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BALANÇO DE ENTROPIA EM SISTEMAS ABERTOS

Da mesma forma que um balanço de energia pode ser escrito para


processos nos quais há entrada, saída ou escoamento de fluido através de
um volume de controle.

Também pode ser escrito um balanço de entropia. Há, contudo, uma


importante diferença: entropia não se conserva.

A segunda lei afirma que a variação da entropia total associada a qualquer


processo tem que ser positiva, com um valor limite igual a zero para um
processo reversível.
m1
m3
Volume de Controle
dm
dt
m2

Essa exigência é levada em conta escrevendo-se o balanço de entropia para


o sistema e a sua vizinhança, considerados em conjunto, e incluindo-se um
termo de geração de entropia para levar em conta as irreversibilidades do
processo.

Esse termo é a soma de três outros:

 um para a diferença na entropia entre as correntes de saída e de entrada,


 um para a variação de entropia no interior do volume de controle, e
 um para a variação de entropia na vizinhança.

 Se o processo é reversível, a soma desses três termos é nula, fazendo


Stotal = 0.
 Se o processo é irreversível, a soma gera uma quantidade positiva, o
termo de geração de entropia.
Conseqüentemente, o enunciado do balanço expresso em taxas é:

A equação do balanço de entropia equivalente é


m1
m3
Volume de Controle
1
dm
dt
m2

Onde: é a taxa de geração de entropia.

Essa equação é a forma geral do balanço de entropia em termos de taxa,


aplicável em qualquer instante.
m1
m3
Volume de Controle
dm
dt
m2

Cada termo pode variar com o tempo:

O primeiro termo é simplesmente a taxa líquida de ganho em entropia das


correntes em escoamento, isto é, a diferença entre a entropia total
transportada para fora pelas correntes que saem e a entropia total
transportada para dentro pelas correntes que entram no volume de controle.

O segundo termo é a taxa dinâmica da variação da entropia total do fluido


contido no interior do volume de controle.

O terceiro termo é a taxa dinâmica da variação da entropia da vizinhança,


resultante da transferência de calor entre o sistema e a vizinhança.
Variação da entropia da vizinhança
Seja a taxa de transferência de calor em relação a uma parte
particular da superfície de controle associada com T,j onde o subscrito ,
j indica uma temperatura na vizinhança.

A taxa de variação da entropia na vizinhança resultante dessa


transferência é então.

O sinal negativo converte definida em relação ao sistema, para uma


taxa de calor em relação à vizinhança.

Conseqüentemente, o terceiro termo na Eq. (1) é a soma de todas essas


quantidades:

1
1

A Eq. (1) passa a ser escrita na forma:

O último termo, representando a taxa de geração de entropia , reflete a


exigência da segunda lei de que ele seja positivo para processos
irreversíveis.

Há duas fontes de irreversibilidades:

(a) aquelas dentro do volume de controle, isto é, irreversibilidades internas; e

(b) aquelas resultantes de transferência de calor vinculada as diferenças de


temperatura finitas entre o sistema e a vizinhança, isto é, irreversibilidades
térmicas externas.
No caso limite no qual = 0, o processo tem que ser completamente
reversível.

O que implica o seguinte:

 O processo é internamente reversível no volume de controle.

 A transferência de calor entre o volume de controle e sua vizinhança é


reversível.

• O segundo item significa que reservatórios de calor são colocados na


vizinhança com temperaturas iguais àquelas da superfície de controle, ou

• Que máquinas de Carnot são posicionadas na vizinhança entre as


temperaturas da superfície de controle e as temperaturas dos
reservatórios de calor.

Para um processo com escoamento em estado estacionário, a massa e a


entropia do fluido no volume de controle são constantes, e

d(mS)VC/ dt = zero.
Então, a Eq. (2) se toma:

Se somente há uma entrada e uma saída, com a mesma nas duas


correntes, uma divisão por fornece:

Cada parcela da Eq. (4) está baseada em uma quantidade unitária do fluido
escoando através do volume de controle.
P=1 atm

P=1 atm P=1 atm

Figura 5.7 – processo descrito no exemplo


CÁLCULO DE TRABALHO IDEAL
W
Em qualquer processo com escoamento em regime estacionário que
requeira trabalho, há uma quantidade mínima absoluta que tem que ser
gasta para realizar a mudança de estado desejada do fluido escoando
através do volume de controle.
W
Em um processo produzindo trabalho, há uma quantidade máxima
absoluta que pode ser executada como o resultado de uma dada mudança
de estado do fluido escoando através do volume de controle.

Em ambos os casos, o valor limite é obtido quando a mudança de estado


associada com o processo é executada de forma completamente reversível.

Para tal processo, a geração de entropia é zero, e a Eq. (3), escrita para
uma temperatura uniforme da vizinhança T torna-se:
Substitua essa expressão para Q no balanço de energia, Eq. (2.30):

(2.30)

O trabalho no eixo , é aqui o trabalho de um processo completamente


reversível. Chamando de trabalho ideal, a equação anterior
pode ser reescrita:

Na maioria das aplicações em processos químicos, os termos das


energias cinética e potencial são desprezíveis quando comparados com
os outros; neste caso a Eq.(5) se reduz a:

6
6

Um processo completamente reversível é hipotético, imaginado somente para


a determinação do trabalho ideal associado a uma dada mudança de estado.

A única conexão entre o processo reversível hipotético e o processo real


é que ambos estão associados à mesma mudança de estado.

Nosso objetivo é comparar o trabalho real de um processo com o trabalho do


processo reversível hipotético.
As equações abaixo fornecem o trabalho de um processo completamente
reversível associado com variações conhecidas das propriedades nas
correntes em escoamento.
Quando é positivo, ele é o trabalho mínimo requerido para
produzir uma dada variação nas propriedades das correntes escoando, e é
menor que . Neste caso, uma eficiência termodinâmica , é definida
como a razão entre o trabalho ideal e o trabalho real:

Quando é negativo, é o trabalho máximo obtido


(ideal) a partir de uma dada variação nas propriedades das correntes escoando,
e é maior que . Neste caso, a eficiência termodinâmica é definida como a
razão entre o trabalho real e o trabalho ideal:
TRABALHO PERDIDO

O trabalho que é desperdiçado em virtude das irreversibilidades em um


processo é chamado de trabalho perdido. Wperdido é definido como a diferença
entre o trabalho real e o trabalho ideal para o processo. Assim, por definição,

Em termos de taxas, 8

A taxa de trabalho real vem da Eq. (2.30), e a taxa de trabalho ideal é dada
pela Eq. (5.24):

(2.30)

(5.24): 9
Substituindo essas expressões para na Eq. (8), obtém-se:

10

Para o caso de uma única vizinhança a temperatura T a Eq. (3) se torna:

3 11

Multiplicação por T fornece:

Os lados direitos dessa equação e da Eq. (10) são idênticos; conseqüentemente,


Como uma conseqüência da segunda lei, ; de onde vem que
.
Quando um processo é completamente reversível, a igualdade é válida e

Para processos irreversíveis a desigualdade está presente, e isto é,


a energia que se torna indisponível para o trabalho, é positivo.

Na engenharia, a importância desse resultado é clara:

Quanto maior a irreversibilidade de um processo, maior a taxa de


produção de entropia e maior a quantidade de energia que se torna
indisponível para trabalho. Assim, toda a irreversibilidade carrega
consigo um valor.
 Para o caso particular de uma única corrente escoando através do
volume de controle,

 m é colocado em evidência e se torna um multiplicador da diferença de


entropia nas Eqs. Abaixo:
10

11

Então, uma divisão por m converte todos os termos para a base de uma
unidade de quantidade de fluido escoando através do volume de controle.
Dessa forma,
12

13
Problemas
5.17. Uma máquina de Carnot opera entre os níveis de temperatura de 600 K e 300 K. Ela
aciona um refrigerador de Camot, que fornece resfriamento a 250 K e descarta calor a 300 K.
Determine um valor numérico para a razão entre o calor extraído pelo refrigerador ("carga de
resfriamento") e o calor cedido para a máquina (“carga de aquecimento").

5.26. Um moI de um gás ideal é comprimido isotermicamente a 130°C, porém irreversivelmente


de 2,5 bar a 6,5 bar em um dispositivo êmbolo/cilindro. O trabalho necessário é 30% maior do
que o trabalho da compressão isotérmica reversível. O calor retirado do gás durante a
compressão escoa para um reservatório de calor a 25°C. Calcule a variação das entropias do
gás e do reservatório de calor, e o Stotal.

5.30. Um inventor projetou um complicado processo sem escoamento, no qual 1 moI de ar é o


fluido de trabalho. Afirma-se que os efeitos líquidos do processo são:
•Uma mudança de estado do ar de 250°C e 3 bar para 80°C e 1 bar.
•A produção de 1.800 J de trabalho.
•A transferência de uma quantidade de calor, em aberto, para o reservatório de calor a 30°C.
Determine se a performance indicada do processo é consistente com a segunda lei. Suponha
que o ar seja um gás ideal com Cp = (7/2)R.

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