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•Como no Gênesis, primeiro livro de Moisés, os traços de oralidade já se evidenciam, logo de início, nos vários
“es” que introduzem a narração da criação do mundo: “(...) E disse Deus: Haja luz; e houve luz. E viu Deus que
era boa a luz; e fez Deus separação entre a luz e as trevas. E Deus chamou à luz Dia; e às trevas chamou noite. E
foi a tarde e a manhã, o dia primeiro”.
•Mesmo impressos, ainda que retocados para atender ao gosto de quem os edita e lêem, também os contos de
magia trazem uma clara relação com a tradição oral em que foram gerados.
• Esses exemplos apontam para o fato, hoje incontestável, de que no alvorecer e durante muito tempo da
civilização do homem sobre a terra, a literatura tinha destinação oral e não escrita.
A Transformação
•O deslocamento sensorial efetuado pela aquisição da escrita transforma a palavra e seu uso, assim como os
modos do pensamento.
• Da dimensão oral à perspectiva imagética, a escrita estabelece uma espécie de distanciamento que aponta
para um refinamento da palavra, agora objeto de análise e aprimoramento, já que os procedimentos de
escolha para registro obedecem a regras anteriormente determinadas, e a palavra pode ser apagada ou
mudada na superfície do texto.
•Com a palavra impressa, os modos de apreensão e transmissão dos textos se modificam ainda mais.
•A ciência e a literatura são afetadas pela qualidade e capacidade de reprodução do suporte, o que também
contribui para a evolução das capacidades analíticas e interpretativas dos leitores do texto impresso.
relação entre a oralidade e a escrita
• A relação entre a oralidade e a escrita é tema de estudo de várias áreas de conhecimento e,
dependendo da abordagem escolhida, esses termos podem aparecer em uma relação de
oposição ou de integração.
• A oposição entre escrita e oralidade foi utilizada como a grande divisão que separa as
sociedades históricas e pré-históricas, civilizadas e selvagens.
• Os etnólogos que estudaram os costumes ameríndios, africanos e dos habitantes da Oceania
mostraram que a narrativa mítica sempre prevaleceu sobre a análise lógica, os rituais de
iniciação sobre as transmissões formais, o ver fazer e o ouvir dizer sobre o procedimento
científico.
• Contudo, a crença de que a oralidade induziria a um pensamento pré-lógico deixou de ser
dominante após o fim do colonialismo.
•Segundo Fischer, “a escrita ainda era um meio para um fim, a apresentação pública – tradição que remontava
a dezenas de milhares de anos –, e ainda não se havia tornado um fim em si mesma: o confronto solitário com
a palavra escrita”. (FISCHER, 2006: 17)
•Num mundo habituado à comunicação face a face “o texto escrito era uma conversa, passada ao papel para
que o companheiro ausente pudesse pronunciar as palavras a ele destinadas”. (MANGUEL, 2005: 59)
•Da pictografia, passando pelos primeiros sistemas ideográficos, até chegar ao alfabeto, a escrita passou por
diversas transformações.
•Aquele que pode ser considerado o grande momento no desenvolvimento desta tecnologia foi a criação da
escrita fonética, a substituição da “imagem visual pela sonora, colocar o som onde até então tinha
obstinadamente colocado a figura.
•Dessa forma, o sinal se libertaria completamente do objeto e a linguagem readquiriria a sua verdadeira
natureza, que é oral.” (MARTINS, 1996: 40).
•Originariamente, a apreensão do literário dava-se pela percepção auditiva e não pelo sentido visual da leitura
silenciosa, como hoje é hábito nas sociedades quirográficas, isto é, que desenvolveram a escrita, e que,
posteriormente, adotaram a impressão.
•O registro de unidades fonéticas pela escrita pode ser feito pela forma silábica, onde cada unidade escrita
representa um grupo sonoro; e pela forma alfabética, onde cada unidade escrita – a letra – corresponde a um
som.
•A mudança que ocorreu progressivamente de uma comunicação direta face a face, onde fatores além do
discurso verbal contribuem para a interpretação deste, para uma comunicação unicamente verbal, levou ao
surgimento de uma “forma imutável e impessoal de discurso” (GOODY; WATT, 1963: 321);
•ou seja, perde-se a capacidade de modificar o discurso conforme o público e não há mais a possibilidade de
confrontar aquele que o criou.
•Enquanto a oralidade depende fundamentalmente do contexto, a escrita depende fundamentalmente da
própria linguagem. (ONG, 2002: 105)
•Na cultura oral o conhecimento tem que ser produzido em voz alta, senão ele logo desaparece; é preciso
despender uma grande energia para dizer repetidas vezes o que é aprendido arduamente através dos tempos.
•Como conhecimento valioso à sociedade tem, então, em alta conta àqueles anciãos e anciãs, sábios que se
especializam em conservá-lo, conhecendo e podendo contar as histórias dos tempos remotos.
•Já o conhecimento da cultura escrita, que está armazenado fora da memória humana, deprecia as figuras do
sábio ancião, repetidor do passado, em favor de descobridores mais jovens de algo novo.
• Enquanto que nas culturas orais há uma conceituação e uma verbalização de todo o seu conhecimento com
uma referência mais ou menos próxima ao cotidiano da vida humana,
•a cultura escrita acaba por distanciar, de certo modo, até mesmo o ser humano, discriminando e tornando
todas as coisas tão abstratas, neutras, inteiramente desprovidas de um contexto de ação humana.
• A relação entre a oralidade e a escrita é tema de estudo de várias áreas de conhecimento e,
dependendo da abordagem escolhida, esses termos podem aparecer em uma relação de
oposição ou de integração.
• A oposição entre escrita e oralidade foi utilizada como a grande divisão que separa as
sociedades históricas e pré-históricas, civilizadas e selvagens.
• Os etnólogos que estudaram os costumes ameríndios, africanos e dos habitantes da Oceania
mostraram que a narrativa mítica sempre prevaleceu sobre a análise lógica, os rituais de
iniciação sobre as transmissões formais, o ver fazer e o ouvir dizer sobre o procedimento
científico.
• Contudo, a crença de que a oralidade induziria a um pensamento pré-lógico deixou de ser
dominante após o fim do colonialismo.
•A existência da escrita acarreta várias consequências na construção de registros, na mudança
de lugares de poder e nos sistemas de funcionamento da sociedade.
•A escrita modifica o sistema jurídico (contrato escrito versus palavra dada), confere à pessoa
instruída autoridade sobre o iletrado –, mas não anula as culturas populares em que persistem
tradições orais e transmissões práticas.
•A oposição popular/erudito, que reduz a cultura escrita aos discursos teóricos mais formais,
esquece que os letrados também falam e que, simultaneamente ao uso da escrita, a oralidade é
uma modalidade fortemente presente nas interações sociais.
•A oposição oralidade/escrita aponta não só as distâncias e transferências entre a voz e a letra,
mas também sua coexistência instável nas diversas interações sociais que praticamos.
•As novas mídias que circulam na sociedade e na escola mesclam recursos orais, verbais e
visuais, colocando em questão as grandes divisões entre o que constitui as especificidades da
escrita e as da oralidade.
• As mídias audiovisuais nos habituam a considerar como oral o que é uma escrita falada:
apresentadores de rádio e televisão leem textos previamente elaborados; palestrantes e
conferencistas também preparam suas falas por escrito, mas é preciso dar a esses usos da
palavra a aparência de uma expressão oral espontânea.
•A escola trabalha com uma cultura escrita, com dispositivos que são organizados pela escrita,
como livros, cadernos, fichários, quadros e tabelas.
•Os escritos que circulam nesses materiais acabam conduzindo a um modo de se expressar e
pensar que é nutrido pelo modelo escrito e pelos poderes da escrita.
•No entanto, a escola é, além disso, espaço de encontro de culturas da oralidade, quando os
alunos produzem textos orais de sua tradição familiar e de seus grupos de convivência, quando
diferentes falares convivem no espaço escolar, quando muitos conhecimentos são transmitidos
pela via da oralidade.
•A presença de escritos na vida social ou escolar e as tecnologias têm modificado as fronteiras
entre a escrita e a oralidade: fala-se a distância (por telefone), a pessoas ausentes (recados na
secretária eletrônica); dialoga-se por escrito (através de emails, chats, tweets). O oral passa a deixar
seus traços em registros escritos e os numerosos escritos podem ser efêmeros como a fala.
•A grande diferença entre os modos de funcionamento oral e escrito deve ser relativizada
quando as sociedades se tornam letradas.
•Além disso, a existência da escrita não é marco para estabelecer o fim de algumas práticas
sociais que ocorrem numa cultura típica da oralidade.
•A necessidade de contar ou ouvir antes de ler e escrever remete à origem do que se entende atualmente por
literatura.
•No começo de tudo, antes do verbo e do texto escrito, havia a voz, como indicam, por exemplo, A Ilíada e A
Odisséia, surgidas como canto entoado por várias gerações até serem fixadas pela escrita.
•Assim, as relações entre voz e letra, oralidade e escrita foram e são tão íntimas quanto complexas e
problemáticas, qualidades que se intensificam em função das novas formas de oralidade surgidas com as
constantes transformações tecnológicas.
•A Odisseia, assim como a Ilíada, é um poema elaborado ao longo de séculos de tradição oral, tendo
tido sua forma fixada por escrito, provavelmente no fim do século VIII a.C.[2] A linguagem homérica
combina dialetos diferentes, inclusive com reminiscências antigas do idioma grego, resultando, por
isso, numa língua artificial, porém compreendida.
McLuhan
from the magical world of hearing to the neutral world of vision
•Com uma estética pós-moderna, o livro 'O Meio são as Massa-gens', escrito pelo filósofo, educador
e comunicólogo canadense Marshall McLuhan, com ilustrações de Quentin Fiori, possibilita - entre
outras coisas - uma reflexão sobre as relações entre a percepção e os meios de comunicação e
informação que nos afetam.
•Um olhar penetrante sobre o mundo atual e as mudanças nas relações e nos meios de informação e
comunicação, avaliando o que se está acontecendo.
•A tecnologia está reformulando e reestruturando as relações e a interdependência social, desde os
mais sutis aspectos da vida pessoal.
•Essas mudanças exigem um reexame sobre o pensamento e as instituições.
•Publicado em 1969, este livro já comentava sobre a "Aldeia Global", referindo-se a possibilidade de
se intercomunicar diretamente com qualquer pessoa - comparando hoje à comunicação via internet.
•Além disso, trata sobre o impacto sensorial diante das distintas possibilidades de interpretação de
mensagens por conta dos diferentes meios tecnológicos, e como estes "massageiam" as mensagens
que recebemos.
•O meio, ou processo, de nosso tempo - de tecnologia elétrica - está remodelando e reestruturando
padrões de interdependência social e todos os aspectos de nossa vida pessoal.
•Por êle somos forçados a reconsiderar e reavaliar, práticamente, todos os pensamentos, tôdas as
ações e tôdas as instituições anteriormente aceitos como óbvios. Tudo está mudando - você, sua
família, sua vizinha, sua educação, seu emprêgo, seu govêrno, sua relação com os "outros".
•E essa mudança é dramática. É impossível compreender as transformações sociais e culturais sem
o conhecimento de como funcionam os meios.
•O meio é a massa-gem. Toda compreensão das mudanças sociais e culturais é impossível sem o
conhecimento do modo de atuar dos meios e como meio ambiente. Todos os meios são
prolongamentos de alguma faculdade humana - psíquica ou física.
• A roda ...é um prolongamento do pé o livro ...é um prolongamento do olho a roupa é um
prolongamento da pele os circuitos elétricos, um prolongamento do sistema nervoso central
•Os meios, ao alterar o meio ambiente, fazem germinar em nós percepções sensoriais de agudeza
única. O prolongamento de qualquer de nossos sentidos altera nossa maneira de pensar e de agir - o
modo de perceber o mundo.
•Quando essas relações se alteram, os homens mudam.
•O órgão dominante de orientação social e sensorial nas sociedades anteriores ao alfabeto era o
ouvido - "ouvir era crer".
•O alfabeto fonético forçou o mundo mágico da audição a ceder lugar ao mundo neutro da
visão.
•O homem recebeu um ôlho em troca do ouvido.
Apresentações
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• Livro
• Proxima aula