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Dir.

Ambiental II

Política Urbana – Plano Diretor


Prof. Celso Guimarães Carvalho
Introdução

Conforme apresentado na aula anterior, o rápido processo de


urbanização no Brasil é caracterizado por um processo de exclusão
social e segregação especial.

Destarte, é possível identificar duas perspectivas urbanas: a cidade


formal, dotada de meios, infraestrutura e serviços públicos para o
atendimento e a cidade informal, carente do direito à cidade.
Introdução

A política urbana se realiza através de um conjunto de normas de ordem


pública e de interesse social que regulam o uso da propriedade urbana
em prol do bem coletivo, da segurança, do equilíbrio ambiental e do
bem-estar dos cidadãos.

Deve possibilitar a cada cidadão o direito de usufruir da cidade como


espaço para morar e trabalhar, deslocar, dar condições de acesso ao
lazer, aos equipamentos comunitários e de se contemplar a paisagem
urbana. A ordem urbanística é passível de tutela pela ação civil pública
(art. 1º da Lei 7347/85).
Competência - Política Urbana

A política urbana está inserida no art. 182 da CF, esta será executada
pelo Município (art. 30, VIII), conforme diretrizes gerais fixadas em lei
federal (CF art. 21, XX). A lei que regula tais diretrizes é o Estatuto da
Cidade (Lei 10.257/2001), sendo que os Municípios disciplinarão o
desenvolvimento urbano através do Plano Diretor.

Art. 182: A política de desenvolvimento urbano, executada pelo Poder Público


municipal, conforme diretrizes gerais fixadas em lei, tem por objetivo ordenar o
pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o bem-estar de
seus habitantes.

Art. 21. Compete à União:


XX - instituir diretrizes para o desenvolvimento urbano, inclusive habitação,
saneamento básico e transportes urbanos;

Art. 30. Compete aos Municípios:


VIII - promover, no que couber, adequado ordenamento territorial, mediante
planejamento e controle do uso, do parcelamento e da ocupação do solo urbano;
Plano Diretor

O principal instrumento de planejamento urbano está


previsto no art. 182, §1º: o plano diretor.

O plano diretor é o instrumento básico da política de


desenvolvimento e de expansão urbana. É ele que irá
determinar a ordenação da cidade vinculando a função
social da propriedade urbana (CF, art. 182, §2º).

Ou seja, a função social da propriedade urbana é cumprida


quando esta atende às exigências fundamentais de ordenação
da cidade expressas no plano diretor.
Plano Diretor

De acordo com o Art. 41 do Estatuto das Cidades, o plano


diretor é obrigatório para cidades:
I. com mais de vinte mil habitantes;
II. integrantes de regiões metropolitanas e aglomerações
urbanas;
III. onde o Poder Público municipal pretenda utilizar os
instrumentos previstos no
§ 4o do art. 182 da Constituição Federal;
IV. integrantes de áreas de especial interesse turístico;
V. inseridas na área de influência de empreendimentos ou
atividades com significativo impacto ambiental de
âmbito regional ou nacional.
VI. incluídas no cadastro nacional de Municípios com áreas
suscetíveis à ocorrência de deslizamentos de grande
impacto, inundações bruscas ou processos geológicos ou
hidrológicos correlatos.
Plano Diretor

Com as normas do art. 182 e 183, a Constituição fundamenta


a doutrina segundo a qual a propriedade urbana é formada e
condicionada pelo direito urbanístico a fim de cumprir sua
função social específica: realizar as chamadas funções
urbanísticas de propiciar habitação (moradia), condições
adequadas de trabalho, recreação e de circulação humana.
Assim, a utilização do solo urbano fica sujeita às
determinações de leis urbanísticas e do plano diretor.

O Plano Diretor é referido no Estatuto da Cidade como


instrumento de planejamento municipal, devendo o plano
plurianual, as diretrizes orçamentárias e o orçamento anual
incorporar as diretrizes e as prioridades nele contidas (art. 40,
§1º).
Plano Diretor

O Plano Diretor deverá conter no mínimo (art. 42):


I – a delimitação das áreas urbanas onde poderá ser aplicado
o parcelamento, edificação ou utilização compulsórios,
considerando a existência de infra-estrutura e de demanda
para utilização, na forma do art. 5o desta Lei;
II – disposições requeridas pelos arts. 25, 28, 29, 32 e 35
desta Lei;
III – sistema de acompanhamento e controle.

Além do conteúdo previsto no art. 42, o plano diretor dos


Municípios incluídos no cadastro nacional de municípios
com áreas suscetíveis à ocorrência de deslizamentos de
grande impacto, inundações bruscas ou processos geológicos
ou hidrológicos correlatos deverão conter os elementos
previstos no art. 42-A.
Plano Diretor
I - parâmetros de parcelamento, uso e ocupação do solo, de
modo a promover a diversidade de usos e a contribuir para a
geração de emprego e renda;
II - mapeamento contendo as áreas suscetíveis à ocorrência
de deslizamentos de grande impacto, inundações bruscas ou
processos geológicos ou hidrológicos correlatos;
III - planejamento de ações de intervenção preventiva e
realocação de população de áreas de risco de desastre;
IV - medidas de drenagem urbana necessárias à prevenção e
à mitigação de impactos de desastres; e
V - diretrizes para a regularização fundiária de
assentamentos urbanos irregulares, se houver, e previsão de
áreas para habitação de interesse social por meio da
demarcação de zonas especiais de interesse social e de outros
instrumentos de política urbana, onde o uso habitacional for
permitido.
VI - identificação e diretrizes para a preservação e ocupação
das áreas verdes municipais, quando for o caso, com vistas à
redução da impermeabilização das cidades.
Plano Diretor

O plano diretor deverá englobar o território do Município


como um todo e ser revista, pelo menos, a cada dez anos
(art. 40, §2º e 3º).

Caso deixe de tomar as providências necessárias para


garantir a revisão do plano diretor, o Prefeito incorrerá em
improbidade administrativa (art. 52, VII)
Plano Diretor

No processo de elaboração do plano diretor e na fiscalização


de sua implementação, os Poderes Legislativo e Executivo
municipais garantirão a participação popular, da seguinte
forma (art. 40, §4º):

I – a promoção de audiências públicas e debates com a


participação da população e de associações representativas
dos vários segmentos da comunidade;
II – a publicidade quanto aos documentos e informações
produzidos;
III – o acesso de qualquer interessado aos documentos e
informações produzidos.
OBRIGADO!

CELSOGCARVALHO@HOTMAIL.COM

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