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moderna (1896)
Georg Simmel (1858-1918)
Modernidade
A sociologia se iniciou numa fase histórica designada como “modernidade”,
momento entendido como revolução social; (Ottheim Rammstedt, 2015);
Sociologia e modernidade: intimamente imbricadas;
Simmel: o sociólogo moderno por excelência;
Reflexões sobre o novo;
Centralidade da sua reflexão: relação entre concepção individualista e forças
sociais;
Cultura moderna, moderno estilo de vida: diluição do que é fixo;
Moderno: crítica do novo contraposto à permanência;
Individualidade nas grandes cidades
Intensificação da vida nervosa;
A divisão social do trabalho anda de mãos dadas com o sistema
monetário;
Calculabilidade, racionalidade determinadas pelo dinheiro, pela
distância, ritmo e a velocidade que operacionalizam o estilo de vida
entre as culturas objetiva e subjetiva;
Experiências do sujeito metropolitano;
Ao contrário da lentidão habitual da vida rural e das cidades
pequenas, na grande cidade os indivíduos se defrontam com uma
variedade incomensurável e fugaz de imagens;
Hipótese sociológica
Idade Média: indivíduo encadeado numa relação com a comunidade ou com uma
propriedade feudal;
Personalidade incorporada nos círculos de interesses práticos ou sociais, de forma
imediata;
Unidade destruída pela época moderna.
Por outro lado, a modernidade possibilitou a autonomia da personalidade e deu a
ela uma liberdade de movimentos;
“Na técnica, nas organizações de cada tipo, nas empresas e nas profissões
impõem-se cada vez mais o domínio das próprias leis das coisas, que separam
tudo isso das nuances de personalidades singulares – como, tendencialmente,
a nossa imagem da natureza perde mais e mais os traços humanos em favor de
uma legislação objetiva” (Simmel, 1896, p. 23).
Autonomização do sujeito e objeto
O processo de diferenciação foi atingido pela economia do dinheiro;
A cultura é: “síntese única do espírito subjetivo e do espírito objetivo”, teia de relações;
Esta síntese não é acabada, nem pacífica e nem unívoca;
Diferenciação entre cultura e civilização;
Na modernidade a experiência histórica testemunha uma mudança significativa na relação
sujeito e objeto, este ganha uma autonomia, rompendo com o processo cultural;
“A origem dessa alienação situa-se na divisão do trabalho. Na medida em que a divisão do
trabalho desprende o produto final daqueles que contribuem para sua feitura, perde-se a
finalidade da produção de um determinado objeto; ele aprece como uma objetividade
autônoma” (Waizbort, 2013, p. 125).
Economia Natural
Até a Idade Média persistia uma estreita ligação local entre a pessoa e a posse de
terra;
Conexões entre personalidades e relações objetivas;
Conexões típicas nesses tempos de economia natural que se desfaziam na economia
do dinheiro;
Diferenciação da relação íntima entre elementos pessoais e locais;
“Aceitamos esta forma de posse, eficaz a distância como se fosse uma
trivialidade. Mas ela só se tornou possível desde que o dinheiro se impôs entre
posse e proprietário, separando-os e ligando-os” (Simmel, 1896, p. 24).
O dinheiro confere um caráter impessoal, anteriormente desconhecido, a toda
atividade econômica;
Relação personalidade e a comunidade
A corporação medieval integrava o homem por inteiro;
Comunidade de vida, seja em aspectos técnicos, sociais, religiosos, políticos, e outros aspectos;
Os indivíduos eram completamente absorvidos pela comunidade;
Contrária a esta forma unificadora, a economia do dinheiro possibilitou inúmeras associações,
que exigem somente contribuições monetárias de seus membros ou apontam para um mero
interesse de lucro;
O que possibilita uma objetividade pura nas atividades de associação, um caráter puramente
técnico, independente de colaboração pessoal, liberando o sujeito de laços constrangedores;
Ápice: Sociedade anônima de ações;
Tragédia da cultura: transformação descontrolada e desintegradora dos meios em fins;
Para uma psicologia do dinheiro, 1889
“Foi o dinheiro que nos ensinou como reunir sem nada perder de específico e
próprio da personalidade – uma forma de união que é, hoje em dia,
perfeitamente comum para nós, mas que representa uma das mudanças e um dos
progressos mais importantes da cultura” (Simmel, 1896, p. 26);
O dinheiro gera uma ligação extremamente forte entre os membros de um setor
econômico pela necessidade de trocar dinheiro para obter valões definidos e
concretos;
O dinheiro é um caso único no conjunto de todas as transformações do meio em fins, é
o denominador comum a tudo;
Ele possibilita a divisão do trabalho, encadeia os homens de maneira irresistível;
Instaura mais laços entre os homens que nos estágios da associação feudal;
Individualismo/individualidade
O homem das épocas econômicas anteriores encontrava-se na dependência de poucos
outros homens, mas estes outros eram individualmente bem definidos e
impermutáveis, enquanto atualmente dependemos muito mais de fornecedores, mas
podemos trocá-los ao nosso bel prazer;
Na modernidade o modo de relacionar-se implica anonimato e desinteresse pela
individualidade do outro, o que provoca individualismo;
O dinheiro é processo moderno, o que leva da fixidez da estabilidade e da invariância
para o movimento, a mobilidade, esses são os atributos do moderno;
O dinheiro é o deus da nossa época;
Categoria teológica secularizada;
Liberdade pessoal
A expressão e a abstração do desempenho através do dinheiro eram tidas como
instrumento de apoio da liberdade pessoal;
“A substituição do desempenho pessoal pelo pagamento em dinheiro liberta, de
repente, a personalidade da cadeia específica imposta pela obrigação de
trabalho: agora não era mais a atividade concreta pessoal que o outro podia
reivindicar, mas, sim, somente, o resultado impessoal dessa atividade” (Simmel,
1896, p.29);
Caracterização do rompimento típico da Época Moderna: a “personalidade” torna-se
agora autônoma, independente dos antigos círculos sociais aos quais estava
anteriormente amalgamada;
Internacionalização;
Se o dinheiro é o que une e separa ao mesmo tempo, ele é o símbolo por excelência,
da ambiguidade;
Ser ambíguo é uma característica marcante do dinheiro;
Oposição de natureza quantitativa e qualitativa
Oposição entre intelecto e sentidos emocionais, cabeça e coração,
razão e sentimento;
Tipo metropolitano: personalidade intelectualizada, calculista e
reservada;
Tipo de habitante da pequena cidade: relacionamentos emocionais
mais profundos;
“Assim, a cidade grande seria o lugar específico, próprio e adequado
da atitude racionalista, a qual preservaria a vida subjetiva, atuando
como um mecanismo de defesa diante da ameaça de desintegração
devido à intensidade e velocidade dos impulsos nas metrópoles”
(Waizbort 2013: 318-319).
Atitude Blasé
Seria o resultado dos estímulos que são impostos aos indivíduos devido às
rápidas mudanças, mas também estaria ligada à intelectualidade
metropolitana.
A pontualidade, a contabilidade, a exatidão que coagem a vida na cidade
grande, e atingem a todos os conteúdos da vida;
Como coloca Waizbort (2013: 328), o blasé é insensível, indiferente, fatigado,
saturado, lasso. Seriam essas as características do habitante da cidade grande,
pois a enorme quantidade de estímulos com que ele se vê defrontado ao viver
na metrópole lhe exige uma incapacidade de responder adequadamente a tal
fluxo;
Autonomia
Os problemas mais profundos da vida moderna brotam da pretensão do
indivíduo de preservar sua autonomia e peculiaridade;
“Não reagir mais às diferenças e propriedades específicas dos objetos com
uma graduação correspondente da sensação, mas sim senti-las de maneira
nivelada e, por isso, com uma colaboração abafada sem amplitudes
significantes de contrastes” (Simmel, 1896, p. 32)
Intensificação da vida nervosa: mudanças rápidas e ininterruptas;
Na medida em que a cidade grande cria estas condições psicológicas, ela
propicia uma organização de seres que operam distinções entre ritmo lento
(campo) e ritmo ágil (cidades);
Modificações individuais: reações através do entendimento;
Homens como números