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Educação em Contexto Migratório:

Desafios para o Ensino da Língua


Portuguesa a Imigrantes e/ou Refugiados
Programa Doutoral em Educação
Ramo:
História e Teoria da Educação

Fátima Bandeira Hartwig


02/03/2022

Orientadora: Profª Doutora Maria Helena Ançã


Coorientador: Prof. Doutor Manuel Ferreira Rodrigues
Roteiro de Apresentação

Consideraçôe Introdução
s Finais
Educação em Contexto
Migratório: Desafios
para o Ensino da
Língua Portuguesa a
Imigrantes e/ou
Refugiados

Enquadrament Enquadrament
o Metodológico o Teórico
e Estudo (capítulos 1 a
Empírico 5)
(capítulos 6 e 7)
Introdução
Percepções Questões de Investigação
Iniciais/Justificativa
Presença de sujeitos (na condição Trajetória Pessoal e 1. Qual a percepção dos professores que atuam em
de I e/ou R) advindos dos fluxos Profissional Contexto Migratório a respeito do ensino da LP a
migratórios atuais nas escolas alunos na condição de I e/ou R nas escolas públicas
(diversidade, invisibilidade, Ausência de Políticas da SEEDF?
negação de direitos, desafio que Públicas para o
requer uma proposta de Educação Ensino em Contexto 2. De que natureza são as dificuldades e
Intercultural) Migratório necessidades enfrentadas pelos professores no
processo de ensino-aprendizagem da LP a falantes
(Bauman, 2017; Queiroz, 2020; de outras línguas?
Walsh, 2010)
3. Que possibilidades existem de Formação
Continuada para professores no Ensino da LP a
alunos provindos do fluxo migratório atual?
Enquadramento Teórico
Capítulo 2 -
Capítulo 3 - Capítulo 4 -
Histórico
A Educação e Inter-relações
Migratório:
a sua da LP com
Da Lei nº
natureza outras
6.815/1980 à
Política Línguas e
Lei nº
Culturas
13.445/2017
Capítulo 1 -
Das Escolas
Étnicas à
Capítulo 5 -
Escola
Formação de
Nacional:
Professores
Imigração e
Estado-
Nação

1 - (Aranha, 2006; Seyferth, 2011; Kreutz, 2010).


2- (Bauman, 2017; Mendes & Brasil, 2020).
3- (Freire, 1989, 2020; Maciel, 2017; Queiroz, 2020).
4- (Ançã, 2006; Candau, 2016; M. Pessoa, 2010; Repetto, 2019; Sequeira & Cardoso, 2020; Walsh, 2010).
5- (E. Mendes, 2012b; Moita Lopes, 2013; Nóvoa, 2019; Zeichner, 2008a).
Enquadramento Metodológico e Estudo Empírico
Investigação Qualitativa

Paradigma Interpretativo

Entrevista como técnica de Recolha de Dados

Capítulo 6 - Guião de Entrevistas Semiestruturado Capítulo 7 -


Contexto de Análise e
Investigação e Entre a Transcrição das Entrevistas e a Análise de Dados foram
organizadas apresentações parciais dos dados, por meio da Análise de Discussão
Opções dos
Conteúdo, em três momentos. Após essa fase ocorreu a validação do
Metodológicas Resultados
Quadro Categorial por dois Especialistas

Organização do Quadro Categorial a partir de três grandes Áreas


Temáticas, dividido em Categorias e Subcategorias

Análise de Conteúdo:
Nomes Fictícios dos professores participantes associados a rios que Indutiva, Subjetiva e
banham os países de origem dos alunos Interpretativa

6 e 7 - (Bardin, 2016; Guerra, 2006)


Enquadramento Metodológico - Critérios para a constituição do grupo de
participantes
Disponibilização dos Relatórios do Censo Escolar dos anos de 2017 e 2018 referentes às matrículas dos
alunos na condição de I e/ou R distribuídas entre as 14 Coordenações Regionais de Ensino (CRE) do DF

Identificação de três CRE com maior quantitativo de alunos, diversidade de nacionalidades e que tiveram
matrículas tanto em 2017 quanto em 2018 (Plano Piloto/Cruzeiro; Taguatinga; Núcleo Bandeirante)

Maior número de matrículas no nível de EF e na modalidade da EJA

Planejamento das entrevistas com os professores de cada nível/modalidade de ensino das três CRE

Duas nos Anos Iniciais do EF + duas nos Anos Finais do EF + duas no 1º Segmento da EJA + duas no 2º
Segmento da EJA

Do total de 24 entrevistas, 12 com professores de Pedagogia (Grupo “A”) e 12 com professores de


Letras/Português (Grupo “B”), três entrevistas não puderam ser realizadas

Realização das entrevistas entre abril e julho de 2019


Estudo Empírico
Capítulo 7 – Análise e Discussão dos Resultados
Área Temática 1 - Prática Educativa
7.4 Necessidades no Ensino a Alunos
7.1 Caracterização Docente na Condição de I e/ou R
7.1.1 Formação Inicial e Continuada de Professores
7.1.2 Tempo de Atuação
7.4.1 Aprendizagem de Idiomas
7.2 Primeira Experiência com o Ensino a 7.4.2 Presença da Família na Escola
Alunos na Condição de I e/ou R 7.4.3 Estratégias Pedagógicas
7.2.1 Atuação Recente 7.4.4 Apoio da Instituição de Ensino
7.2.2 Desconhecimento de Alunos na Condição de I e/ou R
em Sala de Aula 7.5 Ensino da LP
7.5.1 Diversidade Linguística e Cultural
7.5.2 Educação Intercultural
7.3 Dificuldades no Ensino a Alunos 7.5.3 Aprendizagem da LP e Ensino do PLNM
na Condição de I e/ou R
7.3.1 Desconhecimento da LM do Alunos versus Aproximações da
LP com a LM dos Alunos (...) a análise de conteúdo ampara-se
pela pré-análise, a exploração do material recolhido e
consolida-se com o tratamento
e discussão dos resultados realizados a partir de então
(Bardin, 2016, p. 63).
Área Temática 2 - Reflexões Docentes - 7.6
Pessoais - Acolhimento, integração, empatia, alteridade, compreensão e a sensibilização sobre o fato de sujeitos na condição
de I e/ou R enfrentarem diversos problemas no decorrer do processo migratório e educacional.

Profissionais - Dificuldades e necessidades relacionadas com o processo de ensino-aprendizagem, nomeadamente no que


tange ao Ensino da LP ( alfabetizar, letrar, ensinar a falar, avaliar, conhecer basicamente a LM dos alunos e fatores culturais a ela
associados).

Perspectivas Futuras - Melhorar suas práticas educacionais por meio de maior sensibilização/conscientização do que
significa ensinar a alunos na condição de I e/ou R.
- Buscar maneiras diferenciadas de ensino e formas adequadas de como integrar tais alunos.
- Necessidade de Formação Continuada.

● As Reflexões Pessoais e Profissionais são praticamente


Ação Ação indissociáveis, dado o sentimento de impotência para o alcance dos
autoquestinamentos feitos pelos professores (falha, falta,
“deficiência”).
Reflexão
● Algumas Reflexões dos professores demonstram a tendência de se
sentirem os únicos responsáveis pelo processo de ensino-
(...) a teoria sem ação se transforma em “verbalismo”, aprendizagem e da própria formação docente (repensada durante a
da mesma forma que a ação sem reflexão se resume em entrevista).
“ativismo” (cf. Freire, 1989)
Área Temática 3 - Formação Continuada de Professores
7.7.1 Preparação para Atuação em Contexto Migratório
- Percepção praticamente unânime de que não estão preparados
- Compreensão de que a Formação Inicial foi insuficiente para tal desafio
- Desconhecimento de propostas formativas em nível Continuado

7.7.2 Papel da Formação Continuada de Professores para Atuação em Contexto Migratório


- Entendem a Formação Continuada como papel fundamental para que as demandas docentes
e discentes sejam atendidas
- Compreendem que seria papel da Escola, dos momentos de Coordenação Pedagógica e da EAPE
a responsabilidade de ofertas formativas

7.7.3 Políticas Públicas para a Formação Continuada de Professores em Contexto Migratório


- Seja em âmbito local ou nacional, foi consensual entre todos os professores o desconhecimento
de Políticas Públicas

7.7.4 Temas de Interesse para a Formação Continuada de Professores em Contexto Migratório


- Todos foram terminantemente taxativos em afirmar que nunca fizeram e muito menos tiveram acesso a
propostas formativas na área
Temas de Interesse sugeridos aos Professores

1. Contexto Histórico das Migrações

2. Leis e Políticas Públicas voltadas para o público na condição de I e/ou R

3. Conhecimento de sites de Instituições, como o ACNUR

4. Conhecimento de ações desenvolvidas por outras Instituições Educacionais ou da


Sociedade Civil junto ao Público na condição de I e/ou R

5. Sensibilização a respeito da Diversidade Linguística e Cultural e o Combate a Práticas


Xenofóbicas

6. Conhecimento sobre Práticas de Educação Intercultural

7. Formação específica para o Ensino do PLNM


Considerações Finais
A Prevalência do ideal de monolinguismo não se alterou

O ensino da LP ocorre única e exclusivamente como LM

As perspectivas de ensino são homogeneizantes e conservadoras

A opção pela Língua Inglesa, como proposta absoluta para o ensino de LE, demarca
oficialmente a homogeneização linguística e cultural em detrimento de outras línguas e de um
viés de Educação Intercultural

A visão intercultural é um imperativo ético em meio a um mundo dilacerado pela intolerância e pela falta de compreensão
do que é diferente. A interculturalidade não é um apelo à manutenção de identidades fixas, mas à transformação ético-
política das identidades.

Raul Betancourt
Sugestões formativas
Conhecer a base da LM do aluno e outras línguas que possa ter conhecimento

Reconhecer qual a língua utilizada no ambiente familiar

Identificar o processo de migração da família, respeitando aquilo que se sintam seguros para falar

Estreitar o contato com a família para identificar há quanto tempo estão no Brasil e o início da escolarização do aluno no país

Estudar o fenômeno migratório (guerras e conflitos político-econômicos, questões geográficas, históricas,


culturais e linguísticas) e os ordenamentos legais que orientam a Educação e os Processos Migratórios no Brasil

Desenvolver estratégias de ensino e elaboração de Materiais Didáticos, principalmente para o ensino da LP como LNM,
a partir de uma perspectiva Interdisciplinar e Intercultural ao suprimir o monolinguismo e valorizar a Diversidade Linguística
e Cultural dos alunos na condição de I e/ou R da mesma forma que dos estudantes brasileiros

Participar de formações em Educação em Línguas, Educação em Português e em Multiletramentos

Agir criticamente para que a responsabilidade do Estado com a Formação de Professores se concretize por meio de instituições
formadoras, como a EAPE e a UnB, essa última no sentido de aproximação entre Universidade e Escola.

Contribuir para a elaboração de Políticas Públicas Educacionais e Linguísticas que orientem tanto a Educação Linguística dos
alunos quanto a Formação de Professores, a partir da construção colaborativa dos PPP das escolas
Abya Yala
Referências
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Aranha, M. L. de A (2006). História da Educação e da Pedagogia. Moderna.
Bardin, L (2016). Análise de Conteúdo. Edições 70.
Bauman, Z (2017). Estranhos à nossa porta. Zahar.
Candau, V. M (Org.) (2016). Interculturalizar, descolonizar, democratizar: Uma educação “outra”? 7 Letras.
Freire, P (2020). Pedagogia da Tolerância. [Edição do Kindle]. Paz e Terra.
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Guerra, I. C (2006). Pesquisa Qualitativa e Análise de Conteúdo: Sentidos e formas de uso. Principia.
Kreutz, L (2010). Escolas Étnicas no Brasil e a Formação do Estado Nacional: A nacionalização compulsória das escolas dos imigrantes
(1937-1945). Poiésis, 3(5), 71-84. http://dx.doi.org/10.19177/prppge.v3e5201071-84
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Mendes, A. de A., & Brasil, D. R (2020). A Nova Lei de Migração Brasileira e sua Regulamentação da Concessão de Vistos aos Migrantes. Sequência, 43(84), 64-88.
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Mendes, E (2012a). Aprender a ser e a viver com o outro: Materiais didáticos interculturais para o ensino de português LE/L2. In D. Scheyerl, & S. Siqueira (Orgs.).
Materiais Didáticos para o ensino de línguas na contemporaneidade: Contestações e proposições (355-378). Edufba.http://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/16424
Moita Lopes, L. P (Org.) (2013). Linguística Aplicada na Modernidade Recente: Festschrift para Antonieta Celani. Parábola.
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Pessoa, M. do. S (2010). Educação em Português e Migrações – O caso da Rondônia. In M. H. Ançã (Coord.), & M. J. Grosso (Dir.). Educação
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Repetto, M (2019). O Conceito de Interculturalidade: Trajetórias e conflitos desde América Latina. Textos e Debates, 2(33), 69-88.
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Sequeira, R. M., & Cardoso, S. M. A (2020). O Professor de Português e o Ensino de Crianças e Jovens Refugiados. Linguarum Arena, 11, 53-64.
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