ou
de dutos. A taxa diferencial de fluxo
mássico de líquido que flui através de um
elemento de área elementar dAc numa
secção do fluxo é proporcional ao próprio
dAc,
dAc a densidade do fluído, e a
componente da velocidade normal ao fluxo
ao dAc,
dAc que designa-se por Vn,Vn é expressa
por;
dm  Vn dA (4.4)

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4.1.2 Caudais Mássicos e
ÉVolúmicoss
de notar que δ e d estão usados indicar quantidades diferenciais,
mas δ é usado tipicamente para quantidades (tais como o calor,
trabalho, e transferência de massa) que são funções do caminho e têm
diferenciais inexactas, enquanto d é usado para quantidades (tais
como propriedades) que são funções do ponto e têm diferenciais
exactos. Para escoamentos através de um elemento anelar de raio
interno r1 e raio exterior r2, por exemplo:

dAc  Ac 2  Ac1    r22  r12 


2
1
(4.5)
mas
2
1
 m  mtotal (4.6)

Massa total que flui pela superfície anelar e não m2 – m1

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4.1.2 Caudais Mássicos e
Volúmicoss
A taxa de fluxo mássico através da área de secção transversal de uma
tubulação ou de um duto é obtida por integração

m    m   Vn dA  kg s  (4.7)


A A

Apesar desta equação ser sempre válida (de facto é exacta), nem
sempre é prática para análises da engenharia por causa da integral. É
conveniente expressar a taxa de fluxo mássico em termos de valores
médios através de uma secção transversal da tubulação. Para um
fluxo compressível em geral, r e Vn variam ao longo da tubulação. Em
muitas aplicações práticas, entretanto, a densidade é uniforme através
da secção transversal da tubulação, e pode-se fazer a análise de r fora
da integral.

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4.1.2 Caudais Mássicos e
Volúmicoss
A velocidade nunca é
uniforme numa secção
transversal de uma
tubulação, por causa do
fluído que está junto às
paredes do tubo que tem a
velocidade zero na parede
(condição de nenhum
deslizamento).

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4.1.2 Caudais Mássicos e
Volúmicoss
Como, a velocidade varia de zero nas paredes a algum valor máximo
perto do eixo central da tubulação, define-se a velocidade média Vmed
como o valor médio do Vn através de toda a secção transversal
1
Vmed  
Ac Ac
Vn dAc (4.8)

onde Ac é a área de secção transversal normal ao sentido de fluxo. É


de notar que se a velocidade for Vmed em toda a secção transversal, a
taxa de fluxo massico seria idêntica àquela obtida integrando o perfil
real da velocidade. Assim para o fluxo incompressivel ou mesmo para
o fluxo compressível onde r é uniforme através da Ac a equação torna-
se:
m  Vmed A  kg s  (4.9)

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4.1.2 Caudais Mássicos e
Volúmicoss
 O caudal volúmico
representa o volume do
fluído que escoa
através de uma secção
transversal por unidade
de tempo

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4.1.2 Caudais Mássicos e
Volúmicoss
Para o fluxo compressível, pode-se pensar em r como a densidade
média sobre o secção transversal, e então a Eq. 4.9 pode ainda ser
usada como uma aproximação razoável. Para a simplificação utiliza-se
a velocidade média. A menos que indicado de outra maneira, Vmed é a
velocidade média no sentido do fluxo. Também, Ac é a área de secção
transversal normal ao sentido do fluxo. O volume do fluído que
atravessa uma secção transversal por unidade de tempo é chamado
fluxo volumétrico e é dado por:
V   n dA   med A m s (4.10)
A

A massa e o fluxo volumétrico encontram-se relacionados por:


V
m  V 
 (4.11)
Onde v é o volume específico

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4.1.2 Caudais Mássicos e
Volúmicoss
O princípio de conservação da massa para um volume do controle pode
ser expresso como: Transferência mássica líquida de ou para um
volume do controlo durante um intervalo de tempo Δt é igual à alteração
líquida (aumento ou diminuição) da massa total dentro do volume do
controlo durante Δt. Isto é,

Massa total que Massa total que Variação total da


entra no Vc - sai do no Vc = massa do no Vc
durante Δt durante Δt durante Δt
ou
madm  msai  mvc  kg  (4.12)
Onde Δmvc=mfinal-minicial é a variação da massa no volume de controle
durante o processo

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4.1.2 Caudais Mássicos e
Volúmicoss
A expressão anterior pode também ser expressa em termos de fluxo
mássico da seguinte forma:

madm  msai  mvc  kg  (4.13)


Também se pode usar na forma de taxa do seguinte modo:

mvc
madm  msai   kg s  (4.14)
dt
Considere-se um volume de controlo de forma arbitraria . A massa do
volume diferencial dV contido no volume de controlo e dm=ρdV.
dm=ρdV A
massa total contida no volume de controle em um dado instante e
determinada por integração
mvc =   dV  kg  (4.15)
cv

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4.1.3 Balanço de Energia Para um
volume de controlo
O principio de conservação de energia para qualquer sistema sujeito a
qualquer processo, como por exemplo a variação de energia (aumento
ou decréscimo) da energia total de um sistema é igual a diferença entre
a energia total que entra e sai do sistema. Também sabe-se que a
energia pode ser transferida de três formas: calor, trabalho e
escoamento de massa. Assim o balanço de energia pode ser escrito
como: E E  E
 adm
   sai  sistema

Energia trasnferida por variação das energia (4.16)
calor, trabalho e cinética, potencial, etc
transferência de massa

Ou na forma de taxa
Eadm  Esai  Esistema
       (4.17)
Energia trasnferida por variação das energia
calor, trabalho e cinética, potencial, etc
transferência de massa

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4.1.3 Balanço de Energia Para um
volume de controlo
O escoamento de massa serve como mecanismo
adicional para alterar a quantidade de energia de um
sistema. Quando a massa entra num volume de controlo,
a energia deste aumenta devido a massa transportar
alguma energia com ela. O contrário verifica-se quando a
massa sai do volume de controlo. Por exemplo quando se
retira água quente de uma caldeira sendo restituído o
mesmo valor em água fria, o conteúdo de energia do
volume de controlo decresce como resultado desta
interacção.

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4.1.4 Trabalho de Escoamento

A energia necessária para


circular o fluído para dentro
e para fora do volume de
controlo chama-se trabalho
de escoamento ou energia
de escoamento, sendo
considerado parte da
energia transportada com o
fluido.

22
4.1.4 Trabalho de Escoamento

Para se obter uma relação para o trabalho de


escoamento considere-se o elemento de fluido
de volume V. O fluido imediatamente a
montante irá forçar este elemento do fluído
para entrar no volume de controlo; então pode
tomar-se este como um êmbolo imaginário. Os
elementos do fluido devem ser escolhidos de
modo a serem suficientemente pequenos,
apresentando propriedades uniformes.

23
4.1.4 Trabalho de Escoamento

Se a pressão for P, e a
área da secção A, a força
aplicada no elemento
através de um êmbolo
imaginário é dada por:

F  PA (4.18)

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4.1.4 Trabalho de Escoamento
Para movimentar todo o elemento de fluido para o interior
do volume de controlo, a força deve actuar ao longo da
distância L; assim o trabalho realizado pelo elemento do
fluído através da fronteira (trabalho de escoamento) é dado
por:
W  FL  PAL  PV
esc  kJ  (4.19)
O trabalho de escoamento por unidade de massa é obtido
pela divisão de ambos os termos da equação pela massa
do elemento do fluído
wesc  P  kJ kg  (4.20)

25
4.1.4 Trabalho de Escoamento

O trabalho de
escoamento representa a
energia necessária para
deslocar um fluído de ou
para um volume de
controlo sendo igual a Pv.

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4.1.5 Energia total de um fluído em
escoamento
A energia total de um sistema compressível simples é
constituída por três elementos: energia interna, energia
cinética e energia potencial, podendo ser expressa por
unidade de massa da seguinte forma
V2
e  u  ec  ep  u   gz  kJ kg  (4.21)
2
Em que V representa a velocidade e z a cota do sistema
em relação a um referencial. O fluido que entra ou sai de
um volume de controlo possui uma forma adicional de
energia, a de escoamento Pv. Então a energia total por
unidade de massa de um fluído em escoamento é:
V2
  h  ec  ep  h   gz  kJ kg  (4.22)
2

27
4.1.5 Energia total de um fluído em
escoamento

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4.2 Escoamento em Regime Permanente

Um grande número de dispositivos de engenharia


como turbinas, compressores e difusores, funcionam
durante longos períodos de tempo nas mesmas
condições sendo classificados como dispositivos de
escoamento em regime permanente.
Os processos que envolvem este tipo de dispositivos
podem ser razoavelmente bem representados através
de um processo idealizado, denominado processo de
escoamento em regime permanente, podendo ser
definido como um processo durante o qual o fluido
escoa continuamente através de um volume de
controlo.

29
4.2 Escoamento em Regime Permanente

 Os escoamentos em regime permanente são


caracterizados por:
 Nenhuma propriedade (intensiva ou extensiva) variar no
interior do volume de controlo, então o volume V, a massa
m, e a Energia E, mantêm-se constantes;
 As propriedades alteram-se na fronteira de um volume de
controlo com o tempo. Assim as propriedades de um fluido
numa entrada ou saída irão permanecer as mesmas;
 As interacções de trabalho e de calor entre o sistema e a
sua vizinhança não se alteram com o tempo.

30
4.2 Escoamento em Regime Permanente

 Sob condições de
escoamento em regime
permanente os
conteúdos de massa e
de energia
permanecem
constantes

31
4.2 Escoamento em Regime Permanente

 Sob condições de
escoamento em regime
permanente, as
propriedades do fluido
na entrada e na saída
permanecem
constantes (mas
variam com o tempo)

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4.2.1 Conservação de Massa

 Durante um processo de escoamento em


regime permanente a massa contida no
volume de controlo não varia com o tempo
(mvc= constante). Então o principio de
conservação de massa requer que a
quantidade de massa que entra num volume
de controle seja igual a que sai.
Massa total que Massa total que sai
entra no Vc por = do no Vc por
unidade de tempo unidade de tempo

33
4.2.1 Conservação de Massa

Ou por outra forma:

 m  m
a s  kJ kg  (4.23)

Onde o índice a apresenta a entrada (admissão) e o índice


s saída.
A maior parte dos dispositivos, tais como turbinas, tubeiras,
difusores compressores e bombas envolvem um único
escoamento, uma entrada e uma saída, neste caso
denota-se a entrada pelo símbolo 1 e a saída pelo 2.

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4.2.1 Conservação de Massa

Então a Equação 4.23 transforma-se em:


m1  m2
1V1 A1   2V2 A2 (4.24)

1 1
V1 A1  V2 A2
Em que:
1 2
ρ - é a massa volúmica
v - o volume específico
V - a velocidade de escoamento
A – é a area da secção normal a superfície de escoamento
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4.2.1 Conservação de Massa

 Principio de
conservação de massa
para um sistema com
escoamento em regime
permanente com duas
entradas e uma saída.

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4.2.2 Balanço de Energia para Sistemas
de Escoamento em Regime Permanente
 Durante um processo de escoamento em
Regime permanente o conteúdo de energia
total de um volume de controlo permanece
constante. Isto é a variação de energia total
durante este tipo de processo é igual a zero.
A quantidade energia que entra sob qualquer
forma (calor, trabalho, transferência de
massa) deve ser igual a quantidade de
energia que sai.

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4.2.2 Balanço de Energia para Sistemas
de Escoamento em Regime Permanente
O escoamento de massa
serve de mecanismo adicional
para alterar o conteúdo de
energia de um sistema.
Quando a massa entra num
volume de controlo a energia
deste aumenta devido a
massa transportar alguma
energia com ela. O contrário
verifica-se quando a massa sai
de um volume de controlo

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4.2.2 Balanço de Energia para Sistemas
de Escoamento em Regime Permanente
A equação geral de balanço de energia na forma de taxa reduz-se
para um processo em regime permanente a:
0 (regime permanente)
E  Esai  Esistema
 adm
      (4.25)
Energia transferida por variação das energia
calor, trabalho e cinética, potencial, etc
transferência de massa

ou

Eadm  Esai
 
Taxa de trasnferência de energia que entra Taxa de trasnferência de energia que sai
sob a forma de calor, trabalho e de massa sob a forma de calor, trabalho e de massa

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4.2.2 Balanço de Energia para Sistemas
de Escoamento em Regime Permanente

 O produto miΘi representa a energia transportada


pela massa para o volume de controlo.

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4.2.2 Balanço de Energia para Sistemas
de Escoamento em Regime Permanente
Sabendo que a energia pode somente ser transferida por calor,
trabalho e massa, a equação de balanço pode ser escrita como:

Qadm  Wadm   ma a  Qsai  Wsai   ms s (4.26)

ou
 V 2
  V 2

Qadm  Wadm   ma  ha 
   a
 gza   Qsai  Wsai   ms  hs  s
 gzs  (4.27)
2 2
                
para cada admissão para cada saída

A equação da primeira lei para sistemas de escoamento em regime


permanente surgiu pela primeira vez em 1859 num livro alemão de
Termodinâmica escrito por Gustav Zeuner.

41
4.2.2 Balanço de Energia para Sistemas
de Escoamento em Regime Permanente
A relação de balanço de energia ou primeira lei para o caso de
sistemas de escoamento em regime permanente é:
 V 2
  V 2

Q  W   ms  hs  s  gzs    ma  ha  a  gza   kW  (4.28)
2 2
                
para cada saída para cada admissão

Para sistemas de conduta única (uma entrada/uma saída) os


estados de entrada e saída são denotados pelos índices 1 e 2. A
taxa de escoamento de massa ao longo do volume de controlo
permanece constante (m1 =m2). Para este caso a equação de
balanço de energia fica:
 V 2
 V 2

Q  W  m  h2  h1  2 1
 g  z2  z1   kW  (4.29)
 2 

42
4.2.2 Balanço de Energia para Sistemas
de Escoamento em Regime Permanente
Dividindo a equação anterior por m tem-se a equação numa base de
unidade de massa:

V22  V12
q  w  h  ec  ep  h2  h1   g  z2  z1   kJ kg  (4.30)
2
Se o fluido apresentar uma variação desprezível das energias
potencial e cinética, então a equação de energia reduz-se a:

q  w  h  kJ kg  (4.31)

43
4.3 Alguns dispositivos de escoamento
em regime permanente
 Muitos dispositivos de engenharia operam
sob as mesmas condições durante longos
períodos de tempo. Os componentes de uma
central de vapor (turbinas, compressores,
permutadores de calor e bombas) operam
continuamente durante meses parando só
para manutenção. Portanto estes dispositivos
podem ser convenientemente analisados
como sendo de escoamento em regime
permanente.

44
4.3 Alguns dispositivos de escoamento
em regime permanente

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4.3.1 Tubeiras e difusores
 O bocais e difusores são amplamente
usados nos motores a jacto, foguetes, naves
espaciais até mesmo em mangueiras de
jardim.
 Um Bocal é um dispositivo que aumenta a
velocidade do fluído através da diminuição
da pressão
 Difusor aumenta a pressão do fluído a
medida que reduz a sua velocidade, estes
dispositivos executam tarefas opostas
46
4.3.1 Tubeiras e difusores

A importância relativa dos termos que surgem na equação


de energia para estes dispositivos é a seguinte:
 Q≈0. a transferência de calor entre o fluído que escoa numa
tubeira ou difusor e a vizinhança é geralmente muito pequena;
 W=0. O termo de trabalho para tubeiras e difusores é
geralmente nulo visto que estes dispositivos são basicamente
condutas com uma dada forma;
 Δec≠0. as tubeiras e difusores envolvem geralmente elevadas
velocidades e a medida que o fluido passa esta varia
significativamente;
 Δep=0. O fluído geralmente não sofre uma variação apreciável de
cota ao passar através de uma tubeira ou difusor.

47
4.3.1 Tubeiras e difusores
 Esquema de uma bocal
e de um difusor para
velocidades subsónicas
(inferiores a velocidade
do som)

48
4.3.1 Tubeiras e difusores

 utilização de um bocal
para a aceleração da
velocidade do jacto a
custa da diminuição da
pressão do mesmo.

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4.3.2 Turbinas e Compressores
 Em centrais de vapor, a gás ou hídricas, o
dispositivo que faz mover o gerador eléctrico é a
turbina. A medida que o fluido passa por esta, o
trabalho é realizado contra as pás fixadas no veio.
Como resultado o veio roda, produzindo trabalho
sendo positivo, pois este é realizado pelo fluído.
 Os compressores, as bombas e os ventiladores,
são dispositivos empregues para aumentar a
pressão de um fluído. O trabalho é fornecido por
uma fonte externa através de um veio.

50
4.3.2 Turbinas e Compressores

Para as turbinas e os compressores, os valores relativos


dos diversos termos que surgem na equação de energia
são:
 Q≈0. O calor transferido para estes dispositivos é geralmente
muito pequeno em comparação com o trabalho de veio;
 W ≠ 0. Todos estes dispositivos envolvem veios em rotação que
atravessam a fronteira, portanto este termo é importante;
 Δep ≈ 0. A variação da energia potencial que o fluído sofre ao
atravessar estes dispositivos é geralmente pequena, podendo
ser desprezada;
 Δec ≈ 0. As velocidades envolvidas nestes dispositivos com
excepção das turbinas são geralmente muito baixas de modo a
provocar variação na energia cinética.

51
4.3.2 Turbinas e Compressores

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4.3.3 Válvula Estranguladoras
 As válvulas estranguladoras são qualquer tipo de
dispositivos que restringem o caudal, provocando
uma perda de carga significativa no fluído, alguns
exemplos comuns são as válvulas ajustáveis os
tubos capilares e as restrições porosas.
 Ao contrário das turbinas estes dispositivos
provocam uma perda de carga sem realizar
qualquer tipo de trabalho. Sendo acompanhada por
vezes por uma grande descida de temperatura.

53
4.3.3 Válvula Estranguladoras

As válvulas estranguladoras são geralmente pequenos


dispositivos e o escoamento através delas pode ser
considerado adiabático
 q ≈ 0. não há tempo nem superfícies suficientes para haver uma
troca de calor efectiva;
 w = 0. Não se realiza trabalho durante o escoamento por
válvulas;
 Δep = 0. A variação da energia potencial que o fluído sofre ao
atravessar mesmo que exista é muito pequena;
 Δec = 0. Embora a velocidade de saída seja geralmente mais alta
que a de admissão, em muitos casos o aumento da energia
cinética é insignificante.

54
4.3.3 Válvula Estranguladoras
 As válvulas
estranguladoras são
dispositivos que
provocam grandes
perdas de carga no
fluido.

55
4.3.3 Válvula Estranguladoras

A equação de conservação de energia para escoamentos através de


válvulas de estrangulamento, em regime permanente transforma-se
em:
h2  h1  kJ kg  (4.32)

De modo a compreender-se melhor a influencia que uma válvula


estranguladora exerce num fluído, considere-se a equação anterior
do seguinte modo:
u1  P1 1  u2  P2 2 (4.33)
ou

Energia de
Energia Interna + = Constante
Escoamento

56
4.3.3 Válvula Estranguladoras
 O resultado final de um processo de
estrangulamento depende do aumento de cada um
dos termos durante o processo . A energia do
escoamento aumenta (P2v2>P1v1), pela utilização da
energia interna. Como resultado, esta última
decresce, sendo geralmente acompanhada por uma
diminuição da temperatura. Se o produto Pv
diminuir, verifica-se um aumento tanto da energia
interna como da temperatura ao longo do processo.

57
4.3.3 Válvula Estranguladoras

 A temperatura de um gás perfeito não varia durante


um processo de estrangulamento (h = constante)
visto que h = h(T)

58
4.3.4 Tanques Misturadores
 Em engenharia a mistura de dois caudais é
uma situação que ocorre com muita
frequência. O local onde se realiza a mistura
chama-se tanque misturador. Não é
imperioso que este dispositivo seja um
tanque verdadeiramente.
 Os princípios de conservação de massa para
este caso requer que a soma dos caudais
mássicos que são admitidos seja igual a
soma dos caudais de saída.

59
4.3.4 Tanques Misturadores

Para os tanques misturadores, os valores relativos


dos diversos termos que surgem na equação de
energia são:
 Q≈0. Os tanques misturadores são geralmente bem
isolados;
 W = 0. Nestes tanques não está envolvida qualquer
forma de trabalho;
 Δep ≈ 0. A variação da energia potencial que o fluído é
tão pequena que pode ser desprezada;
 Δec ≈ 0. A variação da energia cinética também pode
ser desprezada em escoamentos deste tipo.

60
4.3.4 Tanques Misturadores

 Uma ligação em T de
um chuveiro de casa
de banho serve como
um tanque misturador
para caudais de água
fria e quente.

61
4.3.5 Permutadores de Calor
 Os permutadores de calor são dispositivos onde se
troca o calor entre dois caudais de fluidos sem se
misturarem. Os permutadores de calor são
empregues em vária indústrias apresentando-se de
diversas formas. O mais simples é o de tubo duplo
também denominado tubo carcaça. O calor é
transferido do fluído quente para o frio através das
paredes do tubo. Há vezes que se faz passar o tubo
no interior diversas vezes de forma a aumentar a
superfície de transferência de calor.

62
4.3.5 Permutadores de Calor

63
4.3.5 Permutadores de Calor
 O principio de conservação de massa aplicado a um
permutador de calor com escoamento em regime
permanente, requer que a soma dos caudais
mássicos de entrada seja igual a soma dos caudais
de saída. Este principio pode também ser expresso
da seguinte forma: Sob as condições de
escoamento em regime permanente, o caudal
mássico de cada fluído que atravessa o permutador
de calor deve permanecer constante.

64
4.3.5 Permutadores de Calor

Para os tanques misturadores, os valores relativos dos


diversos termos que surgem na equação de energia são:
 Quando se selecciona o permutador como volume de controlo,
se a escolha do volume de controlo recair sobre um dos fluidos,
o calor atravessa a fronteira a medida que se transfere de um
fluído para outro, então Q é diferente de 0.
 W = 0. Normalmente os permutadores não envolvem qualquer
forma de trabalho.
 Δep ≈ Δec ≈ 0. A variação da energia potencial e cinética para
cada um dos fluidos poder ser desprezada.

65
4.3.5 Permutadores de Calor

 Num permutador de
calor a transferência de
calor depende da
escolha do sistema

66
4.3.6 Escoamento em Tubos e Condutas

O transporte de líquidos ou gases tem muita


importância em engenharia. O escoamento através de
um tubo ou conduta satisfaz geralmente as condições
de escoamento em regime permanente. O regime
permanente não se verifica nos regimes transientes
de arranque e paragem. O regime de controlo pode
ser escolhido para coincidir com as superfícies
interiores do tubo ou conduta em estudo.

67
4.3.6 Escoamento em Tubos e Condutas

No estudo de tubos e condutas , é necessário considerar o seguinte:


 Q ≠0. Sob as condições normais de funcionamento a quantidade de
calor ganha ou perdida pelo sistema, pode ser bastante significativa,
especialmente se o seu comprimento for elevado.
 W ≠ 0. Se o volume de controlo envolve uma zona de aquecimento
(resistências eléctricas), um ventilador ou uma bomba deve considerar-
se o termo das interacções de trabalho.
 Δec ≈ 0. As velocidade envolvidas neste tipo de escoamento são
geralmente baixas por isso a variação da energia cinética pode ser
desprezada.
 Δep ≠ 0. Nas condutas e tubos, o fluído pode sofrer uma variação
considerável de cota, portanto o termo de energia potencial pode ser
significativo.
68
4.3.6 Escoamento em Tubos e Condutas

 A perda de calor do fluído quente, através de um


tubo sem isolamento para o ambiente frio, podem
ser significativas.

69
4.4 Processo de Escoamento não
Permanente
 Durante o processo de escoamento em
regime permanente não se verificam
variações no seio do volume de controlo, não
é necessário saber o que se passa no interior
da fronteira do sistema ao longo do tempo.
 Muitos processos envolvem variação no seio
do volume de controle ao longo do tempo.
Estes processos denominam-se escoamento
em regime não permanente ou processos de
escoamento transiente.

70
4.4 Processo de Escoamento não
Permanente
 O enchimento de um
reservatório rígido a
partir de uma conduta
cilíndrica é um
processo de
escoamento em regime
não permanente, visto
envolver variações no
interior do volume de
controlo.

71
4.4 Processo de Escoamento não
Permanente
 Outra diferença entre
os processos de
escoamento em regime
permanente e os
transientes é que os
primeiros são fixos no
espaço dimensão e
forma. Os processos
em regime transiente
não o são.

72
4.4.1 Balanço de Massa
Ao contrário dos processos no caso de regime permanente, no regime
transiente a massa no interior do sistema varia com o tempo

madm  msai  msistema  kg  (4.34)

O balanço de massa para um volume de controlo pode ser escrita de


uma forma mais explícita

m adm   msai   m2  m1 sistema  kg  (4.35)

O balanço de massa também pode ser escrito na forma de


fluxos
madm  msai  msistema  kg s  (4.36)

73
4.4.1 Balanço de Massa
Se as propriedades na entrada, na saída e no interior não forem
uniformes, então a equação do balanço de massa pode ser escrita
como:

d
    n dAe      n dAs  
dt V
  dV VC (4.37)
Ae As

De modo a contabilizar a variação das propriedades. A integração de


dmVC=ρdV do lado direito no volume de controlo resulta na massa
total contida no interior do volume de controlo no instantes t

74
4.4.2 Balanço de Energia

O conteúdo de energia de um volume de controlo


varia ao longo do tempo durante um processo em
regime permanente e a magnitude desta variação
depende da quantidade de transferencia de energia
que atravessa a fronteira do sistema sob forma de
trabalho, de calor e também de energia contida na
massa que sai do sistema. Quando se analisa este
tipo de escoamentos deve-se acompanhar o conteúdo
de energia no interior do volume de controlo e também
a energia que atravessa o sistema através do
escoamento da massa.

75
4.4.2 Balanço de Energia
A equação geral de balanço de energia tem a seguinte forma:
E  Esai  Esistema
 adm
      (4.38)
Energia transferida por Variação das energia
calor, trabalho e cinética, potencial, etc
transferência de massa

Tendo em conta que a energia só pode ser transferido por calor


trabalho ou massa a equação anterior transforma-se em:
Qadm  Wadm   ma a  Qsai  Wsai   ms s  Esistema (4.39)

V2
Em que:   h  ec  ep  h   gz  kJ kg 
2

Representa a energia contida no sistema por unidade de massa

76
4.4.2 Balanço de Energia
Quando se resolve problemas que implicam interacções
desconhecidas de trabalho e calor é necessário assumir uma direcção
para estas interacções. É comum assumir-se que entra calor no
sistema e o sistema produz trabalho, isto é a direcção do trabalho é
para fora.

Q  W   ms s   ma a  Esistema (4.40)

O que significa que o calor transferido para o sistema menos o


trabalho realizado neste é igual a soma da variação da energia
contida nos escoamentos de massa com a energia contida no próprio
sistema

77
4.4.2 Balanço de Energia
A energia total de um fluído em escoamento de massa δm é Θδm.
Então a energia total transportada pela massa através da entrada ou
saída é obtida por integração:
 Ve2 
e  me e ,med    he   gze  me (4.41)
me 
2 
Realizando isto para cada entrada e saída e substituindo na
equação de balanço tem-se:
 Vs2   Ve2 
Q  W     hs  gzs  ms     he  gze  me  Esistema (4.42)
ms 
2  me 
2 

Esta equação pode ser expressa na forma de taxa dividindo


cada termo por Δt e tomando o limite quando Δt→0.
 V 2
  V 2
 dE
Q  W   ms  hs  s
gz s    me  he  e
gze   sistema (4.43)
 2   2  dt

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