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UNIVERSIDADE SÃO TOMÁS

DE MOÇAMBIQUE
Lic. Mestranda- Cláudia Francisco Domalamo
Saúde da Comunidade
Envolvimento Comunitario AULA-5
Envolvimento comunitario
Logo após a Independência Nacional, em 1975, o Governo da República de Moçambique definiu a Política
Nacional da Saúde (PNS);
 De acordo com a PNS, a saúde é um bem que é necessário promover, preservar, manter e melhorar, cabendo aos
diversos sectores de actividade contribuir para tal, de forma a se atingir o “estado de bem estar físico, mental e
social” pretendido.
Autoridades comunitárias: segundo o Decreto n° 15/2000, são autoridades comunitárias em Moçambique:
Os chefes tradicionais;
Os secretários de bairros e de aldeias e outros líderes legitimados como tais pelas respectivas comunidades locais e
reconhecidos pelo representante competente do Estado.
O envolvimento comunitário é o processo através do qual os indivíduos e organizações de beneficiência criam
uma relação a longo prazo com uma visão coletiva a favor da comunidade
●Trata-se primordialmente de uma prática que incentiva as comunidades para melhores mudanças através do seu
empoderamento
Missão do Envolvimento Comunitário
Garantir acesso dos moçambicanos aos cuidados básicos de saúde, por meio da promoção das capacidades da
comunidade para a identificação, análise e tomada de decisões para resolução dos problemas de saúde e
desenvolvimento.

Objectivos do Envolvimento Comunitário


 Satisfazer um direito e um dever:
odo ser humano tem o direito e o dever de participar individual ou colectivamente na planificação e na
implementação dos cuidados de saúde que lhe são destinados.
O envolvimento comunitário em um processo de satisfação dos seus direitos conduz a que essas comunidades
possam reivindicar esses direitos.

 Reforçar a coesão e a auto-suficiência da comunidade:


O envolvimento comunitário para a saúde facilita a troca de informações e experiências entre os membros da
comunidade, de que resultaria reforço da colaboração e coesão.
Para além disso, este processo conduz a uma maior democratização da vida da comunidade, atenuando
tendências autocráticas das autoridades comunitárias.
 Promover a autorresponsabilidade da colectividade e dos indivíduos:
Programas de saúde com uma forte componente de envolvimento comunitário conduzem a autorresponsabilização
da comunidade para promover o desenvolvimento comunitário e melhorar as condições de vida da população, para
além de constituir uma aprendizagem.

 Melhorar as coberturas dos cuidados de saúde:


As Direcções Provinciais de Saúde têm experiência de aumento das taxas de coberturas vacinais e de outros
programas pela realização de Campanhas de Vacinação e de Brigadas Móveis (BM), bem como dos Dias Mensais
de Saúde (DMS).
Isto tem sido possível em grande medida graças ao envolvimento da comunidade por meio das autoridades
comunitárias.

 Melhorar a qualidade dos serviços de saúde prestados:


Quando as comunidades ganham o poder de identificar e priorizar os problemas de saúde e de tomar decisões
sobre as formas de os resolver, desenvolvem a capacidade de análise crítica e ganham consciência dos seus
direitos, pelo que se tornam mais exigentes e mais construtivas nas suas reivindicações.
 Melhorar o funcionamento das Unidades Sanitárias:
Podem apoiar o estabelecimento de um horário e de outras condições para o desenvolvimento dos programas
compatíveis com as suas actividades, tornar o funcionamento mais amigável e conveniente para eles e evitar-se a
perda de oportunidades.

 Abrir largas perspectivas de priorização das acções de promoção da saúde e de prevenção das doenças.
É bem mais fácil o envolvimento comunitário em acções de educação à saúde, promoção de higiene e saneamento,
do que na prestação de cuidados em regime de hospitalização, pois são mais onerosos;
Contudo, o envolvimento comunitário deve ser promovido em todos os níveis do sistema de saúde.

 Aumentar a resposta do sistema de saúde: um sistema de saúde sob a supervisão e controlo directos das
comunidades - seus beneficiários, será, de certo, melhor gerido:
Aumentará o cumprimento dos objectivos pré-determinados e das metas fixadas;
Provocará melhoria no desempenho dos recursos humanos e na gestão de materiais, financeiros e infra-estruturas,
com economia de tecnologia e de tempo.
Abordagens e táticas relacionadas com o envolvimento comunitário
●Envolvimento da comunidade
●Comunicação para epidemias
●Comunicação para crises
●Comunicação dos riscos
●Comunicação para impacto comportamental (ou Comunicação Persuasiva)
Mobilização social
●Comunicação para o desenvolvimento (C4D)
●Comunicação para a mudança de comportamentos
●Educação para a saúde
●Promoção da saúde
Por que envolver a comunidade?

Todos têm o direito de conhecer os riscos para a sua própria saúde e bem-estar
•Informação culturalmente apropriada pode ajudar a tomar decisões informadas para reduzir riscos para a saúde
•As ações tomadas por indivíduos, famílias e comunidades afetadas são fundamentais para o controlo da ameaça/
Ações para o envolvimento comunitário
O envolvimento da comunidade abrange uma vasta gama de atividades. Algumas atividades tomadas por
funcionários governamentais incluem:
●Alcançar/informar a comunidade sobre as orientações de política do Governo
●Consultar a comunidade como parte de um processo para desenvolver políticas governamentais ou criar uma
maior consciência e compreensão pela comunidade
●Envolver a comunidade através de uma série de mecanismos para assegurar que questões e preocupações são
compreendidas e consideradas como parte do processo de tomada de decisões
●Colaborar com a comunidade, desenvolvendo parcerias para formular opções e fornecer recomendações.
●Partilha de liderança/empoderamento permitem à comunidade tomar decisões, implementar e realizar
mudanças.
Princípios do envolvimento da comunidade Fase de planificação
●Clarificar a meta/objetivo
●Compreender a cultura da comunidade, percepção, condição económica, redes sociais, estruturas políticas e de
poder, normas, valores, tendências demográficas, história, experiência passada
●Estabelecer relações, criar confiança, trabalhar com líderes formais e informais, buscar o envolvimento dos
mesmos na mobilização da comunidade
●Mapear e utilizar os mecanismos existentes de envolvimento da comunidade, por ex. para campanhas de pólio,
imunização, trabalho com VIH, voluntários da Cruz Vermelha, etc.
Princípios do envolvimento da comunidade Fase de implementação
●Estabelecer parcerias com a comunidade para estabelecer mudanças e melhorar a saúde
●Reconhecer e respeitar a diversidade; e assegurar que os mais vulneráveis sejam contemplados e envolvidos
●Identificar, mobilizar ativos e pontos fortes no desenvolvimento da capacidade e dos recursos da comunidade
para tomar decisões e implementar ações
●Estar preparado para implementar ações de controlo e intervenções junto à comunidade. Ser flexível para
responder a mudanças de necessidades
Conhecer a comunidade
●Estrutura da comunidade
–Formal e informal
–Líderes e fazedores de opinião
●Dinâmicas da comunidade
●Relações de poder
●Fontes de informação
●Crenças e práticas
●Recursos disponíveis
●Outros
Factores que influenciam o envolvimento comunitário
• Forte consciência no seio das comunidades quanto ao papel que, cada um individualmente e todos
colectivamente, devem ter para a defesa e promoção de sua própria saúde;
Estruturação do Sistema de Saúde de tal modo que seja dada alta prioridade às acções não médicas e médicas de Promoção da
Saúde e de Prevenção da doença;
• Alta prioridade atribuída ao envolvimento comunitário para a Saúde e à Promoção da Saúde, aparecendo estes como
objectivos explícitos da Política Nacional de Saúde;
• Boa compreensão, em todos os níveis de gestão, da importância do envolvimento comunitário para a Saúde;
• Boa comunicação das estruturas da Saúde e dos outros agentes externos com a comunidade e com as autoridades
comunitárias por ela legitimadas;
• Existência de autoridades comunitárias esclarecidas, democráticas e empenhadas no bem estar da comunidade;
Existência de mecanismos adequados e funcionando correctamente, de articulação, entre as estruturas de Saúde e os restantes
instituições de mobilização comunitária para a Saúde;
• Boas competências, atitudes e práticas de preparação dos trabalhadores de saúde para o trabalho com as
comunidades, nomeadamente, em matéria de técnicas e métodos participativos, sem que contudo abdiquem
das suas responsabilidades como educadores e orientadores em questões técnico-científicas;

• Existência de mecanismos apropriados e de oportunidades para as comunidades desenvolverem habilidades


técnicas, competências e capacidades;
Existência e funcionamento adequado de mecanismos apropriados de coordenação entre os diversos sectores da
governação (Cooperação Intersectorial para a Saúde);
Existência de uma estrutura organizacional e gestionária adequada e correctos mecanismos de acompanhamento
e de avaliação;
Factores que dificultam envolvimento comunitário
Fraca consciência, no seio das comunidades, do papel que cada um individualmente e todos colectivamente,
devem ter para a defesa e promoção da sua própria saúde;
Fraca ou nenhuma prioridade atribuída ao «envolvimento comunitário para a saúde»;
Má compreensão ou total incompreensão, em todos os níveis de gestão quanto a importância do envolvimento
comunitário para a saúde;
Desafios
●Manter o envolvimento da comunidade ao longo do tempo
●Ultrapassar as diferenças entre as unidades de resposta e a comunidade; e os diferentes influenciadores
●Trabalhar com comunidades únicas, especialmente vulneráveis ou de alcance difícil
●As comunidades e as unidades de resposta podem não perceber o risco da mesma forma
●As comunidades têm uma dinâmica social complexa e relações de poder em constante mudança que
influenciam a forma como as envolvemos

O envolvimento da comunidade é complexo, o trabalho duro requer qualificações e recursos dedicados

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