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poesia pessoal
Poesia lírica é aquele tipo de poesia com o qual travamos contato a partir da
leitura de um poema, em geral breve quanto à sua extensão, especialmente
sofisticado quanto à expressão verbal (a qual é muitas vezes hermética), ousado
quanto ao uso de figuras e de efeitos de sonoridade e ritmo, normalmente
centrado em torno de um “eu” que, de modo efusivo, autêntico, espontâneo,
expressa seus sentimentos mais recônditos, seus movimentos de alma, suas
paixões, reflexões etc. ao leitor, que se torna uma espécie de confidente imediato,
a quem se franqueia o acesso ao conhecimento da intimidade psíquica desse “eu”
e, em última instância, do poeta.
A partir dessa visão, a poesia lírica poderia ser um espaço de resistência do
“eu”, diante de todas as formas de pressão social; uma poesia dotada de
um tipo mais puro de expressão, justamente porque proveniente das
emoções de um sujeito, criador de um discurso próprio que está em tensão
contra tudo o que é imposto a partir de fora, tudo o que é convencional,
tradicional, artificial... Um tipo de expressão “subjetiva”, não imitativa,
capaz de devassar a alma mesma do poeta, exprimir sua verdade mais
essencial, que é comunicada ao leitor por meio da linguagem poética.
Essa visão do que seja a poesia lírica, ainda que se livre a alguns
exageros e ressalte com ênfase alguns traços problemáticos e que
estão longe de ser pontos pacíficos, é, grosso modo, a concepção que se
forma desse gênero poético a partir do Romantismo.
É um produto do Romantismo, aliás, a formulação teórica da famosa tríade
poética, evocada até os nossos dias, que pensa a poesia a partir de uma divisão
em três gêneros, ou em três formas: a poesia lírica, que seria subjetiva; a poesia
dramática, que seria objetiva; e a épica, a um só tempo subjetiva e objetiva. Essa
tríade, na visão romântica, estaria fundamentada, curiosamente, nos
pensamentos de Platão e de Aristóteles.
- Górgias, 449d;
- Íon, 533c-535a
(...)
- República X, 606e-607a;