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Fluidos refrigerantes

História dos Fluidos Refrigerantes: Da


Origem ao Cenário Atual
Apesar de o Ar-Condicionado só ter sido inventado em 1902, a refrigeração já existia e era
patenteada desde 1834. Ou seja, os fluidos refrigerantes já vinham sendo utilizados por
quase sete décadas antes de surgir o primeiro condicionador de ar.
De lá pra cá, os tipos de fluidos refrigerantes e o modo como eles se relacionam com o meio
ambiente e o setor de climatização mudaram bastante. Vamos revisar essa história?
Relembrando o que é um gás refrigerante
Caso não lembre, os fluidos refrigerantes (ou gás refrigerante) são substâncias que alteram
sua compressão de líquido para gasoso dentro dos sistemas de refrigeração e climatização
para transportar a temperatura de um ponto ao outro.
É assim, por exemplo, que o calor é retirado de dentro da geladeira e levado para a rua. Da
mesma forma com o ar-condicionado, que pega o ar do lado de dentro, passa pela tubulação de
fluido refrigerante que retira o calor e leva para fora.
Fluidos de origem natural
Quando o primeiro sistema de refrigeração foi patenteado em 1834, os
fluidos refrigerantes utilizados eram os de origem natural. Ou seja, que
poderiam ser encontrados na natureza, como a amônia, CO2 e
hidrocarbonetos (propano e isobutano, por exemplo).
Eles foram os únicos fluidos utilizados por quase um século. O ar-
condicionado, depois que surgiu ali no começo de 1900, também utilizava
essas mesmas substâncias. Foi só lá por 1934 que foram adotados os
fluidos refrigerantes sintéticos.
Afinal, os fluidos de origem natural eram mais difíceis de se conseguir e
também de serem mantidos conservados de forma segura. O gasto com a
coleta, o transporte e a manutenção desses gases já não compensava, e por
isso que no início do século XX começaram as pesquisas para desenvolver
os gases sintéticos.
O primeiro Fluido Refrigerante sintético

Os fluidos naturais foram a única opção disponível até 1929, quando foi
desenvolvido o primeiro fluido sintético, o R12, que era um CFC
(clorofluorcarboneto) patenteado exclusivamente para ser utilizado no
ar-condicionado.
A partir daí, o uso de fluidos sintéticos cresceu cada vez mais na
indústria, até substituir por completo os fluidos naturais ali pelos anos
1970.
Danos à Camada de Ozônio

• Por volta dos anos 1980, se constatou que o os CFCs causavam danos à camada de ozônio da
atmosfera terrestre, que é a proteção que temos contra os raios ultravioletas (UV) emitidos
pelo sol.
• Acontece que os CFCs liberados na atmosfera se unem com as moléculas da camada de
ozônio e formam cloro. Ou seja, transformam a camada em outra coisa, decompondo seus
elementos e acabando com a proteção que eles nos oferecem.
• HCFC e o Protocolo de Montreal
• Por um tempo a indústria tenta apostar nos HCFCs (hidroclorofluorcarbonetos), como o R22,
uma vez que que eles causam apenas 5% dos danos ambientais que eram causados pelos CFCs.
• Mas ainda assim não era um dano ambiental aceitável e, portanto, em 1987 é firmado o
Protocolo de Montreal, em que as nações se comprometem a substituir os CFCs e os
HCFCs por alternativas que não prejudiquem a atmosfera.
• Os HCFCs são utilizados em menor escala ainda hoje, inclusive no Brasil. Mas o plano é que eles
sejam completamente extintos do mercado até 2040.
Cuidado com o Efeito Estufa!

• A alternativa imediata nos anos 1980 foi, então, apostar nos HFCs
(hidrofluorcarbonetos), como R410, que não oferecem dano algum à
camada de ozônio. Entretanto, surgiu aí um novo problema, pois
esses fluidos refrigerantes são gases que contribuem com o
agravamento do Efeito Estufa – e muito!
• Com a preocupação mundial em torno do Aquecimento Global, é
firmado em 1997 um novo tratado, o Tratado de Kyoto. Nele, as
nações subscritas se comprometem a diminuir as emissões de gases
agravantes do Efeito Estufa.
Fluidos Naturais x Fluidos Sintéticos

• O resultado disso foi o ressurgimento dos fluidos refrigerantes naturais,


que apesar de mais caros e complexos, sempre foram uma alternativa
que não oferece riscos à camada de ozônio e nem são agravantes do
Efeito Estufa.
• A diferença nos fluidos naturais, como o CO2 e a amônia, é que eles são
mais complexos de serem estocados e manipulados, além de serem
altamente inflamáveis, aumentando muito os riscos de acidentes.
• Já os fluidos sintéticos podem ser produzidos em larga escala nos
laboratórios e não precisam ser inflamáveis. Também são mais fáceis de
estocar manusear que os gases naturais.
A solução HFO

• Agora, para concorrer com os fluidos naturais e substituir de vez


os CFCs e os HCFCs, existem os HFOs (hidrofluorolefina), que não
interferem nem com a camada de ozônio e nem com o Efeito Estufa.
• Mas a substituição dos antigos fluidos prejudiciais ao meio ambiente
não deve acontecer do dia para a noite. No Brasil, pensando em
futuro, o planejamento é para que os HCFCs, que ainda são utilizados
por aqui, sejam extintos até 2040.
• E é assim que está o cenário atual dos fluidos refrigerantes pelo
mundo, com os gases naturais disputando espaço com os HFOs. O
importante, para o setor, é acabar com os danos ao meio ambiente.
Recolhimento, Reciclagem e Regeneração
de Gases Refrigerantes
• Muito utilizados no setor de refrigeração e ar-condicionado, os fluidos
refrigerantes – popularmente conhecidos como gases refrigerantes -, são
extremamente prejudiciais ao meio ambiente se liberados ao ar livre. É por
isso que o ideal é fazer o recolhimento, reciclagem e regeneração dessas
substâncias.
• Você sabia que grande parte dos gases refrigerantes liberados na atmosfera
são procedentes de
vazamentos em sistemas de ar condicionado e refrigeração? Ao realizar a
manutenção, muito técnicos tem o mal hábito de abrir as válvulas do
sistema e soltar o gás na atmosfera. Mas o correto é seguir as boas
práticas e conhecer as técnicas de recolhimento e reutilização desses
fluidos.
Centros de Regeneração – Ponto de
recolhimento e reciclagem
• Os Centros de Regeneração são pontos de coleta, reciclagem e venda
de gases refrigerantes. Eles foram criados em cumprimento às
determinações do PNC (Plano Nacional de Eliminação de CFCs) –
VEJA A SEGUIR!
• As empresas que têm interesse em se tornar pontos de recolhimento
e regeneração devem fazer solicitação de equipamentos junto ao
Ministério do Meio Ambiente (MMA) e precisam de licença
ambiental.
• Os Centros estão aptos a tratar fluidos como o R-12, R-22, R-134a, R-
410A e misturas (blends) de CFCs e HCFCs.
Recolhimento

• O fluido refrigerante é recolhido através de máquinas e bolsas


recolhedoras ao invés de ser eliminado ao ar livre. Conheça os tipos
de coleta de acordo com a necessidade:
• Recolhimento Passivo: Indicado para pequenas quantidades de
fluidos. É realizado por meio da diferença de pressão entre o
aparelhos e o equipamento de armazenagem do fluido.
• Recolhimento Ativo: Indicado para aparelhos com grande carga de
refrigerante. Esse método utiliza um equipamento externo que força a
sucção do fluido do aparelho e o comprime (fase gasosa) em um
cilindro pressurizado. Esse método garante 99% de eficiência.
Reciclagem/Regeneração

• Após o recolhimento, os gases são encaminhados às estações de


tratamento móveis, onde são reciclados e dão carga no sistema por meio
de um único equipamento. A reciclagem não separa fluidos misturados.
• Lá o material passa por um filtro onde são retiradas as impurezas do gás,
como partículas, óleo, umidades, acidez e gases não condensáveis,
completando o ciclo de regeneração.
• Vale lembrar que o processo de regeneração é regulado pela Norma
Internacional ARI-700, sendo feito apenas em centrais credenciadas pelo
PNC, pois este é o procedimento mais elaborado do tratamento de
fluidos refrigerantes contaminados, resultando em um grau de pureza
considerado igual ao da substância “virgem”.
Reutilização

• Depois de regenerado, o gás poderá ser novamente utilizado, diminuindo a demanda


por fluidos novos. Para receber a titulação de “regenerado”, o fluido refrigerante precisa
passar por teste laboratorial para atingir um nível de pureza de 99,8%, mesmo nível de
um fluido novinho em folha, conforme citamos acima.
• Ainda existem equipamentos em uso que utilizam CFCs, como geladeiras e aparelhos de
ar condicionado antigos. Por isso é tão importante o reaproveitamento desses gases
refrigerantes.
• Mais motivos para reciclar Gases refrigerantes
• Além de diminuir os impactos ambientais por reduzir os vazamentos durante a
manutenção do equipamento, após a regeneração a substância pode ser vendida por
um valor até 20% mais barato.
• Dessa forma, o recolhimento também traz benefícios econômicos, por permitir a
reutilização desses gases e evitar o desperdício.
Planos ambientais

• Para evitar o despejo demasiado desses fluidos ao ar livre, seja


propositalmente ou não, o Brasil há anos tem adotado uma série de
medidas voltadas à eliminação gradativa do consumo de CFCs e
HCFCs (clorofluorcarbonetos e hidrofluorcarbonetos,
respectivamente), que incluem os gases refrigerantes, como
comentamos anteriormente.
• A ideia é estimular a capacitação de técnicos e a reciclagem dos
fluidos. Essas medidas fazem parte tanto do PNC
(Plano Nacional de Eliminação de CFCs) quanto do
PBH (Programa Brasileiro de Eliminação de HCFCs)
Programa Brasileiro de Eliminação de HCFCs – PBH

• Em resumo, o PBH é a complementação do PNC. Se antes, com o PNC,


a preocupação era com a camada de ozônio, agora a preocupação
também abrange o aquecimento global e, nesse aspecto, os HCFCs
são um dos responsáveis por esse fenômeno.
• Ou seja, ainda não existe no mercado um fluido refrigerante 100%
limpo, que cause zero danos ao meio ambiente.
• Todos os países signatários do Protocolo de Montreal
comprometeram-se a cumprir um novo cronograma de eliminação
dos HCFCs, que deve ser extinto até 2040
Refrigerantes inflamáveis
• Amaioria dos técnicos em refrigeração precisará elevar seu nível de
conhecimento acerca dos procedimentos de segurança para a
realização de serviços em equipamentos abastecidos com
hidrocarbonetos (HCs) inflamáveis, como o propano (R-290) e o
isobutano (R-600a).
• Em função da eliminação dos hidroclorofluorcarbonos (HCFCs) e do
alto potencial de aquecimento global (GWP, em inglês) de alguns
hidrofluorcarbonos (HFCs), os sistemas de refrigeração comercial
deverão adotar, cada vez mais, fluidos frigoríficos de baixo impacto
climático.
Refrigerantes inflamáveis
• Cuidados:
• Identificar o fluido refrigerante;
• Uso de EPIs obrigatórios;
• Certificar se o local é ventilado;
• Ter um extintor de incêndio;
• Ter detector de gás inflamável sempre ligado;
• Usar sempre o cortador e evitar o maçarico;
• Purgar o sistema com nitrogênio antes do uso do maçarico.
Re-operação do sistema
Para os sistemas com R-600a, os técnicos terão de estar cientes de
que a pressão de baixa durante a operação será no vácuo. E os
técnicos devem ter muito cuidado para não introduzir ar no
sistema sob essas condições.
O ar nos sistemas com hidrocarbonetos aumenta a pressão e
introduz a umidade, que cria ácidos. Enfim, ele é muito danoso
para os equipamentos do gênero.
A boa notícia é que as pressões e as temperaturas de trabalho dos
HCs são muito semelhantes às do R-134a.
Substituição de compressores
• Entretanto, os técnicos devem estar conscientes de que os
compressores de refrigeração tradicionais não podem ser adaptados
para trabalhar com o R-290, por exemplo. Os compressores devem
sair de fábrica com componentes aprovados para este refrigerante.
• Nenhuma adaptação pode ser feita com segurança, alertam os
especialistas, pois todas as peças e componentes elétricos de um
compressor de R-290 precisam ser selados.
Retrofit
• Caso não tenha identificado o fluido refrigerante que seu aparelho
utiliza no adesivo que geralmente consta na condensadora, os
manuais de usuários devem especificar o tipo de gás utilizado. Para
saber qual gás é utilizado no seu aparelho, verifique a ficha técnica
que a maioria dos manuais possui.
• Posso trocar o gás R-22 pelo R410A no meu aparelho?
A resposta para esta pergunta é NÃO.
• Os fluidos são totalmente diferentes entre si, a pressão é diferente, o
óleo do compressor é diferente, então não pode simplesmente tirar o
R-22 e colocar o R-410A.
Retrofit
• Caso a intenção seja, por algum motivo, essa troca do R-22. O retrofit é
uma alternativa viável. A Dupont possui alguns fluidos como o MO59
que é possível realizar um retrofit, onde você pode retirar um e colocar
o outro, desde que seguindo os passos do manual.
• Este gás da Dupont é recomendado para aparelhos janela e splits,
desde que sejam com capacidade até 5 TRs. Entre as vantagens deste
produto, é que ele não apresenta potencial de degradação da camada
de ozônio e sua utilização não será interrompida devido ao Protocolo
de Montreal. Ele é compatível com os lubrificantes a base de Óleo
Mineral (OM), Alquilbenzeno (AB) ou Poliól Éster (POE) e na maioria
dos casos, não é necessário substituir o tipo de lubrificante do sistema.
Acidentes com gases inflamáveis
preocupam indústria
• Abrava(Associação Brasileira de Refrigeração, Ar Condicionado,
Ventilação e Aquecimento ) dá continuidade aos alertas sobre a
utilização de hidrocarbonetos em equipamentos que não foram
projetados para operar com esses compostos
• O uso de fluidos refrigerantes inflamáveis (classificação de risco A2 e
A3) em equipamentos que foram projetados para trabalhar apenas
com substâncias não inflamáveis (A1) continua a preocupar os
fabricantes do setor
• De acordo com a norma, qualquer “sistema de refrigeração selado
montado em fábrica com uma carga de fluido frigorífico inferior a 150
gramas de um refrigerante A2 ou A3 poderá ser instalado em um
ambiente ocupado sem restrição, mesmo que não seja uma sala de
máquinas especial”.
• O texto do documento técnico também ressalta que “os fluidos
frigoríficos dos Grupos A2, A3, B1, B2 e B3 não devem ser utilizados
em sistemas de alta probabilidade para conforto humano”. Segundo
Basile, esta última observação apresenta algumas exceções, como a
área industrial, por exemplo.
Cuidado com fluidos refrigerantes
falsificados ou adulterados
• Principais problemas causados por fluidos refrigerantes adulterados
• – Explosão ou queima do compressor;
• – Travamento e deterioração do compressor;
• – Travamento e deterioração dos componentes do sistema;
• – Corrosão acelerada no alumínio do anel de curto circuito do rotor e
de outros elementos.
• Como evitar fluidos falsificados ou adulterados
• Fabricantes tradicionais : Dupont e outros.

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