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1.

Avaliação Multidimensional da Voz

Principais objetivos
• Conhecer o comportamento vocal do indivíduo
• Identificar possíveis fatores causais, desencadeadores e mantenedores da disfonia
• Descrever características do perfil vocal, higiene vocal, ajustes fonatórios,
autoavaliação, relação corpo voz

A voz como um fator multiparimétrico


• Fisiológico
• Aerodinâmico
• Biomecânico

Procedimentos recomendados
• Julgamento perceptivo-auditivo
• Análise acústica
• Autoavaliação
• Endoscopia da laringe
• Procedimentos aerodinâmicos

Sequência satisfatória (Behlau, 2021)


I. Histórico + dados do comportamento
II. Autoavaliação + impacto do problema na voz
III. Julgamento perceptivo auditivo + análise acústica
IV. Exame físico do paciente
V. Correlação das etapas anteriores

2. Anamnese

Objetivos
• Busca de um eixo norteador que justifique sintomas e queixa do paciente
• Compreender o valor do comportamento vocal na etiologia e na manutenção do
problema de voz
• Entender a funcionalidade vocal
• Compreender se perdeu a funcionalidade ou nunca teve
• O que o paciente não consegue fazer com a voz? É um aspecto fundamental da
história do problema?

Dados de identificação
• Profissão- uso artístico (cantores e atores), não artístico (professores, advogados,
vendedores)
• Outras atividades com o uso da voz- ambiente familiar, social, esportivo, profissional
+ como você age em relação à comunicação nesses diferentes ambientes

Queixa e duração
• Motivo da consulta
• Revela o grau de conscientização
• Episódios anteriores
• Flutuação

Obs: a partir disso pode-se identificar a necessidade de avaliações específicas, e estabelecer


parâmetros de avaliação
Principais sintomas vocais
I. Associados à lesões de massa nas PPVV
• Alteração na qualidade da voz
• Rouquidão ou afonia
II. Associados à fendas glóticas ou DTM
• Fadiga e esforços vocais: cansaço progressivo, esforço pra falar
III. Associados à fendas glóticas, DTM ou AEM
• Presença de ar na voz
IV. Associados à quadros inflamatórios agudos ou edemas
• Perda de frequência na extensão vocal (agudos/ graves)
V. Associados à alterações neurológicas, mutação fisiológica da voz ou distúrbios vocais
emocionais
• Descontrole na frequência da voz: desvios, quebras, excesso ou falta de modulação,
voz trémula
VI. Associados à abuso ou fadiga vocal
• Descontrole na intensidade vocal: desvios, quebras com perda total de sonorização,
dificuldade em modular a intensidade da voz
VII. Associados à tensão muscular ou lesões em região posterior
• Sensações desagradáveis à emissão: dor na produção vocal, dor muscular ou na face,
sensação de ardor, queimação ou corpo estranho

Anamnese na disfonia
• Origem e forma de instalação
Lenta: uso inadequado
Abrupta: envolvimento psicológico
Muito gradual: quadros neurológicos
• Impressão sobre a própria voz + impressão dos outros sobre a sua voz
• Momentos de melhora e piora da voz

Hábitos inadequados de fonação


• Falar muito
• Falar em forte intensidade
• Pigarro ou tosse
• Falar muito agudo ou muito grave
• Imitar vozes
• Ritmo acelerado de fala
• Falar com esforço
• Ataque vocal
+ Relação com a alimentação

Relação com a saúde geral


I. Distúrbios alérgicos (ex: rinite)
II. Distúrbios faríngeos (ex: dor de garganta, amigdalite)
III. Distúrbios bucais (ex: aftas, problemas oclusais)
IV. Distúrbios nasais (ex: desvio de septo)
V. Distúrbios otológicos (problemas de ouvido, ex: otites)
VI. Distúrbios pulmonares (ex: bronquite)
VII. Distúrbios digestórios (ex: grastrite)
VIII. Distúrbios hormonais (ex: puberdade precoce ou tardia)
IX. Distúrbios neurovegetativos (transtorno psicológico= mau funcionamento do sistema)
Histórico
• Tratamentos anteriores e resultados obtidos a partir deles- médico, fonoaudiológico,
psicológico, medicamentoso
• Antecedentes pessoais- cirurgias ou doenças anteriores
• Antecedentes familiares- dinâmica familiar, qualidade vocal semelhante

1.2. Avaliação clínica da voz


I. Parâmetros vocais
II. Parâmetros vocais negativos
III. Descrição de ajustes fonatórios em trato vocal e corporal

3. Julgamento perceptivo auditivo


• Padrão ouro para avaliação da qualidade vocal

Objetivos
• Analisar a impressão geral da voz
• Identificar se a voz é desviada
• Identificar o tipo e grau de alteração do problema vocal
• Analisar a adequação para um estilo de voz profissional específico
• Identificar e destacar aspectos pelos quais o indivíduo procura ajuda

Formas de avaliação
• Caracterização do tipo de voz + qualificação do desvio
• Mudará de acordo com a experiência do avaliador, tarefa proposta, escala de
classificação, instrumento usado

Tarefas possíveis
• Fala espontânea
• Leitura de texto
• Fala encadeada (contagem)
• Vogal sustentada
• Canto (parabéns pra você)
• Campo dinâmico (funcionalidade)

Tipos de voz
• O padrão de emissão define o tipo de voz
• As mais consistentes são soprosidade, rugosidade e tensão

I. Voz rouca- ruído de baixa frequência


II. Voz áspera- ruído de alta frequência, aspecto rude, desagradável e pouco melodioso
com esforço muscular, rigidez
III. Voz soprosa- ruído de ar audível à fonação, normalmente frequência aguda e baixa
intensidade
IV. Voz tensa- hiperfunção de emissão, em qualquer nível do trato vocal
V. Voz instável ou trêmula- associada à distúrbios neurológicos, variações irregulares ou
regulares de frequência
VI. Astênica- pouca energia na emissão, ao contrário da tensa, aqui há hipofunção das
PPVV, associada também à distúrbio neurológico ou presbifonia

Escalas de classificação
I. GRBASI
• Foca principalmente no nível laríngeo/ glótico, apenas fonte
• Sem definições parâmetricas, isso inclui material de voz
• geral, rugosidade, soprosidade, astenia, tensão, instabilidade
• Sem dados de pitch, loudness ou ressonância
• Mesmo com limitações é rápida e prática para fins de triagem
• Grau de 0-3, sendo 3 o pior
• Avaliado: rugosidade, soprosidade, astenia, tensão, instabilidade e por fim o grau geral
• Tarefas: vogal sustentada, fala encadeada

II. CAPE-V
• Avalia fonte e filtro
• 0-100, sendo 100 o pior
• Parâmetros melhor definidos
• Grau global de desvio vocal
• É avaliado: rugosidade, soprosidade, tensão, pitch, loudness
• Tarefas: vogal sustentada, fala espontânea, sentenças foneticamente balanceadas

2.1. Ressonância
Amplificação e amortecimento de frequência

Classificações
I. Equilibrada- voz projeta-se em todas as cavidades com flexibilidade para diferentes
ajustes, sem concentração de energia em nenhuma porção do aparelho fonador
II. Laríngea- voz presa na garganta, som abafado e sem projeção, causado por tensão na
região cervical
III. Faríngea- voz estridente e metálica, constrição dos pilares faríngeos, e elevação da
base de língua
IV. Hipernasal
V. Hiponasal

Tempo máximo de fonação


Forças aerodinâmica (corrente pulmonar) + mioelásticas (laringe)
I. Vogal
• Homens= 20s
• Mulheres= 14s
• Crianças= de acordo com a idade
• Valores maiores que 10 já são muito significantes
II. Fricativas
• S/Z
• Entre 0,8 e 1,2
• Menor que 0,8=hipercontração glótica
• Maior que 1,2=escape aéreo de fonação
III. Contagem de números
• Após inspiração profunda, em pitch e loudness normais

Avaliação de ataque vocal


• Leitura de texto com 100 palavras que iniciam com vogal
• Configuração da emissão glótica da fonação no início do som
Tipos de ataque
• Isocrônico- ideal
• Brusco- prega vocal fecha antes da passagem do ar
• Soproso- ar passa pela prega vocal e depois ela fecha
REGISTRO VOCAL- VOLTAR DEPOIS

+ Sobre julgamento perceptivo auditivo


I. Pitch (frequência)- grave, agudo, adequado
II. Loudness (intensidade)- forte, fraco, adequado
III. Gama tonal (número de notas acima ou abaixo da frequência fundamental)- normal (3
a 5 semitons), monoaltura, restrita, exccessiva
IV. Articulação- ajustes motores do órgaõs pneumofonoarticulatórios na produção e
fonação dos sons da fala, avaliada por leitura, repetição de palavras e conversa
espontânea, podendo ser: 1. normal/2. imprecisa/ 3. travada/ 4. exagerada
V. Pronúncia- variações articulatórias do mesmo som/ sotaques, regionalismo
VI. Resistência vocal- contagem de 0-100, observando ritmo, modulação, coordernação
pneumofonoarticulatória, frequência, intensidade

3.1. Ritmo
• Irregular ou regular
• Reduzida, aumentada ou adequada- 130 a 180 palavras por minuto na leitura de um
texto corrido

Diadocosinecia
• Habilidade de realizar muitas repetições de segmentos simples de fala, reflete
maturação e integração neuromotora
• Analisa-se velocidade, ritmo e precisão articulatória (pa ta ka/ a a a a)

4. Avaliacão Aerodinâmica
I. Modo respiratório
• Oral
• Nasal
• Oronasal
II. Tipo respiratório
• Clavicular
• Torácica
• Inferior
• Costodiafragmáticoabdominal
III. Coordenação pneumofonoarticulatória
• Relação harmônica das forças expiratórias, mioelásticas e musculares
• Desequilíbrio: identificar nível afetado

Tipos de avaliação
I. Espirometria- capacidade vital- máximo de ar que se pode expelir na expiração
II. Manovacuometria- inpiração e expiração máximas
III. Peak flow- pico de fluxo expiratório

Exame físico
• Análise corporal- incluso laringe e músculos cervicais
• Análise de estruturas fonoarticulatórias- alterações de forma e tônus que resultam em
ajustes compensatórios inadequados e/ou fonação sob esforço- língua, lábios, palato,
véu palatino, mandíbula, laringe, palato duro
• Análise de laringe- em posição habitual e a movimentação no momento de fonação

Avaliação corporal
• Integração corpo-voz
• Postura durante a fala- excessiva ou faltante
• Dados em repouso e fonação das estruturas fonoarticulatórias
• Ajustes compensatórios inadequados
• Fonação com esforço

5. Análise acústica da voz


• O feedback é o controle fino da voz
• Há variações de acordo com o treinamento vocal, emoções, ambiente e
comportamento

6. Autoavaliação vocal
I. Instrumentais
• Avaliação aerodinâmica
• Endoscopia da laringe
• Análise acústica
II. Não instrumentais
• Julgamento perceptivo auditivo
• Autoavaliação
Obs: a autoavaliação é importante para que o paciente tenha maior aderência ao tratamento,
além de revelar a evolução clínica da voz e não pode ser obtida por outro tipo de avaliação

Objetivos
• Avaliar o impacto do distúrbio de voz na qualidade de vida do paciente, no âmbito
profissional e desempenho geral
• Apontar fatores que levam a um problema de voz
• Melhorar a capacidade do clínico de entender a experiência de viver com o problema
de voz, o tipo de relação que o indivíduo tem com a voz e como ele a enfrenta

6.1. Instrumentos de autoavaliação


Voz falada adultos ESV, IDV, IFV

Profissionais da voz e PPAV/ ITDV


performace

Terapia URICA

Voz falada em idosos RAVI

Transexuais TWVQ

Outros

I. Escala de sintomas vocais


• Analisa a frequência de sintomas vocais
• Público alvo: adultos
• 30 itens- 0 nunca/ 4 sempre

II. Índice de desvantagem vocal


• Analisa a desvantagem vocal percebida
• Público alvo: adultos com distúrbios vocais
• 30 itens- 0 nunca/ 4 sempre

III. Índice de fadiga vocal


• Analisa sintomas de fadiga vocal
• Público alvo: adultos com queixa de fadiga vocal
• 30 itens- 0 nunca/ 4 sempre

IV. Questionário de performance vocal


• Analisa rendimento e performance vocal dos disfônicos
• Público alvo: adultos com queixa de voz que já tiveram voz normal
• 12 itens- a=1/ e= 5 (ruim)

V. Questionário Newcastle de hipersensibilidade laríngea


• Analisar a sensibilidade laríngea
• Público alvo: indivíduos com síndrome de hipersensibilidade laríngea
• 12 itens- 1 sempre/ 7 nunca

VI. Questionário de investigação de dor musculoesquelética


• Analisar autopercepção de dor nas regiões proximais e distais da laringe
• Público alvo: adultos e idosos
• 14 regiões (2 listas)- 0 nunca/ 3 sempre

VII. Escala borg CR10-BR adaptada para o esforço vocal


• Analisa o esforço percebido ao usar a voz
• Público alvo: adultos com queixa de esforço vocal
• 1 item- 0 pouco/ 12 muito

VIII. Qualidade de vida em voz


• Analisa como o problema de voz pode interferir na qualidade de vida
• Público alvo: adultos com distúrbios vocais
• 10 itens- 1 sem problema/ 5 muito problema

IX. Teste de avaliação da competência na comunicação


• Analisa a competência na comunicação
• Público alvo: indivíduos do meio coorporativo com cargos superiores
• 19 itens- sim/ não- mais pontuação + competência

X. LSU-BR
• Avalia o nível de fala percebido pelo sujeito
• Público alvo: adultos
• 1 item- restrito, eventual, frequente, intenso, extremo

Triagem
I. Instrumento de rastreio da disfonia
• Identificar indivíduos com necessidade de uma avaliação completa de voz
• Público alvo: adultos
• 2 itens- sim/ não, + sim, pior

II. Índice triagem distúrbios da voz


• Identificar distúrbios vocais em professores
• Público alvo: professores
• 12 itens- nunca, raramente, as vezes, sempre

Performance e voz profissional


I. Perfil de participação e atividades vocais
• Analisar limitação do problema vocal e a disposição do indivíduo em participar de
atividades diárias
• Público alvo: profissionais da voz
• 28 itens- nunca/ sempre

II. Índice de desvantagem para o canto clássico


• Analisa a desvantagem no canto clássico
• Público alvo: cantores clássico com queixas
• 30 itens- 0 nunca/ 4 sempre

III. Índice de desvantagem para o canto moderno


• Analisa a desvantagem no canto moderno
• Público alvo: cantores modernos com queixas específicas
• 30 itens- 0 nunca/ 4 sempre

IV. EASE-BR
• Analisa a percepção da voz cantada após uma apresentação
• Público alvo: cantores pós apresentação
• 22 itens- não, um pouco, moderadamente, nunca

Terapia
I. URICA-VOZ
• Analisa se o paciente já está pronto para uma reabilitação vocal
• Público alvo: adultos disfônicos
• 32 itens- 1 discorda totalmente/ 8 concorda totalmente- pré contemplação,
contemplação, ação, manutenção

II. Protocolo de estratégias para o enfrentamento da disfonia


• Avalia enfrentamento nas disfonias
• Público alvo: adultos disfônicos
• 27 itens- 10 emoção/ 17 foco no problema- 0 nunca/ 5 sempre

+
• Alterações de massa ou tesão nas pregas vocais podem causar alterações de
frequência, amplitude e forma= + irregularidade e ruído
• Métricas não invasivas
• Poucos padrões de normalidade- influencia culturais, modificação em função de
pressão sonora, impossibilidade de obtençãao de algumas medidas em vozes
aperiódicas
• Variáveis: comportamento, emoções, treinamento vocal, ambiente
• Fonte do som: pregas vocais
• A fonação pode acontecer graças ao efeito bernoulli= queda de pressão e aumento de
velocidade
• Ciclo glótico: abertura, aberto, fechamendo, fechado
• Cavidades de ressonância: nasal, bucal, faríngea
• Trato vocal: comprimento, área e posição, afeta isso afeta qualidade vocal
• Cada articulador tem uma frequência natural de vibração
• AVQI: vogal e fala- quanto maior pior- pode determinar presença de distúrbios vocais

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