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VIII – REGIME DO

INVENTÁRIO
NOTARIAL (RIN)
Processo de Inventário
1. Regime do Inventário Notarial
(RIN)
•O RIN é aprovado em anexo à Lei nº 117/2019, de 13 de setembro, que dela faz
parte integrante (artigo 2º Lei nº 117/2019, de 13 de setembro).
2. Competência dos Cartórios
Notariais (artigo 1º RIN)
•Competência facultativa (a ON publica uma lista dos Notários que tramitam PI, uma vez que só os
Notários que querem é que tramitam).

•Opção de escolha pelos Cartórios Notariais (artigo 1083º nº 2 CPC), salvo nos casos em que o PI é da
competência exclusiva dos Tribunais Judiciais (artigo 1083º nº 1 CPC).

•Se o processo for proposto no Cartório Notarial sem a concordância de todos os interessados, pode haver
remessa do mesmo para o Tribunal Judicial quando o requeiram no prazo de oposição os interessados
que, isolada ou conjuntamente, representem mais de metade da herança (artigo 1083º nº 3 CPC).
2. Competência dos Cartórios
Notariais (artigo 1º RIN)
Competência territorial: tem de existir uma conexão relativamente do Cartório
Notarial com a partilha, estabelecida em função, nomeadamente:

1) Do local da abertura da sucessão.

2) Da situação da maior parte dos imóveis ou do estabelecimento comercial que


integram a herança.

3) Da residência da maioria dos interessados diretos na partilha,


2. Competência dos Cartórios
Notariais (artigo 1º RIN)
•Ao Notário é aplicável o regime de impedimentos e suspeições do juiz previsto nos
artigos 115º a 123º CPC (quando tenha interesse principal ou familiar no PI).

•Havendo impedimento ou indisponibilidade do Cartório Notarial, o PI pode ser


proposto em Cartório Notarial sediado em circunscrições confinantes ou próximas.
3. Tramitação do processo (artigo 2º
RIN)
•O Processo de Inventário segue a tramitação prevista para o Processo de Inventário
judicial, com as devidas adaptações.

•Os atos processuais devem realizar-se, sempre que possível, através de meios
eletrónicos (artigo 2º Portaria nº 278/2013. de 26 de agosto), nos termos dos
artigos 4º e ss Portaria nº 278/2013, de 26 de agosto, em www.inventarios.pt.
3. Tramitação do processo (artigo 2º
RIN)
Apresentação do requerimento de inventário (artigo 5º Portaria nº 278/2013, de 26 de agosto):

• O requerimento pode ser apresentado pelo próprio interessado ou pelo seu mandatário, através de preenchimento de modelo próprio
eletrónico ou presencialmente (mandatário é obrigatoriamente eletrónico).

• Entregue o requerimento, é disponibilizado um comprovativo de entrega do requerimento, contendo os elementos previstos no artigo
5º nº 2 Portaria nº 278/2013, de 26 de agosto.

• O requerimento só se considera apresentado na data do pagamento da 1ª prestação de honorários do Notário.

• Os honorários devidos pelo PI estão previstos nos Anexos I e II Portaria nº 278/2013, de 26 de agosto, bem como o requerimento de
inventário que está previsto no Anexo III Portaria nº 278/2013, de 26 de agosto (artigo 4º Portaria nº 278/2013, de 26 de agsoto).

• Ao PI aplica-se o regime jurídico do apoio judiciário (artigo 8º RIN).


3. Tramitação do processo (artigo 2º
RIN)
Apresentação de outras peças processuais (artigo 6º Portaria nº 278/2013, de 26
de agosto):

•Quando apresentada pelo interessado: por via eletrónica, por remessa postal sob
registo para o Cartório Notarial ou por entrega no Cartório Notarial.

•Quando apresentada pelo mandatário: exclusivamente por via eletrónica.


3. Tramitação do processo (artigo 2º
RIN)
Apresentação de documentos (artigo 7º Portaria nº 278/2013, de 26 de agosto):

•A apresentação de documentos por via eletrónica dispensa a apresentação dos


originais dos mesmos, sem prejuízo do dever de exibição dos originais sempre que
tal seja solicitado pelo Notário.

•Os documentos apresentados têm a força probatória dos originais.


3. Tramitação do processo (artigo 2º
RIN)
• Ao Notário cabe realizar todas as diligências do processo, sem prejuízo dos casos em que os interessados devem ser
remetidos para os meios judiciais.

• Compete ao Tribunal da Comarca da circunscrição judicial da área do Cartório Notarial (competência especificada do
tribunal) a prática dos atos que caibam ao Juiz e aprecia os recursos interpostos de decisões do Notário.

• A partilha constante do mapa e das operações de sorteio é submetida ao juiz para efeitos de homologação (artigo 5º RIN).

• O Juiz tem de analisar a partilha para verificar se está conforme com as normas legais, podendo homologar a partilha ou
recusá-la (depois de realizada a partilha pelo Notário).
4. Remessa dos interessados para os
meios judiciais (artigo 3º RIN)
• O Notário deve determinar (mesmo oficiosamente), mediante despacho fundamentado, a suspensão do processo:

1) Se estiver pendente causa em que se aprecie questão com relevância para a admissibilidade do processo ou
para definição de direitos de interessados diretos na partilha.

2) Se, na pendência do inventário, suscitarem questões prejudiciais de que dependa a admissibilidade do


processo ou a definição de direitos dos interessados diretos na partilha, remetendo os interessados para os
meios judiciais, logo que se mostrem relacionados os bens – deve atender-se à natureza ou complexidade
da matéria que lhe está subjacente (artigo 1092º nº 1 b) in fine CPC ex vi artigo 2º nº 1 RIN)
4. Remessa dos interessados para os
meios judiciais (artigo 3º RIN)
• Se, na pendência do inventário, suscitar questão que, não respeitando à admissibilidade do processo ou à
definição de quotas hereditárias dos interessados (ou seja, objeto da partilha), envolva a resolução de um
litígio entre os interessados, o Notário deve, ouvidas as partes e em despacho fundamentado:

1) Abster-se de decidir, remetendo os interessados para os meios judiciais, quando a natureza da matéria
litigiosa ou a sua complexidade de facto ou de direito tornar inconveniente a sua apreciação por órgão
não jurisdicional.

2) Decidir, nos demais casos, a matéria em litígio, sendo a decisão imediatamente impugnável perante o
tribunal competente (da comarca do Cartório Notarial).
4. Remessa dos interessados para os
meios judiciais (artigo 3º RIN)
•Nos casos em que o Notário não decide (artigo 3º nº 2 a) RIN), o Notário ordena a
suspensão do processo quando a questão afete, de forma significativa, a utilidade
prática da partilha.

•Se houver interessado nascituro, o Notário deve suspender o processo desde o


momento em que se mostrem relacionados os bens até ao nascimento desse
interessado (ocorrido o nascimento, o Notário remete oficiosamente o processo para
o tribunal competente).
5. Recursos (artigo 4º RIN)
•No Inventário Notarial, não se aplica o critério do valor, visto que é um recurso de um órgão não
jurisdicional, sendo que, se assim fosse, estaria a ser desrespeitado o princípio constitucional da reserva do
Juiz (artigo 202º CRP).

•A decisão do Notário que não decretar a suspensão do processo e não remeter os interessados para os
meios judiciais pode ser impugnada por qualquer dos interessados diretos na partilha, mediante recurso
interposto para o Tribunal competente.

•Compete aos Tribunais de Primeira Instância o conhecimento dos recursos das decisões dos Notários
(artigo 67º CPC).
5. Recursos (artigo 4º RIN)
•O regime dos recursos é o seguinte:

1) O recurso previsto no artigo 4º nº 1 RIN sobe imediatamente e tem efeito suspensivo da


marca do processo.

2) O recurso previsto no artigo 3º nº 2 b) RIN sobe imediatamente e em separado dos autos de


inventário, sem efeito suspensivo da marcha do processo.

3) Aos recursos interpostos das restantes decisões proferidas pelo Notário no decurso do processo
é aplicável, com as necessárias adaptações, o regime previsto no artigo 1123º CPC.
5. Recursos (artigo 4º RIN)
•A apreciação do recurso da sentença homologatória da partilha (e dos recursos de
decisões do Notário que sejam interpostos conjuntamente com esse recurso – artigo
1123º nº 5 CPC) é da competência dos Tribunais da Relação, sendo um desvio à
regra do artigo 2º nº 4 RIN.

•Porém, a decisão do Notário de remessa dos interessados para os meios judiciais não
pode ser posta em causa pelo Juiz.
5. Recursos (artigo 4º RIN)
•Os recursos das decisões proferidas pelo Notário ao Tribunal de Primeira Instância
são interpostos no prazo de 15 dias a contar da notificação da decisão, devendo o
requerimento de interposição do recurso incluir a alegação do recorrente.

•O recurso das decisões conjuntas com a sentença ao Tribunal da Relação é interposto


no prazo geral de 30 dias (artigo 638º nº 1 CPC ex vi artigos 1123º nº 1 CPC e 4º
nº 2 c) RIN).
6. Decisão homologatória da partilha
•Competência exclusiva do Juiz para homologação do mapa da partilha e das
operações de sorteio (artigo 5º RIN).

•O processo é remetido por via eletrónica (artigo 10º nº 1 Portaria nº 278/2013, de


26 de agosto).

•Se a partilha não respeitar os critérios legais, o Juiz recusa a homologação e


determina que o Notário pratique os atos necessários.
7. Arquivamento do processo (artigo
6º RIN)
•Se o processo estiver parado durante mais de 1 mês por negligência dos interessados em promover
os seus termos, o Notário notifica-os imediatamente para que pratiquem os atos em falta no prazo
de 10 dias.

•Se os interessados não praticarem os atos em falta ou não justificarem fundadamente a sua omissão,
o Notário determina o arquivamento do processo, salvo se puder praticar os atos oficiosamente.

•Da decisão do Notário que determine o arquivamento do processo cabe apelação para o tribunal
competente.
8. Taxa de justiça devida pela remessa
do processo ao tribunal (artigo 7º
RIN)
•Aplica-se em todos os casos, pois o Notário tem que remeter ao Juiz para
homologação da partilha.

•Pela remessa do processo ao tribunal é devida taxa de justiça correspondente à


prevista na Tabela II RCP, para os incidentes e procedimentos anómalos (cobrando
1 U.C.), podendo a final o Juiz determinar, sempre que as questões revistam especial
complexidade, o pagamento de valor superior, até 3 U.C.
9. Apoio judiciário (artigo 8º RIN)
•Aplica-se o regime jurídico do apoio judiciário que consta da Lei nº 34/2004, de 29
de junho.
10. Custas
•O conceito de custas integra os honorários notariais e as despesas, nas quais se inclui
a taxa de justiça devida pela remessa do tribunal (artigos 15º e ss Portaria nº
278/2013, de 26 de agosto):

1) A Coluna A aplica-se como regra geral.

2) A Coluna B aplica-se nos casos de especial complexidade.


11. Alterações e aditamentos do Anexo da Lei nº
117/2019 ao anexo da Lei nº 23/2013(artigos 8º e 9º
Lei nº 117/2019)
•Se o notificado não cumprir o dever de colaboração que lhe cabe, o Notário efetua as
diligências necessárias, designadamente requerente ao tribunal da área da situação dos bens a
apreensão pelo tempo indispensável à sua inclusão na relação de bens (artigo 27º).

•A apreensão e venda de bens no âmbito do PI são realizadas pelo tribunal da área da situação
dos bens, a requerimento do Notário, competindo ao Juiz a aplicação de multas processuais,
a adoção de meios coercitivos e a verificação da legitimidade da escusa e da dispensa do
dever de sigilo (artigo 26º-A).
11. Alterações e aditamentos do Anexo da Lei nº
117/2019 ao anexo da Lei nº 23/2013(artigos 8º e 9º
Lei nº 117/2019)
•Na conferência, os interessados podem deliberar, por unanimidade, que a composição
dos quinhoes se realize pelos modos do artigo 48º nº 1, em que o regime anterior
bastaria uma maioria de 2/3.
EXERCÍCIO 1
EXERCÍCIO 2

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