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Análise e categorização de relatos verbais emitidos durante

uma intervenção terapêutica baseada em ACT para


evidenciação dos efeitos do processo terapêutico

Apresentadora: Ana Gabriele Gaia Rodrigues


Orientadora: Drª Sônia Maria Mello Neves
Coautores: Luciana Pachêco Miranda Rochael, Ellen Ferreira
de Castro, Fernanda Posch Rios, Maria Eduarda Costa Brito
INTRODUÇÃO
• O autoestigma do peso, ou seja, a internalização dos estereótipos públicos, se apresenta como um
fato que prejudica a anuência ao tratamento na busca por hábitos mais saudáveis (Lillis et al.,
2009).
• Terapia de Aceitação e Compromisso (ACT): evidenciar papel do contexto, reconhecendo a
importância dos processos verbais e cognitivos no ambiente (Santo, Gouveia & Oliveira, 2015).
• A ACT considera a relação terapêutica como um componente importante da terapia (Hayes,
Strosahl & Wilson, 2021).
• Identificação dos processos de mudança resultantes da relação terapêutica: categorização da
relação terapeuta-cliente por meio de sessão gravadas (Zamignani & Meyer, 2007).
• Estudo de concordância entre observadores: obtenção de fidedignidade de um instrumento
(Zamignani & Meyer, 2007).

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INTRODUÇÃO
OBJETIVO GERAL

Analisar e categorizar relatos verbais emitidos pelos


participantes a fim de identificar evidências dos efeitos
dos processos terapêuticos aplicados.

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OBJETIVOS ESPECÍFICOS
• Identificar evidencias dos efeitos da intervenção em mudanças nos processos da ACT na
flexibilidade psicológica (aceitação, desfusão, momento-presente, self-como-contexto, valores,
ações com compromisso);

• Elaborar categorias e subcategorias que permitam a identificação, no relato das participantes,


dos processos de mudança da ACT;

• Buscar identificar relatos verbais que apontem evidências de autoestigma relacionado ao peso;

• Elaborar categorias e subcategorias para identificar mudanças no autoestigma relacionado ao


peso.

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MÉTODO

Participantes
• 20 participantes
• Sexo feminino
• 2 grupos terapêuticos: GT1 (ACT) e GT2 (ACT e TFC)

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MÉTODO

Critérios inclusão:
• Mulheres acima de 18 anos
• Sobrepeso ou obesidade - IMC > 25 kg/m2;
• Score acima de 40 no Questionário de Autoestigma de
Peso (WSSQ)
• Score abaixo de 90 na Escala de Autocompaixão
(SCS).

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MÉTODO
Critérios exclusão:
• Participar de outro grupo ou intervenção para perda de peso
durante a intervenção;
• Gestantes;
• Diagnósticos de: Transtorno de Personalidade Borderline,
Transtorno Bipolar, Transtorno Depressivo Maior (em episódio
ativo) e Transtornos por Uso de Substâncias, avaliados em uma
entrevista clínica inicial conduzida pela mestranda

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MÉTODO
Local

As análises dos relatos verbais, obtidos por meio de


gravações, foram realizadas em uma sala de orientação
do Laboratório de Análise Experimental do
Comportamento (LAEC).

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MÉTODO
Materiais

• Computador

• Software Zoom

• Vídeos das sessões

• Sistema de categorização SICARECC, software Transkiptor, Word e


Excel;

• Tabelas com categorização de comportamentos para a pesquisa de


processo em psicoterapia.

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MÉTODO
Etapas
• Reuniões para aprofundamento teórico em ACT.

• Revisão da literatura – identificar metodologias

• Escolha do sistema SiICARECC (Assaz, 2019).

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MÉTODO
Tabela 1
Categorias do Cliente no SICARECC
Obediência (C-OBE)
Exploratória (C-EXP)
Controladora (C-CONT)
Metacognitiva (C-MET)
Avaliativa (C-AVA)
Analítica (C-ANA)
Validante (C-VAL)
Concreta (C-CONC)
Dialógica (C-DIA)
Disruptiva (C-DRU)
Facilita progresso (C-FAC)
Dificulta progresso (C-DIF) 12
MÉTODO
ETAPAS – COLETA DE DADOS

• 10 sessões de terapia em grupo

• Mulheres acima do peso

• Conduzidas pela Mestranda Luciana Pacheco com Apoio


Terapêutico da aluna de IC Fernanda Posch

• Transcrições das 20 sessões pelo software Transkiptor

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MÉTODO
Etapas – Treinamento SICARECC
1. Seleção de trechos da Sessão 1 (S1) do Grupo Terapêutico 2 (GT2) que
corresponderiam ao processo de fusão e desfusão de todas participantes.
2. Categorização dos relatos de P11 de GT1 durante as dez sessões.
3. Categorização dos relatos de P13 de GT2 durante as dez sessões (trechos
definidos previamente pela mestranda).
4. WSSQ (Questionário de Autoestigma de Peso), que avalia o autoestigma, antes e
depois da intervenção.

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MÉTODO
Seleção das participantes:
Melhoras observadas nas medidas indiretas através do Questionário de Autoestigma de Peso
(WSSQ) e na Escala de Autocompaixão (SCS).

Índice de concordância:
IC = [(eventos concordantes)/(eventos concordantes + eventos discordantes) x100

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RESULTADOS
Agrupamento das categorias do cliente segundo Assaz (2019):
• Fusão: obediente (C-OBE), controladora (C-CONT) e avaliativa
(C-AVA)
• Desfusão: concreta (C-CONC), dialógica (C-DIA) e disruptiva (C-
DRU).

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RESULTADOS
Tabela 2
Frequência absoluta das categorias de fusão e desfusão de P11
Frequência absoluta P11 (GT1) Total
Sessão S1 S2 S3 S4 S5 S6 S7 S8 S9 S10 Absoluto Relativo (%)
C-FUS 0 1 2 0 0 1 1 1 0 0 6 46,15
C-DESF 0 0 0 0 0 1 1 1 4 0 7 53,85
Total 0 1 2 0 0 2 2 2 4 0 13 100

Tabela 3
Frequência absoluta das categorias de fusão e desfusão de P13
Frequência absoluta P11 (GT1) Total

Sessão S1 S2 S3 S4 S5 S6 S7 S8 S9 S10 Absoluto Relativo (%)


C-FUS 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
C-DESF 0 4 0 3 0 3 1 0 0 1 12 100
Total 0 4 0 3 0 3 1 0 0 1 12 100
RESULTADOS
Figura 1 Figura 2
Frequência relativa das categorias de fusão e Frequência relativa das categorias de fusão e
desfusão de P11 desfusão de P13
Frequência relativa de P11
Frequência Relativa de P13
100
100
90
90
80
80
70
70
60
60
50
50
40 40
30 30
20 20
10 10
0 0
S1 S2 S3 S4 S5 S6 S7 S8 S9 S10 S1 S2 S3 S4 S5 S6 S7 S8 S9 S10

C-FUS C-DESF C-FUS C-DESF


RESULTADOS
◎ Figura 3
◎ Escores no WSSQ pré e pós-intervenção - P11 e P13

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CONCLUSÃO
• P11 apresenta uma melhora ao longo do processo de intervenção com ACT: redução da
frequência relatos verbais de categorias de fusão e o aumento da frequência das categorias de
desfusão.
• P13, não apresentou frequência de relatos verbais de fusão no processo de intervenção (figura
2), enquanto as categorias de desfusão aparecem ao longo do processo.
• Melhoras nas medidas pré e pós-tratamento do WSSQ.
• O SICARECC se mostrou afinado para análise da relação terapêutica, especialmente dos
processos de fusão e desfusão promovida pela aplicação de ACT e ACT com elementos de
TFC.
• Tendo em vista que a concordância entre os categorizadores não foi alta, sugere-se um treino
mais longo entre observadores para obtenção de maior concordância.

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REFERÊNCIAS
◎ Assaz, D. A. (2019). Desfusão cognitiva na Terapia de Aceitação e Compromisso (ACT): o
processo de mudança clínica (Tese de Doutorado). Universidade de São Paulo, São Paulo.
◎ Hayes, S. C.; Strosahl, K. D. & Wilson K. G. (2021). A relação terapêutica na ACT. In:
Terapia de aceitação e compromisso (2ª ed., pp 204-232). Artmed.
◎ IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. (2015). Pesquisa Nacional de Saúde
2013: ciclos de vida: Brasil e grandes regiões. IBGE.
◎ Lillis, J., Luoma, J. B., Levin, M. E., & Hayes, S. C. (2009). Measuring weight selfstigma:
The Weight Self-stigma Questionnaire. Obesity, 18 (5), 971–976.

◎ Link, B. G., & Phelan, J. C. (2001). Conceptualizing stigma. Annual review of Sociology,
27(1), 363-385.


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REFERÊNCIAS
Melo, S. P. da S. de C. (2020). Sobrepeso, obesidade e fatores associados aos adultos em uma área urbana
carente do Nordeste Brasileiro. Revista Brasileira de Epidemiologia, v. 23. https://doi.org/10.1590/1980-
549720200036.

Meyer, S. B. & Vermes, J. S. (2001). Relação terapêutica. Em: B. Range (Org.), Psicoterapias cognitivo-
comportamentais: Um diálogo com a psiquiatria. São Paulo: Artmed.

Puhl, R. M., & Heuer, C. A. (2009). The stigma of obesity: a review and update. Obesity, 17(5), 941.

Santos, P. L., Gouveia, J. P. & Oliveira, M. da S. (2015). Primeira, Segunda e Terceira Geração de Terapias
Comportamentais. In: Terapias Comportamentais de Terceira Geração: Guia para Profissionais. (1ª. ed., pp.
29-58). Sinopsys.

Santos, D. R. dos S., & Soares, M. R. Z. (2018). Análise do processo terapêutico em grupo para pessoas com
Transtorno Bipolar. Acta Comportamentalia: Revista Latina de Análisis Del Commportamiento, 26 (4).

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REFERÊNCIAS
◎ Zamignani, D. R. (2007). O desenvolvimento de um sistema multidimensional para a categorização de
comportamentos na interação terapêutica (Tese de doutorado). Universidade de São Paulo, São Paulo.

◎ Zamignani, D. R., & Meyer, S. B. (2007). Comportamento verbal no contexto clínico: contribuições
metodológicas a partir da análise do comportamento. Revista Brasileira de Terapia Comportamental e
Cognitiva, 9(2), 241-259.

◎ Zamignani, D, & Meyer, S. B. (2011). Comportamentos verbais do terapeuta no Sistema


Multidimensional para a Categorização de Comportamentos na Interação Terapêutica*(SiMCCIT).
Perspectivas em análise do comportamento, 2(1), 25-45.

◎ Zamignani, D. R., & Meyer, S.B. (2014). A pesquisa de processo em psicoterapia: O desenvolvimento do
SiMCCIT (Sistema Multidimensional para a Categorização de Comportamentos na Interação
Terapêutica) (1a. ed., Vol.1). São Paulo, SP: Núcleo Paradigma

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