Você está na página 1de 50

ESCOLA SUPERIOR DE SAÚDE FERNANDO PESSOA

Ostomia de Eliminação

Joana Monteiro
ESCOLA SUPERIOR DE SAÚDE FERNANDO PESSOA

Métodos de rastreio

• Colonoscopia Total: o médico observa o interior do reto e da totalidade


do cólon através de um endoscópio. Este exame tem um grau de eficácia
muito elevado. É o método ideal de rastreio. No mesmo ato clínico
podem-se retirar os pólipos. Este exame pode ser efetuado com ou sem
sedação.

• Sigmoidoscopia ou Fibrosigmoidoscopia: o médico observa só o


interior do recto e do sigmóide.

• Pesquisa de sangue oculto nas fezes: por vezes, o tumor ou os pólipos


sangram, e através desta pesquisa (PSQF), podem ser detetadas
pequenas quantidades de sangue nas fezes. Se nesta análise for
detetado sangue, será necessário realizar uma colonoscopia total para
despiste da doença.
ESCOLA SUPERIOR DE SAÚDE FERNANDO PESSOA

Conceito: Ostomia e estoma

• Uma ostomia consiste na abertura de um orifício (boca ou estoma) que é feito cirurgicamente na zona
abdominal - a localização exata dependerá de caso para caso e do motivo que levou à necessidade de
cirurgia - e que permite que a urina ou as fezes saiam do corpo por vias alternativas às normais.

• A palavra ostomia deriva do grego “stoma” e significa “boca” ou abertura podendo referir-se que uma
ostomia de eliminação intestinal é a exteriorização de uma parte do intestino através da parede abdominal,
construída a partir do revestimento mucoso do intestino, com o objetivo de criar uma saída artificial para o
conteúdo fecal.
(Cotrim, 1998 Cit. por Cotrim, 2007; Gesaro, 2012)

• O estoma é um orifício circular criado cirurgicamente para ligar um órgão interno oco (os mais frequentes
são uma parte do tubo digestivo ou urinário) à superfície da pele. Neste orifício da pele será, então, colocado
um saco removível e descartável que recolhe a urina ou as fezes.
ESCOLA SUPERIOR DE SAÚDE FERNANDO PESSOA
ESCOLA SUPERIOR DE SAÚDE FERNANDO PESSOA

Tipos de estomas

• Colostomia: abertura no intestino grosso para saída de fezes ou urina e fezes.

• Colostomia ascendente. É realizada na parte ascendente do cólon (lado direito do intestino


grosso).
• Colostomia transversa. É localizada na parte transversa do cólon (porção entre o cólon
ascendente e descendente).
• Colostomia descendente. É realizada na parte descendente do cólon (lado esquerdo do intestino
grosso).
• Colostomia úmida, que é a adaptação de uma ansa intestinal para permitir a eliminação de urina
e fezes/gases pela mesma ostomia. É uma alternativa para pessoas que necessitam de dupla
derivação (fezes e urina).

• Ileostomia: abertura no intestino delgado (fino) para saída de fezes.


ESCOLA SUPERIOR DE SAÚDE FERNANDO PESSOA

Tipos de estomas

• Urostomia: um pedaço do intestino delgado é conectado ao ureter para saída de urina;

• Gastrostomia: comunicação do estômago com o meio exterior, para permitir a alimentação e


fornecimento de nutrientes nos casos em que a pessoa não consegue se alimentar pela via oral;

• Traqueostomia: procedimento cirúrgico da traqueia com o propósito de estabelecer uma via


respiratória, que pode ser definitiva, como acontece nos casos da cirurgia de laringectomia total, ou
temporária, que é muito comum nas pessoas que necessitam de intubação orotraqueal prolongada. É a
abertura da parede anterior da traqueia, fazendo uma comunicação dela com o meio externo.
ESCOLA SUPERIOR DE SAÚDE FERNANDO PESSOA

Tipos de ostomias urinárias e suas características

• Um dos tipos de ostomias urinárias é a derivação vesical, cirurgia em que se cria um trajeto
alternativo para a saída da urina contida na bexiga. Dependendo ou não do uso de cateteres, a
derivação vesical pode ser denominadas entubadas (cistostomia) e não entubadas
(vesicostomia).

• Pode ainda ser incontinente (cistostomia e vesicostomia) ou continente, ou seja, a derivação


urinária por meio de Mitrofanoff e consiste na confeção de um conduto cateterizável
(geralmente o apêndice cecal) continente entre a bexiga e a parede abdominal.

• Quando derivada diretamente dos rins, a ostomia é chamada de nefrostomia ou pielostomia.


Por sua vez, a ureterostomia representa a estomia exteriorizada através de um ureter.
ESCOLA SUPERIOR DE SAÚDE FERNANDO PESSOA
ESCOLA SUPERIOR DE SAÚDE FERNANDO PESSOA
ESCOLA SUPERIOR DE SAÚDE FERNANDO PESSOA

• No que refere ao número de indivíduos portadores de uma ou mais ostomias de


eliminação em Portugal, estima-se que rondem as 20000 pessoas, incluindo
portadores de colostomia, ileostomia e urostomia, tendo-se aferido uma
diminuição da faixa etária e predominância do sexo masculino.
(Munhão, 2012 Cit.por Pinto, 2018)

• A colostomia é a mais prevalente (55%), seguida da ileostomia (31%) e por fim a


urostomia (14%).
ESCOLA SUPERIOR DE SAÚDE FERNANDO PESSOA
ESCOLA SUPERIOR DE SAÚDE FERNANDO PESSOA

Indicação para ostomia

• Defeitos de nascença
• Cancro do estômago (gastrostomia)
• Cancro do cólon e cancro do reto (ileostomia, colostomia)
• Cancro da bexiga, doenças renais (vesicostomia, nefrostomia)
• Doença inflamatória intestinal complicada
• Infeção abdominal grave
• Diverticulite complicada
• Incontinência
• Bloqueio intestinal ou oclusão intestinal grave de várias causas
• Trauma abdominal ou pélvico grave (por exemplo, resultante de acidentes)
ESCOLA SUPERIOR DE SAÚDE FERNANDO PESSOA

Dependendo de cada caso, a ostomia pode ser temporária ou permanente:

• Ostomia temporária: habitualmente, este tipo de ostomia é feito quando é


necessário tratar problemas graves a nível abdominal ou para "desviar" a urina ou
as fezes de uma determinada zona que está a ser alvo de tratamento, permitindo
que vá cicatrizando.

• Ostomia permanente: é uma solução a longo prazo e que pode ser feita em
situações em que uma doença ou o próprio tratamento da doença interferem
com o normal funcionamento do tubo digestivo ou urinário.
ESCOLA SUPERIOR DE SAÚDE FERNANDO PESSOA

Características do estoma e da pele circundante

• Deve ser de cor rosa vivo, brilhante e húmido, características das mucosas, como a parte interna
da sua boca.

• Nos primeiros dias após a cirurgia é esperado que a ostomia apresente edema, que aos poucos
vai regredindo.

• A ostomia não tem terminações nervosas, por isso não dói, no entanto pode sangra em pequena
quantidade.

• A pele ao redor da ostomia também deve ser observada frequentemente. O ideal é que esteja
integra, sem rubor, sem prurido, sem feridas ou dor.
ESCOLA SUPERIOR DE SAÚDE FERNANDO PESSOA

Características da Eliminação intestinal

• Ileostomia. Fezes líquidas nos primeiros dias após a cirurgia e pastosas após a readaptação intestinal. É
importante lembrar que as principais funções do intestino grosso são absorção da água ingerida e formação
das fezes. Nas ileostomias o trânsito intestinal é interrompido, ou seja, as fezes não passam pelo cólon, o que
deixa as fezes eliminadas menos consistentes.

• Colostomia ascendente. Fezes semilíquidas nos primeiros dias após a cirurgia e pastosas após a readaptação
intestinal.

• Colostomia transversa. Fezes semilíquidas a pastosas.

• Colostomia descendente. Fezes pastosas a sólidas (semelhante às fezes eliminadas pelo ânus).
ESCOLA SUPERIOR DE SAÚDE FERNANDO PESSOA

Complicações
Habitualmente, algumas complicações surgem no pós-operatório imediato, isto é, nas primeiras 24 a 72
horas após a intervenção cirúrgica:
• Hemorragia
• Edema
• Abcesso
• Necrose

Pode também surgir outro tipo de complicações tardias, como:


• Prolapso
• Estenose do estoma
• Retração do estoma
• Evisceração
• Hérnia paraestomal,
• Irritação periestomal,
ESCOLA SUPERIOR DE SAÚDE FERNANDO PESSOA
ESCOLA SUPERIOR DE SAÚDE FERNANDO PESSOA

• A idade avançada emerge como uma condição que pode relacionar-se


com o risco de complicações, nomeadamente da pele periestomal,
devido a um aumento da sensibilidade da pele aos dispositivos
coletores, efluentes e fricção dos dispositivos provocado pela
diminuição das camadas celulares de queratina da epiderme
(Hellman & Lago, 1990)

• A maior prevalência de complicações nas mulheres pode relacionar-se


com uma maior fraqueza na musculatura abdominal bem como uma
possível associação cruzada com a obesidade.
ESCOLA SUPERIOR DE SAÚDE FERNANDO PESSOA

• A ausência de marcação pré-operatória do local do estoma, a


ausência de informação pré-operatória, acompanhamento
perioperatório de um estomaterapeuta e ainda de acompanhamento
após a alta hospitalar.

• O tipo de dispositivo utilizado também é um fator de risco para as


complicações periestomais.
ESCOLA SUPERIOR DE SAÚDE FERNANDO PESSOA

• Sendo o enfermeiro um profissional capaz de influenciar a escolha dos


dispositivos a utilizar salienta-se o seu papel na seleção dos dispositivos
mais ajustados face ao estoma existente.

• Importa pois relevar a importância dos enfermeiros conhecerem todos


os dispositivos existentes para que assim disponham de conhecimento
apropriado para ajuizar sobre os mais indicados face às especificidades
de cada estoma.
ESCOLA SUPERIOR DE SAÚDE FERNANDO PESSOA

• De referir ainda a importância de existirem enfermeiros experientes e com


um conhecimento diferenciado nas equipas que prestam cuidados a este
grupo de pessoas, como um estomaterapeuta, que permita não somente
ter o conhecimento necessário sobre os recursos, bem como experiência
na utilização dos diferentes dispositivos, que assim permita uma escolha
mais acertada.

• A marcação do local do estoma e a informação pré e pós-operatória


emergem como fatores protetores do desenvolvimento de complicações
ESCOLA SUPERIOR DE SAÚDE FERNANDO PESSOA

Equipamentos coletores para ostomia de eliminação

• Ao fazer a escolha, o mais importante é levar em consideração as necessidades do


paciente e seu estilo de vida.

• Os cuidados com a pele são fundamentais para favorecer a adesão e a manutenção do


dispositivo.

• Os tipos de equipamentos são:


• Dispositivo de peça única
• Dispositivo de duas peças
ESCOLA SUPERIOR DE SAÚDE FERNANDO PESSOA
ESCOLA SUPERIOR DE SAÚDE FERNANDO PESSOA

Passo a passo para a troca dos equipamentos coletores

• A troca dos equipamentos coletores pode e deve ser planeada, para evitar
extravasamentos acidentais.

• Geralmente sua troca está associada ao desgaste da resina da base adesiva, parte que
fica aderida à pele do abdómen, o que pode variar nas ostomias que tem eliminações
mais líquidas, como nas derivações urinárias e ileostomias, em relação àquelas que
tem eliminações mais pastosas, como nas colostomias.

• Para a troca é importante que defina um local calmo e bem iluminado, e mantenha os
materiais necessários organizados para o momento.
ESCOLA SUPERIOR DE SAÚDE FERNANDO PESSOA

Materiais necessários para a troca do equipamento coletor

• Sistema coletor de uma ou duas peças


• Pinça para fechar a bolsa se necessário
• Medidor da ostomia
• Caneta esferográfica
• Tesoura pequena - curva com ponta arredondada
• Água potável (pode ser do chuveiro) e sabonete líquido com pH neutro
• Gazes não estéreis ou pano limpo macio de algodão
• Papel higiênico
• Saco para lixo
ESCOLA SUPERIOR DE SAÚDE FERNANDO PESSOA
ESCOLA SUPERIOR DE SAÚDE FERNANDO PESSOA

Passo a passo da troca do equipamento

• Organize o material no local onde vai fazer a troca, próximo a um espelho pode ajudar.
• Retire delicadamente a base adesiva no banho ou com a ajuda de um pano ou gaze
humedecida com água.
• Limpe a pele ao redor da ostomia com gases húmidas com água, com movimentos suaves.
Repita o movimento quantas vezes forem necessárias.
• Seque a pele ao redor da ostomia, também com movimentos suaves.
• Utilize o medidor de ostomias para saber o tamanho exato da sua ostomia.
• Desenhe o molde no verso da base adesiva usando as medidas obtidas com o medidor da
ostomia.
• Recorte a base adesiva.
ESCOLA SUPERIOR DE SAÚDE FERNANDO PESSOA

• Teste na ostomia para ver se o recorte está adequado ao tamanho da sua


ostomia.
• Retire o papel do verso da base adesiva.
• Coloque a base sobre a pele realizando movimentos circulares com as
pontas dos dedos para facilitar a fixação.
• Coloque a parte inferior do aro da bolsa em contato com a parte inferior
da base adesiva.
• Dobre a abertura da bolsa ao redor da pinça de fechamento e feche-a.
ESCOLA SUPERIOR DE SAÚDE FERNANDO PESSOA

Produtos adjuvantes

• Protetor cutâneo ou barreiras protetoras da pele. Na forma de spray, pó, pasta ou placa, podem
ser utilizados para proteger a pele prevenindo a infiltração de fezes ou urina. Podem ainda
preencher irregularidades ou reduzir a umidade da pele ao redor da ostomia, tornando mais
fácil a adaptação da base adesiva.

• Cinto elástico. Tem encaixes que se adaptam nas hastes existentes na base adesiva ou na bolsa
coletora. São utilizados para manter a bolsa fixa, proporcionando maior segurança ao paciente.

• Filtro de carvão. Esses filtros servem para retirada dos gases retidos nas bolsas coletoras, o que
reduz o seu volume e a possibilidade de ocorrências desagradáveis.
ESCOLA SUPERIOR DE SAÚDE FERNANDO PESSOA

• Removedores de adesivo. Facilitam a remoção da base adesiva, deixando a pele ao redor da ostomia limpa.

• Polímeros de acrílico. São cápsulas que são colocadas dentro da bolsa e atuam transformando o líquido em
gel semissólido, facilitando o esvaziamento e reduzindo o risco de infiltração e consequentemente o
descolamento da placa.

• Sistema de irrigação para colostomia. O sistema de irrigação realiza uma limpeza do intestino grosso,
permitindo ao paciente sua utilização por até 72h sem bolsa coletora. O sistema é formado por uma bolsa
para colocar o líquido usado na irrigação, um cone de silicone para ser adaptado à ostomia e uma manga
coletora para permitir a drenagem do líquido.

• Sistema oclusor de colostomia. Composto por uma haste de espuma e uma película adesiva. Em contato
com a umidade do intestino a espuma se expande ocluindo a ostomia. É utilizado após a irrigação da
colostomia, com trocas realizadas periodicamente.
ESCOLA SUPERIOR DE SAÚDE FERNANDO PESSOA

Diagnósticos/FOCOS de enfermagem à pessoas com ostomia

• Reaprender o autocuidado
• Alteração da imagem corporal
• Ansiedade e depressão
• Stresse emocional
ESCOLA SUPERIOR DE SAÚDE FERNANDO PESSOA

• A ostomia é considerada uma cirurgia mutilante que provoca,


também, profundas alterações corporais, a nível da auto imagem e da
autoestima (Cesaretti & Leite, 2001 Cit. por Cotrim, 2007), como
perda da confiança, independência e, por vezes, da dignidade (Black,
2009), causando mudanças nas relações do convívio social, no modo
de vestir, de alimentar, na sexualidade e no trabalho (Santana et al.,
2010; O'Connor, 2005).
ESCOLA SUPERIOR DE SAÚDE FERNANDO PESSOA

• A pessoa precisa de um tempo interno para vivenciar o seu processo de luto,


isto é, rever os seus conceitos, ponderar as suas perdas e encontrar força e
motivação para aceitar e trabalhar as possibilidades que agora advêm
(Santana et al., 2010).

• A família intervém como uma importante rede de apoio, tendo as reações


familiares um papel preponderante no processo de reabilitação da pessoa. O
seu contributo passa por assumir um papel de mediador ao apoiar a pessoa
para enfrentar a situação vivenciada após a alta hospitalar.
ESCOLA SUPERIOR DE SAÚDE FERNANDO PESSOA

• Educação e o apoio à pessoa com ostomia durante o período peri-


operatório é uma atividade chave de enfermagem sendo essencial
para a ajudara aceitar a ostomia assim como a envolver-se nos
cuidados ao estoma(Lo et al., 2011).

• Contudo, por diversas razões o processo de aprendizagem muitas


vezes é encurtado e não decorre como o esperado (Li e Chi, 2008; Fan
e Chen, 2009 Cit. Por Lo et al., 2011.
ESCOLA SUPERIOR DE SAÚDE FERNANDO PESSOA

• Somam-se ainda como desafios: o cuidado com o estoma, a


preocupação com a opinião dos outros, com a sua sexualidade e em
relação à alimentação (Sonobe et al., 2012 e Trentini et al., 2022 Cit. Por
Barnabe et al., 2018)

• Segundo Kelly (1992, Cit.por O’Connor, 2005) muito do stresse


emocional vivenciado pelos utentes no período pós-operatório, está
relacionado com o leque de conhecimentos sobre aspetos práticos dos
cuidados à ostomia. Neste sentido, sugere, que a pessoa com ostomia
no pós-operatório recente necessita mais de informação prática do que
de aconselhamento psicológico.
ESCOLA SUPERIOR DE SAÚDE FERNANDO PESSOA

• O processo de adaptação à presença de uma ostomia, as estratégias de


coping para lidar com a alteração vivenciada, a gestão diária da nova vivência
e o retomar ao estilo de vida normal requerem tempo.

• Apesar de readquirir independência física e competência no autocuidado


serem prioritários, as necessidades psicológicas da pessoa não devem ser
subestimadas (Allison, 1996 Cit.por Metcalf, 1999).

• É essencial recordar que a promoção do autocuidado à ostomia precoce pode


promover a adaptação à nova condição, contudo mantém-se o risco de
dificuldades emocionais após a cirurgia (O'Connor, 2015).
ESCOLA SUPERIOR DE SAÚDE FERNANDO PESSOA

• Dotar as pessoas de conhecimentos, de forma a alterar os seus


comportamentos, no sentido de que a mudança, quer ao nível do
estado de saúde, quer ao nível das expectativas ou relações, ocorra da
melhor forma (Petronilho, 2007).

• No entanto a consciencialização, que se refere à perceção, ao


conhecimento e ao reconhecimento da experiência de transição pela
pessoa (Meleiset al., 2000) é fulcral, pois é uma característica
definidora da transição (ibidem) e a sua ausência pode significar que o
indivíduo não iniciou a transição.
ESCOLA SUPERIOR DE SAÚDE FERNANDO PESSOA

• A pessoa deve ser incentivada a aceitar o seu estoma e participar em


atividades sociais, sendo esse um dos desafios para os profissionais de saúde.

• O que se espera é que a pessoa com ostomia de eliminação intestinal refira


que é possível conviver com a sua condição, de forma saudável, inserida no
mundo social, com possibilidade de conviver num ambiente rodeado por
amigos, desfrutando “dos prazeres da vida”, do lazer, da educação e do
trabalho, para que as dificuldades possam ser superadas com o tempo
(Santana et al., 2010).
ESCOLA SUPERIOR DE SAÚDE FERNANDO PESSOA

Atividade física

• Manter ativo e retomar a rotina habitual antes da cirurgia. Sair de casa, passar tempo com a família e
amigos.

• Atividades mais vigorosas (exemplo: ginásio) devem ser evitadas durante 3 meses.

• Evitar levantar pesos.

• Usar uma cinta para ostomizados, sempre que indicado pelos profissionais de saúde.

• Evitar conduzir durante o primeiro mês. Só deve iniciar a condução quando se sentir confortável para
realizar algum gesto necessário em situação de emergência (exemplo: travagem).
ESCOLA SUPERIOR DE SAÚDE FERNANDO PESSOA

Higiene

• Tomar banho com ou sem o dispositivo.


• Experimentar das duas formas e escolher a que considerar melhor.
• No caso de tomar banho com o dispositivo, este não se estraga ou
deixa passar água. Colar o autocolante sobre o filtro para que este não
se molhe e perca a sua capacidade. No final, o saco pode ser seco com
uma toalha.
ESCOLA SUPERIOR DE SAÚDE FERNANDO PESSOA

Vestuário

Continuar a usar a sua roupa habitual.


Não utilizar cintos ou elásticos em cima do estoma.
Optar por subir ou descer os cintos/elásticos. Em alternativa, usar
suspensórios.
ESCOLA SUPERIOR DE SAÚDE FERNANDO PESSOA

Atividade profissional

O seu cirurgião irá decidir com a pessoa quando poderá retomar a sua
atividade laboral. Geralmente, poderá retomar o trabalho 6 a 8 semanas
após a cirurgia.
ESCOLA SUPERIOR DE SAÚDE FERNANDO PESSOA

Sexualidade

Habitualmente, após a cicatrização se não tiver dor e se sentir bem, poderá retomar a sua atividade sexual.

Algumas alterações que possa sentir podem estar relacionadas com ansiedade ou medo da reação da
outra pessoa.

Partilhar os sentimentos/receios com o/a seu/sua companheiro/a.

Expor dúvidas aos profissionais de saúde.

Algumas dicas: troque o dispositivo antes da relação sexual; utilize um “saco” opaco e pequeno.
ESCOLA SUPERIOR DE SAÚDE FERNANDO PESSOA
ESCOLA SUPERIOR DE SAÚDE FERNANDO PESSOA

Viagens

Levar a “Bolsa de Segurança” com material suficiente para chegar ao


destino.
Levar placas já recortadas e as referências dos dispositivos.
Nas viagens de avião, levar a bolsa na bagagem de mão, pois pode haver
perda da mala. Antes da partida, fazer uma refeição ligeira e evitar
alimentos que provoquem flatulência.
ESCOLA SUPERIOR DE SAÚDE FERNANDO PESSOA

• A autoeficácia e a gestão da competência de autocuidado podem ser


significativamente melhoradas através do ensino no pré e pós-
operatório.

• A pessoa que vai ser submetida a uma cirurgia de confeção de um


estoma, deve ser dada a oportunidade de ter uma consulta pré-
operatória com o enfermeiro estomaterapeuta, pois esta mostra-se
vital nos primeiros passos rumo à cirurgia e na formação de uma
relação profissional entre o utente e o enfermeiro (Slater, 2010).
ESCOLA SUPERIOR DE SAÚDE FERNANDO PESSOA

Di Gesaro, A. (2012). Self-care and patient empowerment in stoma management. Gastrointestinal Nursing, 10(2), 19–23. doi:10.12968/
gasn.2012.10.2.19 Formijne Jonkers, H. A., Draaisma, W. A., Roskott, A. M., van Overbeeke, A. J., Broeders, I. A., & Consten, E. C. (2012). Early
complications aer stoma formation: A prospective cohort study in 100 patients with 1-year followup. International Journal Of Colorectal
Disease, 27(8), 1095–1099. doi: 10.1007/s00384-012-1413-y Hellman, J., & Lago, C. P. (1990). Dermatologic complications in colostomy and
ileostomy patients. International Journal of Dermatology, 29(2), 129– 133. Jayarajah, U., Samarasekara, A. M., & Samarasekera, D. N. (2016).
A study of long-term complications associated with enteral ostomy and their contributory factors. BMC Research Notes, 9, 500. doi: 10.1186/
s13104-016-2304-z Millan, M., Tegido, M., Biondo, S., & García-Granero, E. (2010). Preoperative stoma siting and education by
stomatherapists of colorectal cancer patients: A descriptive study in twelve Spanish colorectal surgical units. Colorectal Disease, 12(7), e88–
e92. doi:10.1111/ j.1463-1318.2009.01942.x Nybaek, H., Knudsen, D. B., Laursen, T. N., Karlsmark, T., & Jemec, G. B. (2010). Quality of life
assessment among patients with peristomal skin disease. European Journal of Gastroenterology & Hepatology, 22(2), 139– 143.
doi:10.1097/MEG.0b013e32832ca054 Pereira, Â. L., & Bachion, M. M. (2008). Atualidades em revisão sistemática de literatura, critérios de
força e grau de recomendação de evidência. Revista Gaúcha de Enfermagem, 27(4), 491. Person, B., Ifargan, R., Lachter, J., Duek, S. D., Kluger,
Y., & Assalia, A. (2012). e impact of preoperative stoma site marking on the incidence of complications, quality of life, and patient’s
independence. Diseases Of e Colon And Rectum, 55(7), 783–787. doi:10.1097/ DCR.0b013e31825763f0 Peters, M., Godfrey, C., McInerney,
P., Soares, C., Hanan, K., & Parker, D. (2015). e Joanna Briggs Institute Reviewers’ Manual 2015: Methodology for JBI Scoping Reviews.
Recuperado de http://espace.library.uq.edu.au/v iew/UQ:371443 Pinto, I. E., Santos, C. S., Brito, M. A., & Queirós, S. M. (2016). Propriedades
psicométricas do formulário desenvolvimento da competência de autocuidado da pessoa com ostomia de eliminação intestinal. Revista de
Enfermagem Referência, 4(8), 75–84. doi:10.12707/RIV15044 Pittman, J. A. (2011). Ostomy complications and associated risk factors:
Development and testing of two instruments (Tese de doutoramento). Indiana University, School of Nursing. Recuperado de
https://scholarwo rks.iupui.edu/handle/1805/2640. Pittman, J., Kozell, K., & Gray, M. (2009). Should WOC nurses measure healthrelated
quality of life in patients undergoing intestinal ostomy surgery? Journal of Wound, Ostomy, and Continence Nursing, 36(3), 254–265.
doi:10.1097/WON.0b013e3181a39347

Você também pode gostar