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Quilombo dos

Palmares e
Zumbi
Índice

Quilombo dos
01 Palmares 02 Zumbi
.

01
Quilombo dos
Palmares
O que foi o Quilombo dos Palmares?

O Quilombo dos Palmares foi o maior quilombo existente na América Latina. Construído na era
colonial, no final dos anos 1500 e destruído em 1694, por uma expedição portuguesa, Palmares
se tornou um grande refúgio para os escravos que fugiam dos engenhos nas capitanias da Bahia
e Pernambuco. Ao longo da sua existência, registrou-se mais de 20 mil habitantes quilombolas.
Em função de sua grande importância na resistência dos escravos, o quilombo foi alvo de muitas
expedições e violência no nordeste do país. Isso pode ser observado pela grande movimentação
que o território causou mesmo depois da sua destruição: muitos escravos inspiraram-se na
resistência dos Palmares e iniciaram o movimento negro no Brasil.
Como surgiu?
Não sabemos precisamente quando esse quilombo teria surgido, mas sabemos que se
originou ao final do século XVI, porque a primeira menção realizada sobre Palmares remonta
ao ano de 1597. Os historiadores, no entanto, desconfiam que Palmares já existia antes dessa
data.
Acredita-se que os africanos escravizados que teriam fundado o quilombo escolheram a Serra
da Barriga por conta de seu difícil acesso, por ser uma região serrana e de florestas densas.
Além disso, a Serra da Barriga dava recursos em grande quantidade para garantir a
sobrevivência dos que se estabeleciam ali. Isso atraiu centenas que logo se transformaram em
milhares de africanos escravizados, e dezenas de mocambos começaram a ser criados.
Serra da Barriga, Alagoas
Onde era localizado?
Ele fazia parte do que hoje chamamos de nordeste brasileiro, na Serra da Barriga. Essa região
do estado de Alagoas é muito conhecida por ser coberta de palmeiras, caracterizando o nome
do quilombo.
Nesse sentido, a sobrevivência da população era garantida por meio da agricultura. Com uma
alta produção de mandioca, batata, feijão, milho e melaço, os quilombolas conseguiam
encontrar o equilíbrio entre a coleta e a troca de itens para manutenção da alimentação. Além
disso, sua economia era potencializada por meio da produção artesanal de cestas, cerâmica,
tecido e metalurgia.
No entanto, é importante ter em mente que a economia do quilombo também era pautada por
meio de uma ligação potente entre os quilombolas e os pequenos colombos e aldeias das
regiões próximas dos assentamentos. Essa relação positiva permitiu o desenvolvimento
do escambo e garantiu a sobrevivência econômica dos povos que ali residiam.
Como era a vida no quilombo?
Sobreviver em um quilombo durante o período colonial era uma realidade muito difícil, porque os
africanos, indígenas e portugueses livres que viviam no local precisavam estar constantemente em
alerta, já que os portugueses frequentemente enviavam expedições militares que tinham o intuito
de destruir os quilombos e reescravizar os que ali habitavam.
Assim, a segurança era algo muito importante para o quilombo. Além da região que garantia
segurança extra, os palmaristas também tomavam ações para manter a vigilância do território. Os
habitantes construíam cercas para proteger seus mocambos, torres de observação e espalhavam
armadilhas ao redor dos mocambos.
Palmares era a junção de uma série de mocambos, pequenos assentamentos de escravos. Entre
esses mocambos estão Andalaquituche, Subupira, Aqualtune, Osenga, Cucaú, Macaco, entre
outros. O principal mocambo palmarista era o mocambo Macaco, que centralizava a
administração de Palmares e chegou a ter cerca de 6 mil habitantes.
Os caminhos que levavam os palmaristas aos mocambos que formavam Palmares eram de
conhecimento exclusivo dos quilombolas. Essa era mais uma forma de garantir a segurança dos
palmaristas. No que se refere à administração, podemos dizer que Palmares organizava-se de
maneira autônoma, de forma semelhante à estrutura de reinos existentes na África.
O quilombo era governado por um chefe que cumpria papel de liderança política, militar e
religiosa.
1. Entrada restrita:
A capital do quilombo era circundada por três
cercas de madeira, reforçadas com pedras e
guardadas por sentinelas armados. O acesso era
feito por portões de madeira reforçados. A
segunda cerca ficava a 300 metros de distância
da primeira, e a terceira, a 500 metros da
segunda. As linhas de defesa estendiam-se por
mais de 5 quilômetros, com guaritas a cada 2
metros.

2. Alçapão humano:
Dezenas de buracos de alguns metros de
profundidade e camuflados com folhagens
circundavam a povoação. Para empalar aqueles
que caíam nos fossos ocultos, os fundos das
armadilhas tinham estacas de madeira afiadas e
lanças de ferro com mais de 1 metro. Apenas os
quilombolas conheciam o caminho certo para
entrar na capital de Palmares.
3. Mix religioso:
A religião praticada em Palmares era um
catolicismo misturado com tradições da cultura
banto. Na capela do Cerco Real do Macaco,
foram encontradas imagens de São Brás, do
menino Jesus e de Nossa Senhora da Conceição
dividindo os altares com estátuas de divindades
africanas. Muitos negros haviam se convertido
ao catolicismo ainda antes de serem trazidos ao
Brasil.

4. Dieta reforçada:
Em volta da cidadela ficavam as roças de
alimentos. A lavoura mais importante era o
milho, mas também eram plantados feijão,
banana, batata-doce, mandioca e cana-de-açúcar.
Além desses vegetais, o cardápio era
completado com a coleta de frutos e a caça de
pequenos animais das matas próximas.
5. Casinhas de sapê:
Os moradores viviam em casas de madeira
cobertas de folhas de palmeira, com iluminação
artificial que usava azeite como combustível.
Algumas delas tinham saídas ocultas, que
permitiam escapar para o mato em caso de
perigo. A mobília incluía panelas e utensílios
domésticos feitos por artesãos locais ou
roubados em incursões pelas fazendas vizinhas.

6. Diretas já!
Os membros do conselho que chefiavam o
povoado eram escolhidos em assembleias que
reuniam todos os habitantes na praça central. Lá
ficavam a própria sede do conselho, uma capela,
poços para armazenar água, um galpão sem
paredes que servia como mercado e oficinas de
artesãos —entre eles, ferreiros que faziam armas
e ferramentas agrícolas.
7. Conjunto habitacional:
No interior do forte havia quatro ruas, cada uma
com pouco mais de 2 metros de largura e 1
quilômetro de extensão. Ao longo delas,
alinhavam-se cerca de 2 mil casas, onde viviam
8 mil moradores. Eles falavam português
misturado ao dialeto banto e a palavras
indígenas. Animais domésticos, principalmente
galinhas, eram criados nos quintais das casas ou
soltos pelas ruas.
Ganga Zumba
Ganga Zumba, era um escravo alto e forte que chegou a Palmares por volta de 1630. Era tio de Zumbi e
ficou conhecido por ter assinado um tratado de paz com o governo de Pernambuco e ter liderado a
comunidade Quilombo de Palmares na época.
A população estava dividida até que Ganga percebeu que um povo unido era mais forte. Então ele reuniu
os onze maiores mocambos em uma confederação e foi eleito comandante geral. E assim, iniciou-se o
período mais próspero e feliz da existência de Palmares. Porém, para tentar acabar com as tentativas de
invasão que não cessavam e que obrigavam os habitantes a viverem sempre na expectativa de uma guerra,
Ganga Zumba, em 1678, decidiu negociar uma paz duradoura com os brancos. Mas Zumbi e a maioria do
povo do quilombo não acreditaram neste acordo. Parte dos quilombolas, foram contra o acordo de paz e se
recusaram a deixar Palmares.
Em 1678, acompanhado de 400 homens, Zumba vai a Recife assinar o acordo. Foi cedida a ele e seus
partidários a região de Cucaú, onde viveu sob forte vigilância da autoridade portuguesa e hostilizado pelos
moradores das vilas próximas. Depois de conhecer o local e se instalar, percebeu que caíra numa
armadilha. Ordenou que seus homens voltassem a Palmares e um tempo depois morreu de uma forma
misteriosa.
Ganga Zumba, pintura de Albert
Eckhout
Destruição do quilombo
Palmares resistiu ao assédio colonial por mais de um século e durante esse período teve de lutar
arduamente para manter-se livre. Desde o começo do século XVII, mobilizaram-se as primeiras
expedições para destruir Palmares. Em 1602, por exemplo, foi organizada uma expedição sob a
liderança de Bartolomeu Bezerra, que conseguiu destruir alguns mocambos e recapturar escravos
fugitivos.
Os palmaristas acabaram sendo muito beneficiados com a invasão holandesa no Nordeste, porque
a disputa entre holandeses e portugueses desorganizou a economia açucareira, fez com que muitos
engenhos fossem esvaziados e incentivou escravos a fugirem para o Quilombo dos Palmares.
Todos os problemas relativos à administração de Pernambuco, como as iniciativas para recuperar
a economia local e a guerra, fizeram com que os holandeses só organizassem uma expedição
contra Palmares em 1644, sendo que Pernambuco havia sido invadido pelos holandeses em 1630.
Ainda assim, Palmares resistiu e sobreviveu.
Em 1654, os holandeses foram expulsos do Nordeste, e os portugueses retomaram o controle da
região decididos a colocar fim à existência de Palmares. Inúmeras expedições foram realizadas, e
a resistência palmarista seguiu firme, garantindo a sobrevivência do quilombo. A firme resistência
de Palmares levou os portugueses a realizarem uma negociação para garantir a paz.
O governador de Pernambuco, D. Pedro de Almeida, ofereceu para Ganga Zumba, líder de
Palmares em 1678, um acordo de paz. Os portugueses exigiram que os palmaristas:

 Abandonassem as terras em que eles viviam e se instalassem em locais que seriam indicados
pelas autoridades coloniais;
 Rejeitassem escravos fugidos;
 Reconhecessem a autoridade da Coroa Portuguesa;
 Entregassem todos os escravos não nascidos em Palmares para que eles fossem reconduzidos
à escravidão.
Ganga Zumba aceitou a proposta, porque entendia que manter a paz com Portugal seria benéfico
ao quilombo a longo prazo. Entretanto, a proposta dividiu o quilombo, porque forçava que os
palmaristas não nascidos lá retornassem para a escravidão. A liderança de Ganga Zumba ficou
abalada, e ele foi assassinado em condições misteriosas.
O novo líder que assumiu, Zumbi dos Palmares, recusou-se a aceitar o acordo de paz, e a guerra
contra os portugueses foi retomada e se estendeu ainda durante alguns anos. A resistência
palmarista sustentou o quilombo até o ano de 1694. Em 1694, foi destruído pela expedição do
bandeirante Domingos Jorge Velho.
Com a destruição do quilombo, Zumbi fugiu e foi morto pelos portugueses em uma emboscada
realizada em 20 de novembro de 1695. Os portugueses permaneceram na região durante muitas
décadas como forma de impedir a reconstrução do Quilombo dos Palmares. A luta de Palmares fez
desse quilombo um símbolo de resistência dos africanos contra a escravidão no Brasil.
02
Zumbi dos Palmares

<
Zumbi dos Palmares
Zumbi dos Palmares
Um dos grandes personagens do Quilombo dos Palmares foi Zumbi. Ele ficou conhecido por
ter sido um dos líderes do quilombo e acabou pagando com sua vida por isso. Sabe-se
pouquíssimo acerca da vida de Zumbi e algumas das conclusões que eram consideradas
verdades consolidadas até certo tempo são atualmente questionadas por alguns historiadores.
Até certo tempo, estava consolidada certa história de que Zumbi tinha sido sequestrado na sua
infância, durante um ataque a Palmares, e tinha sido criado por um padre que o nomeou de
Francisco e o alfabetizou. Zumbi teria fugido, na adolescência, retornado a Palmares e lá
assumido uma posição de liderança. Essa versão, no entanto, tem sido questionada pela falta de
evidências que a sustentam.
Essa contestação acontece, porque o autor desse trabalho utilizou cartas que somente ele teve
acesso e que ele nunca disponibilizou para mais ninguém. Uma menção a Zumbi é feita pelo
rei de Portugal D. Pedro II, em uma carta na qual o rei português propõe perdão para Zumbi
caso ele aceitasse viver como súdito de Portugal. Essa carta faz menção a uma esposa e a
filhos de Zumbi e, apesar disso, os historiadores não sabem dizer se de fato ele teve esposa e
filhos.
Outro problema referente a Zumbi é o fato se ele foi uma pessoa ou esse termo era um título.
Parte dos historiadores acredita nos dois casos e, sendo assim, Zumbi, o líder que resistiu e
morreu, em 1695, existiu, mas que o termo “zumbi” também poderia ser um título existente em
Palmares. Um indicativo disso é dado pelo historiador e pesquisador Felipe Aguiar Damasceno
que aponta que documentos holandeses da década de 1640 faziam menção a uma autoridade
em Palmares que foi registrada por eles como “Dambij”. A semelhança de “Dambij” e
“Zumbi” sugere uma relação direta do personagem com uma posição de autoridade e da
utilização do termo como um título.
Algumas certezas sobre Zumbi são que, em 1678, ele se desentendeu com o então líder do
quilombo, Ganga Zumba. Isso aconteceu porque Ganga Zumba havia recebido uma oferta de
paz das autoridades portuguesas, e acabou aceitando.
O aceite de Ganga Zumba dividiu Palmares e parte dos quilombolas voltaram-se contra ele,
incluindo o próprio Zumbi.
Ganga Zumba acabou sendo morto e Zumbi tornou-se líder. Zumbi também entrou em conflito
com o irmão de Ganga Zumba, chamado Gana Zona, mas acabou prevalecendo. Em 1678,
tornou-se líder de Palmares e conduziu a resistência palmarina nos últimos anos.
Morte de Zumbi

Em 1695, no dia 20 de Novembro, Zumbi é delatado por um de seus capitães, Antônio Soares, e morto
pelo capitão Furtado de Mendonça. O líder de Palmares tinha 40 anos de idade.
Após derrotar e matar Zumbi, o capitão foi premiado com cinquenta mil réis pelo monarca D. Pedro II
de Portugal.
Sua cabeça foi cortada, salgada e levada ao governador Melo e Castro. Foi exposta em praça pública de
modo a acabar com o mito da imortalidade de Zumbi dos Palmares.
A data de sua morte, 20 de novembro, foi adotada como o Dia da Consciência Negra.
Homenagem a Zumbi dos Palmares

A importância de Zumbi dos Palmares é tão grande para o movimento negro que hoje seu nome
batiza:

 a faculdade Zumbi dos Palmares - FAZP - em São Paulo;


 o Aeroporto Internacional de Maceió/AL, inaugurado em 2005, leva seu nome;
 a escola de samba carioca Vila Isabel, homenageou Zumbi dos Palmares em 1988 com o
enredo "Kizomba, festa da raça". Foi assim que ela conquistou o seu primeiro título com o
tema.
OBRIGADA!

Caroline Ferreira Seridório


Heloísa Murarolli Martins Marinho
Maria Eduarda da Costa
Maria Helena Correia Comin
Vitoria Gomes Garcia
Referências:

• Stoodi. Quilombo dos Palmares: o que foi, resumo e mais! 2020. Disponível em:
https://blog.stoodi.com.br/blog/historia/quilombo-dos-palmares/. Acesso em: 06 de Junho de 2023.
• SILVA, Daniel. PreParaEnem. Quilombo dos Palmares. Disponível em:
https://www.preparaenem.com/historia-do-brasil/quilombo-dos-palmares.htm. Acesso em: 06 de Junho de
2023.
• Super Interessante. Como era a vida no Quilombo dos Palmares? 2018. Disponível em:
https://super.abril.com.br/mundo-estranho/como-era-a-vida-no-quilombo-dos-palmares. Acesso em: 06 de
Junho de 2023.
• SILVA, Daniel. História do Mundo. Zumbi dos Palmares. Disponível em:
https://www.historiadomundo.com.br/idade-moderna/zumbi-dos-palmares.htm. Acesso em: 06 de Junho de
2023.
• BEZERRA, Juliana. Toda Matéria. Zumbi dos Palmares. Disponível em:
https://www.todamateria.com.br/zumbi-dos-palmares/. Acesso em: 06 de Junho de 2023.

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