Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Victória Pinto
considerável de doenças profissionais (Taylor, 1988). Podem ser definidas como sendo toda
mantida ou agravada por tudo que é utilizado na actividade profissional ou exista no ambiente
jantes e travões, com exposição a solventes e água, fez-se um estudo dirigido às Dermatoses
Angola em Luanda?
Enquadramento Teórico
Anatomia e histologia da pele
O termo Dermatose Ocupacional é amplo e engloba todas as patologias que possam acometer a
pele, mucosas e anexos, cuja génese está relacionada com o exercício da actividade profissional.
Enquadramento Teórico
Causas Indirectas, Ou factor predisponentes
Etiopatogenia
Causas Directas
- Relativas ao trabalhador
Perguntas de Investigação
PERGUNTA PRINCIPAL:
PERGUNTA ACESSÓRIA:
O uso inadequado de EPIS na actividade poderá contribuir para o surgimento das lesões?
Objetivos
Objectivo geral
Conhecer a prevalência da dermatite de contacto ocupacional irritativo e/ou alérgico nos trabalhadores da Oficina de rodas e travões
na área de lavagem de jantes e travões da TAAG linhas aéreas de Angola em Luanda, no período de Novembro de 2023 a Fevereiro
de 2024.
Objectivos específicos
• Caracterizar a população do estudo segundo alguns elementos de natureza socio- demográfica (idade e escolaridade) e
antecedentes de natureza patológica/clinica relevantes para a questão em estudo;
• Identificar a prevalência de sintomas e sinais relacionados com dermite irritativa e/ou alérgica e avaliar a sua relação com o trabalho;
• Avaliar o grau de conhecimento dos trabalhadores relativamente aos riscos em causa e medidas de prevenção adequadas
(especificamente no que diz respeito à utilização de EPIS e aos hábitos de higienização das mãos);
População de estudo
A população de estudo foram os trabalhadores da área supracitada em número de dez (10), todos de raça negra e sexo
masculino.
Instrumento de recolha de informação
Para a recolha de dados foi utilizado um questionário adaptado elaborado para este estudo baseado no NOSQ 2002 Nordic
Occupational Skin Questionnaire. Aplicado por meio de entrevista individual.
Dependentes:
- Antecedentes patológicos;
- Sinais e sintomas.
Independentes:
- Nível de escolaridade;
- Função actual;
- Tempo que exerce a função;
- Actividade extra laboral;
- Áreas do corpo afectadas;
- Uso de EPIs;
- Frequência no uso de EPIs;
- Se sim, que tipo de EPIs usa;
- Frequência de higienização das mãos.
Numéricas:
- Idade.
Apresentação e discussão dos resultados
A população de estudo foi constituída por dez (10) profissionais da área de lavagem de jantes e travões da TAAG, sendo
todos do sexo masculino e raça negra. A média das idades foi de 34.7 anos com desvio padrão de 2,8.
Características ( N = 10 ) Frequência %
Nível de escolaridade
Nenhum 0 0
Básico 4 40
Médio 6 60
Grupo profissional
Mecânico de manutenção 5 50
Técnico de manutenção 5 50
Menos de 1 ano 0 0
1-2 anos 3 30
3-5 anos 2 20
3-5 anos 3 30
+ de 10 anos 2 20
Distribuição segundo grupos etários EPI´S mais usados durante a actividade
Equipamentos de
Faixa etária Frequência % Frequência %
protecção
≤ 25 3 30 Mascaras 10 23.8
26 – 30 1 10 Luvas 10 23.8
31 – 35 2 20 Botas 10 23.8
Macacão 10 23.8
36 – 40 0 0
Avental 0 0
41 - 45 2 20
Viseira 0 0
46 – 50 2 20
Óculos de protecção 0 0
Total 10 100
Cinta Lombar 2 4.7
Total 42 100
Total 12 100
Sinais e sintomas nos últimos 12 meses
Frequência da lavagem das mãos
Quantas vezes lava as Frequência % N %
mãos
Sinais e sintomas (N-10)
1. Fissuras 0 0
+ 5 vezes 10 100
1. Bolhas 0 0
Total 10 100
1. Comichão / Coceira 7 33.3
1. Formigueiro/picadas 2 9.5
1. Dor 0 0
2 9.5
1. Outro sintoma
Total 21 100
Conclusões
Conclui-se que:
• Todos dos trabalhadores da área de lavagem de jantes e travões eram de raça negra do sexo masculino,
maioritariamente jovens com uma média de idade de aproximadamente 35 anos;
• Nesta população de trabalhadores, não foram verificados relatos sobre alergias na história pregressa, apenas um
trabalhador referiu ter asma;
• Todos os trabalhadores referiram em algum momento nos últimos doze meses o aparecimento de sinais e sintomas
na pele, afectando na maior parte dos casos (83,3%) os punhos e as mãos, provavelmente por serem os segmentos
corporais mais expostos;
• Os trabalhadores estavam informados através das fichas técnicas e das chefias sobre os produtos que manuseavam
nos postos de trabalho;
• Os EPI eram usados sempre ou quase sempre por todos os trabalhadores, destacando-se o uso do vestuário, luvas,
mascaras e botas;
• O uso de EPI (luva) não impedia que a água e os solventes usados na tarefa tivessem contacto com a pele;
• Apesar do pequeno número de indivíduos estudado e de algumas limitações, o estudo sugere que as substâncias
presentes no ambiente de trabalho (água e solventes) são responsáveis por uma elevada prevalência de sinais e
Recomendações
No geral:
Individuais:
• Atribuir luvas adequadas acima do cotovelo para impedir o contacto da substância química com a pele
durante a actividade;
• Disponibilizar cremes hidratantes para uso nas mãos depois da jornada de trabalho
Protocolo de Vigilância da Saúde
Objectivo: prevenir, detectar precocemente e encaminhar para o tratamento os casos de dermatite ocupacional e outras
condições de saúde relacionadas ao trabalho na oficina de rodas e travões da TAAG.
A população alvo: todos os trabalhadores expostos a solventes e outros produtos químicos na oficina de rodas e travões.
• Condições de trabalho
• As jantes são colocadas sobre a mesa em que são lavadas e durante a lavagem
Efeitos que devem ser vigiados nestes trabalhadores face à exposição a solventes:
• Querosene: Ressecamento e queimaduras na pele por contacto; crises agudas de Asma e risco de Pneumonia
química por inalação.
Para a vigilância da saúde dos trabalhadores serão realizados exames médicos de admissão, periódicos, ocasionais e
demissionais.
Exame de Admissão :
• A ser realizado quando os trabalhadores são admitidos. Deve ser avaliado o histórico de saúde, incluindo a
predisposição a alergias ou dermatites. Este exame é crucial antes da exposição. Na avaliação, serão feitos:
• Anamnese, Exame físico geral, Exame Dermatológico Específico, Exames complementares de diagnóstico,
Avaliação Psicológica, Orientações sobre saúde e segurança no trabalho
Exames Periódicos:
A serem realizados anualmente para todos os trabalhadores ou com periodicidade individualizada para alguns. Serão feitos as
mesmas avaliações do exame de Admissão.
Exame ocasional: Podem ser solicitados pelo trabalhador, entidade patronal ou pelo médico do trabalho. Podem ser efetuados
designadamente em caso de sintomas relacionados à exposição ou após eventos específicos, como acidentes de trabalho,
exposições a substâncias nocivas não previstas, no regresso ao trabalho após doença ou quando ocorrerem mudanças
significativas nas condições de trabalho
Exame demissional: Realizado aquando do término do vínculo laboral. Com objectivos de documentar o estado de saúde do
trabalhador no momento da saída da empresa, estabelecendo um registro que pode ser útil para futuras referências ou
reivindicações.
Bibliografia
Alchorne, A. de O. de A., Alchorne, M. M. de A., & Silva, M. M. (2010). Dermatoses Ocupacionais. Anais Brasileiros de Dermatologia,
85, 137–147. https://doi.org/10.1590/S0365-05962010000200003
Ali, S. A. (2010). Dermatoses Ocupacionais. Fundacentro.
Amado, A., Sood, A., & Taylor, J. S. (2012). Chapter 48. Irritant Contact Dermatitis. Em L. A. Goldsmith, S. I. Katz, B. A. Gilchrest, A. S.
Paller, D. J. Leffell, & K. Wolff (Eds.), Fitzpatrick’s Dermatology in General Medicine (8.a ed.). The McGraw-Hill Companies.
accessmedicine.mhmedical.com/content.aspx?aid=56034835
Attwa, E., & El-Laithy, N. (2009). Contact dermatitis in car repair workers. Journal of the European Academy of Dermatology and
Venereology, 23(2), 138–145. https://doi.org/10.1111/j.1468-3083.2008.02952.x
Belsito, D. V. (2005). Occupational contact dermatitis: Etiology, prevalence, and resultant impairment/disability. Journal of the American
Academy of Dermatology, 53(2), 303–313. https://doi.org/10.1016/j.jaad.2005.02.045
Cao LY., Taylor JS., V Eduardo., Carlos Bianchi., Denise Silva., Francine Amaral., & Paulo Aguiar (2008). Contact dermatitis and
related disorders. ACP. Medicine, Dermatoses, um sério problema para a saúde dos trabalhadores dentro das indústrias. Obtido 31 de
janeiro de 2024, dhttps://docplayer.com.br/9416088-Dermatoses-um-serio-problema-para-a-saude-dos-trabalhadores-dentro-das-
industrias.html
Clark, S. C., & Zirwas, M. J. (2009). Management of Occupational Dermatitis. Dermatologic Clinics, 27(3), 365–383.
https://doi.org/10.1016/j.det.2009.05.002
Cleveland Clinic Contact Dermatitis. (2010). Virtual Medical School. Obtido 31 de janeiro de 2024, de
https://teachmemedicine.org/cleveland-clinic-contact-dermatitis/
Coenraads, P.-J. (2012). Hand Eczema. New England Journal of Medicine, 367(19), 1829–1837. https://doi.org/10.1056/NEJMcp1104084
França, D., Leite, E. S.-, Almeida, C. F.-, Filipe, P., & (2019). Dermatoses associadas ao trabalho em profissionais de saúde de um
centro hospitalar português. Revista Brasileira de Medicina do Trabalho, 17(3), 285–291. https://doi.org/10.5327/Z1679443520190393
Dermatose Ocupacional – EHS Segurança do Trabalho. Obtido 1 de Novembro de 2023, de
https://ehsseguranca.com.br/dermatose-ocupacional/
Duarte & Lazzarini. (2001). Diagnóstico e Tratamento do Eczema de Contato. Projecto Directrizes.
https://docplayer.com.br/12644258-Diagnostico-e-tratamento-do-eczema-de-contato.html
F. Guerra Rodrigo. (2010). Dermatologia (4.a ed.). Fundação Calouste Gulbenkian.
Goh, C. L. (1987). Occupational skin disease in Singapore: Epidemiology & causative agents. Annals of the
Academy of Medicine, Singapore, 16(2), 303–305.
Hennino, A., Vocanson, M., Chavagnac, C., Saint-Mezard, P., Dubois, B., Kaiserlian, D., & Nicolas, J.-F.
(2005). Fisiopatologia da dermatite de contato alérgica: Papel das células T CD8 efetoras e das células T CD4
regulatórias. Anais Brasileiros de Dermatologia, 80, 335–347. https://doi.org/10.1590/S0365-05962005000400003
Hosoi, J., Hariya, T., Denda, M., & Tsuchiya, T. (2000). Regulation of the cutaneous allergic reaction by humidity.
Contact Dermatitis, 42(2), 81–84. https://doi.org/10.1034/j.1600-0536.2000.042002081.x
Ibler, K. S., Jemec, G. B. E., & Agner, T. (2012). Exposures related to hand eczema: A study of healthcare
workers. Contact Dermatitis, 66(5), 247–253. https://doi.org/10.1111/j.1600-0536.2011.02027.x
Jungbauer, F. H. W., Van Der Harst, J. J., Schuttelaar, M. L., Groothoff, J. W., & Coenraads, P. J. (2004).
Characteristics of wet work in the cleaning industry. Contact Dermatitis, 51(3), 131–134.
https://doi.org/10.1111/j.0105-1873.2004.00421.x
Junqueira. (2013). Histologia Básica - Texto & Atlas: Texto e Atlas (12a edição). Guanabara Koogan.
Keegel, T., Moyle, M., Dharmage, S., Frowen, K., & Nixon, R. (2009). The epidemiology of occupational
contact dermatitis (1990-2007): A systematic review. International Journal of Dermatology, 48(6), 571–578.
https://doi.org/10.1111/j.1365-4632.2009.04004.x
Levy, B. S., & Wegman, D. H. (Eds.). (2000). Occupational Health: Recognizing and Preventing Work-
Related Disease and Injury (Subsequent edition). Lippincott Williams & Wilkins.
Lima, A. (2023). Querosene: O que é, composição, usos, precauções. Mundo Educação.
https://mundoeducacao.uol.com.br/quimica/querosene.htm
Meding, B. (2000). Differences between the sexes with regard to work-related skin disease. Contact
Dermatitis, 43(2), 65–71. https://doi.org/10.1034/j.1600-0536.2000.043002065.x
Melo, M. das G. M. (1999). Estudo de dermatoses em trabalhadores de uma indústria farmacêutica
[Escola Nacional de Saúde Pública].
https://www.arca.fiocruz.br/bitstream/handle/icict/4997/ve_Maria_das_Gra%c3%a7as_ENSP_1999.pdf?se
quence=2&isAllowed=y
Mendes, R. (2013). Patologia do Trabalho. 2 Volumes (3a edição-3a edição-2 volumes-não pode ser
vendido separados). Editora Atheneu.
Meza, B. (2006). DERMATOSIS PROFESIONALES. 16. Dermatología Peruana.
Motta, A. A., Aun, M. V., Kalil, J., & Giavina-Bianchi, P. (2015). Dermatite de contato. Arquivos de Asma, Alergia e Imunologia,
34(3), 73–82.
Perkins, J. B., & Farrow, A. (2005). Prevalence of occupational hand dermatitis in U.K. hairdressers. International Journal of
Occupational and Environmental Health, 11(3), 289–293. https://doi.org/10.1179/107735205800245920
Rivitti, E. A. (2023). Manual de Dermatologia Clínica de Sampaio e Rivitti (2a edição). Artes Médicas.
SciELO - Brazil—O que podemos citar da Radiologia Brasileira? O que podemos citar da Radiologia Brasileira? (sem data).
Obtido 22 de Dezembro de 2023, de https://www.scielo.br/j/rb/a/SrQ378qnSD46nDZFJzwVwyG/
Super BeeTM 250—Heavy Duty Solvent Cleaner. Cee-Bee. Obtido 10 de Dezembro de 2023, de
https://www.cee-bee.com/product/super-bee-250/
TECNOPRAGA - engenharia no controle de pragas e de segurança no trabalho. (sem data). Obtido 4 de Dezembro de 2023, de
http://www.engtrab.com.br/dermatose.htm
Thomas M. Ruenger , Dermatite de contato—Distúrbios dermatológicos. Manuais MSD edição para profissionais. Obtido 22 de
Dezembro de 2023, de
https://www.msdmanuals.com/pt/profissional/dist%C3%BArbios-dermatol%C3%B3gicos/dermatite/dermatite-de-contato
Tortora, G. J., & Derrickson, B. (2016). Corpo Humano - 10ed: Fundamentos de Anatomia e Fisiologia. Artmed Editora.
https://www.saludcastillayleon.es/institucion/es/publicaciones-consejeria/buscador/protocolos-vigilancia-sanitaria-especifica-derma
tosis-labor.ficheros/327939-Dermatosis.pdf