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A tradição ocidental até 1900: a

constituição do conhecimento
gramatical em foco

Weedwood (2002)
-Hindus (I milênio a.C.)- primeiras descrições linguísticas. Sânscrito (língua sagrada)
-Panini – “gramático” hindu mais conhecido: descrição dos sons, representação das sílabas →
conhecimento aprofundado do funcionamento do Sânscrito.

A história registrada da linguística ocidental começa em Atenas: Platão foi o primeiro pensador
europeu a refletir sobre os problemas fundamentais da linguagem.
Cada tradição tem sua própria história e só pode ser explicada à luz de sua própria cultura e de
seus modos de pensamento. Cada uma tem sua contribuição. Cada uma tem sua contribuição em
particular a dar à percepção humana da linguagem.
A linguística grega e a romana formam um continuum com a medieval: os
romanos se basearam nas atividades dos gregos (e, de maneira limitada,
desenvolveram-nas), enquanto os pensadores medievais estudaram, digeriram e
transformaram a versão romana da tradição linguística antiga.
Grécia: a linguagem como ferramenta para entender a realidade

-Platão (428 a.C.) e Aristóteles (384 a.C.): curiosidade sobre a origem da língua e a diversidade
linguística → reflexão filosófica → a linguística como ramo dependente da filosofia.
- No plano da linguagem, os gregos de perguntavam se a conexão entre as palavras e aquilo
que denotavam provinha da natureza, phýsei, ou era imposta pela convenção, thései.
-Platão – Crátilo: questões linguísticas relacionadas principalmente à origem da língua; as
palavras refletem a realidade.
-Aristóteles: o significado das palavras é algo convencional (acordo entre os homens).
**Desenvolvimento da análise do grego em todos os níveis, culminando com a elaboração de
gramáticas.
Dionísio de Trácia (II a.C): autor da 1ª Gramática Grega.
-Primeira descrição ampla e sistemática publicada: descrição de oito partes do discurso →
artigo, nome, pronome, verbo, particípio, advérbio, preposição e conjunção.
-Para ele, a gramática era o conhecimento prático de uso da língua pelos grandes escritores de
prosa.
- Nesse momento a gramática já era uma disciplina independente da lógica e da filosofia.
- A gramática de Dionísio de Trácia: ênfase na flexão das palavras gregas e pouca atenção à
sintaxe.
Finalidade pedagógica: contemplação da literatura grega clássica.
Segundo os estóicos, um conceito (lektón) era representado num enunciado significativo, lógos.

Lógos foi definido por Diógenes de Babilônia (estóico do século II a.C.) como “um enunciado
significativo dirigido pelo pensamento racional”.

O enunciado foi sendo analisado em elementos cada vez menores, as “partes do discurso”.

Platão, em O Sofista:

Um homem aprende

Clínias é ignorante Ónoma, normalmente, “nome”, e rhêma, “palavra”,


“dito”, “frase”, vieram a assumir sentidos técnicos
amplamente correspondentes a sujeito (= nome ou
ónoma rhêma substituto do nome) e predicado (= verbo ou
cópula mais adjetivo).
- Apolônio Díscolo (século II a.C): formulou a primeira teoria sintática; foi o único gramático
antigo que escreveu uma obra completa e independente sobre sintaxe → frase se assenta em
2 elementos fundamentais: SUJEITO e PREDICADO.

- Os filósofos não fizeram gramática, apenas criaram doutrinas. Apenas no período


helenístico, com os gramáticos alexandrinos, a gramática tornou-se uma disciplina
independente.

- Grande repercussão no oriente grego, chegando tardiamente ao Ocidente da Europa, através


dos gramáticos latinos (buscaram reflexões dos gregos para estudar o latim).
Roma: codificação e transmissão

Marcos Terêncio Varrão (116 - 27 d.C.) → De lingua latina


- Livro introdutório
- Livros II a VII: etimologia latina
- Livros VIII a XIII: flexão
- Livros XIV a XXV: organização das palavras em enunciados (presumivelmente, sintaxe).

A educação romana sob o Império era destinada à formação de oradores. Depois de se alfabetizar
com o litterator ou magister ludi, as crianças estudavam gramática e aplicavam-na à análise de
textos literários sob a tutela do grammaticus, e finalmente eram guiadas pelo rhetor na
composição de discursos elegantes. Diversos grammatici compilaram seus próprios manuais de
ensino.
Idade Média

-Os gramáticos latinos foram modelo durante toda a Idade Média.

-As gramáticas latinas - primeiras a serem sistematizadas para o ensino de uma língua estrangeira
(Latim).

-Países de matriz românica – o estudo das línguas vernáculas feito a partir de gramáticas escritas
em Latim.

Em Portugal: primeiras gramáticas do Português

1536 – Gramática da Linguagem Portuguesa, Fernão de Oliveira.

1540- Gramática da Língua Portuguesa, João de Barros.


O Renascimento
- Desenvolveu-se, de forma sistemática, o estudo das línguas particulares.
- Os gramáticos começaram a examinar as características que distinguiam as línguas entre
si.
- Incremento do ensino da leitura e da escrita em vernáculo. → Surgimento das primeiras
cartilhas (Século XVI).
- XVIII- com o apoio do Marquês de Pombal floresceu a importância da aprendizagem do
Português nas escolas básicas.
- Luís Antonio Verney com “Verdadeiro método de estudar para ser útil à República e à
igreja (1746) – é necessário aprender gramática como base para outros estudos.
REFERÊNCIA:
WEEDWOOD, Barbara. História concisa da lingüística. São Paulo:
Parábola Editorial, 2002.

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