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Alterações vocais mais encontradas nos atores

Profa. Dra. Suely Master


UNESP-IA
O ponto de vista do fonoaudiólogo
e do preparador vocal
“Aprendizado de uma técnica, treinamento sistemático da voz,

eis duas obrigações que se impõe ao ator; sobretudo porque a

utilização (...) na realidade cotidiana, não corresponde às

exigências específicas da comunicação teatral.”

Roubine, J. - A Arte do ator, 1985


 A voz do ator em cena recebe ajustes em função do:

– espaço físico: dimensões e tipos de palco (na rua? )


– acústica do Teatro

– necessidades do personagem e da situação

– comédia, tragédia, drama


– realismo, expressionismo, hiperrealismo
– estética do espetáculo ou visão do diretor
 Na preparação vocal do ator consideramos, em

primeiro lugar, a voz em seu uso cotidiano e, em

seguida, em função das exigências cênicas

mapeando suas dificuldades e possibilidades


 Dificuldades
– problemas de voz que acometem muitos atores e a síndrome da
respiração oral em atores( e outros) devem ser tratadas somente
por um profissional da área de saúde – fonoaudiólogo
Cabe ao fonoaudiólogo

 avaliar a função vocal: respiração, fonação,


ressonância e articulação
 estabelecer um plano de terapia

 encaminhar ao ORL para diagnóstico de lesão e


conduta - medicamentosa, fonoterápica ou cirúrgica
 encaminhar a outros profissionais: ortodontista,
alergista, buco-maxilo
fonaoudiologia

 No exame ORL, as lesões mais encontradas em


atores
- edemas, espessamentos e hiperemias
- nódulos vocais bilaterais
- pólipos

- AEM: cistos e sulcos


fonoaudiologia

 O ator costuma apresentar as seguintes


queixas/sintomas:
- rouquidão, perda de agudos, quebras na voz,
mudança da qualidade ao longo do espetáculo, voz
fraca e soprosa, voz monótona
 Pigarro, tosse, sensação de “bolo na garganta”,
cansaço ao falar, esforço para falar, tensão muscular
cervical, garganta seca, dor, garganta seca
 Trocas articulatórias e sigmatismo anterior e lateral
 Respiração predominantemente pela boca
 Alguns destes sintomas se agravam na presença de
fatores biológicos tais como: medo, alterações
hormonais, alergias e infecções respiratórias, refluxo
gastro esofágico, fadiga, medicamentos e pouca
hidratação
J.M. ator, 24 anos

 “Estou rouco... atuando no limite da minha voz... isto


gera uma muita ansiedade... então eu começo a
gaguejar, atropelo as palavras, falo rápido demais...
sem contar os brancos que me dá!”
fonoaudiologia

 A causa dos problemas de voz em atores


- técnica vocal inadequada
- maus hábitos vocais: higiene
- uso intensivo: muitas horas de ensaio, muitas
apresentações
fonoaudiologia

 A técnica vocal inadequada pode levar à uma


disfonia
 O como o ator fala no palco chama mais atenção que
o quê ele fala e o ouvinte se distrai
 Ou o como fala prejudica o entendimento do texto e
o ouvinte tem que se esforçar para acompanhar
Preparador vocal

 Procura ajustar a voz do ator à voz cênica por meio


da técnica, buscando a “voz projetada”
 Não pode em hipótese alguma corrigir e tratar
problemas de voz e de dicção
 Principais dificuldades técnicas
apresentadas pelo ator
Tipo de voz

 feminilizada
 virilizada
 infantilizada
 metálica, estridente
Pitch

 Percepção subjetiva de freqüência


 A voz cênica deveria ser levemente agudizada que o
tom habitual e otimo
 Mas o ator habitualmente já não usa um tom “ótimo”:
as mulheres falam grave demais e por vezes, os
homens também
 Iniciar as falas com pitch muito grave que cai demais
nos pontos finais, nos fins de frase
– falar grave e forte em cena: ajuste difícil do ponto de vista
fisiológico
 agudizar muito a voz ao falar forte
Loudness

 Sensação subjetiva de intensidade


 Problemas relacionados principalmente

- ao tipo respiratório: superior ao invés de costo-


diafragmático
- às dificuldades ressonantais, como na voz que é
amplificada na garganta e não na região da
“máscara”
- articulatórios, como por exemplo pouca abertura de
mandíbula
 Estes ajustes são acompanhados de muito esforço e
tensão nos músculos do pescoço. As veias saltam.
loudness

 pouco volume de voz


 gritar ao invés de projetar
 perde potência durante o espetáculo
 atua no seu limite, produzindo a voz forte com
esforço muscular na região do pescoço ao invés de
estar numa faixa de conforto
Curva melódica

 Variações de pitch e loudness que dão dinâmica,


interpretação ao texto
 Relacionada com a palavra de valor, com as
palavras vivas, palavras - emoções, palavras
intenções que carregam a ação na voz
 problemas em modular a voz levam ou são
conseqüência de tensão excessiva nos músculos
que deveriam elevar e baixar a laringe nos agudos e
nos graves respectivamente
 pode gerar fadiga vocal pelo esforço de manter a
laringe parada
 Não sabem ler e não relacionam a pontuação com
padrões de entonação: pontuação expressiva
 agravar muito nos fins de frases com ponto final e
não se pode escutar e entender o texto
 monotonia ou padrão repetitivo de entonação
 Padrões muito exagerados de entonação:
virtuosismo vocal
 padrões estereotipados de entonação “para mostrar
que é uma velha”
 atores masculinos apresentam padrões de
entonação que os identificam com determinado
grupo - homossexuais -
Respiração

 usar tipo respiratório superior: tensão cervical e


laríngea na tentativa de controlar a saída do ar
 falta de coordenação entre respiração e fala: usar ar
de reserva com freqüência e não ter “fôlego” levando
à velocidade aumentada de fala e má articulação
 técnica inadequada para a utilização eventual do ar
de reserva
 respirar inadequadamente o texto nas pausas
comprometendo a interpretação
Focos de vibração

 Voz deveria vir do corpo como um todo e não de


uma região específica
 voz na “garganta”
 voz nasalizada na tentativa de colocar na máscara
 voz metálica, estridente, em pessoas que falam tudo
sorrindo
 Dicção com ponto e modo justo, em vogais e
consoantes
 travada: pouca abertura de boca
 indiferenciada para vogais
 super articulada
 omitir /r/ e /s/ em final e meio de palavras
 Ditongos:Treis para tres
 /n/ final: onti para ontem
 Sotaques e regionalismos: eliminar
 Velocidade, andamento
 Deveria obedecer o tempo ritmo do espetáculo e o
movimento de determinados verbos-ações
 sem alternância de rápido e lento
 muito rápida e com articulação e respirações
comprometidas
 muito lenta
 Tensões gerais e específicas
 no pescoço, ombros e braços
 tensão nos mm da mandíbula
 laringe muito tensa e alta no pescoço
 máscara facial indiferenciada
 Postura
 Inadequada por vícios posturais: pescoço
anteriorizado
 Problemas na coluna gerando tensão no diafragma
Treinamento vocal

 Conhecer as Regras de Higiene Vocal


 Produção da voz: respiração, fonação e ressonância/
articulação
 Postura corporal
 Mobilizar a mímica facial
 Relaxamento/ alongamento mm. pescoço e ombros
 Trato vocal bem amplo e relaxado
 Aquecimento e desaquecimento vocal
 Respiração: tipo costodiafragmático
 CPFR: uso do ar de reserva, aumento do fôlego.
Pausa e pausas respiratórias
 Focos de ressonância: equilibrar
 Pitch: tom ótimo e tom habitual;
extensão e tessitura vocal
 Pontuação e curvas de entonação
 Loudness e projeção
 Velocidade da fala
 Articulação de vogais e consoantes
 Ataque vocal

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