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COLOSTOMIA

 INTESTINO GROSSO
É um tubo muscular de 1,5 metros de comprimento e 7 centímetro de
diâmetro. Divide-se em três seguimentos: Ceco, Cólons e Reto.

É no intestino grosso que ocorre a parte final da digestão, ele tem a


importante função de absorver água dos resíduos indigeríveis do quimo
líquido (massa semilíquida, branca e ácida) contribuindo para
solidificação das fezes e para que ocorra a defecação.

Também tem função de fermentação e decomposição de restos alimentares,


graças à ação de inúmeras bactérias que se encontram nesse órgão; algumas
dessas bactérias fornecem ao organismo vitamina K e vitaminas do
complexo B.

 O QUE É COLOSTOMIA?
A colostomia é um procedimento realizado para ligar parte do intestino
grosso, mais especificamente cólon, à parede do abdômen. O principal
objetivo é permitir a saída das fezes diretamente para uma bolsa coletora,
em situações nas quais a evacuação natural é impedida.
A decisão de qual parte do cólon expor depende do local comprometido do
intestino, do tipo de afecção (qualquer alteração patológica do corpo),
das condições clínicas do doente e da preferência do cirurgião.
 COMO É UM ESTOMA SAUDÁVEL?
Nos primeiros dias após a cirurgia, o estoma pode ficar edemaciado
(inchado), no entanto, aos poucos o edema regride e percebemos as
características de um estoma saudável, são elas:
 A cor rosa avermelhado, brilhante e úmido * (semelhante à mucosa
da boca);
 Sangra ligeiramente se esfregado;
 Há ausência de sensação ao toque ou dor (pois não há terminações
nervosas);
 Elimina as fezes sem controle voluntário;
 A pele ao redor do estoma deve ser íntegra, sem lesões e ter cor igual
à cor da pele do restante do abdome.
Realizada a estomia, o organismo passa por uma adaptação. A
consistência das fezes e a frequência da evacuação mudarão após 30
dias da cirurgia, aproximadamente, *mas ainda assim a evacuação é
involuntária.
 CLASSIFICAÇÃO QUANTO AO TEMPO DE
PERMANÊNCIA
A abertura da colostomia pode ser classificada em temporária ou
permanente, dependendo do motivo de sua criação.
Uma colostomia temporária é aquela em que, no procedimento cirúrgico
inicial, as estruturas que possibilitem o funcionamento fisiológico do trato
intestinal após recuperação da doença de base foram mantidas. O tempo de
permanência desse tipo de estoma varia, em média, de 03 a 12 meses. Um
estoma em alça, por exemplo, geralmente permanece no local por um
período de 6 meses.
Já uma colostomia permanente é necessária quando a doença afeta a
extremidade inferior do intestino e/ou o reto, ou o paciente tem
comorbidades significativas onde é necessária a retirada de parte da
estrutura intestinal, como por exemplo, a retirada do esfíncter anal, ou de
todo o reto *(câncer retal), que impossibilitaria o funcionamento
fisiológico do intestino.
 CLASSIFICAÇÃO QUANTO A REGIÃO DO CÓLON
As regiões do colón são a ascendente, transversa, descendente e
sigmoide.
 No cólon ascendente
*É realizada com a parte ascendente do cólon (lado direito do intestino
grosso) e é o tipo de ostomia menos comum. O paciente permanece
evacuando fezes líquidas nos primeiros dias após a cirurgia, podendo
causar irritações na pele *(em algumas literaturas, diz-se que as fezes
podem se tornar pastosas após a readaptação intestinal).
 No cólon transverso
É realizada na parte transversa do cólon (porção entre o cólon ascendente
e descendente). As fezes são de semilíquidas e podem causar irritações na
pele ao redor da ostomia, pois seu conteúdo ainda é corrosivo.
*Nessa região o estoma costuma ser temporário e é a mais indicada por
conta do tamanho da alça intestinal (maior porção), que facilita o
processo de reconstituição intestinal. Geralmente nessa região realiza-
se a colostomia em alça para tratamentos em que precisa dar um
repouso para o transito intestinal.
 No cólon descendente
É realizada na parte descendente do cólon (lado esquerdo do intestino
grosso). As fezes vão de pastosas a semi-sólidas e, *no início, o
funcionamento do estoma é irregular podendo eliminar fezes várias
vezes ao dia, em diferentes momentos. Com o tempo, o funcionamento
pode se regularizar, mas a eliminação de fezes sempre será
involuntária.
Causam menos irritação quando em contato com a pele, já que nessa parte
do colon as fezes são pouco corrosivas. *É o tipo mais comum de
colostomia.
 No cólon sigmoide
Essa é a parte do intestino grosso que se aproxima do reto. As fezes
evacuadas são solidas (semelhante às fezes eliminadas pelo ânus) e não
irritam a pele em torno da ostomia. Esse tipo estoma costuma ser
definitivo.
 INDICAÇÃO
 OBSTRUÇÕES INTESTINAIS:
 Agenesias e atresias anorretais: A atresia anal ocorre
quando o intestino não se forma de maneira adequada
enquanto o feto está se desenvolvendo. A já a agenesia
anorretal é uma má formação que causa a ausência do anus
ou reto.
 Megacólon congênito (doença de Hirschsprung): A doença
de Hirschsprung envolve a ausência de células nervosas nos
músculos de uma parte ou da totalidade do intestino grosso
(cólon). É congênita *(O termo congênito significa “o que
nasceu com uma pessoa, o que é inato”) e dificulta a
passagem das fezes.
O principal sintoma é a incapacidade de um recém-nascido de
evacuar dentro de 48 horas após o nascimento. Outros
sintomas incluem barriga inchada e vômitos.
 Neoplasias: é quando uma massa anormal de tecido se forma,
isso ocorre devido o crescimento e divisão anormal de células
e por elas não morrerem quando deveriam.
 Volvo: é quando o intestino dá voltas ao redor dele mesmo,
causando uma interrupção do fluxo sanguíneo e consequente
necrose das alças intestinais.
 Colite isquêmica: É a redução temporária do fluxo sanguíneo
para o cólon.
 PERFURAÇÕES DO CÓLON
 Doença de Crohn: É uma enfermidade inflamatória crônica
que pode afetar todo o sistema digestivo, mas acomete
especialmente o íleo terminal e o cólon. Esse processo
inflamatório é extremamente invasivo e compromete todas as
camadas da parede intestinal: mucosa, submucosa, muscular e
serosa.
A causa da enfermidade é desconhecida, mas não estão
descartadas as hipóteses de que seja provocada pela
desregulação do sistema imunológico, ou seja, do sistema de
defesa do organismo. Fatores genéticos, ambientais, dietéticos
ou infecciosos também podem estar envolvidos.
 Retocolite ulcerativa: é uma doença intestinal inflamatória e
crônica que provoca inflamação no trato digestivo.

A colite ulcerosa normalmente ocorre apenas na mucosa


interna do intestino grosso e do reto. As formas variam de leve
a grave. Com colite ulcerosa, o paciente tem maior risco de
desenvolver câncer de cólon.
Os sintomas incluem sangramento retal, diarreia
sanguinolenta, cólicas abdominais e dor.
 Diverticulite: a diverticulite é a inflamação de uma ou mais
bolsas com formato de balão (divertículos). Ela pode ou não
ser acompanhada de infecção. Os sintomas habituais incluem
dor abdominal inferior esquerda, sensibilidade e febre.

 Traumas Penetrante (arma branca ou de fogo);

 FÍSTULAS (anorretais, reto-vaginais, reto-vesicais):


comunicação anómala entre duas ou mais estruturas do corpo que,
em condições normais, não comunicam entre si.
 PROTEÇÃO DE ANASTOMOSES DE ALTO RISCO: é uma
técnica cirúrgica utilizada para reconstruir o trato gastrointestinal
após a remoção de uma porção do intestino, seja por motivos de
doenças, como câncer, por lesões traumáticas ou por obstrução
intestinal.
 MODALIDADE
Existem 3 tipos básicos de colostomias, sendo eles terminal, em alça ou
em dupla-boca.
 Colostomia Terminal
A colostomia terminal é constituída por apenas uma boca ou abertura. Em
geral, ela é definitiva, exceto nos casos de colostomia de Hartmann, que se
apresenta na mesma forma, mas tem a possibilidade de reconstrução do
trânsito intestinal.
 Em alça
Normalmente são temporários e situados no cólon transverso. A alça do
intestino transverso é fixada no abdômen, possuindo duas aberturas,
extremidade proximal drena fezes, e a porção distal drena muco. *Dura em
média 6 meses.
 Dupla-boca
O intestino é totalmente separado e as duas porções finais são trazidas para
a parede abdominal. São construídos dois estomas distintos para cada uma
dessas porções, uma para o estoma de funcionamento proximal e o estoma
distal, que não funciona, ou as duas bocas residem no mesmo estoma, no
entanto, apenas uma delas excreta fezes.

 PRÉ-OP
A fase pré-cirúrgica compreende o momento em que é tomada a decisão
da intervenção cirúrgica até o momento em que o paciente é encaminhado
para a sala de cirurgia. No entanto, vamos falar do pré-operatorio
imediato.
No pré-operatório:
 O técnico deve orientar quanto ao jejum de 6 a 12 horas antes
da cirurgia visando, além de evitar náuseas e vômitos, o
esvaziamento do intestino;
 Auxiliar na higiene pessoal *(com germicida clorexidina)
para preparo da pele;
 Realizar tricotomia *2h antes da cirurgia para melhor
visualização do campo cirúrgico e para facilitar a colagem
da placa adesiva no abdome.
 Realizar esvaziamento intestinal *(Enteroclisma – é a
introdução de líquido no volume máximo de 2000mL no
intestino, através do ânus);
 Verificar sinais vitais *30 minutos antes de encaminhar
para o centro cirúrgico;
 Administrar medicamento pré-anestésico (conforme
prescrição médica e liberação do CC);
 Vestir o paciente *com o avental cirúrgico, propés e gorro;
 Verificar prontuário *(exames, consentimento livre e
esclarecido assinado, prescrição e registro de enfermagem
e encaminhamento junto ao paciente).
 TRANS-OPERATÓRIO (vídeo)
A posição cirúrgica mais indicada é a posição de supino, já que
proporciona uma melhor visualização do abdômen e da alça intestinal e a
anestesia usada é a raquianestesia com sedação.

 CUIDADOS DE ENFERMAGEM NO PÓS-


OPERATÓRIO
No pós-operatório deve-se:
 Observar sempre a integridade da pele;
 Observar a coloração do estoma (deve ser vermelho brilhante);
 Realizar troca da bolsa quando estiver infiltrada, descolando ou
vazando;
 Manter a pele periestoma sempre limpa e seca;
 Realizar a anotação de enfermagem quanto ao aspecto e quantidade
da eliminação intestinal;
 Manter a bolsa sempre fechada.
 COMPLICAÇÕES DA COLOSTOMIA
Complicações precoces:
 Sangramento do estoma: é decorrência da hemostasia
inadequada durante a construção do estoma. Ressalta-se
que um pequeno sangramento inicial pode ser normal, mas
se for contínuo e abundante um atendimento hospitalar
deve ser imediatamente procurado.
 Mudança na coloração do estoma: Uma estomia mal
perfundida pode parecer pálida ou de cor azulada e até
mesmo. Isso pode ocorrer por necrose ou *isquemia (é o
termo médico que designa a presença de um fluxo de
sangue e oxigénio inadequado a uma parte específica do
organismo), pode ocorrer por tensão excessiva no
mesentério ou arcada vascular, bem como por abertura
estreita na parede abdominal onde se expõe a mucosa
intestinal.
A necrose de alça resulta da irrigação tecidual deficiente.
Primeiro ocorre a isquemia do tecido, em seguida, a
mucosa adquire uma tonalidade que varia entre marrom e
preto. Ou pode ocorrer por infecção.
*Perfusão é a passagem de líquido através do sistema circulatório ou
linfático para um órgão ou tecido. É medida pela razão com a qual o
sangue é entregue ao órgão ou tecido.
 Retração do estoma: é a retração total ou parcial da alça
intestinal para a cavidade abdominal. Ocorre devido à má
fixação ou insuficiente exteriorização da alça intestinal
levando-a ao deslocamento do estoma para a cavidade
abdominal.
Complicações tardias:
 Hérnia paraestomal: A hérnia surge quando existe um
espaço entre o segmento intestinal que forma o estoma e o
tecido circundante, configurando um defeito fascial, sendo o
resultado uma saliência total ou parcial na base do estoma.
Causada, geralmente, pela fragilidade da musculatura
abdominal causada pelo sedentarismo ou pelo envelhecimento,
obesidade ou caquexia; pressão intra-abdominal excessiva
(causada pela tosse, choro, gestação, etc.).
 Prolapso: exteriorização inesperada total ou parcial do
segmento da alça intestinal pelo estoma. Esta complicação não
é letal, mas causa problemas de pele e grande dificuldade no
cuidado ao estoma, requerendo cuidados médicos.
Causada também pela Fixação inadequada do intestino na
parede do abdome e pelo aumento da pressão abdominal no
pós-operatório.
Na estomia definitiva, a correção cirúrgica é o tratamento de
escolha
 Complicações Cutâneas: pode decorrer do contato com
efluente ou produtos utilizados na pele periestoma. As causas
mais comuns incluem técnicas de limpeza ou retirada
traumática do dispositivo, fricção ou pressão continua de
dispositivos mal adaptados, ou troca frequente de bolsa
coletora.
 TIPOS DE BOLSA COLETORA
 Transparentes X opacas;
 Drenáveis X Não drenáveis;
 Encaixe para cinto X sem encaixe;
 Uma X Duas peças;
 Filtro de carvão X sem filtro de carvão;

 TRANSPARENTES E OPACAS
Na bolsa transparente é possível ver o conteúdo dentro dela, o que
permitem o acompanhamento das condições gerais do estoma, geralmente
são usadas no período de internação do usuário.
Já a opaca é mais discreta e possibilita ao usuário ter menos contato visual
com as fezes.
 DRENÁVEIS E NÃO DRENÁVEIS
As drenáveis são aquelas que possuem uma abertura na extremidade
inferior por onde são esvaziadas periodicamente. Possui maior durabilidade
e redução das lesões na pele do abdômen, uma vez que a bolsa será trocada
menos vezes.
As não drenáveis são bolsas fechadas e, por isso, não podem ser
esvaziadas, apenas trocadas quando estiverem 1/3 da capacidade.
Geralmente são de duas peças.
 UMA E DUAS PEÇAS
A bolsa de uma peça possui o adesivo para colar na pele, fazendo-a mais
uma bolsa de uma peça só. Essas são as mais utilizadas e que têm o valor
mais acessível, no entanto são mais propensas a causar complicações
cutâneas.
Já nas bolsas de duas peças, a placa adesiva e a bolsa coletora são peças
separadas, com isso a bolsa pode ser trocada sem ter a necessidade de tirar
e recolocar o adesivo várias vezes, além de facilitar a lavagem interna da
bolsa. São as mais indicadas, por causarem menos irritação na pele
perístoma.
 ENCAIXE PARA CINTO E SEM ENCAIXE
Os cintos de suspensão oferecem uma segurança maior com relação à
fixação da bolsa no abdômen, sendo assim existem bolsas coletoras que
vem com o encaixe para o cinto, no entanto, existem as sem o encaixe.
 FILTRO DE CARVÃO E SEM FILTRO DE CARVÃO
As bolsas com filtro de carvão autoadesivo descartável que pode ser
aplicado na parte posterior e exterior da bolsa coletora. Assim, o odor é
neutralizado quando os gases passam através do filtro de carvão. Minimiza
o abaulamento – a saída de gás automática regula a pressão na bolsa
coletora.
 TIPOS DE PLACAS
As placas podem ser de vários tipos:
 Flexíveis: que costumam se adaptar melhor as irregularidades da
superfície do abdômen *(são mais indicadas para pessoas com
obesidade);
 Duras: que se adaptam melhor as ostomias altas, acima do umbigo,
por terem flexibilidade reduzida;
 Recortável: que permitem um melhor ajustamento do tamanho do
orifício que circunda o estoma;
 Pré-cortadas: que já vem recortada de fábrica, não permitindo um
ajustamento do tamanho do orifício que circunda o estoma *(nesses
casos o ideal é que se faça a mensuração do estoma);
 Plana: que apresentam uma superfície regular e são as mais usadas;
 Convexa: mais usado pelos pacientes com estomas retraídos.

POSSÍVEIS PERGUNTAS
Pessoas com colostomia pode fazer sexo?
Pessoas com colostomia podem fazer exercícios?
Como é a alimentação de uma pessoa ostomizada?
Uma pessoa ostomizada sai com sonda CC? Se sim, qual?

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